29 abril, 2011

HOJE: Amplificasom @ SWR 2011

MENACE RUINE (palco 1) 22h25
COUGH (palco 1) 21h

Haverá merch de ambas as bandas e a Rock-A-Rolla 31 disponível para compra.

28 abril, 2011

A ciência no século XXI

Desde que a administração Bush subiu ao poder, a ciência tem sofrido um descrédito junto da população sem precedentes desde o Iluminismo. Cortes nos apoios, legislar contra a investigação de células estaminais com um fundamento ético-religioso e o agravar do celeuma Mundo Cristão vs Mundo Islâmico têm relevado a ciência para segundo plano.

Carl Sagan, ao falar sobre a equação de Drake (que mede estatisticamente a possibilidade de existirem civilizações inteligentes no Universo conhecido) refere que o maior problema chega quando uma civilização atinge o ponto em que se pode auto-destruir, e que a probabilidade de isso acontecer é muito elevada, dado até hoje não existir conhecimento de qualquer prova irrefutável de contato com outras civilizações extraterrestes. Mais recentemente, Michio Kaku, um dos fundadores da string field theory, e um apaixonado por estas questões, fala sobre os estágios das civilizações, dividindo-os em 4 partes, do tipo 0 ao tipo 3. Segundo ele, a Humanidade está na viragem da de tipo 0 (civilização que ainda depende da energia fóssil) para a tipo 1(civilização com o poder de controlar todos os fenómenos do seu planeta, desde terramotos a furacões a erupções vulcânicas), que ele prevê que aconteça nos próximos 100 anos. Isto, claro, se a Humanidade não se auto-destruir até lá.

Não vemos estes cientistas a falar de apocalipses, vemos sim uma desilusão velada no ser humano, que parece cada vez mais rejeitar a ciência em detrimento de folclore e crenças que não deveriam ultrapassar o espectro da fé, colocando em causa o progresso científico da nossa civilização.

Amplificasom agencia: Emeralds no Serralves em Festa


Hélder Costa

Miguel Sousa Tavares resolve: Amplificasom

Miguel Sousa Tavares Resolve

Dúvidas existenciais e cultura pop? Miguel Sousa Tavares Resolve.

27 abril, 2011

Top 5 “filmes famosos que não valem uma merda”

Todos nós temos que lidar com a existência de filmes no nosso plano dimensional que só por si justificariam o fim da liberdade de expressão. Tudo bem, desde que não sejamos importunados por eles. Mas isso era antes. Antes de haver 1382 canais de TV e video on demands e infernais quantidades de conteúdo semelhante a uma lixeira a céu aberto que ejacula milhares de horas de programação de inenarrável fedor para dentro dos nossos lares sem pedir permissão. Elaborei uma lista de 5 desses filmes que toda a gente adora, mas que me fazem secretamente sentir a gonorreia de mil leprosos a cada vez que os apanho num zapping.

5. Pretty Woman (1990)

Um principe encantado dos tempos modernos enamora-se por uma prostituta de rua depois de ter pago uma fortuna para não lhe tocar sequer. Nem uma mamada ou um dedinho curioso… Nada. Quando penso em putas de rua, daquelas que atacam à noite nas avenidas escuras das grandes cidades só me vem à cabeça o seguinte: herpes, gonorreia, sida, cocaína, heroína, toxicodependência, alcoolismo, dentes todos podres, hálito a cadáveres em decomposição desde 1996, incontinência intestinal e três tipos de Sida (daquela que corrói o latex). Daí a dificuldade que tenho em assimilar aquele argumento.

4. Lost in Translation (2003)

Sim, estou a ver o horror nas vossas caras neste momento, mas há coisas que têm que ser ditas. Uma Scarlett Johansson enjoada com uma vontade enorme de cometer adultério é apenas tolerada pela presença dos seus formidáveis seios. Bill Murray aprecia a sua companhia e tem imensa pena que ela não tenha completado recentemente o seu 12º aniversário. Um filme ideal para trintonas que julgam ver ali a sua história de vida por nunca estarem satisfeitas com a sua situação actual, mesmo que essa situação seja tudo aquilo que sempre desejaram nos últimos 29 anos. Um filme que tem os seus dotes mas que para o fim se arrasta, gordo e demasiado inflado, que se leva demasiado a sério por uma falta de sentido de humor crónica de Sofia Coppola, que terá escutado atentamente as directivas do seu papá, segundo as quais as comédias nunca ganham oscares. Mas há uma coisa que não podemos negar: quem não gosta de ver japoneses a fazer palermices?

3. The Passion Of The Christ (2004)

Um filme gore, sangue, tripas, matança e carnificina de que não há memória no cinema mainstream e que leva exércitos de velhas, clérigos, sacristões e sodomitas em geral aos cinemas não é natural. Excepto se servir para criar uma panela de pressão de ódio contra aqueles que são responsáveis pelos maiores problemas da humanidade, incluindo o massacre do próprio Messias, o filho de Deus na Terra: os Judeus. Isto, claro, segundo a visão alcoólica e tremida de um Mel Gibson que em tempos teve imensa piada a chacinar tribos de canibais motoqueiros nos desertos de uma Austrália pós-apocalíptica. Argumento: Jesus Cristo é preso e barbaramente torturado durante 90 minutos sem razão aparente. Não posso contar o fim porque pode ser spoiler para alguém que ainda não o tenha visto... Para breve a sequela: The Revenge of The Christ.

2. Home Alone (1990)

Um filme pode ter imensa piada. Mas à 12356ª vez começa a perder algum interesse. Nem sei bem o que se passa neste filme. Todos os santos domingos à tarde lá estão aqueles 2 atrasados mentais a apanhar com latas na cabeça e escorregar para cima de um chão coberto de pregos, enquanto uma criança com problemas emocionais alienado pelos próprios pais e família ri desenfreadamente apesar de ter sido deixado ao mais bárbaro abandono por uns pais mais interessados em laró do que no bem estar dos seus filhos. Um filme que não poderia ser rodado actualmente porque uma narrativa que tem como personagens centrais dois homens adultos e uma criança fechada dentro de uma casa invoca invariavelmente para um imaginário de enrabanço.

1. Titanic (1997)

Não sei o que será pior. Se o enfado de passar 3 horas da mais pura claustrofobia a ver um romance tirado da Revista Maria que desenrola lentamente na direcção de um final merecido, se a banda sonora da mais pirosa das cantoras pop de todos os tempos. Titanic roubou-nos a todos um pedaço importante da nossa vida, 3 horas de vida que poderiam ser a diferença entre uma vida banal e o sucesso. Do que mais me lembro de quando fui ver o filme em 97 foi o desconforto provocado pelas cadeiras, como se se tratasse de uma viagem de barco para a Austrália, sem dormir. Um Leonard DiCaprio que só apetece esbofetear e aquela meia hora que realmente interessa a soar demasiado postiça, quando o digitech ainda parecia Lego. Um filme molengão, dengoso, fútil e idiota. James Cameron sabe marketing como ninguém. Um filme onde idosos, senhoras e crianças morrem violentamente afogadas no frígido Atlantico Norte, mas que a censura americana obrigou a cortar uma cena onde 4 pobres cachorrinhos perdiam a vida ao cairem ao mar. Isto diz tudo acerca de uma civilização.

