31 maio, 2011

A fusão da música erudita com a electrónica ambiente


Se Erik Satie e Debussy vivessem nos dias de hoje, possivelmente utilizariam a electrónica para criar a sua música.

Projectos como Deaf Center, Murcof, Max Richter, Greg Haines e até Peter Broderick conjugam a música erudita (usualmente chamada clássica) com a electrónica ambiente.

Estes músicos e muitos outros são os seguidores dos compositores romanticos dos finais do séc xix e inícios do séc xx.

Erik Satie foi o inventor da música ambiente, que ele chamava de musique d'ameublement. Consistia em usar sons naturais por cima das suas músicas.

Nos dias de hoje esses sons são vulgarmente chamados de field recordings (gravações de campo), podem ser captados de vários ambientes, ou então podem ser retirados de gravações (de filmes, rádio, discos, etc)

Em Portugal temos alguns casos de projectos deste tipo, falo de Tiago Sousa e Tiago Benzinho.

Editoras como a Type Records e Leaf ajudaram a espalhar esta sonoridade.

É música cinemática, é por isso muito é usada em cinema e em publicidade, em peças de dança ou Teatro.

Sinto curiosidade para ver o que este conjunto de músicos vai fazer no futuro e qual a sua irá ser a sua importância para a música erudita ambiente, vamos esperar mais uns anos para ver se o Greg Haines é o Arvo Pärt do séc. XXI :)

Amplificasom agencia EAK + Löbo no Perre

2 de Julho: EAK @ Perre Open Air
3 de Julho: Löbo @ Perre Open Air

Adriano Esteves dixit

O Greg Haines é o Arvo Pärt do século XXI.

30 maio, 2011

5 Junho

fotografia "Vergonha em Verónica", dinis santos

impressões a trocar


 

 


Emeralds: concerto do ano?

Nunca fiquei tão satisfeito por ter chovido. O Ténis é, sem dúvida, um spot delicioso mas um som como o dos Emeralds pede um outro tipo de espaço e dentro do museu foi... tudo aquilo a que assistimos. Para quem não esteve presente ou para quem quiser simplesmente recordar, as fotos do nosso Silva:












29 maio, 2011

Whigfield 666


A língua portuguesa não está repleta de palavras começadas pela letra 'V' cujos significados não sugiram algo mais do que encrencas aflitivas. Começando por violência e vingança, existe também vulgar, vicioso, vilão, vítima, verme, vão, vil, vaidoso, vampiro, vago, vazio... a lista é longa e frugal em sorrisos.

Pois estava a ver este vídeo da minha adolescência quando notei um sórdido pormenor que, não sei como, deixei escapar nas enésimas assistências que lhe fiz. Deixem-me pois usar estas últimas linhas para descarregar o que sinto serem as minhas obrigações éticas neste espectáculo degradante e insidioso a que o mundo inteiro foi sujeito durante todos estes anos.
Foi uma estranha mistura de realidades que subitamente me submergiu nesta tarde, tornando a concentração difícil e estreitando o meu mundo a um anel nervoso ao redor das poucas seguranças que ainda sinto possuir. Durante a última hora mais de um milhão de memórias refugiadas atravessou a fronteira para o lobo frontal desde as zonas de pânico do córtex superior, tornando-se dolorosa e desgraçadamente claro que nunca me poderei jamais fiar na inocência do bubblegum e cor-de-rosa como redutos contra a perversão e o aviltamento.

Junte-se dois 'V' um ao outro e obter-se-á o duplo 'V' - o 'W' - o filho bastardo da anglicização da língua e da heresia: era só mais uma jovem loura ambiciosa e idealista, saídinha de fresco da explosão eurodance, que algures durante a viagem parece ter desenvolvido um gosto por bife e brutalidade.

