03 novembro, 2009

O Que Roda no Meu iPod?

O que roda no meu ipod


Nada.

Não tenho iPod.

Nem quero ter.



Já tinha outra post preparado – mas para não começar numa nota mais sombria decidir iniciar as minhas contribuições com um incentivo à discussão.



Sem querer estar para aqui a fazer demagogia, no meu entender, um blog (ou equiparado online) deveria ser um espaço aberto à discussão acesa. No entanto, para muito pena minha, vejo pouca real discussão neste blog apesar de várias óbvias provocações e tentativas por parte de vários membros. Assim, o meu post inicial é uma tentativa de iniciar uma discussão viva sobre temas que certamente interessam a qualquer audiófilo.



Não tenho iPod, em primeiro lugar, porque não gosto do formato mp3. O que acham vocês deste formato? Parece-me impossível que algum fã de música consiga ouvir, por exemplo, Sun O))) em mp3 com a inerente perda (e também distorção) da riqueza espectral que caracteriza precisamente o som desta banda. Vários tipos de música (e a maioria dos que me interessam) sofrem grandemente com a passagem a mp3 já que se perde resolução frequencial de acordo com um modelo que não tem em conta essa tal riqueza acima mencionada - isto para não falar na eliminação de quaisquer frequências supostamente não audíveis e que podem sem qualquer dúvida influenciar a experiência de dada música (os Sun O))) deverão ser outro exemplo aqui). Quando ouvem música no computador preferem o mp3 ou um qualquer formato lossless (sem perdas) ? Num mundo actual em que o constante aumento da largura de banda é uma realidade fará sequer sentido a existência do mp3 (ou outro qualquer formato com perdas)? (nota: eu sei que o iPod oferece o formato mac lossless mas sei pouco sobre o mesmo e em geral não aprecio formatos proprietários)



Não tenho iPod, em segundo lugar, por que me irrita ouvir música com auscultadores. Embora admita que há alguma música que beneficia da audição com auscultadores prefiro que a música flua e interaja livremente com o espaço sendo modulada conforme as características do mesmo. E gosto ainda de interagir livremente (e radialmente) com essa música que flui pelo espaço e não estar prisioneiro da ditadura da estereofonia fixa dos auscultadores. Qual a vossa opinião relativamente à audição de música com auscultadores? Haverá músicos / bandas que gostem que nunca tiveram a intenção que a sua música se ouvisse com auscultadores?



E porque não voltar ao início e perguntar também: será um blog ou um fórum online o espaço ideal à discussão? Agrada-vos este formato para expor e trocar ideias?



Estou genuinamente interessado nas vossas respostas. É interessante perceber como cada um ouve música e lida com o crescente número de formas de a ouvir (e discutir).

37 Comments:

At 3.11.09, Blogger Scapegoatt said...

Eu tb não tenho Ipod. Quando era puto o meu pai ofereceu-me um "Walkman" de cassetes, da qual lhe dei grande uso. Posteriormente ofereceram-me um leitor mp3, mas nunca lhe dei grande uso. A grande vantagem dos auscultadores, tem a ver com o facto de podermos dissecar a música ao maximo. Existem sonoridades em que isso se torna mais interessante, quando esta é mais complexa, e cheia de pormenores que escapam ao ouvido nu, ou então se quero viajar (space rock anyone? :P ). Tb é mt prático, quando não queremos incomodar os outros com a nossa música. Um dia vi um cromo na Holanda que tinha os auscultadores pendurados no pescoço, com eles em volume máximo :S Tb ouço no portatil, mas por ser tb prático. No entanto nada me dá mais prazer do que tirar um Vinil ou um Cd e pô-lo na aparelhagem de som.

 
At 3.11.09, Blogger ::Andre:: said...

É verdade que o número de visitas do blog está mesmo muito acima do número de comentários. Com cerca de 1000 visitas únicas por dia era de esperar mais participação. Não disponibilizamos links logo quem aqui vem todos os dias vem à procura de algo que até encontra pois no dia seguinte repete a visita. Discutir música é tão bom, tão saudável, mas ao mesmo tempo a falta de discussão não é mais que uma falta de interesse generalizada em tudo o resto. Mas, espreite-se um fórum e também não temos grandes discussões. Será que as pessoas preferem ler e interiorizar? Preferem não participar por não terem nada a acrescentar? Também poderão não participar por não se indentificarem com a parte mais "académica" da música. Enfim, eu adoro partilhar um copo com os amigos e perdermo-nos a falar de música.

Passando para o mp3, todos os leitores deste formato não são nada menos que o reflexo dos dias de hoje. É mais prático apanhar o metro e levar meia dúzia de álbuns em mp3 do que o antiguinho discman e ir carregado com os cds atrás. Se se perde qualidade? Óbvio! Os próprios Sunn decidiram começar a dar concertos porque no geral hoje em dia ninguém tem um sistema de som porreiro em casa e a essência da banda perdia-se. Não, a malta ouve música através de portáteis ou leitores de mp3 ligados a colunas, etc etc. Quantos de nós ainda compram vinil? Mas não são só estas as razões. Temos um leitor de mp3 porque é prático andar na rua, mas temos esse mesmo leitor de mp3 porque a não ser que trabalhemos na função pública ninguém sai às cinco ou às seis da tarde. E quem é que no trabalho vai ouvir Sunn? Chegamos a casa a horas que não nos permitem ouvir música em condições, especialmente hoje que quase toda a gente vive em apartamentos cujo isolamento acústico é uma maravilha. Resumindo, trabalhamos demasiado e o leitor de mp3 é uma excelente companhia. É preciso respeitar a arte em questão, fazer um esforço por compreendê-la e contribuir para a sua continuidade. Mas somos poucos, havemos de ser sempre poucos. E para terminar, cito o Jorge Coelho antes de Earth: "temos que nos mudar a nós e não aos outros". Vou continuar a comprar os meus discos, a falar sobre os meus discos, a ir a concertos, a ouvi-los e a senti-los como estivesse perante uma experiência transcendental. Quem quiser que se junte, mas mesmo estando envolvido numa promotora independente e por vezes sentir alguma frustração pela fraca adesão a determinado evento, a verdade é que eu sou um dos que não perde, eu estive lá, eu vivi aquilo. E voltando às experiências, ainda há poucas semanas pus o tema "Alice" dos mesmos Sunn a tocar enquanto tomava um simples café solitário. Sabem quem mais? Foi o melhor café de sempre, dei por mim a sorrir com aquele final do Julian Priester...

