31 janeiro, 2011
Até sempre, Godspeed!
"Unforgettable! An experience of a lifetime!" disse alguém no fim do concerto de sábado passado na esgotada e multicultural Apolo na sempre belíssima Barcelona. E foi! Foi tão inesquecível que, com receio que as memórias se evaporem, a vontade de partilhar não é muita. Também não há muito que se possa dizer dum concerto destes, o conjunto de emoções emanadas não tem adjectivo. Deixo a setlist que deve ter sido mais ou menos isto: Moya, Albanian, Storm, Gamelan, World Police, Dead Metheny e The Sad Mafioso.
Até sempre, Godspeed!
28 janeiro, 2011
Zeitgeist, Moving Forward
Vale o que vale, e vou parar por agora com o activismo blogueiro.
Vemo-nos na segunda!
POWER TO THE PEOPLE! :D
No blog com... François Cambuzat
François R. Cambuzat anda há tanto tempo nisto que quando começou a maior parte de nós ainda não era nascido. Mas com classe, anda nesta vida com classe. É mais conhecido pelo seu trabalho com os L'Enfance Rouge e basta vê-lo em palco com a sua Chiara e o baterista Jacopo para nos apercebermos que esta é a vida dele, que a sua alma se evapora após qualquer concerto e os seus olhos sorriem de guitarra na mão. Eu confesso: um Senhor e um dos músicos que mais tive o prazer de conhecer. Daqui a uma semana vão vê-lo no Porto, a atitude e o charme em pessoa, mas por agora as perguntas do costume:
O que roda no teu leitor de cds/ mp3?
Saliha (Ouadìouni Ya Lebnat & Ah Ya Khlila), Lotfi Bouchnak 5Wasla Hijak Kar), Jeronimo Maya (Jeronimo), Olivier Messiaen (Quatuor pour la fin du temps), Art Ensemble of Chicago (Stances à Sophie), Haino Keiji (Tenshi No Gijinka).
Último álbum que compraste?
Dony Balliardo - Improvisacion perfecto
Último concerto?
Le Grand Orchestre du Désastre
Último filme que viste?
La Commune de Paris 1871 (Peter Watkins)
Livro na tua mesinha de cabeceira?
La souricière (Gérard Gourmel)
Rodney Owen Maccarthy
Estava eu a percorrer a edição digital da revista "Dazed and Confused" quando páro num artigo intitulado "Apathy is dead". O artigo começa com a transcrição de uma parte do discurso proferido por este rapaz de 15 anos na Coalition of Resistance National Conference, em Camden, Londres, no passado dia 27 Novembro. O discurso foi proferido depois de confrontos entre estudantes e a polícia, em protesto contra o aumento das propinas universitárias, dos quais Rodney fez parte. Passo a transcrição para aqui:
"You know this was meant to be the first post-ideological generation, right? This was meant to be the generation that never thought of anything bigger than our Facebook profiles and our TV screens. This was meant to be the generation where the only things that Saturday night meant was X Factor. I think now that claim is quite ridiculous. I think now that claim is quite preposterous. I think now we’ve shown that we are as ideological as ever before. Now we have shown that solidarity and comradeship and all those things that used to be associated with students are as relevant now as they have ever been."
Ora, todo o artigo despertou-me a atenção, e quando tento encontrar o video, nada. Nem uma única referência. Quer no Youtube, quer no Google videos. Pelos vistos o vídeo tornou-se viral. Ao mesmo tempo deve ter-se tornado incómodo para alguém. Restam-nos os excertos nos artigos de imprensa e a ideia de que o futuro está, de facto, nas mãos dos jovens.
Cheira a algo novo lá fora. Cá dentro ainda vai aquele cheirinho a mofo que tantos gostam. Ficam mais alguns excertos de alguém que, aos 15 anos, já deixou o sofá de casa e o facebook para ir até à rua fazer-se ouvir. Haja esperança.
