28 setembro, 2011

The Great Southern Darkness

Tem sido uma descoberta muito gratificante ouvir, de há uns dias para cá, o "The Great Southern Darkness" dos Glorior Belli, editado muito recentemente (que é como quem diz, ontem). É mais um must-have album! 
No perfil do facebook, definem-se como "The perfect blend of desert-rock textures with the brutal, ominous, doom-laden vibe typical of black metal".

Não vos vou falar aqui da minha opinião sobre o álbum (deixo-vos aqui, aqui ou aqui algumas reviews que tem recebido), mas apenas o link a partir do qual o poderão ouvir em streaming e o primeiro video do álbum (que, por acaso, nem é sequer a sua melhor música):


Em 2010, os Glorior Belli editariam o que poderia ter sido o quarto álbum da banda, "The Full Intrepid Experience of Light", não fosse a decisão de o lançarem sob outro nome, "11 As In Adversaries", por o considerarem, de algum modo, mais experimentalista e algo distante da sonoridade black.
"The Night Scalp Challenger" conta com a inconfundível colaboração do Niklas Kvarforth:


E, desta vez, é que é  mesmo a sério - agradeço pela paciência de quem me leu e, em particular, à Amplificasom, pela oportunidade de poder partilhar algumas coisas convosco durante estes dois meses.
Até sempre e continuem a preencher o nosso quotidiano!

Etiquetas:

21 setembro, 2011

Zbigniew Bielak

Embora os tempos sejam diferentes, continuo a gostar de coleccionar CD’s e sinto um prazer muito especial em ter na minha colecção aqueles que acho valerem mesmo, mesmo a pena, o que acontecerá, suponho, ao melómano que cada um dos leitores deste blogue é.
Mas não há melhor do que termos um CD que consideramos uma preciosidade a nível musical e, simultaneamente, uma obra-prima gráfica e é precisamente a propósito que trago algumas das obras do artista polaco Zbigniew Bielak.
Na web, é difícil encontrar referências a outros trabalhos seus que não sejam album covers e o próprio Erik Danielsson refere-se-lhe aqui como "a well-kept secret in the world of metal".
A partir daqui, encontramos as belíssimas obras que cada um de nós pode ter em casa:

"See you in Hell" (2010) dos Deströyer 666:


“Blasphemer’s Maledictions” (2011) dos Azarath:

Aqui, o autor comenta o seu trabalho: “Perverse ornaments, masses of air, venomous malevolence in seemingly soothing forms… Forging these virtues into an image was indeed quite some challenge, even though some seeds of the vision were already couple years old”.

"Welcome to the Morbid Reich" (2011) dos Vader:


"Lawless Darkness" (2010) dos Watain:

E arriscaria dizer que a capa deste álbum nem sequer é a melhor parte, porque todo o artwork é excelente!

E o muito esperado "Abzu" dos Absu:


Não conheço mais capas de álbuns da autoria de Zbigniew Bielak (encontrei associações entre o seu nome e os Behemoth ou os Autopsy, mas nenhuma consegui identificar como sua), mas seguramente que as próximas não nos decepcionarão!

Não podia deixar de referir mais um trabalho excepcional em que ele colaborou com o estúdio Metastazis, para a produção do poster de Watain para comemoração do "Lawless Darkness", impresso com sangue humano (presumivelmente, do próprio Bielak, embora também conste que proveio de um (outro) fã).
Não sei se vos parecerá muito estranho, mas não me importaria nada de ter uma das 111 cópias deste poster... No animals were harmed in the making of this poster, só um humano que, voluntariamente, contribuiu com o seu donativo e creio que ninguém poderá negar que a cor obtida é belíssima...!
Pena é que o "Lawless darkness" não seja tão bom quanto o "Sworn to the dark", mas isso é já outra história...

Etiquetas:

14 setembro, 2011

Gone.

Terminaram, em grande, presenteando-nos com uma trilogia sublime que nos deixou assim, desalentados...
Diz-nos Aaron Weaver na Terrorizer de Setembro: "while we were writing and recording it, we were very consciously treating this as our last album (...) when we were tracking the guitars for the last song, we knew it was the last riff we'd ever record for WITTR".
Com uma firmeza inabalável anunciam-nos, simplesmente, o fim, enquanto engolimos em seco este sentimento de ausência que nos consome, entre vislumbres da beleza que nos estaria reservada.
Assim, sem retorno.

Quanto mais não admiramos um grupo, sobretudo deste calibre, que decide acabar voluntariamente, sem se degradar de álbum para álbum e/ou recorrer a alterações de line-up para tentar retornar um momento único, tantas e tantas vezes que chegam a um ponto em que já não os conseguimos ouvir, por perderem sempre quando comparados com aquilo que foram e já não conseguem ser mais?
Quantos exemplos destes existem?
Poucos, mas meritórios (e muito embora as razões sejam discutíveis)...
Alguns dos que agora me lembro (sem os querer equiparar):

Burning Witch:
Sleep:
Holy Terror:
At The Drive-in:
Dos outros, que se arrastam por aí até à putrefacção (e muito embora possam ter, ocasionalmente, algum interesse), nem vale a pena falar...

