30 junho, 2010

Sioux

Gila - Bury My Heart at Wounded Knee [WEA 1973]

Na década de 70, com o progressivo no seu auge, imagino que os mais puristas tivessem dificuldade em colocar este disco na mesma prateleira. Se na sua ideologia Bury My Heart at Wounded Knee fugia às “trips” ou à mitologia características da época para dar lugar a um disco conceptual baseado na exterminação do povo indígena pelos americanos brancos (o massacre de Wounded Knee em 1980), musicalmente falando também aqui não há quilómetros de solos nem outras excentricidades típicas. Vejo alguns sites a colarem-no ao kraut, embora aí acredite que seja mais por afinidade geográfica e pelo facto de quase todos os membros dos Popol Vuh terem feito parte do alinhamento (logo há Florian Fricke nas teclas!!). É um disco quase acústico (não no sentido literal) com elementos de prog, psicadélico e folk. Uma viagem melancólica e inspiradora, uma companhia tremenda.

Dwarr

Conta a história que Duane Warr era um trabahador numa fabrica nos Estados Unidos na bonita década de 80. O rapaz tinha uma paixão pela guitarra e por heavy metal e rock psicadélico.Visto não arranjar ninguém no seu circulo de conhecidos disposto a formar uma banda de metal,sabendo tocar guitarra achou que também se safava no baixo e que mesmo não sabendo tocar bateria dava para inventar sempre umas coisas e para culminar tocar num sintetizador,mesmo sem saber muito bem como.O rapaz acabou por gravar dois discos nos anos 80,que foram lançados por ele própio e gravados,claro,por ele própio.Depois decidiu desaparecer e virar um cristão daqueles que dedicam a vida a lutar contra o diabo.Sei que nesta decada voltou a gravar dois discos,mas nunca os ouvi.Sei que os discos dos anos 80 são uma mistura única de qualquer coisa que na altura(e hoje)não era ouvida em lado nenhum.
O rapaz também produziu sozinho vidéos para as músicas dele,ficam com um grande vidéo para a música Screams of Terror do primeiro disco Starting Over(1985):


Este tópico é uma homenagem ao post dos melhores videos do black metal

29 junho, 2010

Fazemos a festa?

Natural Snow Buildings

São uma dupla dum homem e duma mulher, da França,lançaram o primeiro disco em 1999,mas foi a partir do disco The Dance of the Moon and the Sun(2006)que encontraram um sóm própio.
Para mim são a melhor banda dos últimos 4 anos,misturam folk modo Shirley Collins,com Drones de 60 minutos num modo Terry riley em luta com Nurse with wound,mais um dj a passar todas as gravações da Sublime frequencies numa noite.Os discos são todos edições limitadas(excepto o último-centuri agent- que foi lançado numa net label),que acabam sempre no ebay.
Para iniciados aconselho ouvir primeiro o disco duplo The Snowbringer cult(2008),sendo o primeiro disco músicas dos projectos a solo(Twinsistermoon e Isegrind)é no segundo disco,como Natural Snow Buildings que mostram tudo aquilo que valem.
Nos 11 anos de banda só deram 2 entrevistas,numa delas afirmam que lançam os discos em edições limitadas pois não querem ganhar dinheiro com a música para não correrem o risco de compremeterem o seu som(Carlos Paredes style),por isso são a favor de terem todos os seus discos para download gratuito na internet.
Video no modo folk a Shirley Collins:

Video em modo Sublime Frequencies numa aldeia no norte da Russia:

Os dez piores vídeo clips de black metal de sempre

Este título é um tanto arriscado já que não falta aí material audiovisual dentro deste subgénero para incluir noutros 15 top(es). De qualquer forma, ainda que não tenha sido a Terrorizer a fazer a selecção foi pelo menos a que entendeu publicar na sua versão on-line. Claro está, não faltam algumas das pérolas dos Immortal e o já mítico "Mother North" dos Satyricon.

Algo que me parece importante realçar é o facto de ter percebido através destes excertos que na falta de electricidade nas vossas casas ou salas de ensaio para tocar qualquer instrumento eléctrico há sempre a possibilidade de correr para a floresta mais próxima. Até porque economizam em fichas triplas e em cabos. Talvez seja do ar do campo. Não sei e por isso mesmo não vou estar a inventar.

Em defesa dos artistas sublinho que isto era gente muito atarefada no início dos anos 90 e não dava para dispensar muito tempo para todos os aspectos criativos que o ter uma banda exige. Às vezes, por dia, além de compor, ensaiar e gravar vídeos manhosos na floresta ainda se chegavam a queimar às três ou quatro igrejas por dia. A vida de um artista não é tão fácil como muitos pensam. Prova viva disso é Varg Vikernes que não teve tempo sequer para gravar um único vídeo clip. Ainda assim tentou criar aquela que poderia ter sido mais uma boa capa para um álbum de Mayhem, mas ninguém lhe deu o devido valor.