"They can't stop us demonstrating, they can't stop us fighting back, and how ever much they try to imprison us in the streets of London, those are our streets. We will always be there to demonstate, we will always be there to fight."
"We are no longer that generation that doesn't care, we are no longer that generation to sit back and take whatever they give us. We are now the generation at the heart of the fight back."
Our baby-boomer generation all benefited from the misery and sacrifices of our parents & grand-parents. Now the elite want to snatch away what we had from our children & grand-children in order to perpetuate war & oppression & to maintain an unsustainable life-style at least until we’re all gone. We should be ashamed at what we’ve allowed them to do & take hope in that the young are waking up and taking to the streets on behalf of all of us.
Transcrição completa aqui
PS: a minha falta de competência em pesquisa não me permitiu encontrar o vídeo. Um muchas gracias à Vera Viana por o ter feito por mim. Cá vai
27 janeiro, 2011
25 janeiro, 2011
Amigos do stoner, revelái-vos!
De entre as muitas bandas que poderia colocar aqui, talvez faça sentido colocar apenas este video como demonstração seminal de um movimento que ainda hoje continua a congregar muita gente.
Deixem o vosso top 5 nos comentários.
24 janeiro, 2011
Uma nova maneira para pagar dívidas antigas
Quando o nosso ritmo de vida chega a um ponto em que as vinte e quatro horas já não são suficientes, dá gozo pensar em Cobb e companhia e no maravilhoso que seria fazer outras coisas enquanto se dorme. Imaginem só um gajo deitar-se e, enquanto o corpo descansa, a mente iria até a uma esplanada ler um livro ou juntava-se com uns amigos para ouvir uns discos. De manhã estávamos prontos para mais um dia na vida real.
Um desses discos podia ser este "A New Way To Pay Old Debts" de Bill Orcutt cujo nome já me era familiar mas nunca tinha investido o meu tempo na sua arte. Se não me engano, creio que perdi um concerto dele por cá, não foi? Editado em 2009 via Palilalia e reeditado via Mego no ano passado (nota: Rehberg sempre com visão), é uma ode a todos os apaixonados pela guitarra. Aviso: quem está a pensar em Steve Vai pode já parar por aqui. Isto é uma espécie de blues meets hardcore para fãs da técnica exuberante de Sharrock e da lógica de Bailey, para quem quer ouvir um disco onde a abordagem ao instrumento até parece ameaçar os nossos ouvidos e o último acorde provavelmente só é dado após muitas negras e já sem cordas. Não, não há distorções ou riffs pesados, o álbum gira todo à volta de momentos como este:
Não é belo? É uma autêntica declaração de amor à guitarra e, se vos acontecer o mesmo que a mim assim que vi este vídeo, não vos passará ao lado. Oxalá Bill pague todas as dívidas e que não fique mais dez anos sem compor, é que da próxima vez serei o primeiro.
Presidenciais, o rescaldo
Cavaco ganhou. Ok, nada de surpreendente. 52,94% dos votos, vá lá, já deixa tirar algumas conclusões. Mas mais de 53% de abstenção? Mais de metade dos eleitores portugueses decidiu não ir votar. Mais de metade dos eleitores portugueses decidiu não ir votar quando o país atravessa uma das maiores crises de sempre. No post abaixo falava da descrença na classe política, mas uma coisa é descrença, outra coisa é inércia. Nem este simples gesto de colocar uma cruz (ou não) num boletim tem significado.
Leio opiniões dos que se abstiveram do voto, a defender a sua posição visto que esta é igualmente uma forma de manifestar a sua insatisfação. Mas enganam-se: não votar é denegrir a democracia, é denegrir a memória de quem sofreu para que esta existisse, é vilipendiar todos os fundamentos da liberdade. Porque depois querem-se queixar que têm um Estado que não responde às suas exigências e necessidades mais básicas. Não se queixem, porque em último caso foram vocês que assim o escolheram.
Se não querem viver em democracia, há alguns países por esse mundo fora que vos podem acolher. Se querem democracia, mas estão insatisfeitos com a classe política, envolvam-se no activismo político e tentem vocês dar início à mudança. Agora uma coisa é certa: não votar não é um manifesto, é desistir covardemente. De vocês e de quem vos rodeia.
21 janeiro, 2011
O que se passa com a democracia?
Não vou alongar-me. Todos os dias somos bombardeados com notícias sobre manifestações, que revelam um enorme sentimento de descrença por parte da nossa geração em relação a este sistema político. De onde vem toda esta descrença na classe política? Ainda continuamos a acreditar que o verdadeiro poder vem do povo? Terá realmente isto que ver com uma crise de valores, ou será apenas que nós, cidadãos da democracia, fazemos agora parte de uma evolução natural da mesma, onde a necessidade de uma classe política e de um sistema sufragista se tornam obsoletos?
Gostava que dessem a vossa opinião sobre aquilo que para vocês significa a democracia.
Bar-Bari
Os L’Enfance Rouge têm uma forma interessante e original de baptizar os seus trabalhos, consideram-nos como viagens. No passado andaram entre Swinoujsci e Tunis, Taurisano e Cajarc, Réus e Ljubljana, Davos e Leros, Rostock e Namur, Krsko e Valência... 2011 é o ano da oitava viagem entre Bar no Montenegro e Bari em Itália.
Bar-Bari (não é por acaso que não se chama Bari-Bar) é um disco cru e afastado do exotismo do antecessor Tràpani-Halq Al Waady onde o trio deu lugar a um sexteto com músicos tunisinos. Compará-lo faz sentido pois ambos os discos partilham alguns temas embora aqui reinterpretados e numa roupagem obscuramente ocidental. Avant-rock eléctrico, directo e dinâmico onde o som pode e deve agradar ao fã que tanto abraça o noise, o metal extremo ou as típicas desconstruções de uns Sonic Youth.
Não há sorrisos, o álbum é assumido pela banda como uma declaração epidérmica da desumanidade contemporânea. Podres são relembrados (ex: EUA-Nicaragua-Haia), mensagens são transmitidas. Sejam sociais ou históricos, os conceitos são sempre o rastilho perfeito para aquilo que acontece em estúdio e, mais tarde, na selvageria que é um concerto ao vivo.
Bar-Bari é poderoso e refinado, é o reflexo de 18 anos de uma carreira sem fronteiras musicais ou geográficas. É (mais) um cruzamento entre a aceleração e a introversão, entre o cerebralismo e a própria barbaridade suada. Imprevisíveis, é L'Enfance Rouge no seu melhor.
Presidenciais
Não tenho memória de uma campanha presidencial tão desinteressante ou, se calhar, tão fora de timing. José Manuel Coelho é uma anedota típica portuguesa; Defensor Moura pode ter boas intenções, mas não me acredito nele; alguém que diga a Francisco Lopes que estamos em 2011; Fernando Nobre deve ser boa pessoa mas é um péssimo político e talvez faça mais falta ao mundo na AMI; Manuel Alegre uma desilusão, lamento imenso não ter tido visão nesta campanha; e Cavaco, o candidato conservador que gosta das mulheres como domésticas, que diz coisas como “não me sentiria bem com a minha consciência, num tempo em que são pedidos tantos sacrifícios aos portugueses, gastar centenas de milhares de euros por todo o país” e apresenta um orçamento para a campanha de mais de 2 milhões, que tem uma relação muito estranha com o BPN e a SNL, etc etC ETC será o nosso Presidente da República por mais um mandato. Não sei o que me aborrece mais, se a falta de bons candidatos ou ver Cavaco praticamente a passear por uma campanha "suave" e vencer as eleições. Temos mesmo que eleger um destes? Enfim, que seja em branco. Mas votem!
