07 julho, 2010

Hitler a dar voltas

Ainda não vi nenhum cartoon do Hitler vestido a rigor, cruz suástica incluída, sentado num sofá em frente à tv com um cachecol alemão no pescoço. A ver a sua Alemanha jogar, claro, Alemanha essa que 65 anos depois duma das histórias mais tristes da humanidade se tenta livrar dessa herança apoiando uma selecção multiracial e globalizada. Não estamos propriamente a falar dum brasileiro com 30 anos a ser naturalizado por falta de soluções da respectiva solução, mas sim jogadores multi descendentes maioritariamente nascidos no próprio país. Dos 23 que estão na África de Sul, 11 ainda devem fazer confusão a muita gente:

Aogo: filho de pai nigeriano e mãe alemã, nasceu na Alemanha;
Boateng: filho de pai ganês e mãe alemã, nasceu na Alemanha;
Khedira: filho de pai tunisino e mãe alemã, nasceu na Alemanha;
Cacau: avançado brasileiro que apenas se naturalizou em 2009, mas está na Alemanha desde os 18 anos;
Klose: nasceu na polónia, mas foi para a Alemanha aos 8 anos;
Podolski: chegou a ser recusado pela selecção polaca, optou por defender a Alemanha embora afirme constantemente que tem duas pátrias;
Marin: nasceu na Bósnia, mas mudou-se com os seus pais para fugir da guerra;
Ozil: esta revelação do mundial tem pais turcos, mas nasceu e cresceu na Alemanha.
Tasci: também filho de turcos mas nascido na Alemanha;
Trochowski: polaco de nascença, emigrou com os pais aos 5 anos;
Mário Gomez: pai espanhol e mãe alemã, nasceu na Alemanha.

Com a Holanda já na final, neste final de tarde nada mais me interessa a não ser uma grande partida de futebol. Se por um lado adoro o futebol apaixonante espanhol, por outro não ficarei desiludido a ver a Alemanha mais aberta de sempre desde que o muro de Berlim foi abaixo a chegar ao último e decisivo jogo da prova.

8 Comments:

At 7.7.10, Blogger Rodolfo said...

não me leves a mal André mas...

durante quanto tempo irá o "Mundo" falar desta questão relativamente à Alemanha?

Porque é que achas que uma selecção multi-étnica causará aflição a algumas pessoas?

Os velhotes do regime já deverão ter morrido quase todos e os restantes alemães querem seguir em frente com a sua história.

não existem por aí outros países com um currículo de discriminação contínuo e ininterrupto mais grave?

assim de repente e só usando países com futebol e na europa, ocorre-me logo à cabeça a França com a discriminação dos Argelinos e da moirama no geral, via questão-da-burka-porque-não-arranjamos-desculpa-melhor, a Holanda que sendo o pseudo-bastião do liberalismo europeu é dos mais racistas e xenófobos ou a Itália com as suas milícias populares a quererem matar os imigrantes ilegais todos.... ou a Suíça que proibiu a construção de minaretes... ou, ou, ou...

quanto tempo deverá ser a alemanha o bode expiatório e alvo deste tipo de "graçolas"?

olhemos para História da Humanidade com olhos objectivos e rapidamente veremos que um Holocausto de 6 milhões não é assim tanto (lamento a opinião)... contemporâneo até temos a CCCP Estalinista com os seus 7 milhões. Contemporâneo também Hiroshima e Nagazaki... ou a deportação de judeus feita pelo regime Francês de Vichy e muitos outros mais recentes...

os alemães são "maus" porque perderam a guerra, tivessem eles ganho e os maus eram os russos e os norte-americanos.

Historicamente, quando há guerras morre muita gente, de todos os lados, é mesmo assim; mas as pessoas não lêem os livros, vêem só os documentários e estes raramente falam de outra coisa que não da alemanha...

deixem lá os tipos em paz de uma vez... não queremos que comecem a mandar-nos constantemente à cara os nossos tempos de escravatura e ocupação territorial 500 anos depois pois não? Nem fará grande sentido, digo eu.

 
At 7.7.10, Blogger Hélder Costa said...

Esta questão da Alemanha convêm não ser esquecida nunca, deve-se falar dela e de outras questões que infelizmente aconteceram e acontecem noutros países,
e em Portugal, esquecer é ignorar o que se passou.

Não foram os alemães que foram maus, foram os nazis, não foi a Alemanha que foi condenada, foi o regime nazi com ideologias idiotas.

Uma selecção multiétnica causa aflição a algumas pessoas: pessoas de estrema direita, xenófobos, racistas...é preciso continuar?

Infelizmente, hoje em dia ainda há pessoas que protegem o regime nazi, que seguem as suas ideologias, não precisamos de ir longe, em Portugal (como por toda a Europa) também existe um movimento skinhead que segue essas ideologias, existe uma estrema direita.

Existem pessoas burras e ignorantes em todo o lado, cada uma tem direito às sua opiniões, mas das opiniões aos actos vai um grande passo.

 
At 7.7.10, Blogger Scapegoatt said...

