05 janeiro, 2008

Toby Driver - In the L...L...Library Loft (Tzadik, 2005)


Toby Driver é a principal mente criadora por detrás de nomes como Maudlin of the Well e Kayo Dot, duas bandas que em etapas diferentes quebraram diversas barreiras, nomes singulares naquilo que podemos chamar de Avantgarde (Metal e não só). In the L...L...Library Loft é o seu disco a solo composto em paralelo com o trabalho desempenhado nos Kayo Dot e editado na editora de Zorn, Tzadik. Neste trabalho continuam a ser traçados novos rumos, um experimentalismo apenas ao alcance dos melhores. O que distingue este disco de outros é a uma sonoridade micro-tonal, mais ambiental e minimalista. Isto no universo de Toby não quer dizer que tenhamos músicas "despidas", antes pelo contrário. A lista de instrumentos usados é vasta, sendo alguns interessantes como sinos, eufónio, diapasão e muitos outros. Algumas técnicas usadas também se revelam interessantes, como por exemplo, na música The Lugubrious Library Loft, a técnica vocal em que uma pessoa canta as notas com a boca aberta enquanto uma segunda pessoa insere os lábios, língua e dentes na boa da primeira movendo-a um pouco formando enunciações. A esta técnica Toby chamou de "two-tongue vocals" o que também pode ser visto como um instrumento vocal tocado por duas pessoas (neste caso a BOA ajuda foi de Mia, violinista nos Kayo Dot). Toby cria os sons vocais, enquanto Mia manipula a sua boca transformando as "letras" com a sua própria voz. Confuso? Pois há muito mais. Na música Bright Light Upon Us a ideia passou por colocar a banda a tocar numa sala e colocar o microfone de captação numa outra sala separadas por paredes e portas fechadas. Fica uma toada mais ambiental e distante. Em Eptaceros a trompete é manipulada e tocada de várias formas, provocando sons extremos, enquanto o piano e a voz melódica de Toby Driver harmonizam aquela que é a composição mais "bonita" do disco.
In The L...L...Library Loft é uma sinfonia negra, um disco de drones, vastos espaços com ambientes vibrantes. Tensão rítmica que se vai soltando até surgir do vazio gritos e o som de um enorme navio perdido numa noite escura, o magnânimo som soturno da morte. O Avantgarde com parentesco de um certo classicismo, uma família onde pertencem nomes como Glenn Branca, Alvin Curran, Morton Feldman ou John Cage. Piano em notas dispersas, vibrações vidrais, momentos de quase silêncio provocando uma sensação de desconforto. Fico com a sensação que ainda há espaço para divagar neste disco mas para já fica a sugestão de um trabalho ideal para dar cor sonora aos mais íntimos e bizarros pensamentos. Toby Driver é um músico talentoso e isso o tempo vai perpetuar.

5 Comments:

At 5.1.08, Blogger celtic said...

Um dos meus ídolos. \m/

 
At 5.1.08, Blogger Pedro Nunes said...

Ehehe lembrei-me de ti.

 
At 7.1.08, Blogger ::Andre:: said...

muito interessante...

 
At 7.1.08, Blogger Crestfall said...

"a técnica vocal em que uma pessoa canta as notas com a boca aberta enquanto uma segunda pessoa insere os lábios, língua e dentes na boa da primeira movendo-a um pouco formando enunciações".
O_o é uma técnica que se vê pouco.
A Tzadik tem edições muito curiosas, nunca cheguei a ouvir isto mas gosto muito de Maudlin e de Kayo. A ver se arranjo.

 
At 7.1.08, Blogger Pedro Nunes said...

O Toby que me desculpe mas cá para mim ele aproveitou-se da baixista de Kayo Dot.

 

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