Matemática ao pequeno-almoço

A escolha sonora de hoje entre o percurso casa trabalho casa é recorrente nas minhas audições principalmente através de Miss Machine, essa peça de arte tão bela como fodida. Falo dos The Dillinger Escape Plan.
A fusão entre o hardcore e o jazz numa mescla de intensidade, precisão, técnica e pulmão fazem deles uma banda caoticamente única, mas confessando que os últimos dois discos juntos dão apenas um excelente EP, pergunto-vos que outras sugestões na mesma linha sonora têm vocês para partilhar.

Ainda compensa ir ao cinema?

Bilhetes a roçarem os 6 euros; 21 minutos de publicidade depois da hora marcada com três ou quatro trailers pelo meio de alguns segundos cada; intervalo de 7 minutos que não serve para nada a não ser para o tipo de trás que atendeu o telefone durante o filme ir encher o balde de pipocas e mastigá-las de boca aberta; o deslocar a um shopping pois no Porto já não há cinemas*. Enfim, ainda compensa?

Nos dias de hoje os lcd e os sistemas de som nas salas de estar já são uma realidade banal; nos dias de hoje podemos ver um filme acabadinho de sacar, em casa, com ou sem pipocas e com a companhia que desejemos, que ainda nem sequer estreou nas salas de cinema. Não, não é um incentivo ao download, mas sejamos realistas pois é o que acontece. A forma de contribuição fica ao critério de cada um, haja bom senso. Mas já reflectiram o porquê de cada vez menos irmos menos ao cinema?
O asterisco em cima não é por acaso, existe de facto um cinema a sério no Porto (sorte a vossa lisboetas, grande azar para o resto do país) que é o Medeia no Campo Alegre. É uma sala onde os filmes custam 5€ ou 3,50€ e começam a horas, são na generalidade passados em 35mm, a roupa não cheira a McDonald’s quando nos sentamos, as pessoas respeitam-se e apreciam o filme até aos créditos e respectiva banda sonora final (isto num Zon é impossível, mal acaba toda a gente se levanta e entre vestir o casaco e pegar nos sacos das compras já os créditos iniciais se foram)…
Não é de todo um desabafo elitista, bem longe disso, mas esta cultura do Centro Comercial e o monopólio da Zon, com o devido respeito pelo seu mérito, veio prejudicar o Cinema. Podia ir mais longe e ainda contar um ou dois episódios de gente que está por dentro, mas não o vou fazer. Vou apenas terminar estas linhas dizendo-vos que O Discurso do Rei vale pelo Colin Firth, que O Código Base do Duncan-Moon-Jones é um interessante e recomendável filme de ficção-científica, e o regresso de Monte Hellman ao fim de 20 anos é bem lynchiano onde cabe a cada um de nós resolvê-lo. Se o conseguirmos…

26 abril, 2011

Amplificasom + Lovers apresentam: BORIS + RUSSIAN CIRCLES no Porto

Amplificasom + Lovers & Lollypops apresentam:BORIS + RUSSIAN CIRCLES + SAADE
25 de JUNHO, Sábado
HARD CLUB, Sala 2
+ info em breve

Apesar de estarmos em constante contacto e da amizade que nos une, a última colaboração com a Lovers foi em 2009 naquela maravilhosa noite com os Fuck Buttons. Os nossos caminhos voltam agora a encontrar-se para um regresso há muito esperado: os japoneses Boris. Nesta tour onde o headliner será rotativo todas as noites, vêm os nossos amigos Russian Circles (terceira vez no Porto via Amplificasom) e um projecto checo de um outro amigo para dar início a um sábado veraneio em plena baixa portuense.
Como compreenderão, não estamos a aceitar reservas, mas muito em breve informaremos onde poderão adquirir os bilhetes. Vai ser tão mas tão bom...

25 abril, 2011

FMI e o 25 de Abril




FMI é um texto de José Mário Branco, que este escreveu de uma vez só em 1979, aquando da primeira intervenção do Fundo Monetário Internacional no nosso país. O vídeo é da primeira actuação desta música de intervenção, que aconteceu em 1982, nas vésperas da segunda entrada do Fundo em Portugal.
José Mário Branco alerta, logo no início para os pormenores que podem já não ser actuais, mas é triste constatar que grande parte do texto tem razão de ser, ainda hoje, passados 37 anos depois da liberdade e da democracia.
O texto é catártico e há até quem diga que foi a primeira forma do rap em português, para depois desembocar numa manifesta raiva contra as "promessas de Abril".

A certa altura José Mário Branco afirma que "nós somos um povo de respeitinho muito lindo, saímos á rua de cravo na mão sem dar conta de que saímos á rua de cravo na mão a horas certas". E vocês, o que acham da revolução de 25 de Abril?
Acham que saímos a horas "certas"? Acham que uma revolução tão "pacífica" pode levar a uma nova mentalidade e a uma mudança de sistema de forma válida? Nestes tempos que correm, acham até que precisamos de uma outra revolução?

Podem ler todo o brilhante texto, assim como ouvir uma versão sem pausas da música aqui.

E por falar em liberdade...


Rip: A Remix Manifesto é um documentário sobre música, mais particularmente sobre a música usada na forma de mash-up, ou remix. Pegando no exemplo de Girl Talk, faz-nos viajar pelos meandros da música feita a partir de outras já existentes. Deste modo, explora os conceitos de direito e propriedade intelectual, de copyright (ao mesmo tempo que levanta um novo conceito, o copyleft), pirataria, e de originalidade, entre outros. Mete o rato Mickey ao barulho e faz-nos acreditar que o Brasil é um paraíso sem lei.

22 abril, 2011

Kanimambo

Eu hoje ia escrever qualquer coisa sobre os Milli Vanilli, mas quando soube da morte de João Maria Tudela não me apeteceu.



21 abril, 2011

?

Ainda sobre a crítica


Estranhamente, na arte, e à semelhança de toda uma plêiade de questões filosóficas, a posição relativista – “a cada cabeça sua sentença” - que a tudo vota uma desconfiança irrestrita, parece extraordinariamente crédula no que respeita à ilusão da infalibilidade humana, a ponto de considerar que se várias pessoas tem interpretações diferentes acerca de uma mesma coisa, é mais plausível pensar que não há verdade acerca da matéria, do que pensar que pelo menos algumas dessas pessoas podem simplesmente ter os olhos pouco abertos ou estar simplesmente enganadas; ou seja, que a relação que cada cabeça tem com a sua própria sentença é de algum modo especial, embora tudo o mais seja irreverentemente posto em causa.

Mas, a maneira como estas interpretações são expostas e diferem entre si parece ser motivo de azia para alguns defensores do plural. É aí que começa a prefixagem: onde andam os ‘pseudo’? The hunt is on.

Bela imparcialidade esta que só prova que o que está verdadeiramente em causa na posição relativista generalizada não é a sua pseudo-coerência lógica, nem sequer a aparente atitude de tolerância intelectual e moral para com todas as crenças ou opiniões, mas sim a ilusão psicológica da infalibilidade papal ou divina que ela confere a todos os seus defensores, que ficam assim, por princípio, impossibilitados de errar, visto não haver, ou não ser cognoscível, qualquer verdade objectiva com a qual possam medir-se os nossos pontos de vista relativos e subjectivos. E que mais pode querer um ego que não seja esse wishful thinking de acreditar que é verdade aquilo que queremos que seja verdade e que cada um tem a sua verdade? Querem ‘verdade’ mais consoladora e compensadora, por muito delirante que seja?

