Algures

A comparação não acontece por acaso, as semelhanças entre ambos os filmes, desde o argumento à estética, são óbvias. Poderá Sofia ter optado, depois do desastre comercial de Antoinette, não sair da sua linha de conforto e repetir a fórmula do trabalho que lhe deu reconhecimento? Mas não, não me interessa compreender os seus objectivos e interpretações embora não possa deixar de confessar uma perversa admiração e aconchego por todo aquele inofensivo ambiente.
Transporta, como ninguém e de forma suave, essa melancolia para a tela. Os longos planos introspectivos que nunca me parecem adulterados, os minúsculos momentos de ressonância visual, a falta de estimulação narrativa (elogio), o simbolismo – desde Gandhi ao eco oposto das cenas inicias e finais, o casting, boas escolhas sonoras…
A vida moral do homem faz parte dos temas tratados pelo artista, mas a moralidade da arte consiste no uso perfeito de um meio imperfeito.
Julgando pelas reacções das pessoas que se sentavam à minha volta, é provável que a generalidade não vá gostar. E são válidas, claro, mas se não encararmos o filme como espectadores de mente aberta, activos e de espírito crítico, a ida ao cinema é tão sem sentido como a vida da personagem.
É um filme minimalista, ao seu próprio jeito, e modernista que abraça o realismo, e/ ou vice-versa, de forma poética. É isso, é um poema. Porque não?
É um filme minimalista, ao seu próprio jeito, e modernista que abraça o realismo, e/ ou vice-versa, de forma poética. É isso, é um poema. Porque não?
1 Comments:
Eu também gostei do filme e concordo com o que disseste neste post. Minimalista, mas sem deixar de ser complexo, já que estamos a falar de sentimentos. Não me arrependi nada de ter ido vê-lo.
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