HOJE: Amplificasom @ SWR 2011
COUGH (palco 1) 21h
Desde que a administração Bush subiu ao poder, a ciência tem sofrido um descrédito junto da população sem precedentes desde o Iluminismo. Cortes nos apoios, legislar contra a investigação de células estaminais com um fundamento ético-religioso e o agravar do celeuma Mundo Cristão vs Mundo Islâmico têm relevado a ciência para segundo plano.
4. Lost in Translation (2003)
Sim, estou a ver o horror nas vossas caras neste momento, mas há coisas que têm que ser ditas. Uma Scarlett Johansson enjoada com uma vontade enorme de cometer adultério é apenas tolerada pela presença dos seus formidáveis seios. Bill Murray aprecia a sua companhia e tem imensa pena que ela não tenha completado recentemente o seu 12º aniversário. Um filme ideal para trintonas que julgam ver ali a sua história de vida por nunca estarem satisfeitas com a sua situação actual, mesmo que essa situação seja tudo aquilo que sempre desejaram nos últimos 29 anos. Um filme que tem os seus dotes mas que para o fim se arrasta, gordo e demasiado inflado, que se leva demasiado a sério por uma falta de sentido de humor crónica de Sofia Coppola, que terá escutado atentamente as directivas do seu papá, segundo as quais as comédias nunca ganham oscares. Mas há uma coisa que não podemos negar: quem não gosta de ver japoneses a fazer palermices?3. The Passion Of The Christ (2004)
Um filme gore, sangue, tripas, matança e carnificina de que não há memória no cinema mainstream e que leva exércitos de velhas, clérigos, sacristões e sodomitas em geral aos cinemas não é natural. Excepto se servir para criar uma panela de pressão de ódio contra aqueles que são responsáveis pelos maiores problemas da humanidade, incluindo o massacre do próprio Messias, o filho de Deus na Terra: os Judeus. Isto, claro, segundo a visão alcoólica e tremida de um Mel Gibson que em tempos teve imensa piada a chacinar tribos de canibais motoqueiros nos desertos de uma Austrália pós-apocalíptica. Argumento: Jesus Cristo é preso e barbaramente torturado durante 90 minutos sem razão aparente. Não posso contar o fim porque pode ser spoiler para alguém que ainda não o tenha visto... Para breve a sequela: The Revenge of The Christ.
2. Home Alone (1990)
Um filme pode ter imensa piada. Mas à 12356ª vez começa a perder algum interesse. Nem sei bem o que se passa neste filme. Todos os santos domingos à tarde lá estão aqueles 2 atrasados mentais a apanhar com latas na cabeça e escorregar para cima de um chão coberto de pregos, enquanto uma criança com problemas emocionais alienado pelos próprios pais e família ri desenfreadamente apesar de ter sido deixado ao mais bárbaro abandono por uns pais mais interessados em laró do que no bem estar dos seus filhos. Um filme que não poderia ser rodado actualmente porque uma narrativa que tem como personagens centrais dois homens adultos e uma criança fechada dentro de uma casa invoca invariavelmente para um imaginário de enrabanço.
1. Titanic (1997)
Não sei o que será pior. Se o enfado de passar 3 horas da mais pura claustrofobia a ver um romance tirado da Revista Maria que desenrola lentamente na direcção de um final merecido, se a banda sonora da mais pirosa das cantoras pop de todos os tempos. Titanic roubou-nos a todos um pedaço importante da nossa vida, 3 horas de vida que poderiam ser a diferença entre uma vida banal e o sucesso. Do que mais me lembro de quando fui ver o filme em 97 foi o desconforto provocado pelas cadeiras, como se se tratasse de uma viagem de barco para a Austrália, sem dormir. Um Leonard DiCaprio que só apetece esbofetear e aquela meia hora que realmente interessa a soar demasiado postiça, quando o digitech ainda parecia Lego. Um filme molengão, dengoso, fútil e idiota. James Cameron sabe marketing como ninguém. Um filme onde idosos, senhoras e crianças morrem violentamente afogadas no frígido Atlantico Norte, mas que a censura americana obrigou a cortar uma cena onde 4 pobres cachorrinhos perdiam a vida ao cairem ao mar. Isto diz tudo acerca de uma civilização.
A escolha sonora de hoje entre o percurso casa trabalho casa é recorrente nas minhas audições principalmente através de Miss Machine, essa peça de arte tão bela como fodida. Falo dos The Dillinger Escape Plan.
Bilhetes a roçarem os 6 euros; 21 minutos de publicidade depois da hora marcada com três ou quatro trailers pelo meio de alguns segundos cada; intervalo de 7 minutos que não serve para nada a não ser para o tipo de trás que atendeu o telefone durante o filme ir encher o balde de pipocas e mastigá-las de boca aberta; o deslocar a um shopping pois no Porto já não há cinemas*. Enfim, ainda compensa?
