24 junho, 2011

Baklava com Nusrat Ali Khan

Eu não sou cozinheiro há muito tempo, embore cozinhe há uns 20 anos - aprendi novo, quando era escuteiro.

De todos os empregos em que estive desde que me entreguei voluntariamente à escravatura do mundo laboral, este é sem dúvida dos mais interessantes - acima deste fica a experiência como relações públicas numa galeria de arte contemporânea, que de certo modo ia mais de encontro à minha vocação e formação.

A coisa boa de se ser cozinheiro é ver, objectivamente, o resultado do nosso trabalho a evoluir.
Escolhem-se os ingredientes, preparam-se, cozinha-se, serve-se.
Vemos o
ciclo do início ao fim; estas contemplações metafísicas não são assim tão frequentes em muitos outras actividades laborais - demiti-me de um emprego confortável como administrador de sistemas numa seguradora porque o resultado do meu trabalho era demasiado abstracto. Quando o trabalho de um sys admin é bem feito, nada acontece... a rede bomba, os servers estão estáveis e o pessoal tem linhas telefónicas. Para mim, isso era demasiado próximo de um nada absoluto, quero dizer, eu estava a trabalhar para que nada acontecesse. Uma espécie de wei-wu-wei pervertida: uma Inacção pela Acção.

Adiante.

Para além de me proporcionar (óbvio) material para profundas reflexões e um evidente escape criativo, cozinhar permite-me também expor algumas preocupações ou interesses pessoais de modos subtis (e por vezes, subversivos). O meu Seitan Esclarmonde permite-me sempre falar um pouco do Catarismo e os meus pratos marroquinos ou turcos tornam as pessoas mais sensíveis a uma imersão cultural no Islão (gosto eu de acreditar).

Como a receita hoje é turca, vamos ouvir uma modinha Sufi cantada pelo grandioso Nusrat Ali Khan, para animar e vamos fazer Baklava, uma sobremesa tradicional muito boa.




Recheio

12 folhas de massa phyllo
3 chávenas (ch) de avelãs trituradas
1 ch amêndoas (ou nozes) trituradas

Calda

1 cl café de canela
1/2 cl café de cravinhos partidos
1/4 ch de óleo
1 1/4 ch açúcar mascavado
1/4 ch sumo de limão
2 cl sopa de raspa de limão
2 cl sopa de melaço (ou seiva de ácer, a receita original leva mel)
1 cl chá baunilha

Primeiro de tudo, untar um tabuleiro com um pouco de óleo.

Preparamos a massa phyllo de modo a obter 12 folhas do tamanho do tabuleiro. Deve-se manusear com muito cuidado pois é uma massa muito fina.

Colocamos 6 folhas de massa (devem ser untadas com um pouco de óleo individualmente) no fundo do tabuleiro e espalhamos metade do recheio de frutos secos com cuidado e uniformemente e cobrimos com mais três folhas.

Repetimos o processo e colocamos nova camada de recheio cobertos com a massa e colocamos no forno, untando igualmente a última camada com mais um pouco de óleo.

Depois, com uma faca afiada, fazemos quatro golpes verticais ao longo do tabuleiro de modo a cortar todas as camadas.
Fazemos 5 golpes na horizontal e cortamos cada pedaço diagonalmente. Dá trabalho mas ajuda a cozinhar e dá um aspecto muito bonito.

Pomos no forno a 350 graus durante 20 minutos e baixamos a temperatura para 300 graus e cozinhamos mais 25 minutos ou até estar castanho dourado.

Enquanto isto vai ao forno, preparamos a calda misturando todos os ingredientes num pequeno tacho e aquecemos até espessar.

Assim que a Baklava sair do forno, vertemos a calda uniformente, deixamos arrefecer e servimos.

4 Comments:

At 28.6.11, Blogger Carlos said...

Ninguém me vai levar a mal se disser que os teus posts são, na minha opinião, os mais interessantes e originais. Continua com as excelentes recomendações musicais (e as receitas já agora)!

 
At 29.6.11, Blogger bárbara said...

Este comentário foi removido pelo autor.

 
At 29.6.11, Blogger Rodolfo said...

obrigado pelo encorajamento carlos; farei por manter os textos interessantes ;)

 
At 30.6.11, Blogger ::Andre:: said...

Carlos, há que guardar estes tópicos para ir fazendo em casa :)

 

Enviar um comentário

<< Home