14 abril, 2010

Free jazz em vinil


Descobri ontem que o próximo álbum do saxofonista alemão Peter Brotzmann será lançado apenas em disco de vinil, nada de CD. Para quem vive distante do polo EUA-Europa-Japão, essa não é uma informação muito animadora: importar um LP não é tão prático (e, às vezes, barato) quanto receber do exterior um CD ou um livro. Se a (gradual) retomada do mercado de vinil é uma feliz notícia para quem gosta do formato, por outro lado cria um problema novo: poucos lançamentos que são editados hoje apenas em LP chegam ao Brasil. As grandes lojas de discos daqui têm, aos poucos, ofertado alguns títulos: mas o processo é lento e bem mais caro do que o formato digital. Aqui no Brasil eu consigo pagar US$ 20, US$ 25 em um CD importado. Mas, dificilmente, acharei um LP (lançamento) por menos de US$ 50. E, nos últimos anos, figuras das mais importantes do free jazz (além de Brotz, Charles Gayle, David S. Ware, Mats Gustafsson) lançaram alguns títulos apenas no formato LP. Para quem está deste lado do Atlântico, tais discos tornam-se muito mais uma miragem do que uma possibilidade de consumo.

Há apenas uma fábrica de LPs em atividade no Brasil _tendo voltado à funcionar somente neste ano. Estava fechada desde 2007. Dessa forma, discos em versão nacional, mais baratos, são raros nesse momento. Na área jazzística, há muito tempo não é lançado um vinil... Para quem gosta do formato, resta procurar discos usados nos diversos sebos* espalhados pelas cidades. Com um pouco de sorte, dá para achar material de primeira, bem conservado, por preços razoáveis.

Mesmo na seara do free jazz, é possível, com muita paciência, encontrar algum vinil empoeirado e esquecido na estante de algum sebo. Infelizmente, em minhas longas peregrinações nos últimos anos, nunca tive a oportunidade de me deparar com um vinil de Brotzmann, Kaoru Abe, Frank Wright, Masayuki Takayanagi, Evan Parker. Mas sei que álbuns originais desses músicos são também difíceis de serem encontrados (e caros quando o são) aí na Europa. Digo Europa de forma ampla e genérica: aproveito e pergunto: como está o mercado de vinil em Portugal? O acesso a títulos novos é fácil? E o mercado de discos raros/usados?

*sebos é como são chamadas as lojas que vendem livros e discos usados.

6 Comments:

At 14.4.10, Blogger Tiago Esteves said...

Da minha experiência, o acesso é relativamente fácil. Tenho visto nas lojas as últimas novidades. Por outro lado, há bastantes distros na Europa o que possibilita meter as mãos nos lançamentos que quero.

Qt aos discos usados o problema é maior. Acho que em PT os usados são excessivamente caros e qt a mim já pouco compensa comprar discos usados.

 
At 15.4.10, Blogger ::Andre:: said...

É fácil Fabricio, a internet continua a ser o sítio mais barato para comprar música, mas as lojas portuguesas têm cada vez mais uma oferta de qualidade e diversidade. Podemos ir fazer um diggin' a um sábado à tarde e encontrar facilmente discos de free-jazz (ou qualquer outro espectro).

A ideia que tenho do Brasil, embora nunca aí tenha ido, é que está bem fora do mapa musical seja em relação a edições discográficas como em relação aos concertos. Quantos concertos vês por mês?

 
At 15.4.10, Blogger ::Andre:: said...

Ah, atenção que também nunca encontrei um Abe ou um Takayanagi, ambos sabemos o quão caros são os discos deles.

 
At 15.4.10, Blogger Rodolfo said...

O mercado por cá não anda mau se se souber onde procurar.

Como foi dito em cima, as novidades aparecem sem grande dificuldade e as raridades vão aparecendo de vez em quando nas lojas de usados.

Cá pelo Porto há lojas simpáticas mas em Lisboa há uma que tem mesmo de ser referência (e referenciada) que é a Discoleção; é uma loja muito orientada para os 60's e 70's (com alguns 80's e coisas mais recentes) onde se podem encontrar coisas maravilhosas (como as primeiras edições de NEU! por exemplo), dentro dos espectros mais experimentais dessas décadas.

Foi lá que arranjei muitos dos álbuns de Kraftwerk que tenho, incluindo o (muito apreciado por mim) Ralf und Florian.

Indo a Lx, a passagem na Cç do Duque é obrigatória (conterrâneos, corrijam-me se entretanto a loja tiver mudado de sítio)!

Seja como for, há sempre o eBay, através do qual tenho conseguido algumas pérolas a preços mais ou menos simpáticos.

 
At 15.4.10, Blogger Fabricio Vieira said...

Andre, especialmente na seara free jazz/improvised music são raros os shows que podem ser apreciados no Brasil. Os últimos grandes que vimos nesse campo foram Phil Minton (Speeq) e Ivo Perelman, em outubro de 2009!
Quem apenas aprecia rock (alternativo ou mainstream), tem tido muito mais oportunidade de presenciar grandes nomes no palco _São Paulo e Rio estão na rota de grandes turnês.
Já os poucos festivais/eventos de jazz que existem costumam previlegiar músicos mais da moda, como Madeleine Peyroux e Brad Meldhau (ambos vieram em 2009 e retornam no mês que vem). Para vc ter uma ideia, figuras como William Parker, Ken Vandermark, Mats Gustafsson, Matthew Shipp, Evan Parker, jamais pisaram por aqui...


Pense que músicos como

 
At 19.4.10, Blogger ::Andre:: said...

E tás à espera de quê para começar a inverter a situação? :)

 

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