As conclusões deixo-as para vocês, porque elas podem de facto mudar a vossa vida. Mas entretanto, e numa espécie de tradução livre e funcional - nos termos desta pequena relação maligna que o destino nos configurou - preparei esta prova que demonstra com clareza que a Whigfield foi desmamada na mesma teta feia que Satanás:


outro vídeo

Internet is a playground

A Internet foi um advento que chegou tarde para mim. Até cerca de 2006 só parava na internet em cybers, sendo que parava lá bastante. Usei o mIRC, soulseek, depois passei para os foruns, blogs, etc. Tudo normal. Mas desde cedo que este espaço virtual se revelou como um canalizador de frustrações, onde os gajos mais acneicos transformavam as teclas do seu pc em socos do Chuck Norris. As batalhas a que assistia nos chat rooms do IRC, ou as ameaças ocas de porrada nos foruns, a world wide web parecia ter transformado muita gente em Harry Callahans, destemidos com as suas .44 a disparar cartuchos de virilidade. Claro que 80% destas pessoas, quando confrontados com certas situações na vida real, sonhavam em ter a capa da invisibilidade do Harry Potter. Mas sempre existiram aqueles outros 20% que levavam isto mesmo muito a sério, e concretizavam as suas ameaças. Foi uma internet que serviu para mostrar muito da idiossincracia do ser humano, o seu lado mais obscuro e sádico, perverso e egoísta.

Hoje, a Internet é uma extensão do nosso corpo, um sexto sentido, uma ferramenta indissociável da nossa vida em sociedade. Tem uma utilidade tremenda, é um utensílio de conhecimento e um veículo onde transportamos a nossa criatividade e nos damos a conhecer a um mundo que outrora estava fechado para nós. Contudo, basta passarmos nos sites de imprensa e reparar nos comentários às notícias, ou muitas vezes para as discussões que se abrem nos comentários de blogues, para percebermos que este heroísmo invisível ainda grassa torpemente pela WWW. Ameaças, extremismos, erros gramaticais que envergonhariam a padeira d'Aljubarrota...

20 anos de existência, e a Internet continua com o seu grande problema: as pessoas levam-na demasiado a sério. Substituiram-na muitas vezes pelas relações pessoais, e se bem que hoje, com coisas como o facebook, mantemos muitas relações "virtuais", o ser humano precisa do contato com as pessoas para ser... humano. E por isso abri este tópico, para dar a conhecer a quem ainda não teve o privilégio o sr. David Thorne.

David Thorne é o autor de um site chamado 27bslash6. Este site é a personificação do título deste tópico. David Thorne é um senhor australiano que usa a linguagem para combater um mal da Humanidade: a estupidez crónica. Usa a internet como aquilo que ela deveria ser, um espaço divertido onde as pessoas não se levassem demasiado a sério e onde efetivamente poderiamos construir uma sociedade bem mais cool do que a que temos por agora. Aconselho vivamente que percam umas horas a ler todas as histórias que ele publica no site (já tem um livro e tudo), com especial ênfase para a do gato desaparecido, a do senhor das tabelas ou a do Mr. Homofóbico. A maior parte das situações surgem da correspondência de emails, mas ele também tem outras coisas engraçadas como as frases do seu filho ou a sua errância pelo Chatroulette.

Diversão garantida!

V.I.T.R.I.O.L.

