Birushanah - Akai Yami [Level Plane Records 2007]
Temos estes japoneses de Osaka já praticamente confirmados para uma data única em Portugal e estou super super entusiasmado, mas sobre isso falamos em breve. O que interessa agora é partilhar aqui com a malta o fantástico álbum que este “Akai Yami” é. Temas sludge/ doom mais monstruosos, insanos e poderosos que todos os godzillas juntos. Imaginem o peso dos Neurosis, a energia dos Envy, a percussão metálica de uns Einstürzende Neubauten e conseguem ter uma pequena ideia. Exacto, pequena. É que se a isto juntarmos elementos da música tradicional japonesa então temos uma banda única. Sublinhe-se única. Guitarra em escalas pouco usuais, dois baixos, bateria e uma percussão tribal japonesa a contrastar com as vozes por vezes agressivas, fazem deste um álbum cheio de identidade e personalidade, um dos melhores e originais álbuns que ouvi nos últimos tempos. Mais, os Birushanah têm no seu “line-up” o senhor Shibata que é como quem diz o ex baixista dos Corrupted. Resumindo: fãs de Corrupted, Sunn O))), Zeni Geva, Godflesh e música genuína é favor comprar, sacar ou roubar o álbum pois está simplesmente brilhante.
Envy & Jesu - Split [Hydra Head 2008]
Duas excelentes bandas numa excelente editora só podia dar um excelente disco, é mesmo daqueles que sabemos que vai morar lá em casa mesmo antes de o ouvirmos. Mas, a verdade é que talvez tenha sido uma oportunidade desperdiçada. Os Envy aproveitaram para fazerem um “showcase” da sua música. Nos três temas que aqui apresentam consegue-se ouvir o seu hardcore mais antigo, o seu assalto ao pós-rock e as suas electrónicas mais espaciais. Já o Justin Broadrick e os seus Jesu parecem ter aproveitado algumas ideias que sobraram por altura do “Conqueror”. Longe vão os tempos de uma “Friends Are Evil”, agora o feeling é outro. São dois bons temas – “Hard to Reach” e “The Starts That Hang Above You” – mas que só servem para antecipar o álbum que está quase a chegar.
Free Kitten - Inherit [Ecstatic Peace 2008]
Ainda não o ouvi decentemente, mas é importante dizer que estes Free Kitten representam o regresso, dez anos depois, da superbanda composta por Kim Gordon (Sonic Youth), Julie Cafrtiz (Pussy Galore), Yoshimi P-We (Boredoms), Mark Ibold (Pavement). Alguém?
Made Out Of Babies – The Ruiner [The End 2008]
Eis uma banda que não me entusiasmava nadinha. Vi-os uma vez ao vivo, mas a razão daquela noite era outra e passaram-me quase ao lado. Medíocres, temas fraquitos. Pois agora a minha opinião sobre eles mudou. Ignoro praticamente o que está para trás, e admito com um sorriso nos lábios que este The Ruiner é um grande álbum tal como ele tem que ser. Menos musculoso e mais cerebral que os anteriores, a banda que costumava editar pela Neurot lança aqui o início de uma grande carreira, espero. Ainda por cima, têm uma vantagem: Julie Christmas, a mesma que nos seus concertos admite ser confundida com uma prostituta quando se passeia pela “venue”. O metal ainda está cheio de preconceitos e ideias pré-fabricadas, quem dera que houvessem mais Julies, fazem falta. A voz dela é simplesmente genial, bela e bruta, mas apesar do enormíssimo destaque que ela merece, é no seu todo que o álbum vale. Mais um disco desta qualidade e estão na Relapse. Vai uma aposta?
Mouth Of The Architect - Quietly [Translation Loss 2008]
E por falar em Julie Christmas, sabiam que aquela belíssima e arrepiante voz no tema “Generation of Ghosts” é dela? Bem, mas chega da Júlia porque se há álbum que merece ser destacado então este é o escolhido. Os MOTA estiveram para acabar, aliás, eles chegaram mesmo a acabar, mas por razões que só eles sabem, decidiram voltar a compor (talvez sem um ou outro membro) e, Senhoras e Senhores, eis não só o melhor álbum da carreira como um dos melhores álbuns de metal do ano. Poupem-me o “não traz nada de novo” e outras bocas preguiçosas, com este álbum os "arquitectos" acabaram de passar para um patamar diferente e mais exigente. Vão-se aguentar? Vão ter a audiência merecida? Deixemo-nos de futurologia e toca a carregar no play outra vez. Pós-metal/ sludge atmosférico ao nível de uns Isis ou Cult of Luna. Simplesmente deslumbrante.
Nadja & Black Boned Angel - Christ Send Light 3'' [20 Buck Spin 2008]
Campbell Kneale é um daqueles músicos que adorava trazer cá nem que fosse para tocar em casa. Os seus “alter-egos” Birchville Cat Motel e Black Boned Angel são muito interessantes, principalmente o primeiro, e seria um prazer ter por cá o desconstrutivismo deste professor neo-zelandês. Até esse dia chegar, o que não vai faltar é música nova, tanto dele como dos dispensam-apresentações-são-a-melhor-banda-a-sair-do-Candá-na-última-década Nadja. No entanto, quem está à espera de mais barulho bom mergulhado em drone vai ficar muito surpreendido com estes vinte e um minutos. Não quero deixar nenhum spoiler, mas digo-vos isto: quem dera ao Panda Bear….
Red Sparowes - Aphorisms EP [2008]
Não há dúvidas que o pós-rock instrumental está saturado, mas tal como já referi, aquilo que é bom é sempre bom. Os Red Sparowes foram bons com Josh Graham, os Sparowes continuam a ser bons sem o Graham e a única diferença é que as capas passaram a ser péssimas. Agrada-me esta nova direcção mais crua e menos ambiental, afastada de clichés baratos. Ao contrário dos álbuns anteriores, nenhum tema chega ao ponto de nos arrepiar, mas é sabido que este EP é apenas um aperitivo para o grande álbum que aí vem.
Transitional - Nothing Real, Nothing Absent [Conspiracy 2008]
Transitional é um novo projecto que une o produtor Kevin Laska e o colaborador habitual de Broadrick Dave Cochrane (Jesu, Grey Machine), ou seja, é a oportunidade de ambos se mostrarem sem ninguém a fazer sombra. O resultado é uma palete de electrónica ambiental com linhas de baixo envolventes em camadas de guitarra. Não deixa marcas, mas por mim estão aprovados e vou continuar atento.