 
At 3.11.09, Blogger Scapegoatt said...

Eu acrescentava um cigarrito André:P
Tenho saudades daqueles tempos em que via os meus primos levarem amigos para casa e ficarem horas fechados dentro do quarto a ouvirem os discos novos que compraram com metade do salário. Tenho saudades de me esticar cá fora na casa dos meu pais, e ficar a disfrutar a musica que saia da janela do meu quarto. De facto a vida não nos permite podermos usufruir de toda essa musica boa que existe entre nós. Se um dia chegar à reforma, vou me vingar. Sim porque música é prazer absoluto.
Back to work.......

 
At 3.11.09, Blogger Adriano said...

Muito pragmaticamente o MP3 é um formato incontornável e irreversível. Pode-se não gostar mas é o mesmo que as cassetes, ouvias e se gostavas compravas o LP/CD. E vivemos no mundo digital, e o mp3 à semelhança do VHS (o BETA era melhor não era) é o que temos como standard.

Eu nem quero pensar o que andaria a ouvir se não fosse o mp3, provavelmente ainda TOOL em loop. Não que isso fosse mau, mas existe tanto para descobrir e tentar.

Sobre ouvir música com phones, existe tanta banda (e estilo de música) que é feito para se ouvir com phones, pois nem o podes fazer naquele volume em casa pois tens o filho a dormir como no trabalho com mais pessoas ao teu lado. Assim como muitas produções estão a sair merdosas (o último de metallica) com justificações que é feito para soar mt bem no ipod como podemos ignorar esse facto e achar que sem perdas é que é bom?

Se falas de um mundo ideal, a compressão é necessária sim, pela tal acessibilidade aos álbuns, pelo contexto em que ainda o podemos fazer sem pagar por isso. Se a coisa interessa mesmo compras e ripas sem compressão. Mesmo os FLAC’s que eu compro converto para MP3, pdoes ouvir em qq lado de qq maneira. FLAC nem por isso. Este aspecto de acessibilidade é mt importante.

Se falamos de situações ideias, e eu não sirvo exemplo para ninguém, investi mais nos phones (para computador com investimento que ronda os 800 euros e para ipod de 350euros) do que no ipod propriamente dito. Não conseguiria ouvir de outra forma e ficar com ouvidos menos doentes ;-) Se me falares que nestas condições um formato lossless é superior, claro que é, noutras condições os phones são tão maus que apenas soa menos bem :)

Sim sou audiófilo, sim o formato MP3 é fixe.

 
At 3.11.09, Blogger Crestfall said...

"hoje em dia ninguém tem um sistema de som porreiro em casa e a essência da banda perdia-se. Não, a malta ouve música através de portáteis ou leitores de mp3 ligados a colunas". Exacto. A maior parte da música que eu oiço é nestas condições. No portátil, com e sem phones. Não tenho sistema de som porreiro em casa porque também não teria propriamente espaço nem tempo para desfrutar dele. O meu sistema de som é o home cinema, muito raramente lá oiço música. O único local em que ponho os cds que vou comprando a tocar é no carro. Eu sempre me ambientei bem com a podridão, quando era miudo não tinha dinheiro para vinil nem cd, por isso já ficava maravilhado em poder usufruir das fantásticas gravações nas fitas das K7s. E como bem mencionaram o mp3 é incontornável pq acima de tudo é prático, além de ser um óptimo formato para partilhar é um óptimo formato para transportar. Sacas -> ouves -> gostas -> tens dinheiro -> compras o cd/vinil.
Oh Luís, ainda compras o cd/vinil sem ouvir primeiro o mp3 (ou outro formato digital com ou sem compressão)?

 
At 3.11.09, Blogger Alex said...

Antes de começar, quero deixar uma palavra de apreço a quem gasta o seu tempo para manter este blog vivo e interessante; espero que a falta de participação dos leitores não vos desanime em demasia ;)

Sobre o assunto em questão, começo por dizer que provavelmente não tenho muita experiência no que toca a formatos de música, uma vez que, pelo o que leio aqui, parece-me que já faço parte de uma geração diferente da maioria das pessoas que participa neste blog... Enquanto que algum pessoal aqui diz que é complicado ouvir música em casa por causa dos filhos, eu tenho o mesmo problema, mas por causa dos pais, ah. Nunca ouvi música em cassete e ouvi em leitores de CDs por pouco tempo (e, mesmo assim, o único leitor de CDs portátil que tenho já é daqueles que lê faixas em formato mp3)... nasci já na geração da música digital. De qualquer forma, sobre a questão da qualidade do mp3, mesmo tendo noção da perda de qualidade em relação aos formatos lossless, confesso que não podia passar bem sem este formato. Quer queiramos quer não, o mp3 quase que é o 'formato standard' para os leitores de música portáteis (e não só portáteis), e eu não passo sem o meu leitor de mp3 portátil (que não é iPod, já agora; nunca percebi a mania das pessoas distinguirem 'leitor de mp3' de 'iPod'). Tudo bem que tem menos qualidade, perde-se muito da música, mas, sinceramente, quando estou no autocarro ou na rua, só quero algo que me distraia, que faça passar o tempo mais rapidamente; se tiver tempo e oportunidade de parar e ouvir música no leitor de CDs, no PC com uns FLACs, ou de ir a casa de uns amigos que tenham discos de vinil, óptimo, mas normalmente não consigo fazer isso, por isso não posso rejeitar o mp3 como formato de música.

