Disintegration
A União Europeia. União. Europeia. Quem de entre vós se sente realmente parte da Europa? Quem realmente se sente preparado para dizer "eu sou europeu" antes de "eu sou português"?
A questão de fundo que se coloca, mais do que a terrível crise económica que nos assola (europeus), é esta. A grande massa, a que vota, precisa da ideia definida de fronteira. Foi assim que crescemos, é assim que os manuais nos ensinam. Já fazemos parte deste grupo (por incrivel que pareça) desde 1986, e para muitos de nós a "União Europiea" continua a ser um termo vago. Tivemos schengen, a moeda e mais turistas. Viajamos mais lá para fora, estamos mais ligados uns aos outros. Recebemos fundos, cedemos às exigências de tratados, parlamentos e comissões europeias. Eu recebo, mas tenho que cumprir.No entanto, somos sempre portugueses em primeiro lugar, claro. São quase 900 anos de história.
Mas, enfim, é este pensamento que vai acabar por ser fatal para os países europeus, principalmente países como o nosso, débeis economicamente, com a balança /exportação/importação sempre negativa, e sem armas para lutar contra isto sozinhos. Olhar para o futuro é muitas vezes difícil, mas não é igualmente difícil perceber o que se está a passar. No meio de toda esta crise (culminando com a extrema relutância por parte da Alemanha em ajudar a Grécia), percebemos que os países preocupam-se menos com o "bem maior" que representa a UE e mais consigo próprios. Estes últimos anos os assentos parlamentares dos diversos países viraram à direita. Portugal para lá caminha. Vemos cada vez mais partidos de cariz nacionalista e com muitas ligações à extrema direita serem eleitos para os parlamentos. O povo está a dizer "primeiro a nação, depois a europa". E este sentimento, que é forte, que nos faz agarrar o peito quando o hino nacional dispara de um qualquer altifalante, é igualmente a pá que cava o nosso buraco.
A Europa só pode funcionar, ter voz numa economia de mercado a virar para o oriente e américa do sul, se funcionar como uma só. Mas não está fácil, nada fácil...
Aconselho vivamente que leiam este artigo do Washington Post.
8 Comments:
Hum, eu sinto-me bastante europeia.
Também eu. E também provavelmente a generalidade do povo que lê isto. Mas somos poucos, os dados mostram que o barco está a andar ao contrário. Lê o tal artigo se não leste, é curto MAS GROSSO! :)
nunca me senti europeu, tenho que admitir. apontaste duas coisas certeiras: schengen, que nos incluiu num livre circuito e tentou fazer imbuir "europeísmo" em todos e os 900 anos de história, que contrariam a UE muito facilmente. é chato, mas gosto demasiado de portugal. no entanto, concordo com o que escreveste e com o artigo do post e aplaudo-vos a ambos. mas com alguma preocupação premente.
eu também me sinto bastante europeu :) E sim, a UE que comece mas é a trabalhar... Isto de sermos todos "governados" pela Alemanha não dá com nada lol
bom texto e bom artigo! :)
Schengen foi um dos melhores acordos de sempre, é tão bom sair daqui só com a roupa do corpo... Economica e culturalmente a Europa está a mudar desde a Segunda Guerra Mundial, mas só a primeira me preocupa. Aliás, a todos, não?
Daquia uns tempos pede-me emprestado o "A Ideia de Europa" do George Steiner.
A verdade é que grande parte das pessoas hoje está tão ou mais renitente em relação à mudança cultural do que a económica. Aqui em Portugal, neste país onde quase tudo funciona mal, os povos dão-se bem, as culturas comunicam ainda com relativa facilidade, e a integração é harmoniosa. Somos bem menos racistas/xenófobos do que parece, podemos usar termos depreciativos contra outros povos, mas na realidade somos regra geral muito solidários com os mesmos
Sim André, empresta-me. Depois também tenho uns em casa para ti se quiseres.
Se bem que não sofremos de um fluxo migratório tão elevado quanto os outros países, o que pode explicar este relativo à-vontade que temos com os outros povos.
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