Tenho uns interesses algo peculiares, possuo um fascínio por personagens extremas como o Marquês de Sade e o Aleister Crowley. Entre os meus autores favoritos encontram-se um existencialista sueco dotado de uma sensibilidade extrema que pôs termo à própia vida aos 31 anos de idade e um americano que não o conseguia manter dentro das calças, passou anos refugiado em Paris e teve de esperar décadas para ver os seus livros publicados no seu próprio país. Durante anos interessei-me por paganismo e ocultismo. Sou um “weirdo”. E, no entanto, sou alguém completamente banal. As personagens extremas que me fascinam, os interesses que já tive são, ao fim e ao cabo, profundamente banais para o meio musical em que me inseria.
A percepção daquilo que somos, a nossa capacidade de chocar, muda consoante o meio em que nos inserimos e o contexto em que o fazemos. Uma coisa é a linguagem do meio social dominante, outra é a de uma franja, de uma sub ou contra cultura com referências e conceitos éticos próprios.
É assim: pode-se chocar algém por dizer que já se leu “A Bíblia Satânica” mas, para certos meios, isso quase que é requisito mínimo. Sendo assim, qual é a coragem, qual é a ousadia possível para com a “tribo”? O que há de estranho em ter cabelo comprido e vestir de preto quando, em certas circunstâncias, em certos momentos, todos à tua volta o fazem? Porquê a vontade da diferença para logo a seguir querer a identificação com algo, com alguém? O que nos leva a querer romper com uma determinada norma e reivindicar liberdade de certas morais para, em seguida, aderir a uma outra norma e a novas morais que também nos cercearão a liberdade e que resultarão em críticas caso as infrinjamos? Que belo desespero o nosso, tão “pronto-a-usar” por qualquer tarado religioso que nos prometa a Lua, ou, ao ser destronado o tarado religioso, tão “pronto-a-usar” por uma qualquer ilusão de um mundo melhor onde estaremos livres do ópio do povo, desde que sigamos a opinião do nosso grande timoneiro, claro está.
Quanto muda a linguagem quando se fala para a “cena”, a “tribo”, e quando se fala para o vulgo! E, no entanto, a “tribo” torna-se vulgo quando se está demasiado inserido nela. Qual o valor das opiniões que se ouvem, qual o significado das decisões que se tomam, quando só se procura ouvir aqueles que anuem connosco?
O que é realmente ser-se “outsider” quando se procura uma irmandade de “outsiders”? O que é isso de se viver “à margem” e esperar a integração nalgum lado?
É como aquela questão: quando o alternativo é mainstream, então o que é alternativo?
E reparem, tudo isto pode ser entendido como uma metáfora, os exemplos que dou podem perfeitamente ser extrapolados para outros meios, outras situações. E, além disso e acima de tudo , porque raio é que estou eu aqui, um caramelo que pode tão facilmente ser considerado um cliché, que se veste de preto, tem cabelo comprido e ouve metal e se interessa por coisas sombrias, sim, ao fim e ao cabo, porque é que estou eu aqui a colocar estas questões? Bem, eu sou um daqueles tipinhos irritantes que colocam questões! Pior, eu sou um daqueles tipinhos irritantes que colocam questões e, ainda por cima, têm a mania de ser sarcásticos! Não, não vou poupar o trabalho a ninguém e dar também as respostas, assim já não seria um tipinho irritante! As pessoas adoram quem lhes dá as respostas e desatinam com quem só levanta questões. Eu acho que há uma falta de “questionamento”, ou até de pensamento. Ao longo dos anos fui ouvindo alarvidades do género “não lhe pago para pensar” (lamento muito, mas é indissociável de mim), ou “as pessoas que só levantam questões não prestam, o que é preciso é gente que faça as coisas” (pois, e fazer sem pensar é uma maravilha). Enfim, tudo situações que revelam o nobre espírito deste grandioso povo. “...Levantai hoje de novo o esplendor do curral.”
Sou um gajo com uns gostos peculiares. Sou um gajo banal, toda a gente tem gostos peculiares! Estamos todos centrados no nosso mundo a julgar que somos especiais (olha que umbigo tão giro!), que somos flocos de neve. É aliás esse o terreno fértil onde prosperam uma data de religiões - na promessa de que somos especiais e há algo eterno reservado para nós, porque obviamente somos demasiado importantes para morrermos e pronto. E, no entanto, na nossa inflaccionada individualidade, quão rapidamente corremos para a glória do número, para o conforto do rebanho. “Vamos ganhar o jogo!” (pois, és mesmo tu que estás em campo a ganhar aquela barbaridade de dinheiro!); “fomos perseguidos durante séculos!” (a sério que és assim tão velho?!); “yes, we can” (mas vais-te esquecer de mim quando chegar a hora, não vais?)...

Quanto ao título (mas que raio é aquilo?!): googlem lá isso, ok?...(arrogante do cara***, não podia dizer?!)

27 maio, 2011

Emeralds: sim, vai ser assim tão bom

Não querendo tirar o efeito surpresa a quem os nunca viu, deixo este link com meia dúzia de videos fresquinhos da sua recente passagem belga no passado dia 17. Apreciem e agora imaginem-nos no domingo a acompanhar o pôr-do-sol portuense em pleno ténis de Serralves. Vistam t-shirts coloridas. Vemo-nos lá!

26 maio, 2011

Here comes the Fuzz!


Here comes the fuzz.

FUZZ
Pronunciation:/fʌz/
noun
1 a frizzy mass of hair or fibre:a fuzz of black hair[mass noun] :his face was covered with white fuzz
2 a buzzing or distorted sound, especially one deliberately produced as an effect on an electric guitar.


Em 1960, um tal de Grady Martin estava a tocar baixo durante uma sessão de gravação para a música "Don't Worry", do cantor de country Marty Robbins. Devido a um problema na mesa de som, o som do baixo não ficou gravado correctamente, tendo ficado com distorção. Podem ouvir em baixo o trecho em questão.


Os tipos lá acharam piada à coisa e lançaram a música assim mesmo. O tema acabou por fazer sucesso e como tal, surgiu a necessidade de emular este tipo de som duma maneira fiável, sem haver a necessidade de recorrer a artifícios de gravação. A tarefa ficou a cargo de Glen Snoddy, o produtor responsável aquando a gravação de "Don't Worry". Em 1962, é lançado a primeira Fuzz Box, a Maestro FZ-1 Fuzz Tone, ficando mais tarde conhecido como a Gibson Maestro Fuzz-tone. O impacto no mercado foi reduzido, sendo utilizado maioritariamente por músicos country, passando despercebido do público em geral. Mas, eis que em 1965, é lançado o single Satisfaction dos Rolling Stones, sendo o riff principal gravado com a Fuzz Box. And the rest is history.

Desde então, a exploração do fuzz tem atingido novas dimensões, chegando a definir estilos de música por si só. O som cheio e porco do Death Metal Sueco, passando pelo groove saturado e pesadão do Stoner/Desert Rock. Ultrapassou fronteiras, já não é um brinquedo exclusivo daqueles que escolhem guitarras e baixos como instrumentos de expressão, manifestando-se amplamente em música de concepção digital.
Volvidas cerca de 5 décadas, é curioso constatar quanta influência teve um defeito de equipamento na nossa concepção de "som" e como novos músicos continuam a ser influenciados por esta estética sonora. Será que ainda há espaço na música actual para revoluções destas?

24 maio, 2011

Making of de um poster

Neste pequeno texto indico apenas algumas linhas pessoais que sigo na construção de uma peça gráfica, neste caso de um poster.

O início de um poster surge com o conceito. O conceito é dos pontos mais importantes para a criação de uma peça gráfica. Para criar um poster podemo-nos basear no universo da banda, ou então criar algo mais abstracto, há que criar algo que faça captar a atenção das pessoas. Chamar a atenção, despertar o interesse e causar desejo são lemas a usar para fazer algo apelativo.
Neste caso baseei-me no universo da banda, que ilustra a sua música com imagens espirituais e religiosas. Utilizei uma imagem de um dos álbuns e adicionei outra imagem antiga dentro do contexto imagético da banda.




Há que ter em atenção os elementos a usar, como a cor, os tipos de letra, as imagens (sejam ilustrações ou fotografias ou então desenho vectorial) e as formas.
É necessários conjugar todos estes elementos para que combinem uns com os outros, os tamanhos a localização, a cor e a forma destes elementos são necessários para o equilíbrio do trabalho final.


Neste poster inseri formas abstractas sobre as imagens, o objectivo é personalizar o trabalho final, dar-lhe um toque que o faça destacar-se.


Para dar um ar antigo e gasto do poster , nada como inserir texturas.

Na parte final aparece o texto, este deverá ter uma disposição harmoniosa com os restantes elementos, de preferência podemos fazer um alinhamento com outros elementos. Há que ter especial cuidado com a escolha dos tipos de letra e da cor dos mesmos.


Este processo nem sempre começa da mesma maneira, pode muitas vezes começar pela disposição do texto, ou pela construção de formas geométricas, ou pelas imagens, a intuição é muito importante e por vezes guia o processo.

Os objectivos finais passam por fazer uma peça bonita (lado estético) e informativa (lado funcional).

Daqui Ali - Texto Cinco [Comparações]

este texto foi escrito há mais ou menos um mês. para acompanhares esta viagem mais ao detalhe, podes visitar o bloguezinho Daqui Ali (clicando nestas letras). para ver as fotos e cenas que tais, podes visitar a página do facebook. clica no "gosto" - é importante ter pessoal na página porque atrai patrocinadores. angariei 1410€ para uma instituição indiana, 100% do guito vai para eles e não me passa pelas mãos.

Três meses na estrada. Bem, três meses e um dia, para ser mais preciso. Incrível. Surpresas, mutações, reflexões, explosões de consciência, destinos cruzados, sorrisos oferecidos, enrascadas, uma amálgama de experiências, sentimentos e constatações dentro de mim. Não parti para me encontrar, mas que opção tenho perante horas a fio sozinho entregue aos Ventos senão olhar ao redor e tentar encontrar alguma coerência com o que vai cá dentro, com o que aprendi e julguei ser certo?

Escrevo do Vale Hunza, talvez o sítio mais belo onde já estive, no Paquistão. Movido pelos medos que nos incutem e a que, sem querer, quase pereci, tinha como objectivo passar por este país de rompante, uma ponte entre o Irão e a Índia. Mas estou aqui há vinte e dois dias. Surpresas. Surpresas nos sorrisos que não param de me desejar as boas-vindas, no calor de uma sociedade que vive debaixo de uma religião diferente da nossa, nunca tão radical quanto se pensa, no que ao mais comum Homem diz respeito. Um abre-olhos como uma estalada na cara. Estou num quarto, sozinho, numa casa anexa à do meu anfitrião. Se saio e dou uns passos à direita vejo o seu lar, onde agora dormem, na mesma divisão do tamanho de duas mesas de bilhar, cinco pessoas. Como no resto do Paquistão, não há luz nesta casa durante quase metade de cada dia. Numa característica, ao que me parece mais particular desta zona, não há água corrente. Parece-me uma família feliz, apesar de tudo, ainda que, naturalmente, eu entenda que eventuais infelicidades, seja de que família for, de que país for, seja algo que às vezes se varre para debaixo do tapete quando há visitas.
               
Hoje andei por aí, perdido entre as maravilhas deste sítio, e a comparação entre estes dois mundos tão diferentes não me saía da cabeça. Claro que entendo que é mais fácil comparar com o que temos na porta do lado, e tão mais fácil estabelecer comparações com quem está melhor. Gostamos de sentir que podemos ter sempre mais, e na impossibilidade de tal acontecer, gostamos de nos sentir pobrezitos com isto. Acho que é por isso que temos de abrir os olhos. Hoje, sentado na beira de um penhasco a ouvir Nina Simone apreciando a vista, tentava disciplinar-me. “Tenho de dar mais valor ao que tenho”, dizia-me. Sempre mo disse, mas castiga-me a facilidade que o meu ser tem de se habituar a circunstâncias que para nós são corriqueiras mas que para tanta gente estão perto do luxo.
               
A nossa constatação dos bens que temos, seja de que natureza for, deveria ser intrínsica. Deveria vir já programado, a nossa VIDA seria bem mais fácil. Mas falhando isto, porque não nos forçarmos a ver o esquema maior, e perceber que a grande maioria de nós teve uma sorte incrível de nascer num país europeu? Portugal está na fossa, em vários domínios, é impossível negar. E se calhar o pessoal não pode comprar aquele carro com que sempre sonhou. Se calhar o pessoal tem de ter umas sapatilhas da Remate em vez da Nike. Se calhar o pessoal até pode nem ter carro. Mas o pessoal tem muito mais do que imagina. Não posso estar assim tão enganado, e não falo de barriga cheia, porque falo de necessidades, não falo das coisas superfluas de que posso beneficiar particularmente.
               
