Tattoo or not tattoo
Em algum momento da vida, tomamos a decisão de gravar na pele, de forma indelével, um desenho, uma foto, uma palavra, um símbolo ou um texto.
O que é que nos leva a tomar esta decisão?
Como e quando é que sentimos que é chegado o momento?
Para mim, a decisão final chegou algo tarde em relação à intenção (que tomei há, vá lá, uns 20 anos), mas chegou na altura em que me foi possível e em que senti que a ideia tinha amadurecido (mais do que) o suficiente em mim.
Como, suponho, acontece a toda a gente que o faz uma primeira vez, já tenho planos para uma segunda, até porque o suporte não falta, apenas o que faz o riscador trabalhar.
A decisão quanto ao desenho em si nunca foi um problema, porque nunca deixaria de ser de minha autoria, para que de alguma forma reflectisse um fragmento de mim, mas pergunto-me como faz alguém que, habitualmente, não desenha...
Neste caso a pessoa opta, claro, por um desenho realizado por outra pessoa. A identidade de quem faz esse desenho (um amigo, um autor desconhecido ou, simplesmente, o que encontramos por aí) é relevante?
Porque é que opto por esta imagem específica e não outra, como é que escolho o que me é mais importante?
E em caso de indecisão, escolho, claro, um, dois ou três motivos que me dizem alguma coisa - mas porquê parar por aqui?
Porque não preencher-mo-nos completamente, para suprimir o nosso inquietante horror vacui?
Se não fosse por motivos financeiros, quando é que chegaríamos à conclusão de que já era suficiente e de que já tínhamos encontrado todos os desenhos que nos dizem alguma coisa e que gostaríamos de ter como nossos?
Vejo muitas pessoas com várias tatuagens de temáticas muito distintas e não consigo deixar de me perguntar como é que aquela pessoa se decidiu por tanta coisa, se ainda haverá mais a seguir e porquê.
Será que tudo é significativo, depende de várias fases na vida da pessoa ou, simplesmente, porque sim?
No fundo, o que é que uma determinada imagem nos diz de tão especial que a adoptemos como nossa e a queiramos transportar connosco para sempre?
E despeço-me da colaboração com o blogue da Amplificasom.
Obrigada pela oportunidade e pela paciência de quem me leu.
Etiquetas: vera viana
11 Comments:
Olha por acaso é um dilema para o qual ainda não tenho resposta. Gostava de fazer uma. Já faz tempo que penso mas nunca consegui decidir pelo que fazer nem encontrar algo que digo: " é isto! tenho que ter isto na minha pele". Depois também é o local do corpo onde fazer...
Eu fiz a minha quando ainda tinha uns 16/17 anos. No presente não me diz absolutamente nada e por vezes até me esqueço que a tenho no ombro direito (não, não é o nome da minha avó em chinês).
Fazer uma tatuagem acaba por ser um "casamento" pois é (supostamente) para a vida toda. Fazer uma tatuagem não é carimbar uma carta. Acho que depende muito da tua pessoa e se fazes do teu corpo uma tela apenas porque sim e até é bonito.
Uma tatuagem requer maturidade, consciência. Considero-as histórias que devem ser contadas porque tem um significado e uma razão de ser.
Hei de fazer uma.Continuo à espera que a "coragem" apareça.
Já pensei muito no assunto, e ainda penso, mas não me vejo a fazer uma nos próximos anos.
Li há pouco tempo uma entrevista interessante com o Scott Kelly sobre as tatuagens dele, não sei onde...
tb li isso Susana!
http://www.invisibleoranges.com/2011/07/neurosis-scott-kelly-on-tattoos/
Obrigado, Vera*
Tenho exactamente os mesmos sentimentos do NaSum. Gostava muito mas não sei o quê nem onde.
Eu demorei muitos anos antes de fazer a minha, não por indecisão mas por não ter dinheiro para o que pretendia (do ombro ao cotovelo) e nunca concebi que pudesse ser noutro sítio nem preparei nenhuma ideia ou desenho - quando chegasse a oportunidade, seria o que sentisse na altura, como aconteceu.
naSum e ty, se há indecisão de vossa parte quanto ao local, nada como escolher um sítio que possa ser ocultado facilmente. se a indecisão é quanto ao motivo, mais vale esperar por outra altura...
Não que acontecesse como ao Nuno Teixeira (que a terá feito, talvez, demasiado cedo) e suponho que, mesmo nesses casos, dê sempre para dar continuidade ao que se começou, de modo a poder atribuir-lhe algum (ou outro) significado.
E claro que concordo contigo, Saturnia, quando dizes que é um compromisso "for life" que nunca deve ser tomado de ânimo leve - será para sempre uma parte de nós, por isso é melhor que seja significativo e que nos transmita algo.
Acho que não é bem a coragem que é necessária (pouco custa, ao fim e ao cabo), é mais a determinação, aquela tal decisão final.
Para todos aqueles que estão ainda indecisos (incluindo a Susana Quartin, que deixou de pensar nisso), que apareça na altura certa ou que não apareça de todo...
conforme disse um amigo meu, se as tatuagens não fossem para mostrar continuariam a fazê-las?
A partilha é algo tão bonito... Até nas tatuagens :) A mim, isso de fazerem tatuagens para os outros verem, não me choca, nada mesmo. Acho até que faz parte do "ritual"; agora centrar a essência do fazer a tatuagem nos outros, isso já me faz alguma confusão.
Pensei uma vez em fazer uma tatuagem; a ideia não está completamente de parte, talvez um dia...
Vera, obrigada pela tua colaboração; e este último post foi o remate final. Bjinhos
Assim como, por exemplo, a escrita, Priscilla - se escrevemos, é para alguém nos ler, algum dia, mesmo que afirmemos o contrário.
poucas coisas existem que realizemos exclusivamente para nós próprios...
Mostrar a tatuagem faz parte da coisa toda, como se sabe, mas o mal é quando se faz em função dos outros, como disse a maps.
e já agora, maps, acho que talvez algum/a amigo/a te possa ajudar com a tua decisão, não?
e obrigada, mais uma vez **
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