13 outubro, 2009

Rapidinhas...

Elizabeth Cotten - Shake Sugaree [Smithsonian Folkways 2004]
Nascida em 1893, Elizabeth Cotten foi uma autodidacta que aos oito anos aprendeu a tocar guitarra dando escapadelas ao quarto do irmão sempre que ele não estava. Não sendo destra, Cotten lá se desenrascou virando a guitarra ao contrário acabando por desenvolver um estilo muito próprio que só viria a ser descoberto cerca de quarenta anos mais tarde pois aos doze foi obrigada a trabalhar como doméstica e três anos mais tarde já tinha o primeiro filho. Felizmente, o seu patrão apercebeu-se das suas qualidades como guitarrista lançando o seu primeiro álbum cujo single “Freight Train” escrito aos doze anos foi top 5 no Reino Unido. A partir daí, Elizabeth Cotten tornou-se numa das figuras mais importantes da folk. Bob Dylan ou os Grateful Dead fizeram covers, John Fahey roubou-lhe tiques, e malta como Devendra Banhart provam que o espírito e intemporalidade da sua música continuam entre nós. Vale a pena descobrir a música e a vida desta Senhora, uma lição. Fushitsusha - Withdrawe, This Sable Disclosure Ere Devot'd [Victo 1998]
Os Fushitsusha foram uma das bandas mais emocionais e criativas da cena japonesa que tinha como o seu mentor uma figura proeminente e inesquecível: Keiji Haino. Descrever o seu som não é fácil, mas pensem em ruído apaixonado e silêncio derramado. Música contemplativa e assombrosa, som na cauda do “japanoise”.
Este álbum ao vivo cujo título não consigo traduzir é (mais) uma prova da inconvencionalidade e da pureza da Música como forma de arte. É também História, é viajar dos sessenta com os Taj Mahal Travellers e os New Direction Unit (em breve falo de Masayuki Takayanagi), passar pelos Acid Mothers Temple e Ghost até a Zorn e aos Sonic Youth. Se estas palavras vos despertaram algum interesse, sugiro que comecem pelo duplo “Live II” e deixem-se levar… Headdress - Lunes [No Quarter 2009]
Tiago Teixeira escreveu via mail:
"Um projecto americano do texas, com grande flow psicadélico, drone e um cheirinho a blues, faz lembrar Earth. Experimenta, não te arrependes." Tinha razão, não me arrependi...
Iancu Dumistrescu + Ana-Maria Avram [Edtition Modern 1992]
Falei do Iancu aqui. Esta rapidinha é mesmo só para realçar que a sua esposa Ana-Maria Avram é tão boa quanto Dumistrescu e esta colaboração é uma prova disso. É pena é não se encontrar grande informação na net. Se alguém souber que apite, estou interessado.
Kazuki Tomokawa - Inakamono No Kara Genki [PSF 2009]
A PSF é a melhor editora japonesa, ponto. É verdade que conhecer todo o seu catálogo desde oitentas e tal seria uma aventura vitalícia, mas de vez em quando lá vou eu espreitar uma ou outra coisa só por ter o carimbo PSF. Foi o caso de Kazuki Tomokawa e o seu acid-folk. Interessante álbum do ponto de vista cultural, aprendemos algo com a sua maneira idiossincrática de cantar logo ao primeiro tema. Não é algo que rode muitas vezes, mas talvez venha a pesquisar mais sobre a vida deste senhor.MadLove - White with Foam [Ipecac 2009]
Tenho a Ipecac em muito boa conta, se tenho, mas esta nova banda do ex-Mr.Bungle Trevor Dunn…. Não queria chamar-lhe “banhada” pois a culpa é provavelmente minha, mas se já ouviram p.f. convençam-me a dar-lhes uma nova oportunidade. Malvina Reynolds - Sings the Truth [Columbia 1967]
E se a nossa avó assim de um momento para o outro começasse a compôr belos temas e a gravar discos? Malvina Reynolds, avó de alguém certamente, editou o seu primeiro álbum aos sessenta e picos. Não é que nunca tivesse demonstrado interesse, mas uma vida de “perseguição” (estamos a falar duma família judaica a viver na América e contra a primeira guerra mundial) aliada à época da grande Depressão onde judeus e mulheres dificilmente arranjariam trabalho levou a que a música tenha aparecido como forma de protesto e revolta numa campanha política onde Malvina acabou por tocar um tema seu ao vivo. Foi o início de uma carreira tardia, mas ainda a tempo de deixar a sua marca e temas como “Little Boxes” que todos nós conhecemos da série Weeds. Sparkling Horse & Fennesz - In the Fishtank [In the Fishtank 2009]
Escrever sobre um álbum que ainda não ouvi, aqui vale mesmo tudo. Tenho o Fennesz em grande conta tal como estas edições únicas da In the Fishtank, mas não ando com pica para este tipo de sons e talvez precise de algum entusiasmo. Se já ouviram digam-me coisas.

12 Comments:

At 13.10.09, Blogger Adriano said...

André,

Deixa-te do fennesz e pega no último de Ben Frost. Esse sim, album do ano na sua categoria :-)

http://www.myspace.com/theghostofbenfrost

Bujarda equivalente ao último de converge só que mais viciante :)

 
At 13.10.09, Blogger naSum said...

E coisas de homem andré? HOMEM!!

 
At 13.10.09, Blogger amebix said...

Grande Elisabeth Cotten

 
At 14.10.09, Blogger noisea said...

Muita coisa interessante. Sobretudo as senhoras.

gostei de ler

pedro nunes

 
At 14.10.09, Blogger ::Cardoso:: said...

Estou de acordo com o primeiro comentário.
André... deixa-te do Fennesz!!! Já lá vai o tempo em que ele era o Jimmy Hendrix do Laptop.
E este disco é bastante fraco.

 
At 14.10.09, Blogger Nny said...

Fushitsusha.
Só descubro coisas boas aqui :)

 
At 14.10.09, Blogger ::Andre:: said...

Luís, define "coisas de HOMEM" p.f. :P

 
At 14.10.09, Blogger naSum said...

Coisas de HOMEM andré! Coisas de HOMEM!!!

 
At 14.10.09, Blogger Luís Pires said...

Quanto a Madlove: ouvio-os no atp e fiquei mais ou menos com a opinião que escreveste. Não me suscitou interesse em ir ouvir em cd.

 
At 14.10.09, Blogger Luis said...

Fushitsusha chega para assustar muitos homens de barba feita ;)

 
At 15.10.09, Blogger Joana Coimbra said...

ouvi por alto madlove e não me deu vontade de repetir, mas mesmo assim props po trevor dunn por ter as balls pa fazer o que lhe apetece

 
At 19.10.09, Blogger ::Andre:: said...

Não têm todos? Pelo menos dentro deste universo acho que todos fazem aquilo que gostam..

 

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