11 março, 2011

Sorriso incerto



Desde que mudei de casa que ainda não consegui arrumar os discos. Cheguei à triste conclusão que, a menos que viva até aos 100 anos, nunca mais os vou ouvir todos.
Há dias, durante mais uma vã tentativa de organização, acabei por me deter no Soul Mining dos The The e acabou por ser esta a minha audição durante todo o período de entrudo.

Enquanto ouvia o disco dei comigo a pensar que não deve existir no mundo ninguém com mais de 40 anos que não reconheça imediatamente os acordes iniciais de This is the day ou Uncertain Smile e que ao ouvi-los não seja invadido por um misto de nostalgia e arrependimento com alguns pozinhos de amnésia auto-induzida.

This is the day e Uncertain Smile fazem parte de todo o subconsciente de uma geração. Corpos suados numa qualquer festa de garagem numa madrugada de verão, ver o nascer do sol juntos e promessas de amor para a vida toda...
Soul Mining terá juntado mais seres humanos que um qualquer site de casamentos russo e terá contribuído para o rejuvenescimento da população mais do que qualquer campanha governamental.
Consigo imaginar hoje qual seria o terror dos pais cada vez que se ouvia o GIANT a debitar nas colunas da aparelhagem do quarto das filhas (o que é que se passaria naqueles 9 minutos e meio?).


Aos 22 anos Matt Johnson devia estar longe de perceber que tinha conseguido, no seu segundo album editado, criar aquilo que muitos músicos não conseguem a vida toda. O disco Pop perfeito.