30 setembro, 2011

Amplifest: alinhamento

Sábado 29
Jesu, Rise and Fall, OvO, Sungrazer, EAK, Drumcorps, Rorcal & Solar Flare, Cuzo, Mugstar, Stearica, Suzuki Junzo e o filme “Blood Sweat + Vinyl”.
Abertura de portas 15h
Início 17h

Domingo 30
Godflesh, Acid Mothers Temple, Barn Owl, Bardo Pond, Orthodox, Process of Guilt, Enablers, Dirge, L’Enfance Rouge, Witchburn e o filme “Soldier of the Road”.
Abertura de Portas 15h
Início 16h

Horários de cada actuação muito em breve!



Nota da Amplificasom: Insistimos no experienciar e viver o evento no seu todo logo podemos ter cabeças de cartaz às 18h como bandas que nunca ouviram falar às onze da noite. A ideia é saltar de palco em palco com mente e ouvidos abertos, prometemos que vão gostar.
A noite de sábado terminará perto das 2h da manhã, já domingo, pensando mais uma vez em todos nós que trabalhamos, o festival terminará pouco depois da meia-noite.
Vêm aí mais novidades, até já as temos para próxima edição, mas estamos à espera que continuem a dar-nos o v/ feedback seja a comprar o passe o mais breve possível como a escrever-nos para o endereço do costume.

Exorcismo falhado

Não sei se já ouviram falar do exorcismo a que Necrobutcher, baixista dos Mayhem, vai ser sujeito. É daquelas coisas que, num acto de, para mim, tão pura estupidez pode reunir a verdade de muitas coisas.

A religião é um tópico imensamente dual e que, na comunidade metal, até ao surgimento dos POD (cof cof, esses senhores de um metal imensamente barbudo). Na verdade, é uma inspiração para uns tantos e, para outros, foi quase o motor que os levou ao extremo oposto, ou seja, que os enojou e provocou as suas devidas consequências. Boas consequências como o Black Metal, portanto. Mas aqui estou eu, a falar do óbvio, quando aquilo que vai acontecer é o metal voltar a ganhar.

Não sei porquê, mas esta é uma ideia que está votada a ficar cravada na minha lápide. "O metal vai voltar a ganhar." A verdade é que, seja de que género metal for, as gentes que de lá vêem, ou que vêem de fora e lá chegam, são aquelas em que eu mais acredito que me satisfaçam o desejo de requinte (e há requintes muito javardos, claro; mas esta é a palavra chave que me leva a apreciar os géneros pesados. São eles que, numa só música, contêm mais commumente todos os sabores e todas as sensações que procuro na música).

Ou seja, este endorsement do "mau (mas muito bom) metal" vai ficar decidido já no próximo mês, quando virmos o televangelista Bob Larson a falhar. Esta é uma das situações em que somos obrigados a dizer que é bom estar do lado das estatísticas, que é como quem diz que é bom ter mais do que uma fé a suportar as nossas ideias. Eu tenho fé no metal.

29 setembro, 2011

"Será uma ocasião especial..."

PA: Vocês foram o primeiro concerto da promotora Amplificasom e agora voltam para o maior evento que esta já preparou. Como é que encaram a responsabilidade de tocar no Amplifest?
Enablers: Nós ansiamos por todos os concertos. Mas estamos mesmo entusiasmados por tocar no festival. Será uma ocasião especial, da qual nós queremos fazer milhões de proveito.

Entrevista completa aqui e convém estar atento ao site do Ponto Alternativo, mais entrevistas se seguirão. Foto em cima da Raquel Loureiro, estávamos em 2006...

Alojamento Amplifest: Dixo's Oporto Hostel

Como vos tínhamos falado, pensamos em quem também vem de longe e reservamos o melhor hostel do Porto durante o fim-de-semana do Amplifest. O Dixo's Oporto Hostel, para além de estar do outro lado da rua e de ser a opção mais barata, ainda tem este maravilhoso aspecto:















Cama em quarto para 12 pessoas = 19€/ noite
Cama em quarto para 6 pessoas = 20€/ noite
Cama em quarto só para raparigas que não querem misturas = 20,50€/ noite
2 duplos cama de casal = 50€/ noite

Os wcs/ chuveiros são individuais, terão a privacidade que necessitam, e o preço ainda inclui pequeno-almoço e wi-fi.