Se a crítica não deve ser puramente sinónimo de hierarquias nem pretender afirmar a supremacia de uns artistas em relação a outros, é verdade também que entre críticos exista quem se dedique exclusivamente à escolha dos assuntos e não possua o temperamento que a sua análise requer. Se há espaço na Interweb para vários tipos de críticas - que observando e estudando se podem interpenetrar mutuamente uma e outra e confraternizar sem discussão - é também verdade que esta tecnologia oferece de bandeja conhecimento e maneiras de treinar a redacção e proficiência vocabular; se todas as críticas são amigas naturais das artes, sendo umas ricas e outras pobres, ainda assim deve o crítico almejar a que, na descrição do seu mundo espiritual, não molhe apenas a ponta do dedo para o lamber quando pode mergulhar ambos os punhos e os dois pés.

Num mundo globalizado o pseudo começa a ser aquele que evidencia a diferença ao invés de a aceitar, sentenciando autores anónimos baseando-se apenas na verborreia que debitam. Também quero ser pseudo então: "Gosto" e "Não gosto" nem chega a ter um sujeito explícito (piada gramatical), e creio que é óbvio que, a um debate, pouco traz. Dificilmente imagino alguém a retirar satisfação de tão enxebre análise feita por um perfeito desconhecido. Como explicamos a diferença entre percepções e alucinações se a subjectividade não supõe a objectividade? Como explicamos sequer a existência de representações dissimilares acerca da uma mesma obra de arte? Como as avaliamos, depois de dar conta da sua existência? Não o fazemos. Fica no vazio.

Para que serve então a crítica?

Muitos artistas censuraram-na por nada poder ensinar ao público (que não quer pintar nem rimar nem cantar), nem à arte (já que foi das suas entranhas que saiu), e, contudo, quantos artistas só a ela devem a sua nomeada… será talvez essa a verdadeira censura a fazer-lhe?

A melhor crítica é sempre a poética e divertida, não a fria e algébrica que explica tudo sem ódio ou amor, e que voluntariamente se despoja de qualquer espécie de temperamento; mas sim - uma vez que um quadro ou melodia são uma reflexão do artista - aquela que consistirá nessa representação reflectida por um espírito sensível. Assim, a melhor recensão de um filme pode até ser um soneto ou uma elegia.

É fundamental a interdependência que se estabelece entre artista e crítico. Fundamental para as recorrências que se estabelecem entre criação e respectiva meditação estética. Essa interdependência pressupõe um especial desdobramento: artista e crítico na mesma pessoa - um dobra o outro, vira seu duplo – e neste sentido (também) duplica as capacidades de visão do outro. Um crítico e um artista surgem da dualidade, do poder ser duas pessoas ao mesmo tempo não ignorando qualquer fenómeno dessa natureza.

A experiência estética exige um trabalho de interiorização e a construção de um novo tipo de identidade que resulta do confronto com a obra, de onde se alimenta ou destaca. Esse eu insaciável do não-eu, essa disponibilidade para ser um e outro, capacita o crítico para captar o instante e atribuir-lhe uma significação.

Um homem deve cultivar a curiosidade e a ingenuidade da criança, apontar para um despojamento das convenções (sociais e artísticas) e uma reencarnação do olhar, quer do lado da criação, quer do lado da recepção. Um homem é aquele que parte à descoberta de si próprio, dos seus segredos e da sua verdade escondida; é aquele que procura inventar-se a si mesmo.

Ignora-se em que dose a natureza misturou em cada espírito o gosto pela linha e o gosto pela cor e através de que misteriosos processos ela opera tal fusão, cujo resultado é a obra. Assim, exaltar a linha em detrimento da cor, ou a cor à custa da linha, é, sem dúvida, um ponto de vista; mas não é amplo nem justo, e denota uma grande ignorância dos destinos individuais. Para a crítica ser justa, isto é, para ter a sua razão de ser, deve ser parcial, apaixonada, política, feita de um ponto de vista exclusivo, mas do ponto de vista que abra mais horizontes. Assim, um ponto de vista mais amplo será o individualismo bem entendido: determinar ao artista a ingenuidade e a expressão sincera do seu temperamento, auxiliada por todos os meios que lhe são concedidos pelo seu ofício.

O crítico deve cumprir com paixão o seu dever porque a paixão aproxima os temperamentos similares e ergue a razão a novas alturas. As artes são sempre o belo expresso pelo sentimento, pela paixão e pela fantasia de cada um - isto é, a variedade na unidade, ou as faces diversas do absoluto - a cada instante a crítica atinge a metafísica.

A arte não reside concretamente nem na escolha dos assuntos, nem na verdade exacta, mas na maneira de sentir. Há quem a procure fora, mas só é possível encontrá-la dentro. Um crítico, por mais puro que seja, não pode ser incessantemente um espírito material em busca do sólido; mas antes um poderoso idealista que faz sonhar e adivinhar para além das suas observações. O elemento próprio de cada beleza provém das paixões e, como temos as nossas paixões próprias, temos a nossa beleza.

Para um crítico criticar é preciso que, como espectador, opere dentro de si uma transformação algo misteriosa, e que através de um fenómeno da vontade a actuar sobre a imaginação, aprenda por si mesmo a participar do meio que deu à luz aquela floração insólita. Deve estar pronto a abraçar todo um mundo de novas harmonias que pacientemente o penetram como o vapor de uma estufa aromatizada; apto a que toda uma vitalidade desconhecida seja acrescentada à sua própria; receptivo a que alguns milhares de ideias e sensações enriqueçam o seu dicionário de mortal. É até possível que, excedendo as medidas e transformando a justiça em revolta, o crítico queime o que antes havia adorado e adore o que havia queimado.

Não creio que exista algum homem que possua integralmente esta graça, mas todos podem aspirar-lhe em graus diversos: tanto é verdade que há nas produções múltiplas da arte algo de sempre novo que eternamente escapa à regra e as análises da escola. O espanto, que é um dos grandes prazeres causados pela arte e pela literatura, depende dessa mesma variedade de tipos e de sensações.

Roster Amplificasom: L'Enfance Rouge + Process of Guilt

Espreitando a agenda do lado direito, vocês encontram centenas de concertos agenciados pela Amplificasom ao longo destes anos. O nosso objectivo foi sempre ajudar as bandas que nos dizem algo, partilhar convosco e com o maior número de pessoas possíveis aquilo que acreditamos ter valor daí a não nos ficarmos só pelo Porto, cidade essa que por sermos originários e apaixonados é a nossa maior cúmplice. No entanto, nunca pretendemos coleccionar cromos numa qualquer caderneta de protagonismo e neste nova fase onde ambicionamos trabalhar de forma mais directa algumas dessas e outras bandas que com o tempo surgirão, optamos de uma forma natural assumir um compromisso que se espera duradouro e de sucesso.

É com um enorme prazer que anunciamos os L'Enfance Rouge e os Process of Guilt à família Amplificasom. Ambos os nomes dispensam apresentações, ambos os nomes já estavam de certa forma ligadas à nossa/ vossa Amp, ambos os nomes trazem-nos ainda mais responsabilidade e orgulho por todo o trabalho desenvolvido até agora. Será um prazer.

Qualquer interesse em ter estas bandas nos v/ eventos p.f. contactem andre @ amplificasom.com (sem espaços).