Na minha opinião o Holocausto não tem crime contra a Humanidade comparável porque foi planeado e premeditado por uma máquina governamental que fez disso o seu principal objectivo político
movendo todos os esforços inimagináveis para exterminar judeus, ciganos, homossexuais, deficientes,...
E tambem não tem comparação por ter sido em pleno séc. XX- e o nosso estado civilizacional seria "supostamente" mais avançado do que o da época dos Descobrimentos.
O que os Turcos fizerão tb aos arménios no inicio do seculo XX tb é deplorável O homem é um ser violento por natureza. No entanto o Holocausto é para mim "The lowest of the low". É demasiado grave para ser esquecido.

 
At 7.7.10, Blogger Pereira said...

Esquecer,ou não condenar, crimes contra a Humanidade como o Holocausto é só dar espaço para que eles sejam repetidos...

Em relação ao jogo de hoje, que ganhe a Alemanha, porque não me lembro de os ver jogar um futebol tão bonito.

 
At 7.7.10, Blogger Scapegoatt said...

Que passe a antiga RFA, mas que ganhe a Holanda o mundial. À terceira é de vez =)

 
At 7.7.10, Blogger Rodolfo said...

calma amigos, não me entendam mal, não é preciso esquecer o Holocausto; é preciso é lembrar todo o resto...

e ainda, batendo na mesma tecla, é preciso recordar igualmente o "Holocausto" soviético que foi levado a cabo por uma "máquina governamental" na mesma altura.

"Uma morte é uma tragédia, um milhão é estatística" disse Staline.

dizer que "Não foram os alemães que foram maus, foram os nazis" é uma grande verdade sim senhor, mas são os alemães de hoje, não nazis que têm de viver com todos os comentários.

já dizer "não foi a Alemanha que foi condenada" não é tão correcto assim pois não? Foram os alemães da altura, todos eles, nazis ou não, que sofreram as consequências do resultado da guerra; destaco o Muro de Berlim como uma consequência directa disso, mas podia destacar as sanções ao desenvolvimento industrial e agrícola que tornaram as vidas deles muito precárias...

não querer ver isso ou pura e simplesmente ignorá-lo é que é ignorância.

mas também se pode falar da hipocrisia... os maus são sempre os maus; já o que define um mau é que é um conceito vago...

é de notar que ainda hoje existe pelo menos um grupo de esquerda (que nem sequer são de extrema) que actua de um modo brutal e muito idêntico ao dos nazis, são os norte-coreanos :) mas desses também se fala pouco.

não existem ideologias boas; a direita não é pior que a esquerda, todas elas produziram carniceiros.

a história da humanidade está repleta de massacres e mortandade indiscriminada mas as pessoas esquecem-se, porque querem ou por outros motivos, não sei.

se a questão judaica assume uma importância maior que a dos Tutsi, por exemplo - grupo alvo de limpeza étnica - será então conveniente recordar o papel que os portugueses tiveram na limpeza étnica dos Judeus aquando da Inquisição, mas, novamente, não falamos disto porque é mais fácil falar dos alemães, que não somos nós...

eu não assumo responsabilidades pelo que os meus antepassados fizeram nem acho que os alemães o devam fazer, é só isso, não é uma apologia da alemanha dos anos 30.

lembremo-nos de tudo, é só que vos peço; assim podemos ter uma visão isenta sobre a Grande Besta que todos nós somos em potência.
não há bons numa guerra, só maus e mortos.

aprender a esquecer faz parte do processo de perdoar, não é o mesmo que ignorar o que aconteceu embora, de qualquer modo, ninguém esteja mesmo a aprender com os "erros do passado" pois não?

os que gostam de matar e os que odeiam não têm tempo histórico nem contexto político, sempre existiram e sempre existirão e quando/se chegarem ao poder vão fazer o que sabem melhor.

 
At 7.7.10, Blogger ::Andre:: said...

Claro que não levo a mal Rudolfo, ora essa. Nada tenho contra a Alemanha, pelo contrário, é hoje em dia um exemplo de país a seguir por qualquer europeu e esta nova mentalidade - que no fundo é um reflexo da globalização - é saudável.

O tópico não é uma graçola, surgiu enquanto via um jogo da Alemanha. Imaginei o que pensaria Hitler no seu sofá a ver o seu país a jogar com descentes turcos ou bósnios naturalizados.

Estou longe de pensar que eles não evoluiram nem têm vergonha do que aconteceu. Claro que evoluiram, claro que têm vergonha. Ok, talvez nem todos. Lá e aqui. Também não pretendia comparar o Holocausto com outro crime (talvez, como já se disse, por diversas razões seja mesmo incomparavél) ou pôr em causa outros que acontecem nos dias de hoje em pleno século XXI(gostava de saber a tua opinião sobre a "burka francesa").

Não, não vamos esquecer, mas no fundo isto era mesmo um "bem haja" à nova Alemanha.

 
At 7.7.10, Blogger Scapegoatt said...

O que é ironico é ver Israel a desrespeitar actualmente os direitos humanos.

 

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