Tendo em conta o espaço limitado e o bom ambiente que se vai proporcionar, só os primeiros a reservar terão lugar. Para tal, devem adquirir o bilhete para o Amplifest o quanto antes e enviar um e-mail para amplificasom@gmail.com com os seguintes dados (podem copiar-colar):
Nome completo
Residência actual
B.I.
Contacto telefónico
Número do bilhete do Amplifest

Nota: o pagamento é feito aquando do check-in.

Se entretanto vos surgirem mais dúvidas, fiquem à vontade para nos escrever, esclareceremos imediatamente.

Noites que valem mesmo a pena...

Jefre Cantu-Ledesma (esse mesmo dos míticos Tarentel) passa hoje pela ZDB em Lisboa numa sessão de ambiências shoegaze para a geração do noise. Vem com o intuito de apresentar o primeiro disco via Type e, a abrilhantar ainda mais a noite, Paul Clipson traz a sua Super 8 para fazer destas coisas:

Aqui com os Barn Owl, banda que estará no Amplifest:

Amplifest: bilhetes em Espanha

Para todos os nossos amigos galegos (e não só), passes à venda no Breakpoint.

Muito em breve a opção hostel com camas a partir de 20€/ noite.

28 setembro, 2011

The Great Southern Darkness

Tem sido uma descoberta muito gratificante ouvir, de há uns dias para cá, o "The Great Southern Darkness" dos Glorior Belli, editado muito recentemente (que é como quem diz, ontem). É mais um must-have album! 
No perfil do facebook, definem-se como "The perfect blend of desert-rock textures with the brutal, ominous, doom-laden vibe typical of black metal".

Não vos vou falar aqui da minha opinião sobre o álbum (deixo-vos aqui, aqui ou aqui algumas reviews que tem recebido), mas apenas o link a partir do qual o poderão ouvir em streaming e o primeiro video do álbum (que, por acaso, nem é sequer a sua melhor música):


Em 2010, os Glorior Belli editariam o que poderia ter sido o quarto álbum da banda, "The Full Intrepid Experience of Light", não fosse a decisão de o lançarem sob outro nome, "11 As In Adversaries", por o considerarem, de algum modo, mais experimentalista e algo distante da sonoridade black.
"The Night Scalp Challenger" conta com a inconfundível colaboração do Niklas Kvarforth:


E, desta vez, é que é  mesmo a sério - agradeço pela paciência de quem me leu e, em particular, à Amplificasom, pela oportunidade de poder partilhar algumas coisas convosco durante estes dois meses.
Até sempre e continuem a preencher o nosso quotidiano!

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Próxima paragem: ONEIDA

ONEIDA
Passos Manuel, Porto
9 de Outubro, Domingo
10€ c/ bilhete Amplifest
12€ normal


"Vindos de Brooklyn, os Oneida são um daqueles casos excepcionais que consegue ser transversal a décadas de boa música sem nunca soar minimamente revisionista ou estupidamente reverente. Assumindo com inteligência uma faceta eminentemente lúdica, capaz de trazer o melhor do Krautrock, do Space Rock e da electrónica mais cósmica para dentro de canções tão memoráveis quanto desafiantes, e contando com um currículo de discos tão importantes como Each One Teach One, Happy New Year ou o colossal triplo-disco que foi Rated O, os Oneida são marca indelével de um mundo de possibilidades para a contínua exploração do lado mais inconformista do Rock sem ponta de chico-espertice ou pretensiosimo bacoco. Antes, uma capacidade brilhante de por a cabeça a pensar enquanto o corpo sucumbe a uma dança desengonçada e a um sorriso rasgado".
Bruno Silva / Out.Fest 2011

Mais:
Site


27 setembro, 2011

Orelhas tindes vós

Video novo de Eak para o temalhão Ears Have you. É degustar.


Cortesia INVERT Studio.

Industrial

O título deste post até poderia ser “industrial à séria”, dado um certo amansar do termo nos últimos tempos. Há uns bons anos atrás (nem vamos dizer antes do advento generalizado da internet, pode mesmo ser, ainda, antes do surgimento do Windows 95), registou-se o aparecimento de uma vaga de bandas britânicas que desenvolveram o conceito de som industrial na sua vertente mais extrema e pesada.

Baseando-se tanto nos primórdios de Swans como no death/grind, que por estes dias ainda se encontrava em plena fase de ascensão, esta sonoridade era suportada por ritmos maquinais, vozes retorcidas e peso, muito peso, contundente e claustrofóbico, com a dose certa de urbanidade e decadência.

Sendo claramente identificada a influência de Godflesh na génese deste “movimento”, representando o nome de maior relevância e que mais perdurou desde essa época, seria injusto não nomear no mesmo contexto outros nomes que abusavam do mesmo sentido de abrasividade sonora e que justificam, no mínimo, uma merecida espreitadela conjuntural, dado o bom envelhecimento da maior parte da sua obra.


Pitch Shifter

Industrial . 1991

Primeiro álbum de Pitchshifter e provavelmente o registo mais aproximado ao «Streetcleaner» algum dia lançado.

«Landfill»




Scorn

Vae Solis . 1992

Primeiro álbum de Scorn contando com dois ex-elementos de Napalm Death (Mick Harris e Nicholas Bullen) e participação de Justin Broadrick nas guitarras.

«Spasm»





Meathook Seed

Embedded . 1993

Primeiro registo resultante da colaboração entre membros de Napalm Death (Mitch Harris) e Obituary (Donald Tardy and Trevor Peres).

«Famine Sector»




Optimum Wound Profile

Silver or Lead . 1993

Segundo registo de OWP com a participação do malogrado Phil Vane (Extreme Noise Terror).

«Nazilover»


O génio e a princesa aos olhos do Jorge Silva











26 setembro, 2011

Digging Aurora Borealis

A Aurora Borealis é das únicas editoras que posso dizer que acompanho. Nunca tive grande interesse em ouvir uma banda ou álbum apenas por estar em determinada editora, mas isso alterou-se naturalmente quando comecei a receber a newsletter da AB e a perceber que gostava de (quase) tudo o que iam lançando. Além de seguir as últimas novidades, tenho vindo progressivamente a explorar o resto do catálogo, e, se havia várias bandas que já conhecia, pelo menos de nome, também conheci muita música que de outra forma dificilmente teria ouvido falar. The Stargazer's Assistant é um dos projectos que conheci enquanto passeava pela simpática loja.

The Stargazer's Assistant é uma criação de David Smith (Guapo), que, com a ajuda de Daniel O’ Sullivan e Antti Uusimaki, compôs The Other Side Of The Island como parte integrante de uma instalação com diversas esculturas feitas pelo próprio.
Com uma sonoridade que assenta no drone, é outro caso em que a música é tão intrigante como a capa do álbum (uma das esculturas), chegando a ter momentos perturbadores (quando, por exemplo, entra uma voz - muito pouco humana - que parece sair de uma das esculturas). Um álbum melhor apreciado à noite, com auscultadores. Ou no meio da galeria, com estes olhos a fitarem-vos o tempo todo.
Smith has spent the last two years bringing his visions to life; life that emerged slowly, painstakingly, out of wax, coal, copper and lead. In much the same way, the soundtrack itself slowly writhes organically before the listener: the groan of the motherlode, the shifting of tectonic plates, the song of the Earth's crust.
Para algum contexto e mais informação sobre a inspiração para o álbum e esculturas, é visitar o blog do David. Também podem ver um vídeo onde aparecem as mesmas esculturas da exposição inicial (numa outra instalação colectiva) aqui - a música não é do The Other Side of the Island, tho.
Lançaram outro álbum em 2008, pela Utech Records (outra editora muito interessante, com um back catalogue mais intimidante), mas esse ainda não tive oportunidade de ouvir.

HOJE!!!

Apareçam =)

Os 3 R's de Lynch

24 setembro, 2011

Maria Minerva: a estónia, o Blake, a Vogue, o vídeo oficial e o concerto no Porto


“Cabaret Cixous” é o terceiro momento de Maria Minerva neste ano. O disco esperado depois da óptima estreia com a cassete “Tallinn At Dawn” (Not Not Fun) e o maxi “Noble Savage” (100% Silk), apontamentos possíveis do que viria a seguir na carreira desta jovem da Estónia que agora reside em Londres. De todos os lançamentos recentes da Not Not Fun, este é o mais aberto em termos de audiência que a editora colocou cá fora e, provavelmente, aquele com mais glamour genérico na sua história. A atenção que a cantora tem tido à sua volta é disso exemplo (até já chegou à Vogue francesa) e há aqui um chamamento para uma versão feminina de um James Blake ou de um Jamie Woon, embora os territórios sejam distintos. A comparação vem da agregação de componentes pouco usuais na música popular (em James e Jamie é o dubstep, por exemplo) e a função e fusão desses géneros num formato canção indefinido. Aqui a vertente cai muito para o europop dos anos 90 (algo que a 100% Silk, editora irmã da Not Not Fun, tem seguido) e a desacelaração dos beats que está em voga como manto por cima de uma voz desleixada, imperceptível, hipnótica (tal como em Grimes ou Lauren Halo). É um mundo paralelo a Lady Gaga, mas é um mundo. “Cabaret Cixous” é, provavelmente, a afirmação mais visível, hoje, desse momento.
in Flur

Antes de RUINS alone, Maria Juur que toca hoje no Lounge em Lisboa, sobe ao palco do Passos para a apresentação do seu novo trabalho. Mais uma noite eclética via Amplificasom que vale apenas 5€ (!!!) na apresentação do bilhete do Amplifest. Portas às 21h30, início às 22h. Tragam sorrisos.

RUINS alone ou como o Yoshida é um dos génios deste mundo!



Os vídeos são de 2006 e 2010 respectivamente e dão para ter uma ideia, mas como alguém comenta:
I think you would have to have seen him in person in the room to hear that "intensity" your missing out on. I saw him back in April in London, UK - he was amazing, so much intensity and musicianship till even people who didn't know about him that night were telling me how amazing the guy was.
Outros como RUINS, com o Keiji Haino, Acid Mothers Temple, John Zorn, Bill Laswell ou os seus Zeni Geva aqui pois na próxima segunda há estreia e data única no Porto!!!

23 setembro, 2011

Sobre o Outono

Hoje escrevo aqui com delay de um dia, mas, felizmente, não devo fazer repetições. Espero que umas reverberações aqui e ali, talvez com modulação, depende do estado em que estão ao ler as linhas que seguem.

O outono chegou, oficialmente. Com ele, foram-se as paixões fugazes de verão, inexplicáveis mas incrivelmente bonitas, sempre com aquele toque especial do lo-fi. Não devo ter grande interesse em reouvir Washed Out, nem em pegar mais no que quer que Austra venha a fazer até ao próximo verão, e acho que só me vou querer lembrar do groove especial com que os Zechs Marquise se despediram do calor.

Visto que esta semana já fez o frio estalar os ossos, é impossível não pensar nos amores (musicais) que chegam para nos aquecer nos tempos difíceis, nem que seja com uma verdadeira amostra de tough love à boa moda do doom de pesca de arrasto, ou do drone sobredotado. Uma dessas bandas que descobri em pleno Dezembro de 2010 e que este ano já lançou um novo registo são os brasileiros Sobre a Máquina. E, neste mesmo ano, vão jogar muito bem no tempo frio.

O que quer que estejam a fazer, fazem-no com drone, um toque de post-rock, outro de electrónica-industrial, e agora até decidiram acrescentar um pouco de kraut à mistura. Uma receita pesada, urbana, mas que não faz mal aos estômagos alheios. Ou, vá, a mim nunca me causou azia. Eis um vídeo do quarteto, com uma perninha de saxofone e uma grande mão de experimentalismo:


O melhor, é que todas as suas edições estão disponíveis para download gratuito AQUI. Quem é que não gosta de música de borla?

21 setembro, 2011

Zbigniew Bielak

Embora os tempos sejam diferentes, continuo a gostar de coleccionar CD’s e sinto um prazer muito especial em ter na minha colecção aqueles que acho valerem mesmo, mesmo a pena, o que acontecerá, suponho, ao melómano que cada um dos leitores deste blogue é.
Mas não há melhor do que termos um CD que consideramos uma preciosidade a nível musical e, simultaneamente, uma obra-prima gráfica e é precisamente a propósito que trago algumas das obras do artista polaco Zbigniew Bielak.
Na web, é difícil encontrar referências a outros trabalhos seus que não sejam album covers e o próprio Erik Danielsson refere-se-lhe aqui como "a well-kept secret in the world of metal".
A partir daqui, encontramos as belíssimas obras que cada um de nós pode ter em casa:

"See you in Hell" (2010) dos Deströyer 666:


“Blasphemer’s Maledictions” (2011) dos Azarath:

Aqui, o autor comenta o seu trabalho: “Perverse ornaments, masses of air, venomous malevolence in seemingly soothing forms… Forging these virtues into an image was indeed quite some challenge, even though some seeds of the vision were already couple years old”.

"Welcome to the Morbid Reich" (2011) dos Vader:


"Lawless Darkness" (2010) dos Watain:

E arriscaria dizer que a capa deste álbum nem sequer é a melhor parte, porque todo o artwork é excelente!

E o muito esperado "Abzu" dos Absu:


Não conheço mais capas de álbuns da autoria de Zbigniew Bielak (encontrei associações entre o seu nome e os Behemoth ou os Autopsy, mas nenhuma consegui identificar como sua), mas seguramente que as próximas não nos decepcionarão!

Não podia deixar de referir mais um trabalho excepcional em que ele colaborou com o estúdio Metastazis, para a produção do poster de Watain para comemoração do "Lawless Darkness", impresso com sangue humano (presumivelmente, do próprio Bielak, embora também conste que proveio de um (outro) fã).
Não sei se vos parecerá muito estranho, mas não me importaria nada de ter uma das 111 cópias deste poster... No animals were harmed in the making of this poster, só um humano que, voluntariamente, contribuiu com o seu donativo e creio que ninguém poderá negar que a cor obtida é belíssima...!
Pena é que o "Lawless darkness" não seja tão bom quanto o "Sworn to the dark", mas isso é já outra história...

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20 setembro, 2011

Hardcore Sensível

Nunca acordaram, um dia, fartos?

De nada em particular, simplesmente fartos?

Da inevitabilidade das coisas, dos “outros”, da impotência perante o “establishment”, da “vidinha”?

Disto e daquilo, mas, no fundo, saturados até ao tutano de tudo ao mesmo tempo?

Também já tive dias desses e posso garantir-vos que, pelo menos, a meio mundo já lhe passou essa mesma ebulição pela cabeça. No entanto, poucos se lembraram de transformar essa raiva latente numa rebeldia, de certo modo, “sensível” como algumas bandas com fortes raízes hardcore que, de forma algo extemporânea, têm emergido na última década. Ainda que a algumas se possa traçar o paralelo da interioridade geográfica dos seus locais de origem, aquilo que mais sobressai na sua música, para além, obviamente, de alguma agressividade e desconforto, acaba por ser a melodia que caracteriza os ganchos que facilmente ficamos a trautear após cada audição.

Dada a irregularidade com que estas bandas aparecem e a falta de legado que muitas vezes as caracteriza, parece-me ser este um espaço adequado para expor algumas daquelas que mais “mossa” me deixaram.


Modern Life Is War

Witness . 2005
The Outsiders (AKA Hell Is For Heroes Part I)


Miles Away
Endless Roads . 2010
Ghostwriter


Defeater
Travels . 2008
Cowardice


Touché Amoré
Parting the Sea Between Brightness and Me . 2011
Home Away From Here


19 setembro, 2011

RUINS e MINERVA: falta uma semana!!!

5€ apresentando o bilhete do Amplifest!!!

Jon Edwards


Jon Edwards é o autor da fotografia acima, que alguns reconhecerão como a capa do Megafauna, de Yoga. A capa levou-me a ouvir o álbum, e, para quem não conhecer, a única coisa que posso dizer é que a imagem reflecte a música na perfeição: muito estranha, não se percebe bem o que está a acontecer, mas é difícil parar de ouvir/olhar. Após breve pesquisa, encontrei uma das únicas entrevistas dada por um dos membros de Yoga e descobri este jovem canadiano, que tinha 15 anos quando tirou a fotografia que veio a figurar na capa (hoje tem 21). Ele tem uma conta no flickr, onde podem ver algum do seu trabalho. É muito criativo e o resultado final é em muitos casos encantador (mas sempre estranho)... Não se deixem enganar, as imagens não são manipulação digital. Numa entrevista que encontrei dele pode ler-se:
I mostly like to be on my own. I've found that self-portraiture is one of the most convenient ways I can convey an idea. I always use a Spectra system and build up a confident relationship with the camera before the picture can be ready to release. I try to complete the image before this release and disfavor the use of any subsequent alterations unless it's the stove. Double exposure is my favourite choice. I use a digital projector and a mirror to help me. I'm interested in assemblages and unification. I hate to be straightforward.