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A Serbian Film e Dogtooth


Olá Senhores.

Com o IndieFrente um pouco mal parado,infelizmente, decidi falar-vos de dois filmes, um de origem sérvia e outro de origem grega, que prometem abalar a estructura cinéfila por bons e maus motivos.

Começo então pelo "A Serbian Film" de Srdjan Spasojevic.



A premissa deste filme envolve uma ex-estrela do mundo pornográfico que recebe um convite, a partir duma actriz pornográfica com quem já trabalhou, para desempenhar o papel principal num filme pornográfico de contornos poucos explicitos.

Relutantemente, a ex-estrela aceita e acaba por fazer parte da tentativa de uma película que afinal, revela-se como o "snuff-porno" mais extremo e doentio jamais feito.

Posto isto, vamos agora aos factos desta dita película: pelos festivais que passou, chocou tudo e todos, onde professionais desta área e moviegoers habituados a estes géneros vomitaram e ficaram incrédulos com as imagens do mesmo.

"Martyrs" , " A L'Interieur" , "Gosu" "Irreversible" a nada se comparam com esta película.

Impulsionado por uma corrente adormecida há umas décadas mas reabilitada á pouco tempo por "Hostel" e outros, "A Serbian Film" volta a tocar no ponto bastante sensível que é aonde acaba a arte e entra a insanidade ou desvio mental dum cineasta.

Qual é o ponto de ruptura? É tentando fazer o shocker mais mórbido e desviante de sempre que está-se a provar alguma coisa?

Ao que consegui apurar, este filme é uma metáfora para os problemas reais do país aonde habita o realizador e os seus argumentistas e de demonstrar a sua extrema revolta contra o mesmo, ou seja, as condições financeiras das familias, o total despojo pela vida humana ou direitos humanos neste país.... e eu pergunto-me,aonde está isso? Arte Subversiva ou Não?

O segundo filme que também vos quero falar parece ser um forte candidato a obra-prima e duma desconcertância fora de comum e um grande exercício de reflexão ao ser humano e ás suas ideias de sociedade,comportamento humano,valores e ética familiar.

"Dogtooth" (Kynodontas) de Giorgos Lanthimos.



Uma espécie de Joseph Fritzl mais moderado com elementos de paranóia social, este filme tem a estranheza dum David Lynch e a componentes humanas dum Cronenberg ou outros grandes autores.

Não tenho muitos palavras a mencionar acerca desta película, acho que as imagens dizem tudo e estamos perante um sério candidato a um dos melhores filmes do ano, e vindo também dum país aonde não estava nada á espera.
Será também metafórico á actual situação social e económica da Grécia?

Espero que, caso o Homem Que Sabia Demasiado visualize estes filmes, tenha umas palavras a dizer sobre os mesmos.

Ricardo

IndieFrente


28 junho, 2010

O 1º Semestre Musical de 2010

Agora que o mês de Junho está a acabar e chegamos a meio do ano, quais são os 5 álbuns e os 5 concertos que mais vos agradaram?

Tendo em conta que daqui a uns meses e com novas escutas, estarei provavelmente com um top diferente, para já aquilo que destaco é o seguinte:

1- Black Rebel Motorcycle Club - Beat the Devil Tatoo
2- Burzum - Belus
3- Beach House - Teen Dream
4- Evely Evelyn - Evelyn Evelyn
5- Menace Ruine - Union of Irreconcilables

Quanto aos concertos:

1- Mono - Serralves
2- Kylesa - Porto-Rio
3- OM - Madrid
4- Grails - Londres
5- Alcest - Benavente

Io sono l'amore

A bela fotografia, os planos masturbatórios, o elenco escolhido a dedo, a Tilda Swinton, Milão na transição do século, referências cinemáticas/ musicais de bom gosto…tudo conjugado na perfeição dá origem a mais um suspiro “ahh o cinema europeu”. É um prazer cinéfilo incomparável. I Am Love não é perfeito e até peca q.b. nos minutos finais, mas o resto é mesmo amor.

Monotonamente belo

monotonia
s. f.
1. Uniformidade constante de sons prolongados.
2. Fig. Falta de variedade.

