Já o vi duas vezes, tou curioso por saber o que tinhas para me dizer. Pelo que entendi, esta curta mostra aquilo que a foto do Lucien Hervé não consegue, certo?
o cinema e a fotografia são artes substancialmente diferentes, e creio que não podem ser comparadas. A grande diferença é a forma como elas lidam com o tempo. O cinema, tal como a música, é uma arte do tempo, da sua passagem. Já a fotografia não têm tempo, ou se quisermos tem apenas um que é apenas pessoal - que é o tempo que demoramos a olhar ou analisar uma fotografia. A fazer uma comparação teria de ser por exemplo com a pintura ou escultura. Contudo todas elas me parecem irrelavantes, porque são artes e suportes diferentes e devem ser lidos e pensados na forma que têm.
Sou uma perfeita leiga no que diz respeito a cinema, mas esta curta impressionou-me... não diria perfeito, mas está lá muito perto.
A fotografia deixa-me fazer a minha própria interpretação, o que me agrada bastante. Não digo que com o cinema não o faça, mas para mim torna-se mais difícil. Lá está, não sou entendida na matéria.
Não precisas de ser entendida na matéria, acho que a maior percentagem na avaliação de qualquer tipo de arte provém da emoção. Podes ver um filme ou ouvir uma música e de seguida sentires-te calma ou inspirada, consolada, enervada, animada, relaxada, etc e acima de tudo é o que interessa.
Em relação ao comentário do Pereira, qual foi o último filme em que a fotografia vos deixou completamente rendidos? É que já não se vê muito disto ultimamente, mas os últimos do Jarmusch e do Von Trier marcaram-me.
p, mesmo achando que nenhuma arte é comparável mas admitindo que podem-se fundir mesmo as mais improváveis, porquê que dizes que a escultura e a pintura são comparáveis e o cinema e a fotografia não? Percebo o ponto de vista sobre o tempo, mas mesmo assim é discutível. Esta curta une a fotografia com o cinema e não seria a primeira vez que víamos uma instalação sonora numa exposição de um pintor. De qualquer maneira, concordo com a tua última frase.
Joana, o cinema também te deixa fazer a tua própria interpretação. Se metermos dez pessoas numa sala a ver um filme do Lynch, por exemplo, chegamos ao fim com dez interpretações diferentes.
O ultimo filme cuja fotografia me deixou mesmo "wow!!" foi o "Tetro", do Coppola... E nem gostei muito do filme (aquele plot dava um livro melhor do que um filme).Mas a fotografia está genial...
Andre, para mim aqui a questão fundamental na divisão das artes é mesmo a forma como elas lidam (ou não) com o tempo. eu acho que não se devem comparar pintura ou escultura ou fotografia. o que disse era que a fazer uma comparação esta seria a que poderia ainda assim revelar pontos de contacto, do mesmo modo que de artes que lidam com o tempo o teatro só poderia ser comparado com a dança, no sentido em que lida com o tempo activamente e os momentos nunca se repetem (ao contrario do cinema e da video-arte, por exemplo). mas volto a frisar a ideia que não são comparáveis.
para mim esta curta não une a fotografia ao cinema, pois o o cinema é uma arte que pela sua natureza já incorpora outras artes como a fotografia, a música, a escrita, a etc. o que esta curta faz é uma adaptação cinematográfica de uma fotografia, da mesma forma que há adaptações literárias, de bd, de pintura, etc.
Pereira, o que eu mais gosto neste renascimento do Coppola é que ele está de volta aos filmes de autor e ao melhor que eles têm: o prazer de se ver cinema. Nem o Tetro nem o Youth Without Youth me deixaram rendido, mas são grandes sessões de cinema cheios de detalhes. Percebo o que queres dizer, mas o Tetro é para mim um dos filmes do ano. Em relação à fotografia, para mim não é tão marcante como os que mencionei em cima.
provavelmente a opinião que aqui escrevo não esteja tão fresca aquando da publicação, mas, e se ainda vou a tempo, respondendo à questão "qual arte é a mais poderosa", o cinema ou a fotografia... tudo depende do plano em que falamos, se for o pessoal podemos afirmar quase tudo o que quisermos, mas também não faz mal invocar os estudos de estética que nos diz que as artes são classificadas por temporais, espaciais e mistas, sendo o cinema uma arte mista porque tem a intervenção de outras disciplinas artísticas, logo não poderá ser interpretada somente por arte temporal ou espacial. a compreensão de uma obra, no primeiro momento, provoca uma necessidade da apreensão total da obra que depois exige uma segunda compreensão, a compreensão de cada uma das suas partes.
não se trata da exclusividade de uma parte... ou teria o movimento do vento o mesmo significado se não fosse esta a composição da imagem? sem uma destas partes não existe a mesma total significação da obra. no cinema, todas as partes são importantes, mesmo tendo elas características diferentes, quando falamos do cinema sem uma obra particular interpretada; na minha opinião uma parte não faz a obra, mas sim a sua totalidade. não faz sentido dividirmos o cinema e fotografia se quisermos fazer uma interpretação completa da obra, MAS, se quisermos destacar uma parte da obra, neste caso, em particular, podemos fazê-lo. acho que só faz sentido destacar essa parte numa arte mista quando estamos a apreender uma obra em particular, neste caso "szél". dar mais importância a uma das partes sem termos nada em concreto para interpretar ou avaliar não é justificável porque a fotografia de um filme é diferente da de outro, pode ser boa ou má assim como o som difere de um filme para outro.