16 setembro, 2011

Overflow

Na passada sexta-feira decidi não postar para não interromper o fluxo de boas notícias aqui no blog (GODFLESH!!) pelo que venho agora invadir-vos o fim de semana com a seguinte questão:

Como gerem, como consumidores de música, a quantidade inacreditável de álbuns que saem todas as semanas para o mercado (e/ou para o mediafire)?

É certo que isto é um tema mais do que falado e que se transforma quase sempre na esgrima dos prós e contras da partilha “livre” de ficheiros, mas não queria entrar por essa via.

Não se trata apenas de ter tempo para ouvir as últimas novidades, pois a vontade de pôr um Through Silver in Blood ou um Dopethrone a rodar é obviamente recorrente em qualquer um de nós.

Para contextualizar: tenho aqui aberta a minha biblioteca do iTunes e a barrinha de baixo diz-me que tenho 22052 músicas divididas por 901 intérpretes, num tempo total de reprodução de cerca de dois meses e meio! Ainda no outro dia estava com o iPod na mão a dar à rodinha quando me apercebi que tinha o último álbum dos Enslaved por ouvir há meses, e nunca mais me tinha lembrado disso.

Sendo então impossível passar a ouvir música as 16/17 horas diárias em que estamos acordados, muito menos com a atenção devida, como escolhem vocês as agulhas no palheiro?

Ajudem-me.

15 setembro, 2011

A inversão do concerto

Vi, há dias, o concerto de Anna Calvi. Pela minha curta memória, o último concerto que vi em recinto fechado até esta segunda-feira foi Neurosis, em Barcelona. A grande diferença, além das óbvias e que não entram neste jogo, estava mesmo no público.

Anna Calvi, detentora de uma voz impecável, cheia de força e arrepiante, fez uso das suas qualidades para dar o melhor concerto possível - e nisto entra o silêncio, imposto pelas dinâmicas da música para evidenciar toda a amplitude vocal da britânica. O silêncio, em Barcelona, é algo de que nem lembro. Falava-se, falava-se, murmurava-se, pedia-se músicas... Anna Calvi beneficiou do oposto, e foi uma actuação perfeita - por parte da audiência.

No que toca a concertos, performances, nós (quem quer que sejamos, mas é uma qualidade transversal aos concertos que os frequentadores deste blogue reconhecem, estou certo disso) temos uma oferta que não é comum: uma vontade genuína em ouvir tudo com a maior atenção e em permitir o maior impacto da actuação a que estamos a assistir. O nosso produto é o silêncio e o respeito. Quem é que, estando presente nos concertos de Scott Kelly, não se lembra do quão emocionado ele ficou com isso, por exemplo? Eu lembro-me do sorriso rasgado da tímida Anna Calvi no final do concerto e estou certo de que ela não podia ter arrancado com a digressão de melhor forma.

Da mesma forma que nós escolhemos ir ver concertos dependendo das salas, das bandas e por aí fora, quando é que as bandas e os artistas começam a escolher o "nosso" cantinho graças a estas características?

Oportunidades que não se repetem ou não deixes para amanhã o que deves ver hoje

O concerto do Porto Rio foi uma tremenda mistura de sensações bastante difíceis de descrever, a melancolia, os momentos depressivos, os acordes cortantes, mas também a harmonia, explicam o porquê de um transe sonoro que se viveu naquele espaço.

Ainda agora ecoam na minha memória e nos meus ouvidos momentos memoráveis do concerto.

Esta actuação irá porventura perdurar na memória de todos aqueles que estiveram presentes. Para quem não esteve será muito difícil perceber o que foi transmitido.

in Intervention


Até a Vera Viana, convidada de Setembro, me ter informado do fim dos Wolves in the Throne Room eu não tinha pensado nisto nem sequer sou fã de estatísticas, mas depois do tópico mais abaixo decidi avançar para o exercício.

Os nossos eventos têm uma taxa de mais de 70% de estreias em Portugal o que prova que o nosso caminho é mesmo o nosso, que a nossa programação, quer se goste ou não, é bem distinta e única. O irónico é que é que se começam a coleccionar casos de projectos que se estrearam/ passaram por Portugal via Amp e que não mais voltaram/ voltarão.