20 abril, 2011

Loose Screws (1985)

Os anos 80 foram uma época muito conturbada para aqueles que, como eu, viveram lá parte importante da sua adolescência. Tão conturbada que eu só me senti preparado para enfrentar os anos 80 mais ou menos a meio dos anos 90, ali naquela altura em que Kobain se suicidou e a música passou a ser merdosa em todas as frentes e géneros. Todas as tentativas até essa altura para assassinar Bon Jovi falharam, incluindo aquelas que envolviam viagens no tempo. Isto explica o estado vegetativo/zombie do conceito clássico do Rock e todas aquelas cantorias pop que se ouvem actualmente na rádio onde não se consegue identificar um único instrumento musical ou outro qualquer som que não se parece com uma variação multitonal de um enxame de abelhas dentro de um latão de zinco.

Foi na segunda metade dos anos 80 que vi o Loose Screws, numa altura em que era bem mais simples fazer uma laringectomia a um papa formigas em chamas do que parecer cool na escola. O cinema para adolescentes demonstrava claramente como devíamos agir, que roupa usar, que postura adoptar, que atitude transparecer. No entanto ainda tornava as coisas mais complicadas. Tentávamos ir pelo caminho do Breakdance e parecíamos chimpanzés epilépticos a meio de uma crise de asma, vestíamos as roupas como aqueles fabulosos teenagers dos filmes e parecíamos os ajudantes do Croquete e Batatinha. Com um fosforo na boca como o Cobra, parecíamos atrasados mentais, com um blusão de penas igual ao do Michael J. Fox parecíamos vítimas do Titanic. Além disso as nossas colegas do sexo feminino não tinham nem de perto nem de longe o aspecto viçoso, curvilíneo e debochado das garotas que corriam alegremente em topless de modo perfeitamente gratuito durante uma boa metade dos filmes. Eram enjoadas e descuravam a estética púbica, tendo frequentemente que usar uma cueca de tamanho acima para albergar tamanho arvoredo.

Loose Screws é apenas um sucedâneo de Porky’s, os American Pies da altura. Um grupo de teenagers liceais vive assombrado pela energia hormonal e só consegue pensar em sexo. As peripécias fortemente sexualizadas seguem-se a um ritmo estonteante tendo como objectivo alguma nudez. Era apenas um entre dezenas, mas era este que eu tinha copiado ilegalmente e era este que eu e os meus amigos víamos quando não havia novidades.

As pessoas às vezes lêem os meus posts e pensam “Cum carago, este gajo inventa cada merda estranha” e por isso vi-me obrigado a colocar duas cenas no Youtube. São cenas emblemáticas deste filme, em HD porque não vivemos já na idade média, e que passarei a descrever para aqueles que nunca viram nenhuns jogos olímpicos em que havia uma equipa da Alemanha Ocidental e outra da República Democrática Alemã.

Cena 1 – A Passagem Cool por um corredor de liceu dos anos 80


Além do Ripoff evidente a Bill Murray no final, prestem atenção à densidade de cultura popular que se conseguiu meter em 30 segundos. Uma avalanche de clichés que serve perfeitamente para introduzir os 4 protagonistas: o nerd, o gordo, o atlético que papa as gajas todas e o espertalhão que goza com o director e dança break. Ali se vê também ao que tínhamos que aspirar para ser cool num liceu. À falta disto éramos obrigados a colar posters do Bruce Springsteen nas capas dos cadernos, mas usando fita cola porque o papel autocolante transparente era ainda um artigo raro em Portugal.

Cena 2 – Montagem com música gira e modus operandi dos únicos personagens principais que comem gajas


A música Circular Impression dos Extras ainda hoje me está apegada ao cérebro qual tatuagem emocional de tanta vez que vi isto.

Com esta pequena lição de História Teenager de Portugal vos deixo. E se os jovens de hoje acham que vivem numa época miserável e negra, pensem apenas que não têm que passar pela vergonha de pedir revistas pornográficas emprestadas (com páginas coladas) para esgalhar o pessegueiro. E assim acontece…

Cinemaxunga.net

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19 abril, 2011

O Inverno nova-iorquino de Michael Magill






O Medo Oriente [Link Para as Galerias Abaixo]

clica aqui para conhecer mais a fundo as aventuras do rapazola, e clica aqui para te amigares da pagina dele, 'cos nothing says friendship like 1000 friends u've never seen

Qual é a primeira coisa em que pensas quando alguém te fala no Médio Oriente? A sério, sê lá sincero contigo e comigo,... ninguém ouve os teus pensamentos... Bombas, pessoal a explodir, a rezar trinta horas por dia, a enforcar gays, a apedrejar infiéis? Se calhar.  Espero que não mas receio que, pelo menos para uma parte de vós, assim seja.

Basta fazer uma pesquisa, escrever “Médio Oriente” no google português, clicar em imagens e, a par de mapas aparecem alguns burros e camelos, uma foto de mísseis, uma caricatura do Jesus a falar de paz, uns tropas americanos, duas fotos de tanques, uma caricatura acerca da morte de civis na luta ao terrorismo, um dragão a cuspir fogo (!) e outros cenários de guerra. Não estou numa posição que me permita dizer que isso é tudo treta, sou só um gajo que anda aí dum lado p’ró outro. Mas estou numa posição que me permite levantar o dedo do meio a esta propaganda ou, pelo menos, exagero de contaminações. Por contaminação falo do grande hobby da humanidade que é o da generalização. Um preto faz merda em terra de branco, os pretos são maus, maus. Um parente decide rebentar-se lá ao fundo, longe longe, morrem trinta pessoas num país com cento e setenta milhões, e eles são uns terroristas de merda que não têm respeito pela humanidade. Detesto isto. Mas detesto mesmo. Pá não é um sentimento que dá muito jeito, esta raiva por quem decide tomar o caminho mais fácil e deixa a ideia de um povo ser contaminada pelas acções de alguns. Não é um sentimento confortável porque gera revolta e a vontade de mudar o mundo, tarefa que não é fácil fácil...

Atravessei o Médio Oriente à boleia, primordialmente. Estou, de momento, no Paquistão, um país que não pertence a esta região, mas que também faz o coração do pessoal bater forte só de pensar em visitar tais terras. E confesso que há coisas por que passei que são terríveis, sendo a pior delas ter de cagar à caçador, e outra o facto de não poder beber um finório sempre que me apetece. Terrível a VIDA de um ocidental por estes lados, terrível...

Desci a Turquia e entrei na Síria. Passei só umas horitas porque estava a caminho do Líbano. Não queria levantar guito porque não valia a pena. Dirigia-me para um sítio qualquer que mais me conviesse para boleiar, e um grupo decidiu ajudar-me. Passei meia hora nesta cidade e em meia hora um grupo de pessoal abordou-me e ofereceu-se para me pagar um táxi para um sítio onde depois me pudesse pôr a caminho do Líbano. Uma vez na estrada, apanhei uma boleia que me deixou às portas do próximo país. O parente não falava uma palavra de inglês, mas deu-me cigarros, café e oito pacotes de bolachas, em vez de me levar para casa e exigir um resgate.
               
No Líbano sente-se a tensão no ar. É impossível, literalmente, não ver um gajo armado num sítio qualquer. Problemas com Israel, uma guerra ainda fresquinha e os milhões de buracos de bala em tantos edifícios a disso nos recordar. Passei aí quatro ou cinco dias, saí de Beirut, dar uma volta fora da cidade, tudo tranquilo. Quando bazei do Líbano apanhei boleia de um táxi para a fronteira Síria. Daí até Damasco fui, também à boleia, com uns gajos que traficavam qualquer coisa – pagavam a cada guarda uma quantia qualquer, na fronteira, e quando lhes perguntei porque o faziam, disseram que “o nosso trabalho é impossível”. Ok, ok.
               