O mp3 é bom para o que foi feito: para ocupar pouco espaço, ser acessível, fácil de manusear, para poder ter música em todo o lado facilmente.

Sobre os phones, apenas posso dizer que são a minha única saida de audio. Raramente consigo arranjar algum tempo em que poderia ouvir música sem ser com phones e não incomodar ninguém, e mesmo que o conseguisse fazer, não me adiantava, uma vez que não tenho nenhum sistema de som minimamente decente, e os phones acabam por ser o melhor que consigo ter... ser-se audiófilo 'profissional' fica caro; eu já fiquei toda contente quando consegui juntar 60 euros para comprar uns headphones com um som jeitoso. Mas, mesmo assim, não me queixo; como já foi referido em comments anteriores, há artistas que têm em conta esta questão dos phones e as faixas acabam por ser manuseadas de forma a que soe bem nos phones (eu não acho que isto seja um bom método para gravar música, mas o que é certo é que acaba por acontecer), e há situações em que os phones ajudam imenso a esmiuçar os pormenores das músicas.

 
At 3.11.09, Blogger ::Cardoso:: said...

Este tema faz-em ficar a pensar num fenómeno recente, creio eu. O do pessoal que ouve música nos telemóveis em alta voz no meio da rua ou nos transportes públicos. É um fenómeno que me ultrapassa... ou então sou eu que estou mesmo a ficar velho.

Quanto ao formato MP3 em si... não me preocupa mesmo nada. Sou um fã incondicional de vinil, mas conheço as minhas limitações. Não dá para ouvir música em casa com 2 crianças sub 5. Assim, tenho que me render a ouvir o que posso num ipod dos pequenos nos transportes públicos e num portátil no emprego. Cheguei a trazer um soundburger para o emprego há uns anos só para chatear uns amigos que achavam que o vinil já não existia... mas aquilo é mesmo muito pouco prático.

Creio que o fenómeno MP3 pode ser visto de várias perspectivas. Por um lado o MP3 a par da evolução da internet pode ser visto como um veículo da democratização da música. Lembro-me quando há anos atrás a maior parte dos discos que eu comprava acabava por ser um bocado "às cegas". Mandar vir discos dos estados unidos pelo correio só por críticas que lia nos jornais era um perigo e ao mesmo tempo uma aventura (aqueles 15 dias até me chegar o disco às mãos...). Se na altura houvesse MP3 e internet tinha evitado algumas "banhadas". Por outro lado o MP3 e a facilidade de pirataria que proporciona e a libertação dos artistas do meio físico de distribuição pode ser visto como o principio do fim de uma indústria. Mas esse é um aspecto para o qual terá de ser a própria indústria a tentar encontrar soluções.

Quanto a auscultadores, só não percebo aqueles de pendurar dentro das orelhas. Ou sou eu que tenho um problema de anatomia auricular ou aquilo comigo não funciona. E por muito bons que sejam estes auscultadores parece-me sempre que estou a ouvir música dentro de uma lata. Mas como disse antes, tendo crianças em casa, os auscultadores são uma óptima solução. A alternativa está em mandá-las para casa dos avós.

Quanto ao formato blogue/forum. Tenho algumas reservas. Fui dos membros iniciais de uma mailing list da Ralphamerica há cerca de 12 anos (creio que se chamava smelly tongues) e quanto a isso posso assegurar que discussão não havia nenhuma. Nos últimos anos fui acompanhando alguns forums, mas discussão... também me parece que não há. Acredito que a facilidade do anonimato que a internet possibilita leva a que as "discussões" se transformem em discursos inflamados e sem sentido. Discussão a sério é em casa de amigos ou no café, numa viagem porto-vigo ao fim da tarde, num comboio regional para Aveiro... cara a cara.
O formato Blogue acaba por ser um formato que acho engraçado pela "falta de democracia". Não creio que se pretenda que um blogue seja um espaço de discussão pura e dura, mas mais um espaço de divulgação comentada (ou no meu caso um muro das lamentações).

 
At 3.11.09, Blogger Mafarrico said...

Ja ponderei varias vezes o dilema "comprimir quanto?"/"comprimir ou nao", mas, sendo o iPod e clones um equipamento para uso portátil - na prática, para andar com ele na rua p.ex. - creio que o problema da perda de riqueza espectral se torna menos relevante face a outros pois por mais claro que seja o som, não existem nem headphones com respostas lineares contínuas nem tão fechados assim que impeçam a entrada da ruideira exterior. Como tal, é uma troca que se faz... portabilidade Vs. pureza. A perfeição essa tem que ser guardada para uma casa mais silenciosa, equipamento audio mais fiel e mais espaço em disco (sic).

 
At 3.11.09, Blogger Preguiça said...

o mp3 é um exemplo dos dias de hoje, da vitória do prático e descartável sobre o bom. e porque não?

eu continuo a comprar vinil, mas o que é certo é que tenho cada vez menos tempo para curtir devidamente os discos, acabo por sacar os discos que compro para os poder ouvir as vezes que quero e onde dá jeito. Não me importo muito, a qualidade pode não ser a melhor, mas não ouvia nem metade da musica que quero se não fosse o mp3.

Dito isto nunca deixarei de comprar vinis, ainda ontem comprei o ultimo Yo La Tengo ... a capa é linda.

