Aronofsky
Todos nós tivemos bandas que ouvimos até à exasutão, ao ponto de fazerem parte da nossa história, mas que não tiveram grande sucesso para as massas. Eu coleccionei bastantes, e hoje passados estes anos reconheço que algumas envelheceram bem, ou provavelmente estavam bastante à frente da sua era. "The most underrated metal bands ever!" - pelo menos no meu livro.
Olá a todos,
É com muito prazer que vejo estes cogumelos surgirem na Enough Records.
Já esqueci o início surreal a solo dum dos nove músicos que fizeram parte desta noite inesquecível. Foram uns minutos inapropriados, mas quando damos conta de Gustavo Costa e João Filipe a subir para as respectivas baterias então sabemos que temos concertaço. A eles juntaram-se os elementos do colectivo Soopa, Henrique Fernandes, Scott Nydegger e o mestre dos mestres Steve Mackay. Os riffs andaram à volta daquilo que vai ser o novo álbum a solo do sax dos Stooges (gravado no Porto), mas houve muito improviso sempre mediado pelo próprio. Foi uma excelente noite, uma daquelas noites cheias de talento e história que pensamos que só acontece lá fora. Ainda bem que não. Já aqui o disse que estas noites Exploitation são para levar muito a sério...
Para quem se interessa pelas correntes free-noise-rock nem sempre é muito explícita a promiscuidade por trás desses gêneros. Se pensarmos em muitos ícones do rock mais visceral e inventivo teremos uma noção mais clara sobre a representatividade do jazz livre em sua estrutura. A questão não é especular quem influenciou quem, mas tentar compreender que há elos vitais entre os sons de um lado e de outro (mesmo que a massa de fãs, um pedaço em cada ponta, prefira ignorar o que se passa no outro extremo). Passamos pelos que dizem admirar o gênero, como Iggy Pop: “Coltrane me deixa louco. E tinha também caras como Albert Ayler. Tudo isso dava voltas ao nosso redor”; pelos que admitem certa influência, como Wayne Kramer, do MC5: “estávamos tentando seguir o rumo apontado por Sun Ra, Ayler, Coltrane, Pharoah Sanders e Archie Shepp. Essa era a música que nos inspirava”; e mesmo os que chamaram free jazzistas para alguma gravação, como Lou Reed, que convocou o trompetista Don Cherry para tocar em “The Bells”.
A música ambiental tem frequentemente associado um estigma difícil de inverter, o facto de ser monótona, repetitiva e soltar um Zzzzzz a quem não tiver mentalmente preparado para as paisagens mais áridas. Mas eu que sou um tipo das multimédias, e são os detalhes (não a força bruta) que rezam a história. Esta compatibilidade estética/visual/ambiente foi a minha porta de entrada para este universo de ambient/experimental por onde tenho andado bastante nos últimos anos. Começou portanto por um complemento à profissão, mas o movimento está de saúde com grandes nomes de músicos e recomenda-se, por isso decidi divulgar algumas referências de que gosto particularmente e poderão ser apelativos ao pessoal mais metal.
A loja dos amigos Oscar e Iolanda atravessa a rua e o cruzamento da Almada e abre portas no nº 446 (uns metros acima da anterior). Está com muito bom aspecto, é aparecer para comprar discos (cds, lps, etc), revistas, bilhetes para concertos, apreciar os nossos posters nas paredes e tal...
Split de doze polegadas a sair no próximo mês para celebrar a tour em conjunto de ambas as bandas. Isis com dois temas saídos das sessões do Wavering Radiant: Way Through Woven Branches (já ouvida na versão nipónica do disco) e The Pliable Foe; Melvins com duas versões de dois temas novos que vão sair no próximo álbum: Pig House e I’ll Finish You Off. Quero!!!
Diz-se por aí que é o melhor Deftones desde o White Pony… Eu não tenho como hábito entrar em comparações, não creio que seja a melhor forma de se avaliar algo, mas talvez tenha percebido o que se quis dizer com isso. De qualquer maneira, há bandas ou álbuns que ficam ligados a determinadas épocas da nossa vida e esse disco que tinha malhas como Change, Digital Bath, etc bateu quando tinha 18 ou 19 anos. Ainda mora lá em casa, mas teria o mesmo impacto se fosse editado hoje?