Espreitando a agenda do lado direito, vocês encontram centenas de concertos agenciados pela Amplificasom ao longo destes anos. O nosso objectivo foi sempre ajudar as bandas que nos dizem algo, partilhar convosco e com o maior número de pessoas possíveis aquilo que acreditamos ter valor daí a não nos ficarmos só pelo Porto, cidade essa que por sermos originários e apaixonados é a nossa maior cúmplice. No entanto, nunca pretendemos coleccionar cromos numa qualquer caderneta de protagonismo e neste nova fase onde ambicionamos trabalhar de forma mais directa algumas dessas e outras bandas que com o tempo surgirão, optamos de uma forma natural assumir um compromisso que se espera duradouro e de sucesso.
Foi na segunda metade dos anos 80 que vi o Loose Screws, numa altura em que era bem mais simples fazer uma laringectomia a um papa formigas em chamas do que parecer cool na escola. O cinema para adolescentes demonstrava claramente como devíamos agir, que roupa usar, que postura adoptar, que atitude transparecer. No entanto ainda tornava as coisas mais complicadas. Tentávamos ir pelo caminho do Breakdance e parecíamos chimpanzés epilépticos a meio de uma crise de asma, vestíamos as roupas como aqueles fabulosos teenagers dos filmes e parecíamos os ajudantes do Croquete e Batatinha. Com um fosforo na boca como o Cobra, parecíamos atrasados mentais, com um blusão de penas igual ao do Michael J. Fox parecíamos vítimas do Titanic. Além disso as nossas colegas do sexo feminino não tinham nem de perto nem de longe o aspecto viçoso, curvilíneo e debochado das garotas que corriam alegremente em topless de modo perfeitamente gratuito durante uma boa metade dos filmes. Eram enjoadas e descuravam a estética púbica, tendo frequentemente que usar uma cueca de tamanho acima para albergar tamanho arvoredo.
Loose Screws é apenas um sucedâneo de Porky’s, os American Pies da altura. Um grupo de teenagers liceais vive assombrado pela energia hormonal e só consegue pensar em sexo. As peripécias fortemente sexualizadas seguem-se a um ritmo estonteante tendo como objectivo alguma nudez. Era apenas um entre dezenas, mas era este que eu tinha copiado ilegalmente e era este que eu e os meus amigos víamos quando não havia novidades.
As pessoas às vezes lêem os meus posts e pensam “Cum carago, este gajo inventa cada merda estranha” e por isso vi-me obrigado a colocar duas cenas no Youtube. São cenas emblemáticas deste filme, em HD porque não vivemos já na idade média, e que passarei a descrever para aqueles que nunca viram nenhuns jogos olímpicos em que havia uma equipa da Alemanha Ocidental e outra da República Democrática Alemã.
Cena 1 – A Passagem Cool por um corredor de liceu dos anos 80
Além do Ripoff evidente a Bill Murray no final, prestem atenção à densidade de cultura popular que se conseguiu meter em 30 segundos. Uma avalanche de clichés que serve perfeitamente para introduzir os 4 protagonistas: o nerd, o gordo, o atlético que papa as gajas todas e o espertalhão que goza com o director e dança break. Ali se vê também ao que tínhamos que aspirar para ser cool num liceu. À falta disto éramos obrigados a colar posters do Bruce Springsteen nas capas dos cadernos, mas usando fita cola porque o papel autocolante transparente era ainda um artigo raro em Portugal.
Cena 2 – Montagem com música gira e modus operandi dos únicos personagens principais que comem gajas
A música Circular Impression dos Extras ainda hoje me está apegada ao cérebro qual tatuagem emocional de tanta vez que vi isto.
Com esta pequena lição de História Teenager de Portugal vos deixo. E se os jovens de hoje acham que vivem numa época miserável e negra, pensem apenas que não têm que passar pela vergonha de pedir revistas pornográficas emprestadas (com páginas coladas) para esgalhar o pessegueiro. E assim acontece…
Etiquetas: 80s, loose screws, teenager
"Real music is not for wealth, not for honors or even the joys of the mind, but is a path for realization and salvation."
Dias pertinentes estes. Continuo a comprar discos e ao mesmo tempo esses mesmos discos estão-se a amontoar ainda vestidos de celofane. Sei que não me estou a tornar um mero coleccionador pois só adquiro álbuns que realmente quero independentemente de ter ou não o resto da discografia da banda, da editora, da edição, etc. Podia dizer que os tempos são outros mas são-no há algum tempo, a mera razão do desabafo nasce pelo facto de ter perdido, há uma semana atrás, a minha pen de 8GB que me acompanha(va) diariamente no carro e na falta que ela me faz.