 
At 3.11.09, Blogger Globku said...

as tantas é mesmo por isso que Sun O))) nunca me chamou a atençao, ahahah.

Não tenho iPod porque é caro, sendo essa a única razão. Apesar de toda a discussão de mp3 perder qualidade e tal, não somos obrigados a ouvir em exclusivo os mp3. Esses leitores portáteis servem para mim o que um cigarro serve para muitos. De vez em quando lá me apetece e carrego no play, e sem leitor mp3 (ou iPod ou whatever), isso nem sempre dá.

quanto ao sistema de som e auscultadores, tenho apenas a dizer que há bons auscultadores e bons sistemas de som, pelo que prefiro obviamente ouvir música naquilo que é bom, mas não faço grande diferenciação entre um e outro, no entanto percebo o ponto de vista.
Basta imaginar irem ver um concerto ao vivo onde a música vos sai por uns headphones em vez de sair pelos amplificadores gigantes, lol.

 
At 3.11.09, Blogger Scometa said...

O ser humano é, pasme-se, humano. E ser humano é ser em relação, ser com o outro. Por muito que o formato blog/forum possa dar azo a discussões, a falta dela ou mesmo uma tendência quase sempre certa para a animosidade numa discussão tem que ver com a não-confrontação do mesmo com o outro. Isto é, nunca irá ser igual discutir com 20" de ecrã à frente ou com um bom par de olhos a fitar os nossos. O lugar dos foruns e blogs nunca há-de ocupar o lugar da àgora humana.

 
At 3.11.09, Blogger Susana Quartin said...

Em casa tenho umas colunas ranhosas. Para o leitor de mp3 compro quase sempre uma gama baixa de auscultadores. Devo ser surda porque não ouço uma diferença assim tão escandalosa de um ficheiro .mp3 a 320kbps de um flac ou do próprio cd.

Se preferia ouvir música com um sistema de som todo leet de 500€? Só se me oferecerem, que a receber a mesada que recebo ficava uns bons tempos sem poder sair de casa. Prefiro ver as bandas ao vivo e comprar discos. E não é como se a música que ouço estivesse a sair do cano como fazem crer...Possivelmente aprecio mais a música do que muita gente com sistema de som incrivelmente caro.

Não gostas de auscultadores? O que tens perdido. Ouve o piper at the gates of dawn versão stereo, com uns auscultadores, e depois volta para comparares a experiência.

 
At 4.11.09, Blogger Mário Brun-u-ron said...

Bem, foi só pedir que "nós" viemos cá todos. gostava muito de ler os comentários todos,mas n há tempo, e talvez vá repetir alguem-pardon!

eu até há uns tempos, não muito atrás, achava que isto da qualidade do som era coisa de quem tinha o ouvidinho muito bem ensinado. há uns meses ofereceram-me uns Koss portapro(que é uma gama muito acessivel), e ouvi sons que nunca tinha ouvido. Houve bandas, que passei a gostar.

Agora percebo a diferença dos formatos e dos leitores. Pa, é mais ou menos isto: um gajo gosta muito de comer com os amigos, bom vinho... sobremesa e licor no fim. Mas Fome é que não por isso muitas vezes comes qq coisa a correr e sem grandes preparos.

 
At 4.11.09, Blogger Saturnia said...

"O do pessoal que ouve música nos telemóveis em alta voz no meio da rua ou nos transportes públicos. É um fenómeno que me ultrapassa"

o mesmo acontece comigo, acho que o fazem numa atitude de exibicionismo não respeitando quem tem de "levar" com aquilo a que chamam de música.

Sair de casa sem levar o mp3 é como sair sem as chaves, ou sem ter tomado o pequeno almoço..
Comparo-o a um livro digital.
Só no início deste ano tive o meu primeiro mp3 (o antigo era emprestado e por incrível que pareça só tinha capacidade para 5 albuns)e que contente fiquei.
Acho que o importante aqui não é em que aparelho consomes música ou de que forma mas se precisas de ser alimentado por ela, o que esta te transmite, se preenche o teu dia, se ao ouvires a mesma música ontem e hoje consegues descobrir mais um elemento novo...
Lembro-me de há vários anos quando ia para o liceu pela manhã cedinho em pleno verão ouvir a tomorrow dos silverchair a energia que sentia na rua =)
Acho que hoje reparo que o mp3(a música) tornou-se num grande amigo, que fez os mesmos percursos que eu, que me encheu a alma quando se encontrava paralizada, que me deu inspiração...
Num mundo onde raras são as pessoas que tem algo de interessante a dizer o mp3
tornou-se indispensável (especialmente no metro!).
Interessante seria se num dos próximos concertos trocassemos de mp3 com a pessoa sentada ao nosso lado =)
Acho que já me perdi.. qual era o tema mesmo?!

 
At 4.11.09, Blogger ::Andre:: said...

"Interessante seria se num dos próximos concertos trocassemos de mp3 com a pessoa sentada ao nosso lado"

Seria interessante Sophia, muito interessante...

 
At 4.11.09, Blogger Mário Brun-u-ron said...

isso é genial, Bravo!!!

Um Club de Mp3swingers

 
At 4.11.09, Blogger Luis said...

Fico contente com a quantidade de comentários longos e reflectidos que este post acabou por suscitar.