Todos temos para nós que a monotonia é algo repetitivo que impede que nos impressionemos ou nos emocionemos facilmente. No fundo, quando algo é monótono é aborrecido. Isto era verdade até sábado passado. Imaginem-vos sentados de frente para o palco na sala com melhor som do Porto onde, da esquerda para a direita, David Maranha nas teclas, Manuel Mota na guitarra, Margarida Garcia no baixo (c/ arco) e Barry Weislat na maquinaria nos acariciavam com riffs minimalistas. Cada elemento, sem qualquer barreira aparente, explora o seu instrumento livremente numa viagem em que no seu todo acaba por se complementar e criar o seu próprio espaço e tempo. Uma única peça, profunda, um drone hipnótico num daqueles concertos quase únicos em que nos sentamos, ficamos imóveis e respiramos o essencial.

Para começar a semana

Oxbow + Philippe Thiphaine, Daughters, Bohren & Der Club Of Gore, Knut, The Austerity Program, Pyramids With Nadja, Helms Alee, Hayaino Daisuki, Harvey Milk, La Gritona, Stephen Brodsky, Jodis, Nihill, Cave In, Kayo Dot, Keelhaul, Clouds, Xasthur, GridLink, Greymachine, Bergraven e Torche.

25 junho, 2010

Concerto do Verão amanhã no Passos

A Amplificasom apoia e recomenda o concerto de Margarida Garcia, Barry Weisblat, David Maranha e Manuel Mota que se vai realizar amanhã (sábado) às 23h no Passos Manuel a troco de, imagine-se, cinco euros. Como o concerto está inserido no evento ALTA/baixa, o mesmo bilhete dá acesso a todos os eventos no Maus Hábitos, Pitch e no próprio Passos. Vão ficar em casa?
Mais info aqui: Amplificasom

Sons do Mundial: Brasil e Portugal

Alguma novidade porreira do nosso país? E algum som brasileiro merecedor de destaque?

O cinema no Porto é um filme

Foi com tristeza que recebi no mail a notícia que a Medeia, quinze anos depois, vai deixar o Bom Sucesso. Esta é a última semana naqueles cinemas e a partir da próxima quinta teremos a sua programação apenas no Campo Alegre. É o fim do Cinema no Porto, não estou a exagerar.

Nada tenho contra o monopólio da Lusomundo, apenas não acrescenta qualidade à minha vida; a ressurreição do Nun’Alvares e a sua programação comercial cheira a esturro e não me quero alongar; a prometida Cinemateca há-de ganhar (ainda mais) barbas; e depois há o UCI que com as suas 20 salas é a única esperança (vi lá ontem o – leiam com sotaque italiano - belíssimo I Am Love).

Sem Medeia, em que tela iremos ver o Erva Daninhas do Resnais? E obras de arte como o último Haneke O Laço Branco? Lynch e Jarmusch no cinema é para esquecer e até o próximo Godard mais vale começarmos já a pensar no download…

Antigamente ia-se a Lisboa ver concertos, será que vamos ter que começar a ir ver filmes? É que ir ao cinema ver Cinema é mais do que ver um filme. É um ritual, é apreciar o dito cujo independentemente do tamanho da tv lá de casa.

Sobra uma pequena esperança sobre o Campo Alegre. Quem não gosta de ir aquela sala intimista onde se ouve o projector, se é presenteado com curtas antes dos filmes e o intervalo, que se aproveita para vir apanhar ar ou fumar um cigarro e não levar com mais uma montra da Bershka ou o cheiro do McDonald’s, é apenas para o técnico mudar a fita? Fica por saber se teremos um filme diferente por dia (aí teria piada) ou um filme por semana.

Posto isto, qual foi a vossa última ida ao cinema?

Desabafo matinal: palm mute

Se ouço mais uma banda a usar o palm mute entro em dieta musical, fico uma semana sem ouvir o que quer que seja. Sério, o palm mute não devia ser solução para a falta de criatividade mas hoje em dia todas as bandas se escapam nessa técnica, é uma saída fácil.

Eu queria ouvir o novo Knut do início ao fim, mas tou a ver que vai ter que ficar para mais tarde, tou farto.

Sons do Mundial: Paraguai, Eslováquia, Holanda e Japão

Ciao! Paraguai e Eslováquia... Holanda e Japão não é assim tão difícil, principalmente este último do qual todos os dias surgem novos e interessantes projectos.

24 junho, 2010

Sons do Mundial: Alemanha e Gana

Alemãs também não é difícil, sugiro que partilhem sons recentes que vos marcaram. Agora Gana sim, estou curioso para ver o que têm a partilhar.

23 junho, 2010

Literatura de viagem

Gosto de ler sobre viagens e acima de tudo gosto muito de viajar. Não gosto de viajar para ir para hotéis, nem para restaurantes, nem de tours, nem de turismo de autocarro. Isto tudo para vos aconselhar um livro de um verdadeiro viajante, que andou pelo Tibete e que viajou de boleia, a dormir em tendas e afins, experimentando as mais complicadas condições desta região. É este o tipo de livros de viagens de que gosto, com um principio, meio e fim. Em que consigo perceber na minha cabeça o percurso para atingir um fim. O livro é "A Viagem ao Tecto do Mundo - O Tibete Desconhecido" e o autor é o Joaquim Magalhães de Castro.

