O que se passa com a democracia?
Não vou alongar-me. Todos os dias somos bombardeados com notícias sobre manifestações, que revelam um enorme sentimento de descrença por parte da nossa geração em relação a este sistema político. De onde vem toda esta descrença na classe política? Ainda continuamos a acreditar que o verdadeiro poder vem do povo? Terá realmente isto que ver com uma crise de valores, ou será apenas que nós, cidadãos da democracia, fazemos agora parte de uma evolução natural da mesma, onde a necessidade de uma classe política e de um sistema sufragista se tornam obsoletos?
Gostava que dessem a vossa opinião sobre aquilo que para vocês significa a democracia.
posted by Scometa @ 21.1.11
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3 Comments:
de todos os métodos que parecem existir... este é sem dúvida aquele mais respeitável. Infelizmente somos governados por seres humanos. E acho que o grande problema da política hoje em dia é ter-se "profissionalizado".
O pessoal já não tem de lutar para chegar a um lugar alto. É só fazer parte da militância jovem de um partido, connects certas, favor aqui e ali e está feito :\ Se a honestidade ainda fosse importante na cabeça da maioria das pessoas, tudo era melhor I guess...
O problema não é a democracia. O problema são os valores, quer os morais, quer os económicos. Havendo os primeiros e estando o bolso assegurado no geral as pessoas nem piavam nada quanto à política.
Toda a gente parece ter umas postas de pescada a atirar a este ou àquele político, a este ou àquele partido, mas isso é só porque não querem reconhecer a culpa em si próprios e é muito fácil atribuí-la àqueles que têm o nome 'governantes'. É suposto estes governarem, mas não é suposto fazerem milagres. Há com certeza muita coisa mal na política, mas o descontentamento geral com a política parece-me apenas reflexo dos portugueses sentirem forte a crise económica e de valores.
Se o zé povinho tivesse dinheiro para o café da manhã, para o pastel de nata, para o jornal, a tv topo de gama para ver a bola com os amigos e ainda pudesse oferecer prendas à família, então que se lixasse a política e todas as vigarices parlamentares e o que mais.
Ricardo, não deixo de concordar contigo em alguns pontos. Ainda há uns dias comentava no facebook de um amigo meu que estamos demasiado habituados a culpar o governo ou a classe política por tudo, quando em grande parte a culpa é nossa enquanto cidadãos. Eu vejo muitas políticas que poderiam ter resultados viáveis se a participação dos cidadãos fosse isenta de mesquinhice e não tão afeita ao desenrasque malandro.
Mas a verdade é que o exemplo vem sempre de cima. O nosso voto é ainda, na sua maioria, um voto de desconhecimento da causa democrática. A maior parte dos eleitores ainda é fruto de um país que até há bem pouco tempo atrás tinha niveis educacionais bastante baixos, o que é sempre apanágio de uma fraca cultura cívica. E os políticos são hábeis a manusear este tipo de estatística, principalmente aqueles que usurpam os discursos populistas porque são a forma mais fácil (e desonesta) de chegar ao eleitorado principal.
Mas a verdade é que a democracia não pode ser um sistema perfeito. Qualquer coisa que tenha contornos absolutistas degenera em tiranias ou ditaduras. A democracia deve ser sempre participativa, e a grande parte dos cidadãos apenas revela que o que quer é que os deixem em paz, ganhar o seu e ir à praia em dias de sol. Os cidadãos demoveram-se da democracia, esqueceram-se da "coisa pública". Eu vejo grande parte dos meus amigos totalmente descrentes no seu país, mas igualmente incapazes de, por iniciativa própria, fabricar qualquer mudança.
O grande problema da democracia acaba por ser este. Torna-se um sistema que permite aos cidadãos absterem-se de qualquer participação cívica ou política, porque pensam que a roda vai continuar sempre a girar para si. Ou melhor, pensam que apenas por pagar impostos o Estado tudo lhes deve. E não é o caso.
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