Primeiro tenho de discordar com a afirmação que o mp3 é um formato inevitável. Diria que FOI um formato inevitável e contribuiu para a tal democratização que se falou ajustando-se às capacidades das épocas em que surgiu e reinou. Actualmente com o aumento crescente da capacidade de armazenamento (e redução do preço da mesma) aliado, tal como disse originalmente, ao aumento exponencial da largura de banda, o mp3 tornou-se obsoleto e acima de tudo despropositado. Porque não passamos todos a utilizar FLACs ou OGGs? – se todos o fizermos todos poderemos transmitir e armazenar os ficheiros com a mesma facilidade e acima de tudo desfrutar da música sem perdas. O mercado dos leitores portáteis ajustar-se-ia certamente (quando o instituto Franhoffer inventou o mp3 certamente nem pensaram na questão dos leitores portáteis – foi a ubiquidade do formato que levou aos leitores).

E em resposta ao Crestfall – não, não ouço o mp3 antes de comprar o disco (o que não quer dizer que não possa ouvir um mp3 que descarregue por acaso, legalmente ou não, e depois não vá comprar o disco). Mas a verdade é que me cansei de ter um disco cheio de tralha (um arquivo de música – descaracterizado - crescente que cada vez menos se ouve). É difícil arrumar, é difícil procurar o que se quer ou mesmo descobrir algo por acaso. Nos últimos 2-3 anos desisti um pouco de fazer downloads de mp3 (ó, soulseek, há quantos anos não te ligo), concentrando-me apenas em downloads de coisas impossíveis de arranjar de outra forma, gravações ao vivo, ou lançamentos em formato digital (tudo isto, sempre que possível, através de formatos lossless).

 
At 4.11.09, Blogger Luis said...

Não sei bem o que dizer relativamente à questão de algumas bandas adaptarem o seu som (em termos de equalização e masterização dos seus discos) com vista à audição em formatos ou leitores menos capazes. Se estamos a falar de uma Britney Spears – provavelmente, mas a música já não é muito rica em texturas ou resolução frequencial. Se estamos a falar das bandas que gostamos e se vão mencionado por aqui – tirando uma ou outra possível excepção tenho mesmo muitas dúvidas que façam tal.

Questão da praticalidade: que mais posso dizer que compreendo esta questão, mas faz-me confusão que a maioria das pessoas se resigne a ouvir a música num formato inferior e que distorce as prováveis intenções de quem as fez (embora também tenha que concordar com o the_gathering que se calhar não existe uma condição ideal seja pela incapacidade resposta linear a todas as frequências da maioria dos auscultadores e diga-se também das colunas de aparelhagem bem como a incapacidade de isolamento de ruído – se bem que o ruído que vem de fora para mim pode muito mais facilmente fazer parte do que ouço do que a aceitação da distorção frequencial do som original).

Ainda relativamente ao anterior, será preciso coragem para tomar uma decisão de só se ouvir música como deveria ser (no ideal de cada um)? Eu decidi há um par de anos que preferia não ouvir música durante o dia que tê-la de ouvir em condições que não me agradem e me impedem de a desfrutar tal como eu gosto (ou seja, auscultadores, formatos lossless, portátil, etc). É uma decisão que me causa algum sofrimento no dia a dia – mas nada melhor quando ligo a aparelhagem e encho o quarto ou a sala de som após algumas horas ou dias de privação. Será isto uma espécie de auto-tortura? Não poderia adaptar-me? Não sei, talvez. Mas compreendo que isto depende da situação de cada um. O facto de poder passar alguns dias a trabalhar em casa permite-me ouvir mais música numa semana comparativamente a alguém que trabalhe sempre fora de casa e tenha tomado a mesma decisão que eu. E também ganho pelo facto de ter uma aparelhagem que goste (barata, comprado aos bocados, tudo peças usadas, mas que se porta como eu quero) e que posso abusar em termos de volume (não ligo muito ao que os vizinhos possam pensar, sem exageros claro, mas de vez em quando também tenho de grama tecno xunga que vem do lado de lá da parede).

Susana Quartin – não gosto muito de auscultadores mas isso não quer dizer que de vez em quando não os use ou que não os tenha usado muito no passado (o que fiz). O Piper at the Gates of Dawn é curiosamente um disco que já ouvi várias vezes em auscultadores – honestamente acho que não se perde nada em ouvi-lo numa boa aparelhagem com volume correcto. Como aponto no post original a questão da imersão na música através dos auscultadores é também uma discussão interessante – para mim não funciona mesmo devido à tal ditadura de uma estereofonia fixa. Mas pensando bem, a experiência com auscultadores é uma outra forma de imersão diferente da imersão no som que flui livremente e radialmente no espaço.

 
At 4.11.09, Blogger Globku said...

(o Mp3swingers era de se aproveitar...)

 
At 4.11.09, Blogger pedro said...

Bem para começar, e apesar de achar que sim, é milhentas vezes melhor ouvir um cd do que mp3, a verdade é que não conheço outros formatos melhores que o mp3...e por isso, para além do carro, da aparelhagem, também tenho um leitor de mp3 (não ipod) que me serve para não só ouvir com phones, coisas que já não faço a muito, mas também para de vez em quando levar no carro e ter a disposição centenas de albuns. Por outro lado o mp3 dá-me muito jeito, pois de que outro modo ouviria eu música no trabalho enquanto em frente ao computador...assim tenho as minhas musicas de eleição sempre à disposição.
O mundo está a ficar cada vez mais impessoal, e a música também segue o mesmo caminho. Bons tempos o das k7 onde se fazia de tudo para arranhar aquele album que ninguem conhecia, que não passava na rádio, mas porque um amigo teu sabe-se lá de onde te mostrou uma música. Ou dos cd's que apesar de não serem um vynil, não eram também tão faceis de encontrar quanto isso, principalmente o que seria underground. Hoje o mp3, a era digital torna isso tudo mais fácil. É pior? nem por isso, é melhor, mais abrangente...mas não tão pessoal, não tão especial...tornou-se banal, o mp3 é banal!

 
At 4.11.09, Blogger Rui said...