Há hoje uma regra que vinga no cinema de ação ocidental, ou de hollywood, se preferirem: a de que quanto mais se aproximar da realidade, melhor serão as sequências de porrada e explosões. Ora, quanto a mim este é o pior rumo a tomar. O cinema enquanto entretenimento não se pode tornar muito sério - ter uma ou outra referência política, algumas mensagens subliminares, críticas à sociedade, etc? Ok, no problem. Mas querer que cenas de pancadaria e explosões sejam o mais próximo da realidade é afastar do cinema de entretenimento aquilo que ele tem de melhor, que é escapar à própria realidade. Quando vejo filmes como o Battle Los Angeles não quero ver elegias aos Marines Norte-Americanos nem propaganda fácil ao ideal de liberdade de um império em ruínas. Queria sim ver um filme em que aliens invadiam a Terra, raios laser trespassavam humanos, descobrir que os aliens afinal faziam parte de uma máfia inter-estelar que ocupava planetas para lhes controlar recursos naturais, e que eram esses próprios aliens, com a sua tecnologia extremamente elevada, capaz de os fazer não só viajar através do espaço como através do tempo, que manipulavam as formas de vida nos planetas de forma a que quando regressassem a maioria do trabalho já estava feito, tentando sempre não deixar essas civilizações evoluir demasiado para ser mais fácil evitar problemas... Queria ver qualquer coisa assim, não queria ver um filme tão "sério" sobre aliens porque não era essa a premissa que passava pelos trailers, nem muito menos ver um filme que só pretende passar a ideologia morta de que os americanos são os maiores e que sem eles não há liberdade no mundo. Ainda há 2 anos saiu o District 9, e se querem fazer um filme de aliens que se aproxime da realidade, podem começar por aí. E mesmo esse filme não se levou tão a sério quanto este Battle L.A., e é essa uma das razões pela qual ele é tão bom, na minha opinião.
A Rock-A-Rolla é uma revista inglesa dedicada ao avant-rock, metal, noise, sonoridades experimentais e a todos os artistas que estejam de algum modo a estimular o mundo da música e a demolir fronteiras. É uma revista abrangente, que reúne uma excelente secção de notícias, artigos sobre música, entrevista e resenhas a discos e filmes, assim como nos faz chegar o que de mais excitante se passa nos palcos do Reino Unido e um pouco por todo o globo. Numa edição bi-mensal, totalmente a cores e com aspecto de coleccionáveis, a Rock-A-Rolla tem vindo a assegurar distribuição num número cada vez maior de países (Canadá, EUA, Japão, Austrália, e vários países da Europa). Em pouco mais de ano tornou-se numa das publicações mais faladas e elogiadas por todos aqueles que se interessam por música e seguem a sua evolução, tendo já adquirido estatuto de culto. Khanate, Justin Broadrick, Melvins, Mike Patton, Sunn0)) + Boris, Dillinger Escape Plan, Earth, Isis e Swans foram alguns dos artistas escolhidos para capa da Rock-A-Rolla, pelo que podemos esperar novas escolhas impares e muitas surpresas fascinantes… A Rock-a-rolla tem distribuição exclusiva em Portugal via Amplificasom.
No continuação de adaptações ao cinema dos célebres Faux Trailers de Grindhouse, Hobo With a Shotgun é o segundo a receber adaptação oficial, depois de Machete em 2010. Quer isto dizer que não faltará muito para que estreie Don't, Thanksgiving e o meu preferido Werewolf Women of the SS. Esperamos apenas que a crise não nos reduza a largura de banda nos próximos tempos.
Hobo With a Shotgun é um filme do género action exploitation, um género bastante familiar a todos aqueles que, como eu, se aproximam perigosamente dos 40 anos de idade. Nos final dos anos 8o os clubes de video estavam pejados de filmes de violência extrema, normalmente de origem italiana cujos elementos chave eram sempre uma história de vingança sangrenta, alto factor de "randomness" e uma especial originalidade nas mortes, sempre com o sangue na casa dos hectolitros. Sim, claro que eram mal feitos, irrealistas e por vezes para forçar uma determinada morte era preciso curvar ligeiramente a narrativa no sentido do "perfeitamente idiota". Hey, mas era extremamente divertido, who cares?
A história é simples, como convém. Um sem-abrigo chega a uma cidade imersa num violento caos, de polícia corrupta, violência, prostituição, a fazer Old Detroit de Robocop parecer a capital da Noruega. Controlada por gangs retro-futuristas e outras caricaturas saídas directamente dos 80s e governada pelo mais detestável vilão da História da sétima arte, um espécie de Boss Hog mutante dos Dukes of Hazzard propulsionado a meta-anfetaminas e fluido vertebral de recém-nascidos. Os seus dois filhos não se ficam atrás, dois Cristianos Ronaldos Lookalike com uma aptidão fora do normal para infanticídio em massa. O nosso sem abrigo é puxado para este mundo sem perceber como e não tem outro remédio senão começar a trespassar intestinos e rebentar cérebros à força de balázio de caçadeira.
Seguem-se os piores actos de violência e sadismo alguma vez visto no cinema mainstream ocidental, desde queimar um autocarro de crianças com lança-chamas até clubes de tortura onde prostitutas que rendem pouco são usadas para arte de retalho para diversão de grupos de rapaziada jovial que já não sente prazer em estropiar grávidas ou atropelar freiras. O sangue flui como água em Cabora Bassa e ninguém escapa impune aos constante fluxo de carnificina que parece nunca abrandar nos 80 minutos úteis de duração do filme. Atenção que eu vi a versão Unrated.
Ainda assim desenganem-se aqueles que pensam que lá por ser uma homenagem/paródia se caiu num nível de produção de Scary Movie ou outros subprodutos tóxicos hollywoodianos do género. Nada disso. Tecnicamente, Hobo with a Shotgun é muito bom. Um cuidado especial na fotografia, saturada e rica em detalhe, a iluminação é exuberante e competente a atingir aquilo a que se propõe. A narrativa não é especialmente meritória de um Nobel mas é servida a um ritmo competente e "just in time". O detalhe dado às cenas é muito original, com uma densidade de boas ideias de produção rara num filme de acção. Uma estética de violência e um trabalho de câmara excepcional. Tem, no entanto, uma cortante falta de nudez e sexo que ficariam muito bem entre os 45 e os 50 minutos, antes da partida para a sequência final de mortandade.
Ver morrer é um prazer! Um belo serão que se passa à lareira a ver pessoas a falecer violentamente antes do seu tempo junto da nossa amada, quem sabe para comemorar um aniversário de casamento ou de namoro. Estou a gozar, obviamente. Vejam-no sozinhos ou com colegas da ganza, senão as vossas senhoras infernizar-vos-ão o juízo até ao dia do juízo final e sempre que estiverem quase a perder uma discussão irão dizer "Ai é? E aquele filme que me fizeste ver no nosso primeiro aniversário? Aquela coisa horrível que me fez correr para casa dos teu melhor amigo à procura de um ombro para chorar. E por causa deste filme de merda uma coisa levou à outra e quando dei por ela já o video tinha 449.893 hits no pornotube o dobro do mais visitado da tua mãe!".
Etiquetas: cinemaxunga, grindhouse, ultra-violência, violência
O Blitz quando se preocupava com a música, nos tempos em que era jornal, chegou a ser importante para mim. A compra daquelas páginas às terças-feiras era um ritual e o dia não podia começar de outra maneira. Não me recordo especificamente de nenhuma banda dessa altura que me acompanhe até aos dias de hoje, mas talvez pela Serigrafia que mora lá em casa, de vez em quando penso que o Paiva, o dono da loja de discos Superfuzz, ainda hoje devia ter um blog com uma tira semanal ou algo do género. Fica a sugestão.
Estou irritado, Mike. Tens realmente coisas de génio, mas institucionalizou-se que tudo o que fazes cai nessa categoria e já ninguém critica quando é preciso, assume-se que é perfeito e pronto. Tudo bem que é uma cover dos Warlocks, mas fodeste um tema dessa banda - essa sim perfeita - chamada Bohren & der Club of Gore.
De forma a definir dados e estatísticas credíveis tendo em vista, entre outra coisas, o surgimento de políticas adequadas à realidade actual, os Censos fazem todo o sentido e nós como cidadãos devemos colaborar não pela sua obrigatoriedade mas porque, julgamos, é para nosso bem. Ora, seguindo este raciocínio, alguém me explica esta questão 32? Basicamente o Censos 2011 pede a todos os que estão a recibos verdes mas que têm um emprego fixo com o respectivo horário e a quem dar cavaco, ou seja, se trabalham de forma ilegal, para assinalarem a opção "Trabalhador por conta de outrém" que é o mesmo que dizer que tem direito a Baixa por doença, subsídio de desemprego e outros direitos (e deveres) quando na realidade não têm. Eu se estivesse a recibos verdes teria rasgado o formulário. Isto não só reflecte o estado do país quando ainda manipula os resultados. Afinal, qual o objectivo?
O Tod Browning mostrou-nos que os freaks são iguais a todos nós. A Diane Arbus viveu fascinada por eles e retratou-os frequentemente. O Joel-Peter Witkins elevou-os à iconografia religiosa.