Embora toda esta questão seja relativa, é indubitável que existem grupos que são sempre bons (embora nós possamos gostar mais de algum(ns) álbum(ns) do que de outros), mas, confessemos, há poucas bandas assim...
Suponho que haja uma qualquer data-limite a partir da qual uma banda deixa de nos deslumbrar, embora não saiba bem qual é (e nem a própria banda o sabe, a maior parte das vezes).
Lembro-me de grupos de maior (e até menor) longevidade (que não referirei, para não ferir susceptibilidades) que começam, cedo ou tarde, a mostrar sinais de recorrerem a fórmulas, repetindo-as ad nauseam...

Sobretudo, a razão de ser deste post é afirmar a minha admiração pela dignidade de grupos como os que aqui referi, que para mim serão sempre, sempre bons.

Etiquetas:

31 agosto, 2011

Tattoo or not tattoo

Em algum momento da vida, tomamos a decisão de gravar na pele, de forma indelével, um desenho, uma foto, uma palavra, um símbolo ou um texto.
O que é que nos leva a tomar esta decisão?
Como e quando é que sentimos que é chegado o momento?

Para mim, a decisão final chegou algo tarde em relação à intenção (que tomei há, vá lá, uns 20 anos), mas chegou na altura em que me foi possível e em que senti que a ideia tinha amadurecido (mais do que) o suficiente em mim.
Como, suponho, acontece a toda a gente que o faz uma primeira vez, já tenho planos para uma segunda, até porque o suporte não falta, apenas o que faz o riscador trabalhar.

A decisão quanto ao desenho em si nunca foi um problema, porque nunca deixaria de ser de minha autoria, para que de alguma forma reflectisse um fragmento de mim, mas pergunto-me como faz alguém que, habitualmente, não desenha...
Neste caso a pessoa opta, claro, por um desenho realizado por outra pessoa. A identidade de quem faz esse desenho  (um amigo, um autor desconhecido ou, simplesmente, o que encontramos por aí) é relevante?
Porque é que opto por esta imagem específica e não outra, como é que escolho o que me é mais importante?

E em caso de indecisão, escolho, claro, um, dois ou três motivos que me dizem alguma coisa - mas porquê parar por aqui?
Porque não preencher-mo-nos completamente, para suprimir o nosso inquietante horror vacui?
Se não fosse por motivos financeiros, quando é que chegaríamos à conclusão de que já era suficiente e de que já tínhamos encontrado todos os desenhos que nos dizem alguma coisa e que gostaríamos de ter como nossos?
Vejo muitas pessoas com várias tatuagens de temáticas muito distintas e não consigo deixar de me perguntar como é que aquela pessoa se decidiu por tanta coisa, se ainda haverá mais a seguir e porquê.
Será que tudo é significativo, depende de várias fases na vida da pessoa ou, simplesmente, porque sim?

No fundo, o que é que uma determinada imagem nos diz de tão especial que a adoptemos como nossa e a queiramos transportar connosco para sempre?

E despeço-me da colaboração com o blogue da Amplificasom.
Obrigada pela oportunidade e pela paciência de quem me leu.

Etiquetas:

23 agosto, 2011

Variety is the spice of life - William Cowper

Por me agradarem as fusões de géneros musicais diferentes, trago alguns dos exemplos (começando, em cada caso, pelo original, que destaco, sublinhando) que sempre considerei dos mais interessantes:

"Marche Funèbre" de Frédéric Chopin, composta em 1837:



uma versão de Candlemass, do álbum "Nightfall" de 1987:



"Through Corridors of Oppression" dos suecos Shining, do split de 2003 (com Dolorian) , reeditada na compilação "Through Years of Oppression" de 2004:




"Hut on Fowl's Legs (Baba-Yagá)" da suite em dez andamentos "Quadros de uma Exposição" composta em 1874 por Modest Petrovich Mussorgsky:



e "Baphomet's Throne" do excelente "Ceremony of Opposites" de 1994, dos Samael:



"Serenata ao Luar" (primeiro andamento da Piano Sonata No. 14 in C minor "Quasi una fantasia", Op. 27, No. 2), concluída em 1801, pelo Old Ludwig Van:


e "Attiosextusenfyrahundra" do álbum Halmstad de 2007, dos Shining:

  
"Júpiter" da suite em sete andamentos "Os Planetas", composta entre 1914 e 1916 por Gustav Holtz (peço desculpa pelo vídeo, algo new-age, mas não encontrei melhor):



e a "Hammerheart" do álbum "Twilight of the Gods" de 1991 do grande génio, infelizmente já não entre nós (a adaptação torna-se mais evidente, no original, a partir dos 3 minutos):




"La Mer", composição em três andamentos de Claude Débussy, concluída em 1905:



e "la Mer", de 1999, de Nine Inch Nails, embora a influência seja apenas evidente pelo título e semelhança entre as atmosferas sonoras (aqui):


Existem, claro, outras adaptações de músicas clássicas, por grupos como Children of Bodom, Evanescence, TransSiberian Orchestra, Savatage ou Manowar ou o próprio Yngwie Malmsteen, mas confesso que nenhum me interessa minimamente, mas isto sou eu, que sou esquisita...
Estas que aqui refiro, pelo contrário, sempre me acompanharam...


E vocês, conhecem, outros exemplos do género?


E termino com uma música que, não sendo nenhuma adaptação de um clássico, tem uma mensagem intemporal: 



Etiquetas:

16 agosto, 2011

"I would like to make it clear (...), that there will definitely be NO reunion of all four original members of Black Sabbath, whether to record an album or tour."

Aproveito a notícia quente do dia para reflectir aqui sobre o assunto.
Por esta altura, já todos devem saber (aqui, aqui ou aqui), que os Black Sabbath voltaram à formação original (o que não acontecia desde 1978), prometendo tours e pelo menos um álbum de originais. 


Embora todos desejemos ver Black Sabbath ao vivo, pelo que foram e pela importância seminal para tudo o que ouvimos hoje, não posso deixar de me sentir algo duvidosa em relação a este regresso...

Vasculhando a minha (fraca) memória, não encontro exemplos semelhantes que tenham dado bons resultados (embora este juízo de valor seja, obviamente, discutível): ocorre-me o regresso à formação original dos Slayer ou dos Anthrax, mas confesso que os deixei de os seguir desde o início dos 90's (por desinteresse pelo que fizeram desde então) e dos Sabbat, que se limitaram às digressões (quero crer que ajuizadamente)  e não chegaram a editar álbum nenhum.
Os System of a Down também estão a aparecer por aí, entretanto, agora andam a multiplicar-se por digressões...


Pessoalmente, prefiro guardar na memória tudo o que a música dos Black Sabbath sempre me transmitiu, mas não deixarei, claro, de ouvir o que eles lançarem (imagino que não sem um amargo de boca) e de vibrar, como toda a gente, se houver a oportunidade de passarem por cá...

Mas isto sou eu, completamente aficionada, desde os inícios de 80, pelos early years dos Black Sabbath...
E vocês, estão entusiasmados com a ideia?

(A frase do título (retirada daqui) é do Geezer Butler, foi declarada em Fevereiro de 2011  e prova muita coisa além do habitual "nunca digas nunca")

Falso Alarme...
o próprio Toni Iommi diz, aqui:
"I'm saddened that a Birmingham journalist whom I trusted has chosen this point in time to take a conversation we had back in June and make it sound like we spoke yesterday about a Black Sabbath reunion.
At the time I was supporting the Home of Metal exhibition and was merely speculating, shooting the breeze, on something all of us get asked constantly, "Are you getting back together?"
Thanks to the internet it's gone round the world as some sort of "official" statement on my part, absolute nonsense.  I hope he's enjoyed his moment of glory, he won't have another at my expense.
to my old pals, Ozzy, Geezer and Bill, sorry about this, I should have known better.
All the best, Tony"

Se viram, como eu, o desenvolvimento desta notícia ao longo do dia e a divulgação por sites e facebook compreendem o buraco que é...

Etiquetas:

10 agosto, 2011

nodding ou old-school headbanging?

já se falou por aqui da interacção dos grupos com o público nos concertos, mas os que vi este ano têm-me levantado algumas questões a propósito...

todos nós gostamos de absorver a energia que emana de espectáculos tão brutais que dispensam qualquer interactividade com o público. quando terminam, ficamos com a sensação de que, se esta tivesse existido, teria sido completamente desnecessária e mesmo, em alguns casos, estranha.

outras interacções há que fazem todo o sentido e muito acrescentam a toda a experiência e ficamos a admirar (ainda mais) os músicos por isso, especialmente, quando sabemos que gostaram da nossa reacção.
chato é quando vemos o mesmo grupo a ter a mesmíssima interacção numa altura diferente - pessoalmente, não consigo deixar de pensar quanto é espontâneo, afinal de contas, e quanto é ensaiado...