Soumias um dos "anonimos" da internet que lê por todo o lado um pouco mas nunca escreve, e nos ultimos meses tem seguido este blog sem nunca comentar e a verdade é que este é um tema que me fez ter vontade de comentar e calhou vê-lo num dia em que até tenho tempo para o fazer...

O que acho em relação aos MP3 é que são um mal necessário, lembro-me que quando começou esta moda de sacar MP3 eu me recusava a sacar musica mantinha-me fiel a comprar o CD até que a facilidade
de ter o MP3 misturada com a falta de dinheiro para ter todos os CDs que pretendia e o facto de começar a sentir-me ignorante em qualquer conversa acerca de musica me fazer sentir ignorante por não conseguir acompanhar o ritmo a que os outros conheciam musica me meteram no mundo dos MP3 e o que mudou desde então?
Hoje em dia conheço cada vez mais musica e cada vez a um ritmos mais rapido, começei a comprar mais cdse a ver mais concertos, por outro lado o entusiasmo com a edição de um album nunca mais voltu a ser o mesmo conheço bandas e musicas que vou adorando mas não chego a dar continuidade em muitos casos a essa primeira experiência positiva.

É certo que a qualidade da musica que oiço em MP3 é de mais baixa qualidade do que seria um CD ou um Vinyl, mas por outro lado abriu uma infinidade de caminhos a ouvintes, bandas e a todo o mercado de musica independente.

Na realidade o que mais me preocupa no mundo da musica dos dias de hoje não é a qualidade do MP3 mas sim o tempo que as pessoas conseguem dedicar com qualidade à musica.

 
At 4.11.09, Blogger  said...

acho que estão a abordar duma forma muito analítica algo que é essencialmente visceral. a música está finalmente a tornar-se verdadeiramente democrática, deixem-nos gozar desse estatuto e guardem o snobismo intelectual para outras reflexões.

 
At 5.11.09, Blogger jorge silva said...

tendo entrado na adolescência ainda na época do vinil (os cds só apareceram quando eu tinha aí uns 15 ou 16 anos) causa-me uma certa confusão esta paranóia acerca daquelas rodelas pretas. sim, as capas eram mais bonitas em ponto grande mas, tirando isso os discos eram: 1. lixados de transportar - aquilo não cabia em lado nenhum a não ser debaixo do braço; 2. riscavam-se com uma facilidade medonha, ou então era eu que tinha uma aparelhagem ranhosa (o que é verdade), mas o mesmo se pode dizer de quase toda a gente porque o vinil só é ouvido em condições com amplificadores a válvulas caríssimos; 3. se calhar a culpa era da aparelhagem ranhosa mas aquilo fazia ruído no espaço entre as músicas, isso é suposto ser alta-fidelidade?
eu acho que os cds foram bem vindos e representaram uma melhoria no som que se ouvia e acho sempre que esta questão dos vinis traz mais saudosismo à mistura que outra coisa. aliás é engraçado ver que, quando apareceu o cd, queixavam-se que este era excessivamente caro e agora esses mesmo queixinhas são capazes de defender a exorbitância dos vinis porque "ei, isto é mais caro de fazer que um cd", pois, pois...

quanto à maneira como se ouve: a aparelhagem em casa está em repouso. é uma experiência diferente ter o som a sair de umas colunas e viajar pelo ar até chegar a nós, tem outra dimensão, mas não tenho tempo para tal hoje em dia nem vou estar a importunar a minha filha com isso.
saio sempre com o leitor de mp3 (que não é um ipod) e ouço quando me apetece - geralmente em viagem, ás vezes no trabalho - e se não fosse esse formato e a possibilidade de o descarregar da net provavelmente não ouviria nada do que ouço hoje.
obviamente a relação com a música mudou. aos 15 anos andava com uma k7 de 60 min com o "show no mercy" dum lado e o "reign in blood" do outro a ouvir continuamente, hoje em dia ando com uma data de álbuns e geralmente misturo aquilo que já conheço e quero continuar a ouvir com uma série de novidades que saquei para ficar a conhecer. como ouço um bocado mal não noto grande diferença entre mp3 a 320kbps e o cd, mas acredito que seja de mim!

 
At 5.11.09, Blogger ::Andre:: said...

Porquê que todos que têm um leitor de mp3 insistem em dizer que não é um iPod?

 
At 5.11.09, Blogger  said...

parece-me que o ipod tem vindo a assumir uma conotação negativa, que não corresponde ao espírito do "audiófilo" (continuo a achar esta palavra presunçosa), sendo um produto que parece valorizar a estética e o supérfluo (com as diversas aplicações, que vão desde joguinhos ao acesso à internet e etc) em favor da qualidade sonora, que deveria ser a principal preocupação dum dispositivo usado para reproduzir música. além de ser bastante caro face a outras marcas.

o facto de que a maior parte das pessoas que usam ipod são adolescentes irritantes também pode ser relevante.

 
At 5.11.09, Blogger tech said...

Eu tenho um iPod. Sou adolescente. Creio não ser irritante, mas também ninguém me disse o contrário.

Acho que tal como o walkman foi esse instrumento de tamanha importância nos 80/90's, o iPod/leitor de MP3 se tornou uma marca da música nos nossos dias, um objecto de culto, e a verdade é que para mim "Sair de casa sem levar o mp3 é como sair sem as chaves, ou sem ter tomado o pequeno almoço..". É como se me ajudasse a criar uma banda sonora para o dia, e a verdade é que muito dificilmente consigo ouvir um álbum inteiro nesta ocasião.

Eu dou cada vez menos importância à música em si e ao formato em que a ouço, desde que seja minimamente perceptível... Mas pronto, cada um é que sabe de si. É claro que dá um gosto especial ouvir num CD aquela banda que adoramos para descobrir mais pormenores na música, mas o mp3 trata-se de uma forma eficaz e cada vez mais barata de o fazer da mesma maneira... Se é de qualidade que se trata basta passar um pouco de tempo nas internetes à procura do equipamento ideal.

