04 abril, 2011

A sande de presunto que me salvou a vida



O mundo pode-se dividir em dois grandes grupos. Os que sabem tocar guitarra e os que não o sabem fazer. O primeiro grupo pode ainda subdividir-se em três subgrupos. Aqueles que tocam o Wish You Were Here dos Pink Floyd, os que não tocam e os que sabendo tocar… não tocam.


Penso que, salvo raras excepções, já todos teremos sofrido em algum momento da nossa vida com um elemento do subgrupo dos que toca o Wish You Were Here de forma "apaixonada", como se não houvesse amanhã.

A angustia que era entrar no autocarro onde iriamos estar "encarcerados" durante 3 ou 4 horas para ir visitar a Barragem de Castelo do Bode ou da Aguieira e verificar que o cromo de serviço já lá estava sentado no banco de trás com a sua guitarra, só é comparável a ver um jogo do Sporting do princípio ao fim.

Não tenho nada contra os Pink Floyd em particular. Nem a favor. Mas, o simples facto, de ter que ouvir o Wish You Were Here, cantado em uníssono por um bando de liceais bêbados, durante duas horas seguidas fechado num autocarro, depois de duas horas a olhar para turbinas e alternadores, uma paragem em fátima para verter águas e depois de uma sande de presunto bolorento e pão duro comprado numa estação de serviço na batalha, criou em mim um asco tão grande por este tema que passei a festejar com grande entusiasmo o dia em que Roger Waters deu por findas as actividades dos Pink Floyd.

Assim como o Marco, a Heidi e o Conan o Rapaz do Futuro, o Concerto em Central Park de Simon and Garfunkel faz parte do imaginário infantil de qualquer pessoa com mais de 39 anos.

Passou na RTP algures em 81 ou 82 e o meu pai terá comprado o disco pouco tempo depois quando saiu. Sei que na altura gostei do disco e que o ouvi vezes sem conta e até sabia as letras de cor. Acabei por uns tempos depois comprar o Bookends que terá sido o meu disco favorito durante umas semanas até comprar outro qualquer. O disco ainda anda para aí, mas de cada vez que o ouço só me consigo lembrar dessa viagem e do America cantado por uma vozita esganiçada, irritante e acompanhado por uma guitarra desafinada.

Sim Bernardo… a culpa foi tua. Tua e de quem te deu a guitarra e, já agora, minha por não me ter levantado e ter atirado com o raio da guitarra pela janela quando conseguiste também arruinar as boas memórias que eu poderia ter hoje em dia do Concerto em Central Park.

Segundo me disseram depois acho que ainda foi "assassinado" o Famous Blue Raincoat do Leonard Cohen. Mas aí eu já estava a dormir… deve ter sido da sande de presunto. Ainda bem…

9 Comments:

At 4.4.11, Blogger alvin karpis said...

sei que não tem nada a ver mas como já não tenho paciência para ir ao MU, achei que vocês eram os gajos indicados para trazer os Moon Duo, pelo menos ao Porto. Vão estar em Espanha no final de Maio e a música deles está dentro dos vossos standards. Um dos membros vem dos Wooden Shjips!

 
At 4.4.11, Blogger ::Andre:: said...

É normal Alvin, é normal. Nós estamos a par e inclusive estiveram para vir cá em Agosto do ano passado, mas em Maio não virão cá.. pelo menos através da Amplificasom. Bem-vindo e vai postando :)

 
At 4.4.11, Blogger ::Andre:: said...

Cardoso, mais um texto genial!
Fizeste-me recuperar essas visitas de estudo onde se tocava Nirvana ou as "Dunas" o tempo todo. Abençoado walkman Sony.

 
At 4.4.11, Blogger ::Andre:: said...

E os desenhos pá, sempre tão fixes!

 
At 4.4.11, Blogger ::Cardoso:: said...

Vês... por isso é que tu hoje em dia não consegues suportar o Smells like teen spirit.

 
At 4.4.11, Blogger Unknown said...

Cardoso, os Floyd são os maiores!

E há aquelas duas musicas que talvez sejam as mais tocadas de sempre, Nothing Else Matters e Stairway To Heaven... essas sim, ás vezes chateiam...

 
At 4.4.11, Blogger ::Cardoso:: said...

Epá... até acredito que sejam os maiores... mas quando eu andava no liceu apanhei tanta injecção de PF que hoje em dia, só de ouvir falar no nome até fujo.

 
At 5.4.11, Anonymous Anónimo said...

Se alguém tocasse numa visita de estudo a careful with that axe eugene nunca mais dirias isso. E a tua vida não mais seria igual.

 
At 5.4.11, Blogger ::Andre:: said...

Isso foi no banco de trás da camioneta? Nas visitas de estudo, os lugares que escolhíamos eram muito importantes para o futuro das nossas vidas.

 

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