13 outubro, 2010

Religião, Ciência e a queda de Alexandria

É pena que assim o seja, sempre "versus". Reconheço que possam ter havido, ou que hajam, pessoas de grande crença e espiritualidade que trabalhem para a ciência. Mas, à semelhança de o que aconteceu em Alexandria, as grandes massas nada sabem disso. As grandes massas, em nome da religião, ainda destroem simbolos culturais, renegam factos científicos e são completamente aversas ao progresso e à mudança.

"Alexandria era a maior cidade que o mundo ocidental já conhecera. Pessoas de todas as nações iam até lá para viver, fazer comércio, estudar; todos os dias chegavam aos seus portos mercadores, professores e alunos, turistas. Era uma cidade em que os gregos, egípcios, árabes, sírios, hebreus, persas, núbios, fenícios, italianos, gauleses e iberos trocavam mercadorias e ideias. Foi provavelmente aí que a palavra “cosmopolita” atingiu o seu mais verdadeiro sentido — cidadão, não apenas de uma nação, mas do cosmos. (A palavra “cosmopolita” foi inventada por Diógenes, o filósofo racionalista crítico de Platão (...) Estavam certamente aqui as raízes do mundo moderno. Que foi que os impediu de crescer e florescer? Por que razão o ocidente adormeceu para só acordar um milhar de anos depois, quando Colombo, Copérnico e os seus contemporâneos redescobriram o mundo criado em Alexandria?"
Carl Sagan, in Cosmos

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3 Comments:

At 14.10.10, Blogger Scometa said...

É incrível, mas um estudo mais aprofundado do mundo pré-cristão revela-se fascinante, no sentido da homogeneização dos povos, ao contrário daquela imagem que pintamos de bárbaros sanguinários sempre à porrada uns com os outros. Ainda noutro dia lia a propósito dos problemas de imigração de hoje, que muitos dos bárbaros se aproximavam das fronteiras romanas, não para o combate, mas para fugir à miséria que se apoderava dos seus povos, na tentativa de encontrar uma vida melhor. E de que, à luz do que se passa muito hoje, os romanos pagavam aos povos com os quais faziam fronteira, para que vigiassem as mesmas para que se controlassem os fluxos migratórios.

 
At 14.10.10, Blogger Cinema Xunga said...

Já viram o Ágora de Alejandro Amenábar? É disto mesmo que se fala. De como a religião veio fornicar o florescimento da civilização em termos científicos, sociais e filosóficos. E do declínio da grande biblioteca de Alexandria. Aliás, no primeiro episódio de Cosmos há uma animação da biblioteca de Alexandria que foi das primeiras coisas a serem feitas em CGI. E não me pareceu nada mal.

 
At 14.10.10, Blogger Scometa said...

Sim, vi o Ágora. Neste artigo fala da Hipácia, e ficou no ar aquela desilusão por ela no filme ter morrido com uma simples degolação

 

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