Se puderem leiam e se tiverem alguns conselhos deste tipo de literatura, dêem sugestões!

Sons do Mundial: USA e Inglaterra

Ok, Algéria e Eslovénia teria muito mais piada. Sugiro então que recomendem as descobertas mais recentes e excitantes dos dois países vencedores.

És tu o próximo convidado do blog?

Em Julho não haverão reforços, apenas os convidados que já estão e que queiram repetir a dose. Mas em Julho é aquele mês onde por norma as coisas começam a acalmar. Não há exames, o trabalho não acumula tanto, as férias até surgem e tal... Se alguém estiver numa de mandar umas bocas e até vai ter um tempinho livre então apitem para o mail do costume. Seleccionaremos um ou dois aleatoriamente para passar um mês connosco. A primeira regra para se ser convidado aqui no tasco é não haver regras e a segunda regra é não haver regras. Digam algo.

O herdeiro de Kaoru Abe

"Kaoru Abe pode ter morrido há três décadas. Mas, como todo grande criador, deixou trilhas a serem perseguidas por outros nomes que chegaram após sua passagem. Sem dúvida, Masayoshi Urabe é um desses herdeiros do lendário Abe.

Tendo o sax alto como seu instrumento de base, Urabe muito também investe em outros percursos sonoros, com destaque para guitarra e harmônica. No sax alto, a intensidade física que emana do sopro de Urabe costuma ser intercambiada com blocos de silêncio, o que gera uma música de elevado teor abstrato.

Tocando com uma infinidade de nomes do underground japonês _do noise de ‘Junko’ (do Hijokaidan) ao psychedelic rock do Kousokuya_, Urabe têm experimentado diferentes rumos dentro da free music. E mostrado que a improvisação livre permanece em alta combustão no país asiático."

Já estava para falar de Urabe há algum tempo, mas ninguém melhor para tal que o ex-convidado do blog Fabricio Vieira. Mais aqui: Free Form Free Jazz

Little boxes






Lou Ruvo Center for Brain Health
Frank Gehry
Cleveland
2009

Sons do Mundial: Argentina e Coreia do Sul

Carne de deus servida em casa

22 junho, 2010

Os sons do Mundial: Uruguai e México

Vamos fazer este exercício diariamente que consiste em falar sobre bandas dos países apurados para a fase final do Mundial. Começamos agora que estão encontrados os dois primeiros. Estão a ver e recomendam alguma banda do Uruguai e do México?

21 junho, 2010

BXI (Ian Astbury & Boris) - The End + Magickal Child



Esquisito...

Isis: disco a disco por Aaron Turner

Mosquito Control (1998)
I’d shudder to hear the original again.

The Red Sea (1999)
It’s one of the darkest things we ever recorded in terms of atmosphere, production and composition.

Sawblade (1999)
Fortunately no one was ever injured by one of these.

Celestial (2000)
This album definitely displayed a more fully realized version of what we eventually became.

SGNL>05 (2001)
In my mind, they are part of the same whole.

Oceanic (2002)
I still feel like this may have been our greatest success.

Oceanic: Remixes & Reinterpretations (2004)
A very interesting exercise in letting go of control of our music .

Panopticon (2004)
I’m still kind of pissed off about that, actually.

In the Absence of Truth (2006)
This is the only album I feel a bit disappointed.

Isis + Aereogramme, In the Fishtank 14 (2006)
Good opportunity for an exchange of ideas and energy amongst friends.

Wavering Radiant (Ipecac, 2009)
We definitely stopped with our musical integrity and vision intact.


Artigo completo aqui: Self Titled Mag

A esposa de David Cronenberg

David Cronenberg's Wife - Bluebeard's Rooms [Blang 2008]

Chama a atenção não chama? Eu sei, também espreitei o som deste quinteto londrino depois de ler o seu nome. A capa veio depois. Nisto de referências hollywoodianas não bate os Natalie Portman's Shaved Head, mas está muito bom. O som anda algures entre uns The Fall dos oitentas com uns Velvet Underground… Enfim, tento situar-vos preguiçosamente mas pensem nas etiquetas “indie”, “alternativa” e afins. As letras respiram humor negro, sarcástico e sardónico que nem algumas “britcoms” o têm. Temos poeta:

“What would you think if I said I married you / Just to get close to your teenage daughter?”
“When you told me on the phone, oh my god I’m shocked / What’s come between us? His big fat cock.”
“a vaginal swab on a murder-rape victim” / “baby suffocated by a crazy nurse on children’s ward”
“would you forgive me no matter what I do, even if it made you physically sick?”
“should I give him crank mobile phone calls” / “should I knee him in his empty balls”

Não estão no topo do pódio da genialidade, mas que são distintos e merecem o nosso tempo disso não há dúvidas. Espreitem este enquanto eu vou agora checkar o álbum mais recente.