 
At 5.11.09, Blogger Mário Brun-u-ron said...

quem anda muito a pé e de comboio percebe a importância de um leitor mp3

 
At 5.11.09, Blogger Luis said...

Eu ando muito a pé e de comboio e não percebo a importância de um leitor de mp3 ;)

Mas é este tipo de comentários que me preocupa: "Eu dou cada vez menos importância à música em si e ao formato em que a ouço, desde que seja minimamente perceptível" - independentemente, diria eu, das acusações de presunção ou snobismo intelectual (que mal tem analisar e comentar a forma como cada um escolhe ouvir música?)

 
At 5.11.09, Blogger André Vieira said...

Quem me dera que as minhas cassetes de Carcass, com o som mais ranhoso que se pode imaginar, tivessem na altura o som que um mp3 tem hoje.

Como o Jorge Silva disse, acho que é mais uma questão de saudosismo e, acrescento, de possibilidades financeiras.

Como também já foi dito, às vezes cheira-me a pretensiosismo. Volta e meia e, fazendo uma analogia muito estúpida, o gajo que ouve mp3 é comparado àquele gajo da escola preparatória que aparecia sempre com um fato de treino muito foleiro e só por causa disso ficava à baliza que é para aprender a não ser javardo a vestir-se.

Se pudesse, e caindo no exagero, até forrava a minha casa a vinil e usava cds como bases para copos. Enquanto ainda não vai dando para isso, vou ouvindo os meus mp3s e vou comprando o que posso e gosto, como sempre fiz.

«Eu ando muito a pé e de comboio e não percebo a importância de um leitor de mp3 ;)».

A importância do leitor de mp3 e dos ficheiros de mp3 estão para os dias de hoje como a cassete e o walkman estavam para outra altura não tão longínqua como parece. Mas isto tudo multiplicado por mil no que toca a quantidade, a qualidade e à democratização de acesso à música.

Por norma as pessoas descobrem os seus gostos musicais na fase da adolescência e, como se sabe, o dinheiro nessa altura não abunda. Com leitores de mp3 a 20€, com capacidade de 2 gb e com uma ligação à net só não tem acesso a boa música quem não quer. Se a qualidade sonora não é de topo também não era o das cassetes, como já referido acima. No entanto foi assim que muita gente foi descobrindo música e é desta forma que se vai descobrindo agora.

Não há melómanos de segunda. Ou se é ou não se é. Não é por se ouvir música numa aparelhagem topo de gama, em vinil, em cd ou num leitor de mp3 que isso vai mudar.

Eu também não tenho um Ipod, tenho um leitor de mp3, mas um dia vou comprar um.

 
At 5.11.09, Blogger Scometa said...

Quando a oferta é muita, o cliente desconfia. É muito complicado explicar à geração pós-cd que os mp3 não têm a qualidade devida nem proporcionam a melhor experiência sonora. Porque haveriam eles de se preocupar em comprar um cd, quando podem fazê-lo de graça, mesmo que isso comprometa a qualidade da música? Penso que somos nós, a geração do vynil e da K7, que temos de perceber que vivemos numa época diferente, e que provavelmente se hoje tivessemos 16 anos nunca iriamos dar a mesma importância a um cd do que um mp3. Nesta perspectiva sim, a qualidade irá ser prejudicada em prol da quantidade. E só novos formatos poderão devolver à música a qualidade sobre a quantidade. O resto não podemos mudar.

P.S. Eu tenho um Ipod e gosto muito dele.

 
At 5.11.09, Blogger tech said...

"Mas é este tipo de comentários que me preocupa: "Eu dou cada vez menos importância à música em si e ao formato em que a ouço, desde que seja minimamente perceptível" - independentemente, diria eu, das acusações de presunção ou snobismo intelectual (que mal tem analisar e comentar a forma como cada um escolhe ouvir música?)"

Talvez possa ter-me exprimido de maneira pouco clara. Não há problema nenhum em analisar e comentar a forma como cada um escolhe ouvir música, mas por vezes a importância que se lhe dá também é um pouco exagerada.

Da experiência que eu tive com vinis, não se ouve um álbum melhor do que num mp3 de 120kb/s. Então qual é a questão da insistência no vinil? Puro saudosismo. O mesmo se aplica ao formato da cassete. Mas isso sou só eu, puro leigo na matéria.

De qualquer modo, prefiro preocupar-me mais com o modo como a música é feita e divulgada nos nossos dias do que o modo como a ouço. É claro que prefiro ouvir uma coisa com qualidade a uma gravação ranhosa, mas também não me faz a mínima diferença se ouvir uma coisa num formato lossless ou não, a não ser que seja algo de que goste mesmo. Mas isso já são escolhas de cada um.

 
At 5.11.09, Blogger Mário Brun-u-ron said...

Caro Luís, preocupava-me mais quando deixava o passe do comboio em casa do que o mp3-um ipod com pouca memória mas optima autonomia- quando deixava o passe em casa era só bater um coro ao revisor que começava sempre por" eu sou estudante em famalicão" :D

sei que agr saí do tema, mas fica a dica

 
At 6.11.09, Blogger pedro said...

Independentemente de todas as ideias que as pessoas foram expondo, que são muito importantes, acho que também faltou um ponto.

O mp3 quando chegou criou grande alvoroço no meio musical. Principalmente no seio das empresas discograficas. Pegando num pouco em alguns comentários que foram sido deixados neste post, que muitas vezes o mp3 era preferivel como formato musical devido a questões monetárias.
Peguei em 3 dimensões do mesmo problema: bandas, empresa discográfica, consumidor. Depois no centro algo que os divide a todos o mp3.