Não, a Amplificasom não é uma destruidora de bandas nem as mesmas, qual premonição qual quê, têm o fim anunciado quando fazem parte dos nossos eventos, mas ficam os exemplos de bandas que já não existem ou estão prestes a deixar de:
Capricorns, 15 de Junho de 2007: estreia em PT
Bossk, 18 de Setembro de 2007: estreia em PT
These Arms Are Snakes, 5 de Novembro de 2008: último concerto em PT
Wolves in the Throne Room, 7 de Fevereiro de 2009: estreia em PT
Minsk, 5 de Maio de 2009: estreia em PT, passariam mais tarde agenciado pela Amplificasom
Isis, 28 e 29 de Novembro de 2009: estreia em PT
Part Chimp, 13 de Setembro de 2010: estreia em PT

O “vejo-os para a próxima” deve ser bem equacionado, aposto que há por aí arrependidos de terem falhado o épico fim-de-semana com os Isis ou, a partir desta semana, uns Wolves in the Throne Room no Porto-Rio. Futuro? Oxalá não pois todas elas nos dizem muito, mas é provável que parte do cartaz do Amplifest não volte a meter cá os pés…

Bilhetes Amplifest: portuenses é a vossa vez

Bilhetes bonitos que darão direito a poster e descontos já à venda no Hard Club, Lost Underground, Louie Louie, Jojo's, Piranha e Matéria Prima.

Muito em breve em Lisboa, Ticketline, Galiza, etc etc.

Amplificasom agencia: EMERALDS em Santiago de Compostela

Emeralds
Cidade da Cultura, Santiago
20 de Setembro


Daqui Ali - Texto Nove (Caving no Laos)


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Caving—also occasionally known as spelunking in the United States and potholing in the United Kingdom—is the recreational pastime of exploring wild (generally non-commercial) cave systems.

Hoje acordei, meu quarto de hotel semi-podre em Vang Vieng, no Laos, e não sabia bem o que ia fazer. É o que acontece muitas vezes. Tanto podia ir fazer tubing, como dar uma volta por aí, como esperar que o Hugo chegasse e ver o que queria fazer...
               
Assim, almoçei nas calmas, aluguei uma bicicleta e fui dar uma volta. Queria ir ver onde era o hostel onde a Elena estava para ver se a encontrava. Fui lá mas ela não estava. Tubing? Na, fica p’ramanhã...
               
Ora tinha alugado a bicileta naquele gajo, e não no outro, porque este oferecia um mapa. Fixe. Peguei no mapa feito à mão, uma daquelas folhas fotocopiadas dezoito centenas de vezes, e vi onde queria ir. Ok, atravesso a ponte, sigo, sigo... iá, deve ser isso.
               
Debaixo dos chuviscos, comecei a pedalar. Num instante cheguei à ponte, onde tive de, mais uma vez e estupidamente a meu ver, pagar quarenta cêntimos para atravessar, passei. A caminho o mapa decidiu que já bastava de estar ao serviço de outros, e tentou o suicídio. Apanhei-o antes que o rio o fizesse, e segui caminho. Num instante já não sabia bem onde estava. Eu não sou muito bom a orientar-me (chego de Portugal ao Nepal por terra, de Singapura ao norte do Laos também por terra sem problemas, mas saio de casa, dou duas voltas ao quarteirão e já não sei bem onde estou) e o mapa também não era dos melhores. E até avisava – “not to scale”. Mas ok, continuo a pedalar entre os campos de arroz e duas chavalitas saltam para o meio da estrada a apontar para a gruta. Fixe, é p’ráli.
               
Saio da bicileta, preparo-me para me por a caminho e digo, com gentileza, às chavalinhas que não ia precisar de guia. Quem, eu? ‘Tás é maluca! Por acaso nem foi mau de todo. O caminho, por outro lado, não foi dos melhores. Mas é daquelas cenas. Tão “nada a ver com nada” que um gajo adora. Demorei p’rai quarenta minutos p’ra fazer um quilómetro, isto porque tinha de me equilibrar como um trapezista para não deslizar na lama entre os campos de arroz e não cair num destes. Num rasgo de esperteza, deixei as havaianas na bicla, e assim sempre era mais fácil. Porque andar de chinelos num sítio onde te enterras em lama até ao joelho é má ideia.
               
Eventualmente lá consegui sair dos campos de arroz. Tive de passar por uns bambus que estavam ali para ajudar a malta, saltar uma cerca e vi um barraco onde estava um maço de tabaco e um sinal a dizer para pagarmos 10000kip, um euro. Mas o gajo não estava lá! Porreiro. Se calhar tinha ido mijar por isso, pé ante pé, passei pelo barraco e segui sempre em frente. Apenas para voltar vinte minutos depois, pois não encontrava gruta nenhuma. O gajo viu-me, veio pedir-me para pagar, e assim o fiz. Depois caminhou e disse para o seguir. Ele caminhava naqueles seixos como se fosse algodão e aqui o europeuzinho sofria um bocado para o acompanhar.
               