Na Síria tive oportunidade de conhecer o medo que os locais têm de quem os governa. O medo das pessoas que contaminam as mentes ocidentais – por cometerem atrocidades, por não terem respeito pela liberdade e individualidade dos seus cidadãos fazem com que o ocidental preguiçoso pense que toda a gente segue os passos dos seus líderes, nem sempre democraticamente eleitos. Da Síria boleiei até ao Curdistão Iraquiano. Aí sim, não pude ir a Bagdad, onde certamente correria perigo mas onde igualmente, estou certo, há muito boa gente que não tem culpa do que se está a passar, e que não tem de ser condenado, julgado ou gozado, por gostar lá do Alá. Isto dito por alguém que está tudo menos amigo de conceitos como “religião”. Passei uma semana no Curdistão Iraquiano e não gastei um cêntimo – não me deixaram. Fui recebido de braços abertos por famílias que me puseram comida na mesa três vezes por dia e tudo o que eu poderia desejar, incluíndo esta ou aquela burraxeira à beira-lago a ver o pessoal a dançar, celebrando o ano novo.
               
Daí passei para o Irão. Cheguei com vinte dólares, que tinham de dar para dez dias neste país, sendo que cartões VISA não funcionam por aqueles lados, devido às incompatibilidades deste governo com os nossos governos. No meu último dia iraniano, antes de seguir para o Paquistão, tinha vinte e sete dolares. Atravessei o país à boleia, comi e dormi em casa de simpáticas famílias que fizeram tudo para me agradar, ainda que não partilhando nenhuma língua comigo, e fiz amigos espontâneos na estrada – mais uma vez pessoal que não falava nenhum inglês, mas que me convidaram para sua casa, me deram vodka caseiro iraniano e cenas que tais, e que no dia seguinte me pagaram a viagem até ao Paquistão.
               
No Paquistão senti um choque maior, ao início. Achei-me tão estúpido por estar um pouco apreensivo. A cena que eu critico estava a acontecer comigo – estava com dificuldade em descolar estes proconceitos. Na verdade, não interessa, sendo que isso não influenciou as minhas acções em nada, mas ainda assim foi algo que achei interessante, apesar de estúpido. Fui um bocado chulado na fronteira, pagando um preço inflaccionado pelo meu autocarro, mas são cenas que acontecem. O pior é que isso fez com que, passados dez minutos de entrar no país, tivesse três euros na mão. Não sabia se dava para levantar dinheiro neste país, e não sabia como me ia safar nessa noite. Mas conheci um rapaz de quem me tornei amigo. Deu-me chá e bolachas para matar o rato no estômago e depois deu-me mil rupees (oito euros, catorze por cento do salário mínimo) para eu me safar nessa noite, tomar o pequeno-almoço no dia seguinte e procurar um multibanco. Acabei por encontrar um multibanco, graças a Alá!
               
Reparei de imediato nas semelhanças entre este país e a Índia, e por isso não foi com grande espanto que descobri que, até 1947, eram um só país. Tal como na Índia, o caos, barulho e poluição são brutais, mas tendo-me habituado a isto, estou a curtir estar aqui. Todos os dias me perguntam se sou muçulmano, e quando digo ser cristão (não me apetece dizer que sou ateu ou agnóstico) não fogem de mim. Quase todos os dias aparece alguém que me quer dar comida ou pagar um chá.
               
Bem, e como deu para ver, entreguei-me aos elementos e à bondade de terroristas muçulmanos e não me aconteceu nada. Não acho que seja um sortudo, é simplesmente a maneira como as coisas correm por estes lados. É importante, acima de tudo, nunca esquecer que um não são “uns”, que por algumas coisas acontecerem em determinadas terras isso não caracteriza uma população. Na mesma linha, a nossa televisão joga um papel determinante. A melhor maneira de entender o que se passa, é ir ver. Falhando isso, não julgar.

Da mesma forma, é importante separar o governo das pessoas. No Irão, por exemplo, há práticas e leis abomináveis para nós, ocidentais, como o uso obrigatório de lenço na cabeça para a mulher, a falta de liberdade de expressão, a “inexistência de homossexuais”, o facto de um filho não ficar com a mãe mas com a família do pai no caso da morte deste, entre tantos outros exemplos. Contudo, toda a gente que conheci se insurge contra isto, novos ou velhos. Mas não conseguem fazer nada sem ir visitar o Maomé. É o governo, como disse nem sempre democraticamente eleito, que toma estas acções e acaba por desvirtuar um sistema que deveria ser justo e livre.

Claro que ao leres isto, lê-lo na internet, um meio de comunicação em si, e por isso se digo para não te acreditares piamente no que vês na televisão ou jornais, seria hipócrita pedires para acreditar em mim.

Mas para lá da crença, há a sugestão do raciocínio crítico. Não aceitem nada de mão beijada, pensem em que vos transmite a mensagem, tentem ver para lá do óbvio, e assim, quem sabe, estarão mais perto da verdade.

13h36-3ª-18-4-11
Lahore, Paquistão

Jucifer: o poster

Julia Morell

Ali Akbar Khan dixit

"Real music is not for wealth, not for honors or even the joys of the mind, but is a path for realization and salvation."

18 abril, 2011

Fidelidade...


Desde cedo que a música me fascinou e me marcou. Acho que desde sempre, e sem querer mostrar qualquer tipo de pedantismo, ouvi coisas que não eram própriamente a regra-padrão.

Com isto não quero dizer que a minha audição de discos se rege pelas coisas mais estranhas, mas sim que, de acordo com as variáveis sempre estive um bocado á margem. Vão já ver que não há pedantismo. Sentia-me á parte quando os meus amigos da primária ouviam Onda Choc e eu já dissecava um infame disco grunge de 93, com 9 anos. Não é algo completamente diferente, mas dadas as condições, idade, viver numa aldeia do interior, ter pouco acesso a informação, tem que se lhe diga.

Fui sempre vivendo assim, e tal como acontece convosco (acredito na grande cultura e curiosidade musical de todos os que frequentam o tasco), poucas vezes encontro pessoas que gostem da música que eu gosto. Não vou com Dream Theater, odeio Muse e acho os Kasabian infinitamente maus. Mas isto são exemplos e poderiam ser muitos outros...

Onde quero chegar é, a música apesar de ser a grande paixão nunca me trouxe grandes vantagens (a não ser o prazer de a ouvir) como por exemplo as sociais...

Gosto de tudo, e isto é verdade, mas ao mesmo tempo, muita gente diz que sou esquisito e que não gosto de nada :)

Como é com vocês? Ouvir determinado tipo de música trouxe recompensas? Não trouxe? Ou isto não interessa para nada e o importante desfrutar dela?


É um post inconsequente, mas típico daqueles nerds tipo John Cusack em High Fidelity...

Pen pal

Dias pertinentes estes. Continuo a comprar discos e ao mesmo tempo esses mesmos discos estão-se a amontoar ainda vestidos de celofane. Sei que não me estou a tornar um mero coleccionador pois só adquiro álbuns que realmente quero independentemente de ter ou não o resto da discografia da banda, da editora, da edição, etc. Podia dizer que os tempos são outros mas são-no há algum tempo, a mera razão do desabafo nasce pelo facto de ter perdido, há uma semana atrás, a minha pen de 8GB que me acompanha(va) diariamente no carro e na falta que ela me faz.

