My God, it's full of stars!
Olá. O meu nome é Pedro, tenho 37 anos e sou de Coimbra. Casado e na altura em que estiverem a ler este texto é provável que já seja pai de dois filhos. Tenho um emprego que não sendo mal pago me enche o quotidiano com uma banalidade sem fim. O Cinemaxunga ajuda-me a exorcizar demónios. Decidi despedir-me de vocês com uma apresentação, a minha apresentação. É o mínimo que posso fazer pelo Amplificasom, um blog onde se sente o amor no ar, tão denso que é. Não o ar, o amor! E quando digo amor, digo-o no respeito pelos próximo, na amizade, no sentido “vibration” reggae e não no sentido banalizado pela expressão “vamos fazer amor”, o sucedâneo politicamente correcto para quando queremos untar o pincel (ou equivalente feminino).
Sou um tipo que gosta de cinema e também de ver filmes. Irrito-me quando me perguntam qual o meu filme preferido, porque isso é como a perguntar “Qual a melhor foda que deste?”. Só faz sentido para quem mandou três fodas ou menos. E tal como no sexo, a percepção da qualidade do filme difere consoante o psicotrópico usado na ocasião. Aliás, cada filme às vezes são dois filmes. E como nos ensinou Einstein, esse prostituto mediático, tudo é relativo.
Se preferia fazer outras coisas na vida? Por exemplo, preferia passar o dia de amanhã a fumar ganza e a decifrar mensagens subliminares satânicas nas músicas dos Ornatos Violeta ou perceber que o filme “Sex and The City” faz perfeitamente sentido quando sincronizado desde início a música Meat Hook Sodomy dos Cannibal Corpse em loop eterno. Mas tenho contas para pagar, crédito habitação, chatices com as finanças e outros enfados que me mantêm constantemente afastado de tudo o que possa ser classificado como “divertido”.
Já fui baterista, toquei em bandas de bar e bandas de (até me custa dizer) baile. Tive uma banda rock de sucesso moderado nos anos 90, se é que se pode chamar sucesso a poder tocar com meia dúzia de groupies e não ser expulso do palco por baixo de uma chuva de produtos hortícolas com o prazo de validade expirado. Editámos três demos em cassete, edição de 1000 unidades com capa a cores e selada em celofano, um luxo! Sim, cassete. Esse artefacto analógico que muitos de vocês associam àquele tio alcoólatra que gosta de Scorpions ou às anedotas do Cantinflas português. Tudo apagado pelas águas do tempo, essa inevitabilidade que tudo extingue. Alguém se lembra do Sinatra’s Bar, no Porto?
Gosto de todos vós como gosto dos meus filhos, mesmo aqueles que não conheço, aqueles que foram inseminados atrás de um arbusto algures por esse Portugal fora no fim de bailes dos Tekos e festivais de saltimbancos com macacos moribundos. Não quantifico os concertos do Toni Carreira porque a maior parte das “colegas de arbusto” já tinha passado a menopausa.
E é nesta hora do adeus que, com uma lágrima que teima em espreitar no canto do olho, me despeço de vós. A este aperto de saudade e ânsia pré-nostálgica junta-se um refluxo ácido merecido por não ser ainda capaz de escolher com sensatez uma pizza que não cause azia. Qual procissão da despedida, um mar de lenços brancos oscilam ao vento, e a saudade rapidamente é substituída pelo conforto que agora somos todos irmãos, e que o sangue virtual que nos une será para sempre o portal multi-dimensional que nos faz estar à distância de um clique.
KONIEK
8 Comments:
:') obrigado pelos momentos proporcionados o/
A MELHOR DESPEDIDA DE SEMPRE!
E não é um adeus, é um até breve!
gosto deste gajo!
Um dos convidados que mais prazer (salvo seja) me deu. Obrigado Pedro!
omg, muito bom!
Eheheh. Muito bom
Até breve, tu de xunga não tens nada!
Profundo!
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