09 março, 2007

Resuminho

Giardini di Miro - Dividing Opinions (2007)
O sentido não será concerteza esse, mas o título deste disco é previsivelmente apropriado no que respeita à divisão de opiniões sobre o conteúdo musical. Talvez o mais acessível que os Italianos já fizeram e simultaneamente o menos homogéneo. Decididamente menos post-rock e mais dream pop slowcore com alguns acenos à indie britânica.
Num momento fazem uso de samples ao estilo de 65daysofstatic e de arranjos ascensores à GY!BE como é exemplo July's Stripes, para de seguida se jogarem de cabeça na indietronica em Spectral Womam a lembrar the Notwist e posteriormente, em Broken By, soarem a um cruzamento entre Interpol e os seus conterrâneos Klimt 1918.
Até gosto particularmente desta sequência e dos arranjos de cordas, mas no seu todo o disco não funciona na perfeição, longe disso. É penosamente razoável.



Mors Principium Est - Liberation = Termination (2007)
Desde 2003 a carburar a um ritmo de 1 álbum por cada 2 anos, os MPE não conseguem com este 3º surpreender nem subir a fasquia da qualidade.
Enquanto que Inhumanity e The Unborn transportavam uma energia e creatividade que conjugadas com uma velocidade estonteante e uma abrangente palete de influências, contribuíam para a expansão das fronteiras do Melodic Death Metal, Liberation = Termination opta por não expandir nada e jogar simplesmente pelo seguro e de forma previsível, abordando as músicas de uma maneira mais directa.
Os principais componentes continuam a soar da mesma forma, exceptuando a menor preponderância atribuída aos teclados e volta e meia pontificarem mais alguns elementos electrónicos que até apimentam a coisa. Isto tudo até podia ser positivo se as músicas fossem verdadeiramente boas, só que quando o disco termina a vontade de o voltar a ouvir não é muita.


Machine Head - The Blackening (2007)
Through the Ashes of Empires despertou os Machine Head do marasmo criativo de Supercharger. E The Blackening é a confirmação de que estes gajos ainda estão aí para as curvas. Acaba por ser um seguimento lógico e é o melhor disco desde a estreia em '94 com Burn My Eyes. E tal como em '94, criaram um álbum que pode ficar para a história como um marco no Metal Moderno de tendência Retro.
É terrivelmente consistente. É marcadamente Machine Head mas é mais Thrash e mais Progressivo! Não tem os hinos de BMY porque as músicas são mais técnicas e não estão tão centradas nos refrões. Metades delas são verdadeiramente épicas e rondam os 10 minutos de duração com um espírito progressivo em constante mutação e recriação. É um potente disco de guitarras. Os solos são muito bons. O primeiro de Wolves poderia estar no Kill 'Em All e ouvem-se alguns riffs que teriam lugar no Cowboys From Hell ou no Arise. Também continuam presentes os verdadeiros momentos chuga chuga weee à Machine Head (Halo). A produção é exemplar para este tipo de sonoridade e assegura o fulgor necessário a cada um dos intervenientes. Parabéns, Senhores.


Asunder - Works Will Come Undone (2006)
73 minutos divididos em 2 músicas que na realidade são 3 actos bem distintos, porque metade da 2ª faixa é uma experiência pelo negro vácuo drone à qual, provavelmente, não será alheio o Sr. pouco famoso produtor Billy Anderson.
Os Asunder são Americanos e este é o seu 2º álbum [e o meu primeiro contacto com a banda]. Parecem-me claramente inspirados pela escola Europeia de Doom/Death e Funeral Doom de uns Celestial Season, My Dying Bride e Skepticism. Algures no 2º tema também lembram os primórdios dos Paradise Lost.
Estes 73 minutos são mesmo a banda sonora dos condenados e requerem a atenção completa do ouvinte. As composições rastejam durante a maior parte do tempo num ritmo extremamente vagaroso e melancólico, mas o disco é bem mais variado do que seria de esperar. Os arranjos de violoncelo são calorosos e graciosos e moldam-se nos Riffs colossais, deixando as notas reverberar no 1º tema e sendo mais incisivo no início do 2º e nas partes menos sónicas.
Um dos melhores álbuns do género que ouvi nos últimos anos e que deve ser obrigatório para todos os aficionados do respectivo! Agora tenho que arranjar o anterior.


Rwake - Voices of Omens (2007)
Este disco não é de assimilação fácil. Enraizados no sul dos EUA, os Rwake transportam no seu Southern Sludge Doom intensamente retorcido e agreste influências dos conterrâneos EyeHateGod e Crowbar amalgamadas em alucinações progressivas na linha de Mastodon e assolação sónica análoga a Neurosis.
Carregadamente abrasivo e maior contribuidor para a deslocação das placas tectónicas, permite-se espaço para respirar em pequenos momentos de serenidade acústica e é extremamente subtil nas harmonias e generoso nas melodias, a notar na sequência Fire & flight e Leviticus.
A conjugação de toda a sujidade imersa no assalto hostil das guitarras, na variação dos berros desaustinados da dupla de vocalistas - ele e ela - vá-se lá descobrir quem é quem, e da bateria que se arrasta em diferentes direcções, fazem deste disco uma extraordinária e indispensável proposta que eleva os padrões criativos dos Rwake e transporta o ouvinte numa viagem alucinante. Ah, e é a estreia pela Relapse.


7 Comments:

At 9.3.07, Blogger ::Andre:: said...

Eh lá, quatro duma vez ;P
Tiraste-me as dúvidas sobre os Giardini, Machine Head se não ouvi até hoje...Mors não parece valer a pena, Rwake talvez e Asunder roubo-te para a semana. Pelican, nada?

 
At 9.3.07, Blogger Crestfall said...

Hummm Asunder não é pra ti, saca mas é Rwake.

 
At 9.3.07, Blogger ::Andre:: said...

Num é?? Sinto-me descriminado..

 
At 9.3.07, Blogger naSum said...

Os Mors desiludiram-me 1 bocado com este album... achei inferior ao ultimo (lembras-te quando te dei a conhece-los crest ? e tu : " ah e tal não me pareceu grande coisa mas depois tava nos teus melhores ;)"

machine head tá muito fixe concordo com a critica. se bem que o supercharger foi o unico album fraquito deles na minha opinião:P. Pode ser que venham cá brevemente :)

quanto aos outros albums não conheço nao posso falar :)

 
At 9.3.07, Blogger Crestfall said...

andré: é uma descriminação positiva :-P

nasum: lembro :-P Está inferior aos 2 anteriores... Tb concordo que o Supercharger é o único álbum demasiadamente ranhoso, mas o the Burning Red tem muitos altos e baixos.

 
At 11.3.07, Blogger Pedro Nunes said...

Já não tinha gostado do Punk... Not Diet dos Giardini mas esse disco novo está aqui para ouvir, vamos lá ver.... Quanto aos Mors Principium passo ao lado e os Machine Head é sempre de ouvir apesar dos últimos discos não me terem despertado grande entusiamo(boa review crest). Rwake e Asunder são duas bandas que gosto bastante!

 
At 12.3.07, Blogger Crestfall said...

Eheh eu sabia que tu eras gajo para gostas de Rwake e Asunder ;-)

 

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