Começando pelas empresas discográficas. Queixaram-se, perderam dinheiro, continuam a queixar-se, e digo, aquelas que mais se queixam, que mais barulho fazem, são as que menos falta fazem, as mais "ricas" e que mais exploram o artista, exploraram durante muitos anos o consumidor. Porque ter pena delas? As bandas: quantas milhares e milhares de bandas se deram a conhecer ao mundo através dos mp3, que puderam em vez de assinar um acordo discografico em que ganhariam percentagens minimas das vendas do cd, em que o resto ia para editora, disponibilizaram em formato digital, deram-se a conhecer, e depois vendiam os seus cd's aqueles que gostavam e davam concertos, o grande valor acrescentado para musicos no que se refere a retorno do trabalho que fazem, assim como merchandising. O consumidor, não querendo ir muito mais longe, os cd's são caros, muito caros, hoje em dia 18 ou 19€ por um? já não me lembro, compro na net, fica-me muito mais barato.

Mas deixo a questão: se a música é um produto cultural, e no caso de Portugal, se a cultura é tributada a 5% ou 12% (agora não me recordo) porque que a música é a 20%, porque que as editoras continuam a querer explorar o mercado da forma como fazem?

O mp3 tem falhas (muitas delas no que se refere à qualidade do som), prejudica muitos, mas beneficia muitos outros, e se as pessoas forem consumidores moderados o equilibrio pode existir.

concluindo, gosto de mp3, e gosto muito de cd's, acho bonito tem uma vasta colecção!

 
At 6.11.09, Blogger Ocelot said...

Bem, temos aqui uma questão bastante pertinente e a meu ver não dá para ter uma opinião definitiva sobre o determinado tema em questão.

Para começar, eu também sou dos que não tem um Ipod nem sequer mesmo um leitor de mp3, se bem que penso comprar um leitor de mp3 brevemente. E isto porque? Eu gosto de andar muitos quilómetros de bicicleta e juntar isso com música sinto-me no céu. Como não vou estar atento á música ao pormenor e aos seus detalhes enquanto estou a dar uma volta, então a meu ver, não preciso de comprar um alto Ipod, pois a música é mesmo para uso de “soundscape” nesta situação. E quem diz para uma situação como a tal que mencionei, digo também enquanto estamos num ginásio por exemplo.

Agora em segundo lugar, se prefiro ouvir música com phones ou sem phones? Depende da banda que oiço. Como regra geral prefiro ouvir uma boa banda de Post-rock com os respectivos phones para estar atento a todos os pormenores, detalhes e certas frequências que passam pelas músicas e aí ao olho nu é praticamente impossível apanhar certos detalhes “escondidos”.
Saindo um pouco do Post-rock, Neurosis é uma das bandas que prefiro usar com phones devido a certos detalhes que dificilmente se conseguem ouvir sem os phones.
Agora numa banda mais mexida, prefiro sem dúvidas ouvir sem phones, pois enquanto com eles, sinto-me bastante restrito a movimentos e quando é para ouvir uns Tool ou Mastodon, prefiro sentir a música com headbang.


Obviamente que prefiro ter CDs originais que mp3 mas também reconheço que se tivesse tudo original de tudo quanto é música que aprecio, já ficava com a casa ás costas e ainda por cima sou estudante (ainda). No entanto, tenho um dos sonhos quando acabar o curso e começar a trabalhar que é comprar uma boa aparelhagem e criar uma parede de colecção de CDs de bandas que aprecio. No entanto, apenas tenho aqui um pequeno receio, o mais provável é eu ir viver para um apartamento quando tiver empregado, será que vale a pena investir nesse material todo se bem que não vou puder usufruir do som que terei por razões óbvias (vizinhança)?

 
At 7.11.09, Blogger Minimal.Goat said...

Este comentário foi removido pelo autor.

 
At 7.11.09, Blogger Minimal.Goat said...

"My god, the smiles, the sneezes, the talking
we're in that place again
we're gone, erased, RED, feel, feel
no good times in here
RED GLORY
change you, be gone or I'll..."


Isto é arte.
E a arte é o sistema de comunicação mais intimista, profundo e intenso que algum ser vivo alguma vez foi capaz de conceber.
Por isso sugiro que ponham esses pés a marchar em direcção a demasiados concertos, que são a única situação em que a música se apodera totalmente de nós e nos revela alguma verdade.

Porque o resto das formas de percepcionar música (empacotada) são apenas mentiras. Mentiras sobre o que sentimos ao ouvi-la, mentiras sobre a falta de qualidade do som, o tipo de empacotamento, o modelo das ferramentas sonoras, a porra da técnica musical!

Isto não é suposto ser racional!
A verdade musical é meramente emotiva! Sem utilidade alguma! Ainda assim sente-se que o resto é mentira... Oiçam mazé o messias Jesus a falar:

"It's inside of me.
It's what I want to be.
It's inside of me,
and it's clear to see.
You're my heart."

Está dentro de nós, é-nos natural,
É como nós, humana,
A arte,
A música,
E tudo o que é humano, é caos.
Não a tentem controlar,
Não a tentem racionalizar,
Não me venham com tretas...
VENHAM-ME É COM CONCERTOS POH! VIVA A AMPLIFICASOM!!!


It's inside of me.
It's what I'll always be.
It's inside of me,
and it's clear to see.
You're my heart.
You're my heart.
You're my heart.
You're my heart.
You're my heart.

<3

 
At 9.11.09, Blogger ::Andre:: said...

Pedro, isso é verdade. Não fosse o mp3 e mais de metade dos concertos Amplificasom não teriam tido lugar...

 

Enviar um comentário

<< Home