Batimentos cardíacos
Este título é propositadamente ambíguo. É que, se por um lado Ben Chasny e companheiros deram um óptimo concerto no cinema Nimas, repleto de folk-rock psicadelizado e noisificado até sentirmos que as cordas das guitarras estão a ponto de derreter, por outro os efeitos são tão regulares e repetitivos como o bater do dito coração, e isto impediu que presenciássemos um concerto ímpar.
Quanto à música que Chasny trouxe, está tudo dito. Três guitarras e uma bateria, e um ataque frontal em que se pressentem heranças dos Comets On Fire (a outra banda de Chasny), Sonic Youth e os inovadores das guitarras dos seus EUA natais. Os SOOA demonstraram que é possível sacar belas melodias à Americana, sem deixar que uma atitude complacente as reduza a meras paisagens educadas ((re)aprende, Devendra!). Depois é só deixar que a distorção e os riffs façam o seu trabalho, onde a guitarra de Elisa Ambrogio (Magik Markers) se distinguiu por subir o volume muito acima. Pena que nem sempre conseguisse tirar som desta.
Foi pouco mais de uma hora, em que a intensidade raramente baixou. Os aplausos foram muitos e educados. Talvez pudesse ter havido mais intensidade do lado do público. Mas quanto a isso culpo o facto de ser um local para ver concertos sentado. Se não houvesse a sensação de que os acordes e melodias das guitarras eram muito parecidos canção a canção, teria sido mais um dos Concertos-Do-Ano. Assim, foi uma fritura "apenas" em óleo muito quente.
7 Comments:
Ainda bem que postaste, estava mesmo curioso. Gostei de ler :)
Semelhante à critíca que fiz. Foi bom, não foi brutal. E as partes em que entrava a Elisa foram as que gostei mais.
Adorei o espaço e segunda tou lá de novo para ver o Tó Trips :D
Gostei bem mais que o do ano passado na caixa economica. SOm estava impecavel, e o cinema nimas é uma sala muito boa, pelas fotos deve ser parecida ao paços que voces teem ai no Porto.
review muito bem feita e que transmite de forma exacta o sentimento do concerto.
houve momentos excelentes ao longo da noite, como por exemplo na "coming to get you" e na "shelter from the ash", mas no entanto, ao mesmo tempo, pareciam que eram arrancados duma forma bastante formulaica. neste aspecto pode se estabelecer uma analogia entre a música dos SOOA e aquela praticada pelo maior parte das bandas de post-rock, no sentido em que sente-se uma dinâmica quase repetitiva entre as músicas. funciona, mas ao fim de algum tempo torna-se previsível.
de destacar a qualidade sonora da sala, parece me um espaço com muito potencial.
já agora, quem era o baterista? fiquei impressionado com a prestação dele, nunca imaginei que um acompanhamento rítmico tao vincadamente "free-jazz" se adequasse tão bem à musica dos SOOA.
Fiquei curioso para saber quem é o baterista...
É o mesmo do ano passado.
Ahh o Alex que por onde passava esquecia-se sempre da mochila. Vale então, concordo :)
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