Atenção que, os estudos de estética que nos dizem que as artes são classificadas por temporais, espaciais e mistas não enaltecem ou desvalorizam qualquer das disciplinas, apenas as categorizam. Por mais que se interpolem acabam por ser sempre distintas, quando tal junção acontece devem ser tratadas como uma obra só. Como disse o Nighttime, "a compreensão de uma obra, no primeiro momento, provoca uma necessidade da apreensão total da obra" , descarna-las pouco sentido tem, sendo que só prejudica a avaliação objectiva e a compreensão da obra em causa. É como ter um disco de peças compostas para instalações e ouvi-lo em casa...perde enfase e fica descontextualizado. Neste caso, a curta metragem é uma interpretação livre da fotografia do Hervé. O resto deve ser ajuizado apenas com a curta em mente.
Dromos em momento algum falei em desvalorizar ou descartar, classificar as artes passa apenas por categorizá-las devidamente, já que neste caso o cinema nunca se poderá assumir como "arte única" e solitária. Não podemos falar de cinema, enquanto conceito abstracto, e elevar uma disciplina particular do cinema a uma outra porque é por si só um conceito abstracto, agora tendo um objecto em mãos podemos avaliar dizendo que neste caso a fotografia está boa ou não, essa interpretação depende de quem a assimila. Se é uma interpretação livre de Hervé, essa é outra questão. O intérprete pode ou não pode ter esse background. Já agora... "a Nighttime" :)
Alguém sabe qual era o contexto original da foto? Eu não entendo nada de aspectos artísticos e técnicos relacionados com cinema ou fotografia, mas esta curta é deliciosa.
20 Comments:
bem bonito
Já o vi duas vezes, tou curioso por saber o que tinhas para me dizer. Pelo que entendi, esta curta mostra aquilo que a foto do Lucien Hervé não consegue, certo?
Isto leva-me a perguntar o seguinte: que arte acham mais poderosa, o cinema ou a fotografia?
Ambas!!
a resposta "cinema" inclui também "fotografia", por isso...
Mereceu o prémio. Existem prémios de melhor fotografia no cinema, por isso não se deve discernir entre as duas.
è por estes posts que vejo este blog todos os dias :) além dos concertos claro!
o cinema e a fotografia são artes substancialmente diferentes, e creio que não podem ser comparadas. A grande diferença é a forma como elas lidam com o tempo. O cinema, tal como a música, é uma arte do tempo, da sua passagem. Já a fotografia não têm tempo, ou se quisermos tem apenas um que é apenas pessoal - que é o tempo que demoramos a olhar ou analisar uma fotografia. A fazer uma comparação teria de ser por exemplo com a pintura ou escultura. Contudo todas elas me parecem irrelavantes, porque são artes e suportes diferentes e devem ser lidos e pensados na forma que têm.
Sou uma perfeita leiga no que diz respeito a cinema, mas esta curta impressionou-me... não diria perfeito, mas está lá muito perto.
A fotografia deixa-me fazer a minha própria interpretação, o que me agrada bastante. Não digo que com o cinema não o faça, mas para mim torna-se mais difícil. Lá está, não sou entendida na matéria.
Não precisas de ser entendida na matéria, acho que a maior percentagem na avaliação de qualquer tipo de arte provém da emoção. Podes ver um filme ou ouvir uma música e de seguida sentires-te calma ou inspirada, consolada, enervada, animada, relaxada, etc e acima de tudo é o que interessa.
Em relação ao comentário do Pereira, qual foi o último filme em que a fotografia vos deixou completamente rendidos? É que já não se vê muito disto ultimamente, mas os últimos do Jarmusch e do Von Trier marcaram-me.
p, mesmo achando que nenhuma arte é comparável mas admitindo que podem-se fundir mesmo as mais improváveis, porquê que dizes que a escultura e a pintura são comparáveis e o cinema e a fotografia não? Percebo o ponto de vista sobre o tempo, mas mesmo assim é discutível. Esta curta une a fotografia com o cinema e não seria a primeira vez que víamos uma instalação sonora numa exposição de um pintor. De qualquer maneira, concordo com a tua última frase.
Joana, o cinema também te deixa fazer a tua própria interpretação. Se metermos dez pessoas numa sala a ver um filme do Lynch, por exemplo, chegamos ao fim com dez interpretações diferentes.