De qual gostam mais?

Quando?

Aquilo que mais me faz gostar de Vincent Gallo é a sua honestidade, o politicamente correcto para ele não existe. Aquela figura de rosto simétrico entra nos filmes que lhe apetece, faz os filmes que lhe apetece, assume não ler guiões nem dos filmes que entra, assume ser Republicano (não escondeu que apoiou Bush), não tem problemas em usar a sua imagem para publicidade rasca, diz o que pensa independentemente da situação e, a razão deste tópico, grava quando lhe apetece. Já lá vão oito anos de When, álbum que a Warp não hesitou em editar e que foi muito bem recebido. Recuperei-o hoje nesta tarde solarenga, um disco auto-indulgente cheio de mel agridoce. Tenho pena de o ter perdido em Coura, mas tenho mais pena que esteja a demorar tanto a gravar um novo.

Excurssões ao Minho

Com um Vilar de Mouros enterrado e um Coura cada vez mais afastado dos cartazes interessantes e desafiantes, eis duas soluções de qualidade para visitas à região mais verde de Portugal: já em Julho o futuro-melhor-festival-de-verão Milhões de Festa em Barcelos e em Outubro a quarta edição do Bracara que a continuar com este nível Panoias será pequena para o receber. Para mais info visitem os seguintes sites:
Milhões de Festa

God Knows You´ve Got Me Hanging

Bypass, uma das bandas mais fixes de sempre. Voltaram aos discos este ano com "Like Mice and Heroes" e este tema em baixo é um bom reflexo de como se deve escrever temas rock. Já apresentaram o disco em Lisboa e Vale de Cambra, em breve estarão no Porto. Eis o video:

Apresentação do projecto Shadow



myspace.com/shadowiscrying
Vídeo realizado por Priscila Fontoura

20 junho, 2010

Tanta coisa boa

Nos últimos dias tenho-me apercebido que há muitos novos lançamento e anúncios de futuras edições.

Os Unearthly Trance não só vão lançar um split com os The Endless Blockade e outro com os Ramesses, como também divulgaram que o próximo álbum a sair no dia 28 de Setembro se vai chamar "V".

Por sua vez os Suma, anunciaram a edição de um split com os Pyramido.

Os Orthodox têm um novo EP que se chama "Matse Avatar". No myspace da banda pode-se ouvir uma faixa, cantada em inglês!!

O split entre os Melvins e os Isis já se encontra disponível para pre-order através da Hydra Head e as primeiras 200 encomendas têm direito a umas palhetas porreiras. Pena os portes através da Hydra serem incorpotáveis.

Penso que é tudo aquilo que me deparei nestes dias. Deram por mais alguma coisa?

The Horribly Slow Murderer with the Extremely Inefficient Weapon de Richard Gale

19 junho, 2010

Battlestar Galactica

Em dias de pouco futebol por terras de Mandela, reais cromos de caderneta são os que pisaram a meio da semana o palco da caixa ao Cais do Sodré.
Percebo o hiato de anos e mais anos, ninguém joga a este nível por muito tempo!
Mas os Cynic reaparecem disputando a premier league, não a liga cipriota ou cheirando os petro-dólares no Dubai.
Atiram-nos os dribles e petardos de fora-da-área de Focus na íntegra e p'la ordem que o ditaram em '93.
Atiram-nos as trivelas e passes-de-letra de Traced In Air e um golo de calcanhar de Re-Traced.
Driblam e disparam fintas impossíveis nas cordas, ripas na rapaqueca e o carrego de livres a 30 metros de Roberto Carlos nas peles.
Por vezes, trocam riffs e acordes a meio-campo com a graciosidade de Zinedine, dão-nos tempo para respirar e reorganizar a defesa.
Mas logo sacam nova revienga do cardápio e cruzam na linha de fundo para mais um golaço a deixar-nos de queixo caído.
Bonitas imagens, as projectadas ao fundo. Mas só tenho olhos para o que vai no relvado!
Há gritos e berros irados de Tymon Kruidenier, qual Mourinho guedelhudo!
Paul Masvidal é líder de balneário, une a vilanagem com a voz limpa de um rapaz da paz e num tom que uma infecção na garganta não deixa ser mais forte.
Pede desculpa por tal e depois de uma sprayzada na goela, pede às bancadas os cânticos, quais hinos do clube!
Não há um adepto calado!
Os Cynic são goleada certa.
À antiga!
Galácticos!

(linda foto de Pedro 'Pânico' Almeida)

Alguém vai?

Shake Some Action

Na sequência da Shake Some Action SXSW Parties, alguns blogs notáveis e responsáveis por revelarem projectos interessantes e pouco conhecidos do rock actual, decidiram partilhar uma compilação imperdível.

Tracklist:

Parte 1
1. TRUMAN PEYOTE - MAGENTADOOR II
2. RXRY - SOBR VOKBULRY
3. COASTING - WHAT YOU WANTED
4. MILLIONYOUNG - CHLOROPHYL
5. MANTLES - TRUST
6. WEEKEND - TIARA
7. AIR WAVES - KNOCKOUT
8. BIG TROUBLES - FREUDIAN SLIPS
9. WOODSMAN - CHANTS
10. FERGUS & GERONIMO - NEVER SATISFY
11. READING RAINBOW - RESTLESS
12. ETERNAL SUMMERS - SAFE AT HOME
13. HIS CLANCYNESS - OTTAWA BACKFIRED SOON
14. LA PANZA - ALPHABET SOUP
15. RAINBOW BRIDGE - ON YO FACE
16. MY GOLD MASK - VIOLET EYES
17. THE COATHANGERS - TOOMERHEAD
18. FLUFFY LUMBERS - HARRY DOLLAND'S

Parte 2
1. FUNGI GIRLS - PACIFICA NOSTALGIA
2. SO COW - CASABLANCA
3. YOUNG PRISMS - FEEL FINE
4. CLOUD NOTHINGS - MORGAN
5. CAMPFIRES - GONNA MAKE IT HAPPEN (DEMO)
6. DEAD GAZE - STAY, DON'T STAY
7. BANJO OR FREAKOUT - UPSIDE DOWN
8. SLEEP OVER - SUN SPOTS
9. RANGERS - DEATH OF RANGERS (EXCERPT)
10. TOTAL SLACKER - CRYSTAL NECKLACE
11. SPECULATOR - TIME TO DIE
12. PILL WONDER - GONE TO THE MARKET
13. TWIN SISTER - I WANT A HOUSE
14. TREASURE MAMMAL - BROMANCE/IPOD
15. PURE ECSTASY - EASY
16. BASS DRUM OF DEATH - SPARE ROOM
17. WOVEN BONES - IF YOU'RE GOLD I'M GONE

Fonte/Links

18 junho, 2010

A quarta Detritos

Conheci a Detritos graças à saudosa Esquilo, era sócio e recebi o primeiro e segundo números duma das revistas mais interessantes que já tive o prazer de ler. Quando a folheei pela primeira vez vi que estava perante algo diferente e entusiasmante, pelo menos para mim. Nunca antes havia passado os olhos numa revista cheia de ensaios experimentalistas, conceptual, uma revista sem qualquer tipo de lixo onde mesmo os conteúdos aparentemente desinteressantes acabavam sempre por me deixar satisfeito.

Apresenta-se como "o seu nome - Detritos - é uma homenagem ao potencial criativo do resto e do desperdício, na tradição processual e afectiva de Kurt Schwitters e valorização de uma prática de economia e exaustão de meios em que a máxima expressão é extraída do material mínimo. O símbolo da catapulta pretende reflectir a tentativa talvez absurda, mas potencialmente explosiva de criar esse território ritualista recuperador e re-propulsor de processos residuais interrompidos. Segundo a ideia de que a criação é sempre dupla na sua medida de resgate e produção, a Detritos roda à volta de uma capacidade ecológica de reaproveitar, de fazer com e de pôr em movimento."

Entretanto, perdi-lhe o rasto não sabendo o porquê de até hoje não ter encontrado o terceiro número e hoje é o dia do lançamento do quarto, edição toda ela dedicada ao conceito Terror / Terrorismo. A apresentação será no Passos Manuel e será servida com concertos, djs e até uma exposição. A entrada não se paga, já a revista vale bem os oito parágrafos. Só peço, se possível, mais regularidade.
Espreitem a programação desta noite aqui: http://www.revistadetritos.com/

Saramago

José Saramago (1922 - 2010)
Mal os telejornais avançaram com esta triste info irritou-me ver que cada canal se dirigia a José Saramago como o Nobel isto e o Nobel aquilo. O Saramago não era Nobel nenhum, o Saramago foi um grande escritor, dos melhores que alguma vez tivemos e o "Ensaio..." não foi o seu único grande livro.
Desliguem a tv e partilhem aqui os vossos livros preferidos, com que trabalho o conheceram, momentos (a deliciosa polémica sobre o Caim, por exemplo), etc etc. R.I.P.

Earthone9 de volta

Mais uma reunião inesperada... Os Earthtone9 estão de volta com uma compilação gratuita e meia dúzia de concertos "to remind everyone just how good we were".

17 junho, 2010

Amplificasom apoia e recomenda


BARRY WEISBLAT + DAVID MARANHA + MARGARIDA GARCIA + MANUEL MOTA
26 de JUNHO, SÁBADO
PASSOS MANUEL, PORTO
5€ / 23H

A Margarida Garcia (1977) está a viver em Nova Iorque há uns bons anos e em cada vinda a PT há que aproveitar para a ver ao vivo. Desde 1997, tem vindo a cravar o seu percurso em música como contra-baixista e guitarrista. Para referência, colaboradores mais recentes têm sido Loren Connors, Marcia Bassett, Helena Espvall, Manuel Mota, David Maranha e Barry Weisblat. Outros nomes com quem trabalhou: Eddie Prévost, John Tilbury, Nöel Akchoté, Matt Valentine, Erica Elder, David Keenan, Alex Neilson, Mattin, Otomo Yoshihide e Oren Ambarchi.
Consigo traz o nova-iorquino Barry Weisblat (1975). Traduzindo luz em som, o som em acção, acção em pensamento e pensamento em luz, a sua curiosidade incessante e o simultâneo desejo obsessivo para participar e juntar-se no diálogo levou o seu trabalho mais longe do que a maioria das pessoas pode ver ou conceber. Colaborou com Michael Bernstein, Margarida Garcia, Andrew Lafkas, Toshio Kajiwara, Matt Valentine, Theo Angell, Otomo Yoshide, Mattin, Tim Barnes, Greg Pope, Toshi Nakamura, Sean Meehan, Dion Workman.
Juntam-se aos dois em palco para uma daquelas noites memoráveis os excelentes e inconfundíveis David Maranha (1969) e Manuel Mota (1970).
O David acabou de lançar Antarctica AKA álbum do ano e desde 1989 que anda nesta arte de fazer boa música através dos Osso Exótico, Curia, etc etc e a colaborar com gente como Z’EV, Emmanuel Holterbach, Helena Espvall, Phill Niblock, Jochen Arbeit, Minit, David Daniell, Arnold Dreyblatt, Jacob Kirkegaard, Carla Bozulich, Chris Cutler, Werner Durand, Robert Rutman, Ben Frost, Helge Sten, etc. Paralelamente tem desenvolvido trabalho como arquitecto desde 1993, elaborando projectos de obras públicas como museus, escolas, lares de idosos e cemitérios.
O Manuel acabou de fazer um excelente trabalho na primeira parte dos Sonic Youth e é conhecido pela linguagem muito pessoal que tem desenvolvido para guitarra. A sua musica é parte de uma tradição com raízes no blues e revela uma multitude de influências e referências históricas, actual mas transmitindo um enigmático sentido de intemporalidade. Com actividade pública desde 1990, estudou e experimentou com guitarra preparada e criou peças baseadas no drone. Desde aproximadamente 1997 focou os seus interesses no desenvolvimento da sua linguagem para guitarra fingerstyle. Ao mesmo tempo iniciou uma colaboração estreita com a artista visual e contrabaixista Margarida Garcia, com quem se tem apresentado em concertos e performances e gravado discos. Também faz parte dos já mencionados Osso Exótico e Dru.
Noite imperdível senhores e senhoras, é um concerto recomendado e apoiado pela nossa/ vossa Amplificasom. Apareçam!!!

A Sofia está de volta

Não há meio-termo para os filmes dela, ou se adora ou se odeia. As Virgens Suicidas, Lost in Translation e Marie Antoinette, três filmes que deixaram certamente o seu pai Coppola orgulhoso. Não sei quanto a vocês, mas eu começo a contar os dias para o próximo. Eis o trailer de Somewhere:

BB King no meio do monte

Tirando aquela "bojarda de som" no final (quem lá esteve percebe), o picnic em pleno Parque Natural do Alvão e a respectiva companhia (na foto) foram o ponto alto da excurssão a Sabrosa para ver aquele que é considerado o rei dos blues. As expectativas não iam altas nem o King, apesar de todo o respeito, foi sequer rei do que quer que fosse. Também é verdade que sabíamos ao que íamos mas acho que acabou por ser pior do que a pior expectativa. Foi chato, foi previsível... Não deixo de louvar a iniciativa e a adesão do público (20 mil pessoas) mostra, sem querer estragar a carreira dos Carreiras, que afinal é possível apostar neste tipo de nomes neste tipo de terreolas. Vejam videos no tubo para terem uma ideia.

Amebix

Num dia em Junho de 1996 recebi na minha casa mais um monte de cassetes punk da distribuidora do Rui Maia(baterista dos Inkisição).Fui a casa do meu irmão de armas para abrirmos o envelope e ouvirmos as cassetes compradas a meias.Recordo o Fred a disser "agora são os Amebix"(era uma cassete dum concerto),seria a nossa primeira escuta do grupo.
Como jovens a descobrirem o punk Do It Yourself,tinhamos uma grande curiosidade em ouvir os Amebix,pois eram das bandas mais citadas pela punkalhada do underground.
Guardo a imagem do Fred e eu sentados num quarto e a nossa expressão de alegria a ver que tinhamos "encontrado" mais uma daquelas perolas do verdadeiro punk.
Também recordo que os Amebix eram uma banda só conhecida pela punkalhada,com o passar dos anos começou a partilha de ficheiros musicais,com eles uma das bandas que conheci numa cassete punk do Rui Maia(falo dos Neurosis)começaram a ser citados como influências por varias bandas e atingiram um reconhecimento impensável para quem os escutava nos 90.
Graças a isso o pessoal começou a pesquisar as influências dos Neurosis,chegando aos Amebix.Agora (felizmente) os Amebix são uma banda reconhecida por pessoal fora do punk e até se reuniram para uns concertos.Isto levou ao lançamento dum Dvd chamado Risen sobre os Amebix,fica aqui a parte em que o Scott e o Steve dos Neurosis prestam a sua homenagem a uns dos pais do crust:

16 junho, 2010

Melancolia à venda

"Melancolia em dia menor", EP/ Split de estreia do projecto Himalayha do nosso amigo Hélder Costa já se encontra à venda por uns míseros 5 euros. 15 temas dos quais 5 são deste projecto cinemático para fãs de Fennesz, Alva Noto, etc. A versão física também incluí a versão digital. Enfim, é obrigatório!

Foi assim o concerto de The Orange Man Theory e (16) no barco









Fotos: Jorge Silva

15 junho, 2010

Sons ditam lugares frios

Num país distante, cujo nome continua a ser desconhecido por muita boa gente, reúnem-se 4 homens de origem indígena trajados com vestidos de cetim. Os Huun-Huur-Tu foram os responsáveis pela mediatização mundial do termo xöömei (canto da garganta/throat singing). Participaram em bandas-sonoras para filmes, numa jam session com Frank Zappa e com Nina Nastasia. Estes oriundos da República Socialista Soviética Autónoma de Tuva conseguem colocar-se na pele de um animal com características próprias aonde a natureza pintada com florestas boreais é primazia da inspiração. Os instrumentos tradicionais raros (igil ou ikili, khomus, doshpuluur e tungur) fortalecem uma das maneiras mais antigas de fazer música. Têm a capacidade invulgar de reproduzir mais do que uma voz grave e aguda cantada e soprada ao mesmo tempo, convergindo onomatopeias com “sons mimeticamente transformados em representações musicais”. Este canto gutural abrange todas as disciplinas da técnica vocal que muitas vezes confunde-se com o som de um baixo que rosna o drone. Dos meus álbuns preferidos consta o The Orphan’s Lament. Imaginem-se no meio do trânsito numa cidade cheia de intolerância, ao ouvirem o Orphan’s conseguem abstrair-se e remeterem o vosso corpo para outro espaço.


Outro exemplo do “canto da garganta” é a canadiana de Nunavut com raízes esquimó Tanya Tagaq que marcou uma colaboração fantástica com o quarteto Kronos e participou com a Björk no Medúlla. Quando fala nem parece que é capaz de reproduzir sons tão ritualmente brutos e animalescos.

É um mundo por descobrir.

 

O que roda por aí?

Aproveitei as férias para ouvir aqueles discos que me estavam a fazer comichão e a opinião não se alterou:
- o Coyote dos KD é uma seca;
- o novo Red Sparowes está muito longe do que a banda poderia (podia?) fazer;
- Alan Licht não me bate;
- o novo Fenn O'Berg não me entra;
- o último EP dos Oceansize está estranho;
Resumindo, mesmo gostando destas bandas não vou insistir mais nestes álbuns. Estive semana e meia offline o que nos dias de hoje no calendário das internets deve valer uns meses e pergunto-vos: que discos novos rodam por aí?

14 junho, 2010

É hoje, alguém vai?

13 junho, 2010

Acabou o Lost e agora?

Para quem acompanhou "Lost" ao longo destes 6 anos, acredito que seja complicado encontrar algo satisfatório, depois de um argumento deste calibre. Sendo assim, malta que papa séries, o que andam a ver agora?

Por aqui, acho que vou papar o "The Pacific" (da mesma malta do Band of Brothers).