Kaoru Abe
Chegou o meu primeiro disco desta lenda japonesa. É um momento especial, não só porque desde que conheço a sua música que me apaixonei mas também porque os discos são tão caros e raros que ter um já dá um toque especial à colecção que mora lá em casa.
Kaoru Abe nasceu em Maio de 1949 e foi um músico extraordinário. Um dos melhores. O free-jazz nasce praticamente a partir do momento em que ele começa a compor os seus primeiros temas para saxofone. Ao longo da sua carreira dedicou-se a outros instrumentos, mas foi com o sax (Alto) que Abe deixou um legado único. Nunca houve e arrisco-me a dizer que nunca haverá um intérprete de saxofone como Kaoru Abe. Era selvagem mas triste, destruidor mas complexo, violento, abrasivo… e tocava as notas mais improváveis. Não tinha limites.
Partilhou palcos com outras lendas como Derek Bailey, mas foi com Masayuki Takayanagi que fez a melhor dupla de sempre. Hoje em dia vemos o Peter Brötzmann fazer na Europa aquilo que ele fez no Japão mas de uma forma muito mais atormentada, intensa e incompreendida. É engraçado reparar, na maior parte dos discos, que quando ele pára de tocar só se ouvem meia dúzia de aplausos. Não é que o free-jazz seja de massas (nenhum espectro com qualidade o é), mas fico a imaginá-lo a deixar a sua alma em palco e….
Infelizmente, em ’78 morreu com uma overdose, mas de certeza que era ainda mais viciado em free-jazz do que heroína. Espreitem este blog e comprovem, não voltarão a ouvir mais ninguém como ele.
Para os que já conhecem pergunto: a que soaria a sua música se em vez dum Alto ele tivesse optado por um Tenor? Ou é pelo facto dum Alto ser mais rápido e essa era certamente uma característica que ele procurava?
“Sound that stops the capacity for judgment. Sound that never decays. Sound that breaks free from every possibe image. Sound that comes from both death and birth. Sound that dies. The sound around me. Sound like the symptoms of eternal cold turkey. Sound that resists private ownership. Sound that goes insane. Sound that spills over from the cosmos. The sound of sound.”
Kaoru Abe
4 Comments:
aibda bem que encontrei alguem que conhecia a AUDEO,
quem a conheceu é porque é como eu um louco por musica........
André nao percebo a tua pergunta,secalhar nao querias escrever "rapido"?
Não achas que ele tiraria mais vantagens de um sax Tenor ou pelo facto do Alto ser um instrumento mais rápido era exactamente o que ele quereria/procurava?
a linguagem e técnica provavelmente só foram desenvolvidas depois...sebem que nao é assim tao dificil quanto isso transgredir de um para o outro... a rapidez nao vem ao caso mm, isso é parte dele e nao do instrumento. o alto é mais feroz,mais agudo,mais estridente,talvez por ai,talvez por ser o que tocavam o ornette e o dolphy.dunno really : /
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