Chegámos à gruta. Estava à espera de uma cena aberta, enorme, mas a entrada era do tamanho de meia pessoa. Cinco inglesas estavam a sair.
               
- Que tal?
- Não sei, não chegámos a descer – respondeu uma.
- É assustador, e eu já me estava a sentir zonza – disse outra.
- Eu ainda fui um bocado, com o guia, mas depois, quando ele ‘tava a descer mais p’ra baixo um escadote partiu e voltámos para trás, ele não queria ir mais – disse a terceira.
               
Eu não sabia bem o que pensar daquilo. Por um lado isto só me atraía mais, mas por outro já estava a ficar um bocado cagado. Mas ok, siga. O gajo apareceu, deu-me uma lanterna daquelas que se põe na cabeça mas que levei na mão, e entrámos. Ok, sim, estava a ver porque é que diziam que era assustador. Imaginem sinuosos corredores onde um gajo às vezes tem de passar de lado, pequenas poças de água lamaçenta que nos chega à bacia, subidas por uns escadotes completamente podres... era pior que isso. Tanto que passados os primeiro cinco minutos o gajo disse “vamos voltar para trás”. Estive quase, mas tinha de continuar. Ele nem insistiu, bazou logo e lá fiquei, sozinho, na escuridão. Ele tinha bazado antes de descer o tal escadote cujo degrau se tinha partido. Eu segui com cuidado, aguentando-me nas paredes com os cotovelos, tentando não me armar em campeão. Isto porque o solo era mais escorregadio do que os melhores dias da Cicciolina. O próprio gajo escorregou um par de vezes. Agora imaginem escorregar gruta abaixo e estatelar-se todo num sítio de onde será quase impossível retirar-te assim sem mais nem quê.
               
Quando tentava descer o famoso escadote, foi a minha vez de partir um degrau. Um instante apenas. PAU! Não sei como aguentei-me no seguinte e não deixei cair a lanterna. Só pensava “se esta lanterna cai ou fica sem pilhas o próximo filme do Danny Boyle vai ser sobre mim”. Não é bem o mesmo, mas se a lanterna ficava sem pilhas acho que só no dia seguinte é que aparecia alguém, e nos entretantos eu ficava lá encharcado, enregelado, no breu mais breu que o mundo conhece. Mas estou agora a escrever isto, por isso não aconteceu nada, já se sabe.
               
Segui caminho. Queria voltar para trás, e às vezes desejava que depois da próxima curva acabasse. Mas o curioso, é que não o queria verdadeiramente. Uma pequena parte de mim sim, mas a outra parte de mim, ainda que a parte inteira estivesse toda cagada de medo, queria seguir, e aventurar-me o máximo possível. O meu coração batia fortemente e sentia uma adrenalina como não sentia há anos, e naquele momento senti-me plenamente vivo. Naquele momento eu era os meus sentidos. Era um animal, um inteligente animal que cometia a estupidez de ir a um sítio só porque sim. Comparava com a Europa o que me rodeava. A geografia daquela gruta, os escadotes todos podres e a rebentar e aquele solo escorregadio faria com que nunca se sonhasse em fazer aquela cena sem um guia, ou sem butõezinhos ao longo da gruta onde um gajo pudesse carregar quando em apuros. Concerteza haverá cenas destas, mas off-circuit, imagino. Se houver alguns “cavers” por aí, que me corrigam.
               
Apareceu, entretanto, o que seria a etapa final. Já tinha passado, curvado, por zonas onde a água me chegava à cinta. Mas agora era todo um caminho. Volto para trás ou não? Respirei fundo, com dificuldade, e segui. Nadei um pedaço com cuidado para não deixar cair a lanterna e consegui, era esse o fim. Voltei para trás, tentei dominar-me e continuar a ter cuidado apesar de já ter acabado. Saí cá para fora. Passado meia hora ainda estava a tremer.
               
Foi, sem dúvida, uma das cenas mais fixes que fiz nesta viagem.

22h25-d-7-8-11
Vang Vieng, Laos









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