Pela facilidade de transportar dezenas de discos num objecto tão pequeno, não andar com os originais atrás de mim e entre outras razões, não nos escrevíamos mas tornamo-nos grandes pals. E eu esperei, esperei uma semana a ver se ela realmente aparecia e desisto aqui com este tópico onde vos pergunto: durante estes dias que no mundo virtual correspondem a meses de edições, o quê que perdi? Novo Battles, Grouper, Gustafsson com O’Rourke e Akita… Mais?

Porque há sempre um lado bom nas coisas más, imagino que quem a tenha encontrado seja um miúdo que neste momento esteja encantado com discos de The Skull Defekts, The Bug, Phoenix, Æthenor, Bohren und Der Club of Gore, Emeralds, Burial, Glenn Branca, Peter Evans, Kath Bloom, Wu-Tang Clan, Liturgy… Bem, encantado ou bastante confuso e assustado, mas prefiro acreditar que gostou tanto que nem a formatou.

LONG DISTANCE CALLING


4 Junho, Passos Manuel, Porto*
5 Junho, Musicbox, Lisboa**


http://www.myspace.com/longdistancecalling

+ info em breve

*Organização Amplificasom
**Agenciamento Amplificaso
m

16 abril, 2011

A morte do entretenimento no cinema ocidental?

Há hoje uma regra que vinga no cinema de ação ocidental, ou de hollywood, se preferirem: a de que quanto mais se aproximar da realidade, melhor serão as sequências de porrada e explosões. Ora, quanto a mim este é o pior rumo a tomar. O cinema enquanto entretenimento não se pode tornar muito sério - ter uma ou outra referência política, algumas mensagens subliminares, críticas à sociedade, etc? Ok, no problem. Mas querer que cenas de pancadaria e explosões sejam o mais próximo da realidade é afastar do cinema de entretenimento aquilo que ele tem de melhor, que é escapar à própria realidade. Quando vejo filmes como o Battle Los Angeles não quero ver elegias aos Marines Norte-Americanos nem propaganda fácil ao ideal de liberdade de um império em ruínas. Queria sim ver um filme em que aliens invadiam a Terra, raios laser trespassavam humanos, descobrir que os aliens afinal faziam parte de uma máfia inter-estelar que ocupava planetas para lhes controlar recursos naturais, e que eram esses próprios aliens, com a sua tecnologia extremamente elevada, capaz de os fazer não só viajar através do espaço como através do tempo, que manipulavam as formas de vida nos planetas de forma a que quando regressassem a maioria do trabalho já estava feito, tentando sempre não deixar essas civilizações evoluir demasiado para ser mais fácil evitar problemas... Queria ver qualquer coisa assim, não queria ver um filme tão "sério" sobre aliens porque não era essa a premissa que passava pelos trailers, nem muito menos ver um filme que só pretende passar a ideologia morta de que os americanos são os maiores e que sem eles não há liberdade no mundo. Ainda há 2 anos saiu o District 9, e se querem fazer um filme de aliens que se aproxime da realidade, podem começar por aí. E mesmo esse filme não se levou tão a sério quanto este Battle L.A., e é essa uma das razões pela qual ele é tão bom, na minha opinião.

Deixo-vos com um video sobre um género de ação que se perdeu na viragem dos anos 80 para os 90. Era esta ação, muitas vezes nonsense, que fazia com que saíssemos do cinema com um sorriso na cara pensando que tudo era possível, e mesmo que tudo não fosse possível, naquela hora e meia tinha sido. Sim, este vídeo é exagerado. Mas quem não se rir com isto tem sérios problemas de humor.

15 abril, 2011

AMPLIFICASOM @ SWR 2011: duas semanas


Duo canadiano que tem no Black Metal a sua espinha dorsal embora tal etiqueta seja redutora para descrever todo o seu universo sonoro. 2008, dois anos após a sua formação, foi o ano que os deu a conhecer ao mundo: primeiro com a demo "In Vulva Infernum" e depois com os únicos "Cult Of Ruins" e "The Die Is Cast". 2010 foi o ano de "Union of Irreconcilables", um álbum que esteve em todos os tops e que os traz ao SWR para uma actuação que terá tanto de tradicional e mecânica como exótica e transcendental.

Cough são uma banda de sludge/doom metal formados em Richmond, Virginia em 2005. O primeiro EP, The Kingdom, foi lançado em edição de autor, ao qual se seguiu o primeiro longa duração, "Sigillum Luciferi", editado em 2008 via Forcefield Records. Em Outubro de 2010 a banda lança o já aclamado "Ritual Abuse" pela Relapse Records, dando assim um verdadeiro passo em frente pelos caminhos insidiosos do doom mais sujo. É com este álbum no bolso que os Cough embarcam em 2011 para uma tour europeia, que os irá levar do Roadburn ao SWR Barroselas Metalfest.

Não se deve deixar nunca para amanhã um concerto que queremos muito, é que podemos não ter outra oportunidade.

No espaço não há bacalhau...


É um facto de todos conhecido que no espaço não há bacalhau. E a quem é que isso interessa? Aparentemente a ninguém… enganam-se.

Corria o ano de 1981 e enquanto o pessoal saia da ressaca do PREC e já se preparava para dar novamente as boas vindas ao FMI, juntaram-se duas forças da natureza para lançar um dos discos mais irreais da história da música Portuguesa. A popular cançonetista Amália Rodrigues e Carlos Paião (o mais famoso dos músicos Portugueses que, reza a lenda, foram enterrados vivos). Até o vinil era amarelo.

Pela voz de Amália Rodrigues e pela pena de Carlos Paião transparecia a tensão latente na sociedade da altura e as ansias de toda uma geração do pós 25 de Abril. Como reagir em caso de invasão intergaláctica?

Numa certa manhã quando a Dona Amália saia de casa repara que um "gradessissimo" OVNI estava estacionado no seu quintal. E com o que se preocupa a senhora? Que o ser do outro mundo lhe sujasse a roupa que estava no estendal e que as vizinhas a vissem ali com um estranho em casa.

Conversa puxa conversa o Sr Extraterrestre mostra fotografias da família e a certa altura Amália pergunta aquilo que preocupava todos os Portugueses da época. Se na terra de onde vinha, não conhecia lá alguém que lhe arranjasse bacalhau?

Esta sim, era a verdadeira questão do início da década de 80. Onde encontrar bacalhau… Famílias inteiras deslocavam-se aos fins de semana em romarias infindáveis a Tui, Badajoz e Ciudad Rodrigo na busca do fiel amigo. Eu, que não sou apreciador de bacalhau nem de fado, ficava contente com uns caramelos e uma garrafa de gasosa La Pitusa.

Sei que isto hoje em dia não interessa a ninguém. Mas para todos aqueles que sempre quiseram saber ao que soaria uma possível colaboração entre Frank Black e Amália Rodrigues, isto foi o mais próximo que alguma vez se pode ter alcançado.

