Jazz+Rock ou Rock+Jazz?
Os encontros do jazz com o rock são antigos. Na virada dos 60/70, houve a eclosão do 'electric jazz', chamado também genericamente de 'fusion': o que os músicos buscavam era encontrar no rock elementos de revitalização para o velho jazz. Os grupos de Miles Davis, especialmente a partir do clássico 'Bitches Brew' (69), representaram um importante capítulo nessa mistura sonora. Para os jazzistas mais puristas, essa heresia nunca foi perdoada...
Todavia, para os adeptos do free jazz e dos estilos ‘rockers’ mais radicais, o oferecido pelas bandas fusion nunca foi algo muito atrativo. Para esses, o encontro do jazz com o rock ganharia seus grandes momentos apenas a partir da década 80. Nesse ponto, seminal foi o grupo Last Exit, que esteve na ativa entre 86 e 94. Na linha de frente, o saxofonista Peter Brotzmann, Sonny Sharrock (guitar), Bill Laswell (bass) e Ronald Shannon Jackson (drum). Enquanto Brotzmann e Sharrock eram nomes já consolidados na cena free jazzística, Laswell era bem conhecido como produtor (Motorhead, Iggy Pop), além de ter tocado baixo em álbuns de figuras como Mick Jagger, Yoko Ono e Peter Gabriel. Esse caldeirão resultou em um projeto de sonoridade pesada, intensa e singular. O grupo acabou devido à morte prematura de Sharrock. Alguns registros ficaram (e não é difícil encontrá-los blogs afora).
O encontro do jazz e do rock mais nervoso continuou rendendo de lá para cá. Quem já teve a oportunidade de ouvir os italianos do Zu sabe disso. Formado na década de 90, o trio Zu (sax, baixo elétrico e bateria) segue na ativa, tendo como destaque o baixista Massimo Pupillo. De formação similar e sonoridade tão intensa quanto há o pessoal do The Thing. Surgido em 2000, o 'The Thing' tem à frente o saxofonista sueco Mats Gustafsson, um dos grandes da cena free atual.
Contando com integrantes do 'Zu' e do 'The Thing', além de Thurston Moore e Jim O’Rourke, o Original Silence é mais recente (o primeiro disco é de 2007) e mostra que a fusão jazz/rock mais radical continua efervescente.
Uma pena que os ouvintes mais puristas tanto lá (no jazz) quanto cá (no rock) sigam rejeitando esses projetos que trouxeram resultados sonoros tão estimulantes.
3 Comments:
gosto muito do trabalho do sharrock. não sabia que ele tinha morrido tão cedo...
em on-topic, prefiro a fusão ao free, talvez por, apesar de tudo, obedecer a uma "estrutura". tenho uma relação complicada com o free jazz :p
não conhecia last exit, vou ouvir com atenção. mas para mim, quem me tira o bitches brew, tira-me tudo ^^
dentro da onda de fusão rock-jazz, para mim nada bate os japoneses natsumen.
É uma pena, mas não somos nós que perdemos.
Last Exit foram a melhor banda de sempre, quem dera poder ter assistido a um concerto. Mas acho os Original Silence mais descendentes directos que uns Zu (banda que trouxemos cá no ano passado, que concertaço!!). Por falar nisso, já era hora dum novo Original Silence.
Quinta há Peter Brotzmann Chicago Tentet =)
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