Para mais tarde recordar…o quê?
Ainda voltando a Vagos, impressionante a quantidade de telemóveis e máquinas fotográficas no ar. Quem diz Vagos diz outro concerto qualquer, é uma das pragas da modernidade, do excesso de oferta, do consumo rápido e fácil. Desde que não me incomodem, eu nada tenho contra quem passa os concertos a filmar ou a fotografar. Podem ser coleccionadores, pode até ser um hobbie. Só me faz alguma comichão e até dou um exemplo recente que vivi nas férias: assim que cheguei a Chichén Itzá e à pirâmide de Kukulcán - um templo secular, lindíssimo e cheio de história - a primeira reacção dos turistas foi pegar nas suas máquinas/ telemóveis. Não entendo.. E que tal viver o momento apreciando a paisagem, as pessoas, as cores, os cheiros? Tantas fotos para mais tarde recordarem o quê? Aquilo que não se viu e sentiu?
9 Comments:
Só tirei uma foto em Vagos. Com o Tomas Haake. No dia a seguir perdi o telemovel. Sinceramente.. nem quero saber da fotografia. A experiência de lá estar não tem preço.
As pessoas estão muito preocupadas em actualizarem os seus profiles nas redes sociais, etc. Acho pertinente o teu texto e as pessoas têm que parar para reflectir... não haver essa tal paz e descontracção para desfrutar determinado momento é sintomático do frenesim em que muita gente vive...
pedro nunes
"Tantas fotos para mais tarde recordarem o quê? Aquilo que não se viu e sentiu? Esta tua frase reflecte perfeitamente o que eu sinto acerca de tal assunto. Mas enfim, há pessoas que preferem coleccionar memórias visuais, em vez de memórias sensoriais...
Achei piada a esta ideia. Eu concordo contigo, sou aquele macaco que se esquece sempre da maquina fotografica vá aonde for. E a verdade é que prefiro assim.
HAverá sempre alguém a tirar fotos, que depois as partilha nas redes sociais. Eu prefiro a experiência biológica de estar lá presente
Na mouche André. Vivemos tempos estranhos.
Totalmente de acordo.
Lembrei-me deste texto que li há tempos e que vai muito de encontro ao que dizes no post:
http://www.bigcontrarian.com/2010/07/06/pictures/
Da mesma forma que o Jorge Silva tira fotos, ou a amplificasom filma vídeos e os coloca na rede do youtube. Qualquer um de nós acaba por ter esse direito, ou não?
Se fosses de férias ali para o Areinho não vias ninguém a tirar fotos!!xD
É mais irritante quando tens de te mexer sempre de um lado para o outro para veres um concerto.. Em meshuggah tinha um artista à minha frente com dois telemoveis na mão. Sick hein?
Leandro,
Todos têm esse direito, o problema é quando a experiência é interrompida pela necessidade de estar constantemente a tentar registar tudo para colocar em algum lado. O que aqui é falado é do exagero, daquilo que as pessoas deixaram de viver por causa de algumas tecnologias... não me parece que se enquadre aqui o exemplo de um fotógrafo que tenta fazer o sem trabalho de forma o mais objectiva possível para informar outras pessoas...
pedro nunes
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