Cumprimentos,
::Cardoso::

PS: Aconselho-vos a ouvir o disco… Se já gostavam do "Caracois" então vão delirar com o "Sr. Extraterrestre"

14 abril, 2011

Rock-A-Rolla 31

A Rock-A-Rolla é uma revista inglesa dedicada ao avant-rock, metal, noise, sonoridades experimentais e a todos os artistas que estejam de algum modo a estimular o mundo da música e a demolir fronteiras. É uma revista abrangente, que reúne uma excelente secção de notícias, artigos sobre música, entrevista e resenhas a discos e filmes, assim como nos faz chegar o que de mais excitante se passa nos palcos do Reino Unido e um pouco por todo o globo. Numa edição bi-mensal, totalmente a cores e com aspecto de coleccionáveis, a Rock-A-Rolla tem vindo a assegurar distribuição num número cada vez maior de países (Canadá, EUA, Japão, Austrália, e vários países da Europa). Em pouco mais de ano tornou-se numa das publicações mais faladas e elogiadas por todos aqueles que se interessam por música e seguem a sua evolução, tendo já adquirido estatuto de culto. Khanate, Justin Broadrick, Melvins, Mike Patton, Sunn0)) + Boris, Dillinger Escape Plan, Earth, Isis e Swans foram alguns dos artistas escolhidos para capa da Rock-A-Rolla, pelo que podemos esperar novas escolhas impares e muitas surpresas fascinantes… A Rock-a-rolla tem distribuição exclusiva em Portugal via Amplificasom.

Rock-A-Rolla 31:
Os destaques vão para o regresso dos ZOMBI; EXPLOSIONS IN THE SKY a desabafarem sobre o difícil que foi estarem em sintonia para este disco; LITURGY ou o mesmo que dizer a banda de BM mais interessante dos últimos tempos; MOGWAI a recuperarem o clássico "Young Team"; MAMIFFER e o regresso de Aaron Turner pós-Isis agora com a sua esposa Faith Coloccia; BLOOD CEREMONY com novo disco; WEEDEATER, a música e a erva, claro; YOUNG WIDOWS que não estão na Temporary Residence por acaso; ORTHODOX em entrevista depois do concerto com Scott Kelly; Q&A com JAMES JOHNSTON; e ainda GRAYCEON, HEXVESSEL, BLOODIEST; críticas a concertos de ULVER, GOBLIN, etc; centenas, literalmente, de críticas a discos de todos os estilos e cheiros; notícias, agenda... A qualidade do costume.

Encomendas:
amplificasom @ gmail.com (sem espaços)
5€ em mão (concertos Amplificasom)
6€ via CTT
Para assinaturas entrem igualmente em contacto.

Se não o fizeram, e antes que esgote de vez, encomendem também a última edição. Não iremos adquirir mais cópias. Info aqui: Rock-A-Rolla 30

13 abril, 2011

Hobo with a Shotgun (2011)

Antes de mais nada deixem-me fazer o disclaimer do costume no que diz respeito a filmes de Grindhouse ou outros que não sendo para levar demasiado a sério, são terrivelmente divertidos. Isto porque aparecem sempre umas Maria Amélias a dizer "como é possível gostar disto" ou "não gostei, esperava mais" como se de algum modo esperassem encontrar o sentido na vida num filme que retrata as aventuras de um sem-abrigo com uma caçadeira. Normalmente são jovens que idolatram os Oscars, fingem gostar do 8½ de Fellini para efeitos de promoção pessoal por intelectualidade, falta de sentido de humor e que devido à sua própria falta de confiança pensam que quando as pessoas se riem é deles e, mesmo os do sexo masculino, têm vagina. São os mesmos que vão ver a Hanna Montana e o Harry Potter para depois fazerem críticas onde mencionam excertos da teoria semiótica da narrativa e escreverem que os filmes são demasiado infantis para serem levados a sério. Virgens, portanto!

No continuação de adaptações ao cinema dos célebres Faux Trailers de Grindhouse, Hobo With a Shotgun é o segundo a receber adaptação oficial, depois de Machete em 2010. Quer isto dizer que não faltará muito para que estreie Don't, Thanksgiving e o meu preferido Werewolf Women of the SS. Esperamos apenas que a crise não nos reduza a largura de banda nos próximos tempos.

Hobo With a Shotgun é um filme do género action exploitation, um género bastante familiar a todos aqueles que, como eu, se aproximam perigosamente dos 40 anos de idade. Nos final dos anos 8o os clubes de video estavam pejados de filmes de violência extrema, normalmente de origem italiana cujos elementos chave eram sempre uma história de vingança sangrenta, alto factor de "randomness" e uma especial originalidade nas mortes, sempre com o sangue na casa dos hectolitros. Sim, claro que eram mal feitos, irrealistas e por vezes para forçar uma determinada morte era preciso curvar ligeiramente a narrativa no sentido do "perfeitamente idiota". Hey, mas era extremamente divertido, who cares?

A história é simples, como convém. Um sem-abrigo chega a uma cidade imersa num violento caos, de polícia corrupta, violência, prostituição, a fazer Old Detroit de Robocop parecer a capital da Noruega. Controlada por gangs retro-futuristas e outras caricaturas saídas directamente dos 80s e governada pelo mais detestável vilão da História da sétima arte, um espécie de Boss Hog mutante dos Dukes of Hazzard propulsionado a meta-anfetaminas e fluido vertebral de recém-nascidos. Os seus dois filhos não se ficam atrás, dois Cristianos Ronaldos Lookalike com uma aptidão fora do normal para infanticídio em massa. O nosso sem abrigo é puxado para este mundo sem perceber como e não tem outro remédio senão começar a trespassar intestinos e rebentar cérebros à força de balázio de caçadeira.

Seguem-se os piores actos de violência e sadismo alguma vez visto no cinema mainstream ocidental, desde queimar um autocarro de crianças com lança-chamas até clubes de tortura onde prostitutas que rendem pouco são usadas para arte de retalho para diversão de grupos de rapaziada jovial que já não sente prazer em estropiar grávidas ou atropelar freiras. O sangue flui como água em Cabora Bassa e ninguém escapa impune aos constante fluxo de carnificina que parece nunca abrandar nos 80 minutos úteis de duração do filme. Atenção que eu vi a versão Unrated.

Ainda assim desenganem-se aqueles que pensam que lá por ser uma homenagem/paródia se caiu num nível de produção de Scary Movie ou outros subprodutos tóxicos hollywoodianos do género. Nada disso. Tecnicamente, Hobo with a Shotgun é muito bom. Um cuidado especial na fotografia, saturada e rica em detalhe, a iluminação é exuberante e competente a atingir aquilo a que se propõe. A narrativa não é especialmente meritória de um Nobel mas é servida a um ritmo competente e "just in time". O detalhe dado às cenas é muito original, com uma densidade de boas ideias de produção rara num filme de acção. Uma estética de violência e um trabalho de câmara excepcional. Tem, no entanto, uma cortante falta de nudez e sexo que ficariam muito bem entre os 45 e os 50 minutos, antes da partida para a sequência final de mortandade.

Ver morrer é um prazer! Um belo serão que se passa à lareira a ver pessoas a falecer violentamente antes do seu tempo junto da nossa amada, quem sabe para comemorar um aniversário de casamento ou de namoro. Estou a gozar, obviamente. Vejam-no sozinhos ou com colegas da ganza, senão as vossas senhoras infernizar-vos-ão o juízo até ao dia do juízo final e sempre que estiverem quase a perder uma discussão irão dizer "Ai é? E aquele filme que me fizeste ver no nosso primeiro aniversário? Aquela coisa horrível que me fez correr para casa dos teu melhor amigo à procura de um ombro para chorar. E por causa deste filme de merda uma coisa levou à outra e quando dei por ela já o video tinha 449.893 hits no pornotube o dobro do mais visitado da tua mãe!".

