27 maio, 2010

Cromagnon

(não consegui resistir a mais um post hoje)

As sugestões de Sun Ra do Fabrício levaram-me ao site da ESPdisk o que por sua vez me levou a revisitar um dos objectos mais estranhos alguma vez editados nesta ou qualquer editora (o qual já não saía da prateleira há um par de anos): “Orgasm” [1968] dos Cromagnon.

Com uma mistura delirante entre absurdismo, atitude rock, subversão e uma impossível tentativa de combinar noise e proto-drone com os beach boys podemos ver os Cromagnon como percursores ou pioneiros de bandas como Nurse With Wound, Throbing Gristle, ou outros grupos do noise-rock mais actual como White Out ou Wolf Eyes mas também de toda a psych-freak-weird-folk (ou lá o que é). Um disco que desafia qualquer classificação. Notem outra vez que estamos a falar de 1968!

A primeira faixa do disco é um hino proto-metal, proto-noise-rock e sabe-se lá que mais – não podia abrir de outra forma (ouvir em volume máximo):



Tal hino de abertura é logo minado na faixa seguinte da forma mais dura e impensável – genial!:



Há de tudo até ao final. Acho alguma piada à forma como alguém descreveu o disco num site qualquer: “Gravação ao vivo num hospital psiquiátrico / Antes e depois dos electrochoques / Homo Sapiens / Homo Erectus / Homo Habilis / Dr. Jekyl / Mr. Hyde”. Uma viagem que poderá não ser para todos, mas que vale (muito) a pena.

8 Comments:

At 27.5.10, Blogger ::Andre:: said...

Vou procurar isto, acho que vem no momento exacto.

 
At 27.5.10, Blogger Adriano said...

Mt à frente mesmo

 
At 27.5.10, Blogger Luis said...

Acho que iras achar piada a este disco, Andre. A versao re-editada em CD pela ESP ha uns anitos encontra-se facilmente.

 
At 28.5.10, Blogger ::Andre:: said...

68...inacreditável...inacreditável mesmo!!!

Mete aí no pacote Animal Collective, por exemplo. Ah, e aquele segundo tema com uma voz toda black metal quando o próprio BM só surgiu nos inícios de 80?

Que disco....

 
At 28.5.10, Blogger Luis said...

Pois e. Para mim e um dos discos e grupos esquecidos da historia do rock (no seu todo mais abrangente).

Mas poe-se a questao (que alguem colocou tambem para o disco de Faust + Tony Conrad): se ninguem o ouviu na altura sera que conta para alguma coisa?

 
At 28.5.10, Blogger  said...

Já tinha conhecimento disto, às vezes fico a pensar se eles realmente queriam fazer este tipo de som ou se foi algo na gravação que não correu como esperado e saíram-se com este petardo noise. Custa-me um pouco a acreditar que isto foi feito "voluntariamente" em 1968, embora não negue o genialismo da coisa.

 
At 29.5.10, Blogger Luis said...

Pelo que e do conhecimento (mesmo que enviezado) e que eles queriam fazer um disco diferente, subversivo, etc. Agora se queriam fazer este som ou nao inicialmente nao sei - mas e uma pergunta sem sentido. E mais sem sentido e dizer que "algo na gravacao nao correu como esperado". Muitos discos sao criados no estudio sem que a partida os musicos tenham uma ideia absolutamente clara do que querem fazer ou de qual vai ser o resultado. Este podera muito bem ter sido (e ate muito provavelmente) um caso onde eles tinham alguma ideias para o que queriam fazer, experimentaram em estudio, gravaram e este e o resultado final. E nao tenho duvida que uma vez finalizado este era o album que queriam lancar (e nao outro com outras faixas ou outras abordagens). E isto aplica-se a qualquer musico ou banda, diria (se exceptuarmos talvez os que sao produtos de multinacionais).

 
At 31.5.10, Blogger ::Andre:: said...

Claro que conta Luís, os registos estão lá. Agora cabe-nos a nós e à imprensa especializada em colocá-lo no seu devido lugar. Curtia mesmo ver esses fãs histéricos de AC a ouvir este disco, curtia mesmo.

 

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