O ultimo filme cuja fotografia me deixou mesmo "wow!!" foi o "Tetro", do Coppola... E nem gostei muito do filme (aquele plot dava um livro melhor do que um filme).Mas a fotografia está genial...
Andre, para mim aqui a questão fundamental na divisão das artes é mesmo a forma como elas lidam (ou não) com o tempo. eu acho que não se devem comparar pintura ou escultura ou fotografia. o que disse era que a fazer uma comparação esta seria a que poderia ainda assim revelar pontos de contacto, do mesmo modo que de artes que lidam com o tempo o teatro só poderia ser comparado com a dança, no sentido em que lida com o tempo activamente e os momentos nunca se repetem (ao contrario do cinema e da video-arte, por exemplo). mas volto a frisar a ideia que não são comparáveis.
para mim esta curta não une a fotografia ao cinema, pois o
o cinema é uma arte que pela sua natureza já incorpora outras artes como a fotografia, a música, a escrita, a etc. o que esta curta faz é uma adaptação cinematográfica de uma fotografia, da mesma forma que há adaptações literárias, de bd, de pintura, etc.
Pereira, o que eu mais gosto neste renascimento do Coppola é que ele está de volta aos filmes de autor e ao melhor que eles têm: o prazer de se ver cinema. Nem o Tetro nem o Youth Without Youth me deixaram rendido, mas são grandes sessões de cinema cheios de detalhes. Percebo o que queres dizer, mas o Tetro é para mim um dos filmes do ano. Em relação à fotografia, para mim não é tão marcante como os que mencionei em cima.
p, a fotografia é arte ou é possível fazer arte com a fotografia?
provavelmente a opinião que aqui escrevo não esteja tão fresca aquando da publicação, mas, e se ainda vou a tempo, respondendo à questão "qual arte é a mais poderosa", o cinema ou a fotografia...
tudo depende do plano em que falamos, se for o pessoal podemos afirmar quase tudo o que quisermos, mas também não faz mal invocar os estudos de estética que nos diz que as artes são classificadas por temporais, espaciais e mistas, sendo o cinema uma arte mista porque tem a intervenção de outras disciplinas artísticas, logo não poderá ser interpretada somente por arte temporal ou espacial. a compreensão de uma obra, no primeiro momento, provoca uma necessidade da apreensão total da obra que depois exige uma segunda compreensão, a compreensão de cada uma das suas partes.
não se trata da exclusividade de uma parte... ou teria o movimento do vento o mesmo significado se não fosse esta a composição da imagem? sem uma destas partes não existe a mesma total significação da obra. no cinema, todas as partes são importantes, mesmo tendo elas características diferentes, quando falamos do cinema sem uma obra particular interpretada; na minha opinião uma parte não faz a obra, mas sim a sua totalidade. não faz sentido dividirmos o cinema e fotografia se quisermos fazer uma interpretação completa da obra, MAS, se quisermos destacar uma parte da obra, neste caso, em particular, podemos fazê-lo. acho que só faz sentido destacar essa parte numa arte mista quando estamos a apreender uma obra em particular, neste caso "szél". dar mais importância a uma das partes sem termos nada em concreto para interpretar ou avaliar não é justificável porque a fotografia de um filme é diferente da de outro, pode ser boa ou má assim como o som difere de um filme para outro.
perdoem-me o entusiasmo...
Tás à vontade Nightime, o teu entusiasmo é bem-vindo :)
Atenção que, os estudos de estética que nos dizem que as artes são classificadas por temporais, espaciais e mistas não enaltecem ou desvalorizam qualquer das disciplinas, apenas as categorizam.
Por mais que se interpolem acabam por ser sempre distintas, quando tal junção acontece devem ser tratadas como uma obra só. Como disse o Nighttime, "a compreensão de uma obra, no primeiro momento, provoca uma necessidade da apreensão total da obra" , descarna-las pouco sentido tem, sendo que só prejudica a avaliação objectiva e a compreensão da obra em causa.
É como ter um disco de peças compostas para instalações e ouvi-lo em casa...perde enfase e fica descontextualizado.
Neste caso, a curta metragem é uma interpretação livre da fotografia do Hervé.
O resto deve ser ajuizado apenas com a curta em mente.
Dromos em momento algum falei em desvalorizar ou descartar, classificar as artes passa apenas por categorizá-las devidamente, já que neste caso o cinema nunca se poderá assumir como "arte única" e solitária. Não podemos falar de cinema, enquanto conceito abstracto, e elevar uma disciplina particular do cinema a uma outra porque é por si só um conceito abstracto, agora tendo um objecto em mãos podemos avaliar dizendo que neste caso a fotografia está boa ou não, essa interpretação depende de quem a assimila. Se é uma interpretação livre de Hervé, essa é outra questão. O intérprete pode ou não pode ter esse background. Já agora... "a Nighttime" :)
Alguém sabe qual era o contexto original da foto? Eu não entendo nada de aspectos artísticos e técnicos relacionados com cinema ou fotografia, mas esta curta é deliciosa.
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