há, por outro lado, outras interacções que são um perfeito disparate, a meu ver, tão desnecessárias quanto ridículas... recordo-me de grupos que só nos sabem falar de como se faz música de grande qualidade em portugal, de nos darem dois ou três exemplos de amigalhaços, esquecendo-se de tantos outros (comprovadamente melhores) e de apelarem a sentimentos bairristas ou clubismos.
surpreendem-me as reacções exageradas do público a estas provocações populistas e desprovidas de significado...
e pergunto-me - será que é só isto que estes gajos nos têm para dizer?
e se actuarem fora de portugal, o que dirão?

em todos os concertos a que vou, tento, a certa altura, observar o público atrás de mim.
tenho pena de o não poder fazer mais frequentemente ou não o poder fotografar - imagino que qualquer pessoa a meio de um concerto detestaria sentir-se observada e fotografada...
não imaginam as expressões que se observam - desde o êxtase (quase) completo até à fúria mais agressiva...

e todo este manancial de expressividades é observado apenas por quem está no palco...
pergunto-me como é que os músicos comentam entre si a reacção do público no final de um concerto, para além da treta do costume de que "you guys really rock" e "best audience ever"...

e outra (velha) questão: como é que cada um de nós sente e reage à música de que gosta?
porque é que a mim certas músicas me fazem vibrar, contorcer e pôr a cabeça a abanar quase sem que eu dê por isso e a outras pessoas, no mesmo concerto, as mesmas músicas fazem andar aos encontrões e pontapés, voar por cima do público ou, simplesmente, acenar com a cabeça....?

e se dantes sentíamos a música abanando a cabeça, porque é que agora a maioria do que vejo no público é um (e sem ofensa, de espécie alguma) desenxabido nodding?
ok, não digo que não estejam a "curtir" a música, mas o que é que mudou, de há uns anos para cá?
o público adaptou-se a novas sonoridades e a música foi evoluindo por subgéneros interessantíssimos, já sabemos, e, ok, a reacção de cada um depende também da própria música, mas muitas vezes me sinto algo desenquadrada quando me apetece abanar a cabeça...

Etiquetas:

02 agosto, 2011

Fragmentos daquilo que somos

Não é descoberta nenhuma dizer que a Arte sempre esteve ligada a todos os aspectos da nossa vida, embora o próprio conceito de Arte seja discutível e dependente do modo como a vemos e sentimos, porque parte daquilo que somos e do que conhecemos.

Tomei a opção de enveredar pelas Artes Plásticas, e embora já me tenha arrependido algumas vezes (não tanto pela área em si ou pelas suas possibilidades, mas pelo diminuto papel e valor que (não) lhe reconhecem e pela intelligentsia académica), sinto sempre que me arrependeria ainda mais se não tivesse escolhido este caminho – na verdadeira acepção da expressão: damned if you do it, damned if you don’t.
Por necessidade de uma reflexão pessoal sobre as minhas próprias opções, aproveito esta oportunidade para partilhar convosco alguma das referências que, em certa medida, me definem.

Há alguns autores cuja obra me agrada particularmente e outros que me dizem ou disseram muito em certas fases da minha vida, mas não posso dizer que tenho um conhecimento muito actualizado do que se faz hoje em dia, não só porque, a maior parte das vezes, pouco me interessa mas porque me afastei desses domínios, por ter encontrado outros, mais trabalhosos e difíceis mas, estranhamente, mais recompensadores.


Embora existam muitos outros autores que poderia aqui colocar, preferi seleccionar alguns dos mais importantes, até por necessidade de concisão - seria como se me pedissem para indicar os meus grupos ou músicas preferidos - teria material para muitos e muitos posts...


Não sei se o tema pode ser de interesse para alguém, mas, quanto mais não seja, postam-se mais belas imagens, neste blogue tão diversificado. 
Estas são, digamos, imagens representativas da obra de alguns desses autores que, pelo muito que já me disseram, tornaram-se, de algum modo, parte de mim.
Não são também as nossas referências que nos definem?

Caspar David Friedrich Der Mönch am Meer, 1808-10
Ernst Fuchs A Woman´s Reflection in a Row of Houses, 1946
Frantisek Kupka Resistance, or The Black Idol, 1903
(os aficionados pelo mito clássico dos vampiros poderão reconhecer esta imagem do filme do Coppola)
Fernand Khnopff, The Abandoned Town, 1904

Hans Bellmer (imagem retirada daqui)
Hieronymus Bosch, The Tempation Of St. Anthony, 1510
(vale a pena ir ao MNAA para ver este tríptico fabuloso)
Jean Delville, Parsifal, 1890
Katsushica Hokusai, The Great Wave of Kanawaga, 1830-33
(a minha gravura preferida de Hokusai é esta, mas não a posso colocar aqui)
M.C. Escher, Reptiles, 1943
Max Ernst, The Robbing of the Bride, 1940
Johann Heinrich Füssli, The Nightmare, 1782
Albrecht Dürer, Melencolia I, 1510


Etiquetas: