01 julho, 2011

A Nova Educação em Portugal

"O Ministério da Educação é uma máquina gigantesca que, em muitos aspetos, se sente dona da Educação em Portugal. Eu quero acabar com isso"

"para facilitar a vida aos filhos dos pobres é preciso diminuir exigência: eu sou exatamente partidário do contrário"

"se não houver o mesmo grau de exigência para todos, são os filhos dos mais ricos que têm hipóteses alternativas"

Nuno Crato, Ministro da Educação

9 Comments:

At 1.7.11, Anonymous Anónimo said...

Onde andam os apologistas de que tanto PSD como PS seria igual no governo, que é tudo a mesma coisa? Este é o partido mais ideologicamente que eu já vi em Portugal.

Já não tenho grandes argumentos que possam expressar a minha indignação pela postura com que estes novos governantes se apresentam. Esta pessoa imagina sequer o que é a vida de uma pessoa pobre, para pensar que elas podem responder às exigências da mesma forma que os filhos dos ricos? Mas querem tapar os olhos a quem? E quanto à primeira afirmação, já disse o que pensava sobre aqueles que julgam que a Educação também pode ser privatizada.

 
At 2.7.11, Blogger André Forte said...

este homem é uma besta apocalíptica. de certa forma, vai continuar a onda de privatização começada no ensino superior e levá-la para tudo o que mexe.

Eduardo, tu és de filosofia, eu não, pelo que de seguida sai asneira: mas é (também) na forma como se trata a educação e a cultura que se distingue um regime repressivo de um democrático. para mim, isto é um tipo de imposição absurdo e, verdadeiramente, ditatorial. quando se privatiza retiram-se liberdades.

e até é giro que este tipo de atentados sejam permitidos pela comunidade internacional. onde é que estavam os tais sociais democratas que fundaram a UE? apenas 30% das pessoas entre os 26 e os 70 anos é que têm o ensino secundário como nível mínimo de habilitações e a imprensa internacional aponta este factor como um dos essenciais para as dificuldades que estamos a ter para dar a volta à crise. e estas bestas fazem isto. eu não vou à bola com o PS, também, mas é certo que, nisso, eles sempre tentaram remediar o assunto (por portas meio travessas, às vezes).

temo bem que o que disseste, quando se soube o resultado das eleições, seja a triste verdade do nosso país, dentro de 4 anos.

estes tipos despertam o bombista que há em mim.

 
At 2.7.11, Anonymous Anónimo said...

"Este é o partido mais ideologicamente que eu já vi em Portugal. "

O que quis dizer com esta frase espetacularmente bem construida é que este é um partido com a maior carga ideológica nas propostas apresentadas que eu já vi em toda a minha vida no nosso país.

Forte, é mesmo por aí. Adoptar esta postura ultra-liberal, agarrados a modelos zombies de mercado, e sempre com a desculpa de que foi o Sócrates que os obrigou a isso.

Tem também piada ver os comentadores políticos louvar a forma cordata com que eles se dirigiram aos deputados na assembleia. Estão a dar um novo significado à expressão "lobo em pele de cordeiro". Ok, o Sócrates era combativo, mas prefiro isso a este jogo político de retórica fácil e populista.

 
At 2.7.11, Blogger João Veiga said...

vocês estão todos loucos lol........... se há ministro que parece que vai fazer alguma coisa de jeito é o Nuno Crato.

Não percebo de onde é que vocês tiraram essas conclusões de privatizar e mais o caraças, mas devem estar a tentar impor nele as vossas ideias pre-concebidas do que ele ia fazer. Ele nunca foi a favor da privatização das escolas, antes pelo contrário o_O
E quanto a isso dos pobres... A sério, vocês fazem a MÍNIMA ideia do que estão a dizer?! Ele tem TODA a razão nisso dos pobres/ricos. Mas afinal o objectivo é aprovar toda a gente ou tornar a Escola uma instituição capaz de ensinar tanto o rico como o pobre, oferecendo no fim as mesmas oportunidades?

Os professores são neste momento um dos pontos degradantes da função pública, com as suas exigências imbecis e a sua falta de profissionalismo. Garantias que cheguem ao topo da carreira? Subidas automáticas? wtf...? Isso tem mesmo de mudar.

Volto a bater nessa do rico/pobre. Vocês não conseguem perceber que o que ele quer dizer é que, ao se aumentar o grau de exigência sobre os professores, está-se a proporcionar muito melhor educação a quem obrigatoriamente tem de seguir o ensino público?

on a side note: Isso das calculadoras já era mais que tempo... Raio de lobby que se criou para obrigar as crianças todas a comprarem umas 2 ou 3 máquinas ao longo do percurso de ensino...


Gostava era de saber o que ele tem a dizer acerca do ensino superior/investigação, mas cheira-me que vai haver grande conflito entre o Min da Educação e o Min das Finanças...

 
At 2.7.11, Blogger João Veiga said...

Já agora... em relação a isso da Máquina Gigantesca, se pensarem que quem avalia o Ministério da Educação é o GAVE lol... ya, claramente eles acham-se donos de tudo o que fazem e ninguém lhes pode tocar.

Se existe uma coisa chamada INE, por que raio é que criaram um gabinete para tratar das estatísticas do Ministério da Educação? Regulam a exigência de exames como bem lhes apetece, só para os números... é ridículo...

Vejam mas é o programa Plano Inclinado da sic notícias... Está para aqui no youtube: http://youtu.be/SR-VuQwSIy4 começa aqui e aconselho todos a verem isto, porque parece-me que estão fora do que é a educação (primária, básica, secundária) em Portugal

 
At 2.7.11, Blogger Scometa said...

Veiga, permite-me discordar. Não são as escolas que vão ser privatizadas mas sim a gestão. A diferença é alguma mas não muita.

Um dos erros da anterior governação é que a educação precisava de números, de boas estatísticas para apresentar ao país e principalmente à UE. Acontece que havia tambem um principio ideológico de base socialista, que era o de, ao não passar uma imagem de falhanço tão cedo em crianças, principalmente nas mais desfavorecidas, que os problemas sociais começassem tendencialmente a diminuir. Não se verificou o caso.

Mas agora deixa-me dar-te outra perspetiva sobre essa história dos ricos e dos pobres. Aumenta então a exigência, com a mesma sobrecarga sobre os ricos e os pobres. Se conseguires, imagina o cenário em que um puto rico chega a casa cheio de trabalhos pra fazer. Vem a mamã e ajuda-o, faz-lhe o lanchinho e o puto, com sorte, ainda tem tempo para ir jogar World of Warcraft online e insultar meia dúzia de adultos. Agora, chega um puto pobre a casa cheio de trabalhos, entra em casa está o pai bêbedo a discutir/bater na mãe, um t2 pra 6 pessoas, não tem espaço nem sequer quem o ajude a fazer o tpc. Consegues então imaginar que o aumento de exigência só surte efeito naqueles que lhe podem responder? Não vai trazer igualdade absolutamente nenhuma. E mais, para mim o pior de tudo é, dentro de toda a beleza demagógica que existe dentro deste discurso do "aumentar a exigência tanto pra ricos como para pobres num plano de igualdade social", ninguém repara que a estratificação e consequente segregação social continua bem patente, não numa ideia de igualdade entre as pessoas, mas sim que existem ricos e pobres mas que, à boa maneira americana, os pobrezinhos também podem sonhar em ser ricos.

As coisas estão mal na educação? Estão. Mas sinceramente, estavam bem pior há 10 anos atrás, na minha perspetiva.

 
At 4.7.11, Blogger João Veiga said...

pois estavam bem pior lol e pior ainda há 20 anos e ainda pior há 30 anos... :P Mas mesmo assim desde há uns 5 anos para cá têm vindo a piorar também.

Até que ponto é que privatizar a gestão das escolas é viável? Continuo com as minhas dúvidas em relação a isso... Porque sabemos bem que se fosse adiante, em 99% dos casos seria apenas para sugar ainda mais dinheiro ao Estado.

Esse exemplo do rico/pobre é ridículo, desculpa lá... E se for o rapazinho rico que chega a casa e o pai está na garagem em cima da empregada e a mãe está a flirtar com o jardineiro da casa ao lado. O puto tem dúvidas, os pais mandam-no po quarto enquanto discutem merdas aleatórias. O miúdo enfia-se a ver porno e a comprar merdas só para lixar os pais e n quer saber um cu da escola.
Pobre: chega a casa e como está mais que habituado a ter de se desenrascar sozinho, porque a mãe tem dois empregos, prepara de antemão o jantar e ainda tem tempo para ler os livros emprestados da escola, tira apontamentos, dúvidas na net através do chat com um professor e vai dormir todo contente. Ah e o pai morreu porque era bêbedo e o objectivo de vida do puto é ser o orgulho da mãe que tanto sofreu.



Isto só para dizer... exemplos há muitos e não é por ser pobre/rico que o ambiente em casa não é uma merda... Para além disso, os professores desde há uns anos para cá começaram a ganhar a atitude de "sou professor mas não estou aqui para educar o seu filho" (na minha opinião porque eles próprios não souberam educar os seus...). É essa atitude que tem de mudar. A disciplina de "Formação Cívica" ou wtv não é só para tirar dúvidas acerca dos TPCs.

Also, se o ambiente em casa é mau, ficam mais tempo na escola. Bibliotecas etc... just saying. E isso tudo são hábitos que podem ser aprendidos no meio da sala de aula.

 
At 4.7.11, Blogger Scometa said...

Confundiste uma cena, João. Eu dei-te um exemplo de como as diferenças de nível de vida, que é isso que distingue pobres e ricos, não são compativeis com os mesmos graus de exigência na escola pública, e tu vieste falar de problemas que acontecem em todas as familias basicamente. De qualquer das formas, comparares a vida de um puto que vai ter traumas porque os pais estao sempre a discutir com a daqueles que moram em bairros onde em cada esquina há dealers, prostituição e violência não me parece justo.

Acho também que estamos a confundir exigência com professores capazes. Não podemos querer tapar o sol com uma peneira e dizer que o problema só está nos alunos e que a escola pública está demasiado permissiva. Um bom professor motiva os alunos de igual forma, um mau professor preocupa-se apenas em mostrar resultados para que sua avaliação seja positiva.

 
At 5.7.11, Blogger Raquel Brandão said...

Sou professora há 10 anos, no ensino público e no privado. Discordo de que devam existir níveis de exigência para pobres/ricos. A exigência não deve ser nivelada, deve ser igualitária e apenas discriminatória em caso de necessidades educativas especiais. Defendo isso sim, o reforço de medidas de apoio a alunos desfavorecidos, e que passam por aulas de apoio à disciplina, por tutoria e apoio psicológico, envolvendo sempre os pais nesta dinâmica. De facto, a família deveria ter um papel muito mais activo na escola e na vida académica dos filhos.

 

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