Um simultâneo cinemaxunga.net

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As terças-feiras com o Paiva

O Blitz quando se preocupava com a música, nos tempos em que era jornal, chegou a ser importante para mim. A compra daquelas páginas às terças-feiras era um ritual e o dia não podia começar de outra maneira. Não me recordo especificamente de nenhuma banda dessa altura que me acompanhe até aos dias de hoje, mas talvez pela Serigrafia que mora lá em casa, de vez em quando penso que o Paiva, o dono da loja de discos Superfuzz, ainda hoje devia ter um blog com uma tira semanal ou algo do género. Fica a sugestão.
Por curiosidade, o autor dessas linhas - Esgar Acelerado - apesar de não ser o responsável pelos desenhos também é designer/ ilustrador e foi o autor de dois cartazes da Amplificasom: o de James Blackshaw e o de Glenn Jones.

Subsídio de Férias

Se acompanham o blog há algum tempo, já certamente repararam no meu fascínio pelo free-jazz e algumas criaturas em específico. Ontem, via sms, um amigo avisou-me que esses mesmo ovnis vão estar cá durante uma semana. Há mais concertos de qualidade, documentários, etc mas deixo-vos as minhas sugestões do recomendadíssimo cartaz do Jazz em Agosto na Gulbenkian com ligações a palavras que já foram partilhadas convosco neste espaço:
5 Agosto - Cecil Taylor
10 Agosto - Little Women
11 Agosto - FIRE!
12 Agosto - Hairy Bones
13 Agosto - Lean Left

Arthur Doyle: um mês e tal depois


O Anjo do Desespero

"Eu sou o anjo do desespero. Com as minhas mãos distribuo o êxtase, o adormecimento, o esquecimento, o gozo e dor dos corpos. A minha fala é o silêncio, o meu canto o grito. Na sombra das minhas asas mora o terror. A minha esperança é o último sopro. A minha esperança é a primeira batalha. Eu sou a faca com que o morto abre o caixão. Eu sou aquele que há-de ser. O meu voo é a revolta, o meu céu o abismo de amanhã."
Ich bin der Engel der Verzweiflung, Heiner Müller, 1979. Trad. portuguesa de João Barrento, Relógio d'Água, 1997, ed bilingue.

Deparar-me com este poema, ao folhear um livro, foi quanto bastou para me decidir a comprá-lo.
Não estava a folhear o livro em questão (“O Anjo do Desespero” do Heiner Müller) propriamente “às escuras”, tinha já tido o meu primeiro contacto com a obra do autor no ano anterior a este episódio. Corria o ano de 1996 e uma peça de teatro em cena na Casa das Artes no Porto tinha-me despertado a atenção pelo tema e pelo facto de o encenador ser um conhecido meu.
A peça em questão chamava-se “Mauser” e foi uma de entre várias que por essa altura foram levadas a cena após o falecimento do Heiner Müller em finais de '95. O argumento da peça colocava de um lado o Coro, que representava o comité de uma revolução e, do outro lado, A, um antigo carrasco ao serviço da revolução, agora vítima por ter vacilado ao seguir as ordens do Coro.
Pelo meio “colaram” um outro texto do autor (“Anúncio de Morte”) que é, basicamente, um relato do suicídio da esposa do Heiner Müller. Durante esse interregno uma mulher ensanguentada surgia de dentro de uma banheira no meio do palco e começava-se a ouvir música de Einstürzende Neubaten, o que mais tarde valeu um reparo de minha parte ao encenador do género “mas porque raio é que escolheste Neubauten, aquele momento pedia era Diamanda Galas?!” (que “lata” do caraças, a minha).
Nos tempos que se seguiram tratei de andar “à caça” do Heiner Müller. Primeiro foi “O Anjo do Desespero” que é uma colectânea de poemas dele, sendo que vários desses poemas surgem também em peças, depois o “Germânia 3”, o seu último texto para teatro e, por fim, ainda consegui deitar a mão a uma edição de 1982 que reunia “A Missão” e outras peças.
Quando, ainda no ano de 1997, os Mão Morta fizeram o “Müller no Hotel Hessischer Hof” fiquei curioso com o tratamento que dariam ao “O Anjo do Desespero” mas, quando finalmente vi o trabalho, mais tarde na televisão, fiquei desiludido. Por vezes imaginamos certas coisas de determinada maneira e achamos que todos também o sentem assim...
Nota: as diferenças no texto devem-se ao facto do  Adolfo Luxúria Canibal ter usado a sua própria tradução.

12 abril, 2011

Condolências da Senhora Piedade

Estou irritado, Mike. Tens realmente coisas de génio, mas institucionalizou-se que tudo o que fazes cai nessa categoria e já ninguém critica quando é preciso, assume-se que é perfeito e pronto. Tudo bem que é uma cover dos Warlocks, mas fodeste um tema dessa banda - essa sim perfeita - chamada Bohren & der Club of Gore.

Beileid, condolências no país natal destes senhores, é um EP/ Mini-Album/ Álbum? de três temas onde eu já só ouço o primeiro e o terceiro temas. Nestes está presente a etiqueta tão característica de doom-jazz minimalista, embora não seja aquela típica viagem Bohreniana devido à sua duração de uns (míseros) trinta e cinco minutos.

Os temas são uma continuação óbvia de um dos discos do século - Dolores - e é um prazer voltarem aos meus ouvidos com algo novo, mas se me perguntarem se era isto que queria... É que entre os dois trabalhos que já mencionei tivemos Mitleid Lady, uma sessão das essenciais Latitudes. Também aqui o resultado foi curto, foram cerca de dez minutos bem marcantes mas artisticamente situados entre o Sunset Mission e Black Earth, outros dois trabalhos de uma banda que se pode sublinhar como única.

Se há por aí alguém que desconhece estes alemães, imaginem Angelo Badalamenti e Dylan Carlson a musicarem as cenas mais tristes e sombrias de um filme de David Lynch. Uma das minhas preferidas.

Já preencheram os Censos?

De forma a definir dados e estatísticas credíveis tendo em vista, entre outra coisas, o surgimento de políticas adequadas à realidade actual, os Censos fazem todo o sentido e nós como cidadãos devemos colaborar não pela sua obrigatoriedade mas porque, julgamos, é para nosso bem. Ora, seguindo este raciocínio, alguém me explica esta questão 32? Basicamente o Censos 2011 pede a todos os que estão a recibos verdes mas que têm um emprego fixo com o respectivo horário e a quem dar cavaco, ou seja, se trabalham de forma ilegal, para assinalarem a opção "Trabalhador por conta de outrém" que é o mesmo que dizer que tem direito a Baixa por doença, subsídio de desemprego e outros direitos (e deveres) quando na realidade não têm. Eu se estivesse a recibos verdes teria rasgado o formulário. Isto não só reflecte o estado do país quando ainda manipula os resultados. Afinal, qual o objectivo?

Nomeansno em Portugal... hoje e amanhã!

Amplificasom agencia: Porto-Rio, Porto HOJE

ZDB, Lisboa AMANHÃ

Joel-Peter Witkin

O Tod Browning mostrou-nos que os freaks são iguais a todos nós. A Diane Arbus viveu fascinada por eles e retratou-os frequentemente. O Joel-Peter Witkins elevou-os à iconografia religiosa.
Passados todos estes anos ainda é das visitas ao Centro Português de Fotografia que tenho mais vívidas na minha memória...