Well look out
O The Dark Side of the Moon é um dos discos mais importantes da história da música, estamos todos de acordo, e aos Pink Floyd tributos são coisa que não lhes faltam. Mas hoje que é dia de ressaca, eis que esta perspectiva brasileira se torna numa bela companhia. Excelente trabalho do paraense Luiz Félix que com muita vontade e imaginação conseguiu dar um sotaque diferente ao clássico sem lhe comprometer o conceito.
Está quase a fazer um ano que abri um tópico sobre Sasha Grey, a estrela porno que entrou no último Soderbergh e no último Current 93! Veste t-shirts dos Joy Division, dá-se com malta como Billy Corgan, David Tibet ou ou Dave Navarro, vê Godard, escreve sobre doom, drone, etc… Enfim, uma actriz fora do normal que até se safa bem na sua profissão. Também disse que ela tem um projecto chamado aTelecine. Este tópico só serve para acrescentar que a miúda pode ter nascido para muita coisa…menos para a música.
Jóhann Jóhannsson
Ainda temos um par de cópias. Apitem se estiverem interessados em adquirir uma cópia amanhã no concerto de Mouth of the Architect.
O vulcão islandês fintou os peregrinos. Bandas como os Jesu ou Shrinebuilder não sairam de casa, outras como os Earthless deram dois concertos, horários alterados... Hoje o Victor Lima disse que amanhã vai repetir MOTA no Porto pois teve oportunidade de os ver e arrasaram. Aos que já chegaram, apitem no outro tópico as vossas experiências: Roadburn 2010
Seguindo a tónica de clássico e começando a de ambiente, o trabalho de Arvo Pärt é de longe o que me tem feito mais companhia neste último ano. O reportório deste Estónio é em grande parte centrado em temáticas religiosas, e não é por acaso que a sua música transporta consigo esta religiosidade. Munida de uma quietude e pureza intocáveis, é bem conhecida a história em que doentes em fase terminal com SIDA pediam para ouvir a sua obra Tabula Rasa de 1977 vezes sem conta, após as passagens regulares de uma das enfermeiras como forma de atenuar de alguma forma o impossível.
Pode ter a pior capa de sempre, mas por aqui é o mais esperado de 2010!
Já que o blog tem tido mais cinema nos últimos tempos, aqui vai um pequeno post com uma descoberta sonora recente num filme. Ontem vi pela primeira vez o Godzila (Gojira em japonês) original - o filme que deu origem a todo o fenómeno (doentio e sem sentido?) que se seguiu. Para minha admiração, os efeitos sonoros das cenas em que aparece o dito "monstro" são mesmo muito bem conseguidos e bastante experimentais para a época (falámos de 1954).
Não gosto de listas e seleções de ‘tops’. Minha intenção ao fazer esse ‘Top 10’ foi a de mostrar que o free jazz e a free improvisation seguem como formas vivas de criação musical radical. Quando falo sobre free jazz, muita gente demonstra encarar esse gênero como algo datado, que teve seu momento/papel histórico e que depois desapareceu (ou ficou apenas revolvendo-se sobre cinzas passadas). Muito dessa visão deve-se, sem dúvida, a Winton Marsalis e aos críticos que o compraram como a grande última revelação do jazz. Não que o trompetista não seja qualificado e dono de um som refinado. Mas sua visão estreita sobre o que representa o mundo jazzístico causou danos maiores do que muita gente imagina... O free jazz se consolidou como um mundo sonoro próprio e continua rendendo obras geniais, novos músicos inventivos e muita coisa boa que merece ser ouvida e conhecida. Essa lista se propõe apenas a destacar alguns músicos e álbuns que mantiveram o gênero vivo nesta década, neste século. A ordem é aleatória: o 1º não é mais relevante que o 10º _e muitos outros, é óbvio, ficaram de fora. Todos os citados merecem ser conhecidos e desfrutados com a mesma urgência...