A nossa felicidade é algo que se constrói de dentro para fora, não de fora para dentro. Ou assim o deveria ser. Acho que às vezes confundimos a felicidade em si, com a percepção da mesma. Baralhamos os sub-objectivos e trocamos as prioridades, focando-nos naquilo que se espera de nós, naquilo que se espera que tenhamos, que façamos, que sejamos. Tudo isto em vez de permitir que entre um pouco de luz carregando consigo a clarividência que nos permita ver mais além.
               
Oscilamos entre extremos. Ou obsessiona-nos com aquilo que não temos e por isso nos sentimos incompletos, ou com aquilo que temos, e injectamo-lo directamente no nosso coração, deixando que fale por nós, e nos defina.
               
É tudo uma questão de escolhas, no final de contas. Podemos ver a mesma situação de várias perspectivas. Se à partida escolhermos ver as coisas de uma forma que nos deite abaixo, as instruções para tal alcançar estão acima. Se, por outro lado, escolhermos ver as coisas de uma forma que nos aligeire o ser, as instruções para tal alcançar estão acima.

12h12-4ª-27-4-11
Vale Hunza, Paquistão

 não é aquilo em que pensas mas parece. se calhar é irmão dele.

 a caminho do campo com o meu anfitrião para plantar milho e arar a terra

 all u need is love

 t-shirt command

 há um número incrível de pessoal com olhos e cabelos claros nas montanhas. uma teoria é que são os descendentes do alexandre o grande, que até pode ser. outra, disseram-me, é porque lá é tudo tão puro, a água, comida e ar, que o pessoal nasce assim. não tive o coração de os contradizer

 estive sentado aqui a ouvir o primeiro album da nina simone. um dos meus sítios preferidos.

com o riaz, grande dude

I used to be carried in the arms of cheerleaders

Não me estou a lembrar da última vez que tinha ido ao Coliseu. Sonic Youth não conta. As idas aquele edifício bege chunga são uma espécie de viagem à adolescência onde aí sim marcava presença regular. Ontem foi maravilhoso ver miúdas e miúdos histéricos, cartazes trazidos de casa, palmas e mais palmas durante as canções, cânticos ao fêcêpê, I love yous, a banda de abertura sempre má como estas ocasiões sugerem, os elogios ao público se bem que parecendo verdadeiros sempre iguais a todos os outros… E não, não estou a ser irónico. E sim, gostei do concerto e continuo a gostar dos The National em formato best of onde as melhores canções todas juntas são uma óptima compilação (para todos os melancólicos) de hinos indie soturnos que transpiram sinceridade e melodia. Lembro-me do concerto em Coura às seis da tarde onde hoje é fixe dizer que lá se esteve e este sucesso era, pelo menos na minha cabeça, inesperado. Mas como diz Steve Reich "Eles são a última encarnação de uma banda clássica de rock'n'roll" e acho que não podia estar mais de acordo. Pergunte-se aos geeks.

Boris/ Russian Circles: o poster

Rodolfo Oliveira

Atenção: os bilhetes ainda não se encontram à venda, nós avisaremos

Amplificasom agencia: Gala Drop


3 de Julho @ Vila, Braga

23 maio, 2011

Amplificasom agencia: Wooden Wand

26 de Junho @ Vila, Braga*

*primeira parte de SC3

Amplificasom agencia: Secret Chiefs 3

25.06 @ Festival Sinsal, Illa de San Simón (Redondela)
26.06 @ Vila, Braga
27.06 @ ZDB, Lisboa (c/ FAT32)
23.07 @ Milhões de Festa, Barcelos

Vieira da Silva ou porque às vezes nos esquecemos do que é "nosso"











Andy Rooney dixit

"Why am I an atheist? I ask you: Why is anybody not an atheist? Everyone starts out being an atheist. No one is born with belief in anything. Infants are atheists until they are indoctrinated. I resent anyone pushing their religion on me. I don’t push my atheism on anybody else. Live and let live. Not many people practice that when it comes to religion.”

em jogo o jugo de Junho


um vídeo

20 maio, 2011

A noite da Ode ao Riff!