Aronofsky


![]() |
Todos nós tivemos bandas que ouvimos até à exasutão, ao ponto de fazerem parte da nossa história, mas que não tiveram grande sucesso para as massas. Eu coleccionei bastantes, e hoje passados estes anos reconheço que algumas envelheceram bem, ou provavelmente estavam bastante à frente da sua era. "The most underrated metal bands ever!" - pelo menos no meu livro.
Olá a todos,
Para quem se interessa pelas correntes free-noise-rock nem sempre é muito explícita a promiscuidade por trás desses gêneros. Se pensarmos em muitos ícones do rock mais visceral e inventivo teremos uma noção mais clara sobre a representatividade do jazz livre em sua estrutura. A questão não é especular quem influenciou quem, mas tentar compreender que há elos vitais entre os sons de um lado e de outro (mesmo que a massa de fãs, um pedaço em cada ponta, prefira ignorar o que se passa no outro extremo). Passamos pelos que dizem admirar o gênero, como Iggy Pop: “Coltrane me deixa louco. E tinha também caras como Albert Ayler. Tudo isso dava voltas ao nosso redor”; pelos que admitem certa influência, como Wayne Kramer, do MC5: “estávamos tentando seguir o rumo apontado por Sun Ra, Ayler, Coltrane, Pharoah Sanders e Archie Shepp. Essa era a música que nos inspirava”; e mesmo os que chamaram free jazzistas para alguma gravação, como Lou Reed, que convocou o trompetista Don Cherry para tocar em “The Bells”.
A música ambiental tem frequentemente associado um estigma difícil de inverter, o facto de ser monótona, repetitiva e soltar um Zzzzzz a quem não tiver mentalmente preparado para as paisagens mais áridas. Mas eu que sou um tipo das multimédias, e são os detalhes (não a força bruta) que rezam a história. Esta compatibilidade estética/visual/ambiente foi a minha porta de entrada para este universo de ambient/experimental por onde tenho andado bastante nos últimos anos. Começou portanto por um complemento à profissão, mas o movimento está de saúde com grandes nomes de músicos e recomenda-se, por isso decidi divulgar algumas referências de que gosto particularmente e poderão ser apelativos ao pessoal mais metal.
Well look out
Jóhann Jóhannsson
Seguindo a tónica de clássico e começando a de ambiente, o trabalho de Arvo Pärt é de longe o que me tem feito mais companhia neste último ano. O reportório deste Estónio é em grande parte centrado em temáticas religiosas, e não é por acaso que a sua música transporta consigo esta religiosidade. Munida de uma quietude e pureza intocáveis, é bem conhecida a história em que doentes em fase terminal com SIDA pediam para ouvir a sua obra Tabula Rasa de 1977 vezes sem conta, após as passagens regulares de uma das enfermeiras como forma de atenuar de alguma forma o impossível.
Pode ter a pior capa de sempre, mas por aqui é o mais esperado de 2010!
Já que o blog tem tido mais cinema nos últimos tempos, aqui vai um pequeno post com uma descoberta sonora recente num filme. Ontem vi pela primeira vez o Godzila (Gojira em japonês) original - o filme que deu origem a todo o fenómeno (doentio e sem sentido?) que se seguiu. Para minha admiração, os efeitos sonoros das cenas em que aparece o dito "monstro" são mesmo muito bem conseguidos e bastante experimentais para a época (falámos de 1954).
Não gosto de listas e seleções de ‘tops’. Minha intenção ao fazer esse ‘Top 10’ foi a de mostrar que o free jazz e a free improvisation seguem como formas vivas de criação musical radical. Quando falo sobre free jazz, muita gente demonstra encarar esse gênero como algo datado, que teve seu momento/papel histórico e que depois desapareceu (ou ficou apenas revolvendo-se sobre cinzas passadas). Muito dessa visão deve-se, sem dúvida, a Winton Marsalis e aos críticos que o compraram como a grande última revelação do jazz. Não que o trompetista não seja qualificado e dono de um som refinado. Mas sua visão estreita sobre o que representa o mundo jazzístico causou danos maiores do que muita gente imagina... O free jazz se consolidou como um mundo sonoro próprio e continua rendendo obras geniais, novos músicos inventivos e muita coisa boa que merece ser ouvida e conhecida. Essa lista se propõe apenas a destacar alguns músicos e álbuns que mantiveram o gênero vivo nesta década, neste século. A ordem é aleatória: o 1º não é mais relevante que o 10º _e muitos outros, é óbvio, ficaram de fora. Todos os citados merecem ser conhecidos e desfrutados com a mesma urgência...