Oceansize - Frames [Superball, 2007]
Os Oceansize parecem ter finalmente oficializado o seu divórcio com as canções. Se em “Everyone Into Position” ainda era possível encontrar um par de temas com uma estrutura relativamente standard, o fraco sucesso comercial do álbum parece ter dado mais força à banda para trilhar o seu próprio caminho, longe das pressões comerciais e fórmulas pré-concebidas do rock mainstream.
É neste contexto que surge “Frames”, o mais recente trabalho da banda de Manchester, composto por apenas 8 temas e perfazendo um total de 65 minutos. A abertura em crescendo com “Commemorative 9-11 T-shirt” mostra-nos uns Oceansize clássicos em topo de forma: um riff hipnótico em loop que vai crescendo com a adição de sucessivas camadas de guitarras, uma sessão rítmica complexa e poderosa, e a voz de Mike Vennart a dar apenas uns salpicos de cor aqui e ali. “Unfamiliar” segue na melhor tradição de rock alternativo a que a banda nos habituou no passado, com uma excelente melodia vocal - a espaços quase pop – a rasgar uma muralha de guitarras em fúria, naquela que é definitivamente a faixa mais acessível do álbum e por consequência o seu primeiro single.
A mudança apenas se começa a pressentir ao 4º tema, “Savant”, mais calmo e a apostar noutras texturas sonoras, muito graças à inclusão de teclados e de uma grandiosa secção de cordas. Torna-se clara a intenção da banda de explorar novas melodias e sonoridades diferentes do que fizeram no passado, uma aposta que se mantém nos temas seguintes, com especial destaque para a atmosfera densa e perturbante de “an old friend of the Christies” (uma referência ao clássico de terror “Sexta-Feira 13”).
Já perto do fim surge aquele que é o tema mais progressivo de todo o álbum, o ultra-pesado “Sleeping dogs and dead lions”, cujo nome de código durante a fase de composição era - muito apropriadamente - “Meshuggah”. O álbum encerra com o belíssimo e melancólico “The Frame”, um pouco à semelhança do que acontecia em “Everyone Into Position”.
O afastamento definitivo dos Oceansize em relação às fórmulas mais tradicionais de composição trouxe-lhes uma maior liberdade na procura de novas texturas para a sua sonoridade, preservando sempre a identidade que têm vindo a construir desde a sua estreia em “Effloresce”. Mas esta escolha acaba também por resultar naquele que é para mim o único defeito de “Frames”: a aposta exclusiva em temas longos e épicos acaba por tornar o álbum, como um todo, mais monótono do que os seus antecessores, que tinham o equilíbrio perfeito entre temas complexos e outros mais directos. Um pequeno defeito que não é de todo suficiente para estragar aquele que é certamente um dos melhores álbuns de 2007, e que vem confirmar os Oceansize como uma das mais inovadoras bandas no campo do rock progressivo da actualidade.
Luís Costa (baterista dos Madcab)
18 Comments:
obrigado luís por teres aceite o convite ;)
quanto ao álbum, e já disse isto mais do que uma vez, ainda não consegui ter tempo e vontade para o ouvir. quando passei os ouvidos senti que aquilo se arrastava muito e não parecia querer chegar a lado nenhum MAS quase que aposto que me vou arrepender de ter escrito isto, é uma questão de tempo.
Aqui está outro disco em que ainda nem toquei :-s Mas parece-me bem que eles tenham apostado nos temas mais longos, nos trabalhos anteriores foram os que mais me cativaram! Quando o ouvir, opino.
Os Oceansize nunca foram fortes comercialmente pois não?
não, acho que não e a saída da beggars comprova isso. de qualquer maneira tiveram canções em anúncios e tal...não sei...
De nada André, foi um prazer!
É verdade que lá para o meio o album se arrasta um bocadinho, mas se estiveres com o espírito certo, é uma trip do caralho! :P
Crestfall: acho que mmo no Reino Unido só são conhecidos mto marginalmente, mais a nível do underground. No último album a própria banda admitiu que incluiu 2 temas a pensar nas rádios, mas visto que mmo assim tiveram pouco ou nenhum airplay, decidiram que neste não iam fazer nenhuma concessão.
mas eles não fizeram um "radio edit" da unfamiliar?
Também vou ouvir este disco...
conheces os anteriores?
André: fizeram sim, por imposição da editora. Mas mmo o radio edit não se pode dizer que seja propriamente comercial, não é bem o tipo de rock que passa nas rádios mainstream. :/
A unfamiliar é altamente! Ainda tenho que ouvir o disco na totalidade, mas o que ouvi está muito bom mesmo.
a ver se no fim-de-semana me sento a ouvir isso em condições.
disco do ano.. sou um bocado suspeito para falar mas pronto.
:P
Conheço muito pouco de Oceansize.
Uma banda que já tive oportunidade de ouvir ao vivo e que recomendo vivamente. Também ainda me está a custar engolir um pouco o "Frames" apesar que ainda só tenho a versão que atiraram para a internet que ainda não está masterizada, portanto nem sequer ouço tantas vezes pela falta de qualidade de som. Mas após o épico "Effloresce" não será fácil para a banda se vencer a si própria. O primeiro album para mim tem das produções mais geniais e arrojadas de sempre
E as canções vegasmode, e as canções!!!
diogo, gostei das tuas linhas no othernewsest ;)
other newest :/
Tou a curtir o disco à brava! As 4 primeiras são fabulosas... É para a lista dos do ano, é.
isto está a crescer...
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