Offshore
“(…) os contribuintes são diariamente roubados quando são obrigados a pagar aquilo que os que mais têm não pagam. E são roubados no seu dinheiro porque antes foram roubados no seu poder. Porque, em muitas democracias, os que elegem se demitem de pedir a todos o mesmo que pedem a quem trabalha. Saber até que ponto somos roubados só nos pode fazer bem.”
Daniel Oliveira in Expresso
20 janeiro, 2011
A minha avó e o Schlippenbach
Não me lembro de em 2005 ter comprado muitas revistas, mas adquiri a Wire de Maio com as Electrelane na capa e, porque para mim há revistas que são autênticas bibliotecas e intemporais, guardei-a. Alex von Schlippenbach, o mestre alemão, uma das paixões musicais dos últimos tempos, tem o seu nome estampado na capa. Dentro encontram-se algumas páginas muito interessantes agarradas a excelentes fotografias, mas na altura passou-me completamente ao lado. O tal timing para as coisas…
No natal passado, a minha avó, um dos melhores seres humanos que alguém alguma vez pode conhecer e que por acaso hoje até festeja 74 primaveras, ofereceu-me a assinatura da Wire tanto em papel como digital. Ler em papel, para mim, não há substituto possível por mais iPads e Kindles que inventem, mas graças ao campo de pesquisa é possível ter acesso a um arquivo impressionante de cinco ou seis anos de edições. Assim que pesquisei por Schlippenbach descobri que afinal tinha a revista e lá fui eu à arrecadação buscá-la e ter tanto ou mais prazer a lê-la do que há uns anos atrás.
A minha avó nasceu em ’37, é um ano mais velha e não creio que alguma vez se tenham encontrado. Um dia destes meto-lhe um disco dele a tocar, talvez ela goste. Mas gostei da associação, foi a minha avó que me permitiu conhecer mais do seu trabalho.
Vocês têm esta necessidade de guardar as revistas? Não sentem que são um grande arquivo? E quem o faz, já tem montanhas de papel lá por casa?
Especial Amplificasom @ SWR XIV: 29 de Abril
Depois de Year of no Light e Grey Daturas em 2009, Zeni Geva, KK Null e Celeste em 2010, é com satisfação que apresentamos para o Especial Amplificasom da décima quarta edição do mítico SWR em Barroselas um dos melhores projectos do metal moderno, os Menace Ruine, e uma das grandes promessas da Relapse, os Cough.
Daqui até dia 29 de Abril, o dia escolhido para o nosso especial de 2011, iremos partilhar com vocês mais info sobre ambas as bandas, o poster, horários, informações... E, quem sabe, mais uma ou outra banda \m/
Père Jules
Uma das melhores personagens que já vi no cinema foi Père Jules, o capitão do Atalante, que interpreta aquele tipo de pessoa com que todos gostamos de conviver: hilariante, optimista, humano, exótico e sempre com óptimas estórias para partilhar.
No clássico de Jean Vigo de 1934, realizador que morreu aos 29 anos, Pére Jules é também uma espécie de fada madrinha burlesca do casal recém-casado Juliette e Jean. Vigo, que nunca chegou a provar o reconhecimento da sua obra-prima, fez deste um dos casais mais intensos da história de cinema cuja cena em que ambos se tocam, à distância, pensando um no outro é uma das mais sensuais e bonitas de sempre.
Depois de Aurora de Murnau, diria que este é o verdadeiro filme sobre o relacionamento de um casal. Mas o filme não se fica por aqui: desde as personagens às técnicas utilizadas até à banda sonora, L’Atalante é a subtileza e os sentimentos da vida a navegarem pelas lentes de alguém que deixa o mundo demasiado cedo mas a tempo de nos deixar um legado único. E insisto: o meu próximo animal de estimação vai-se chamar Père Jules.
18 janeiro, 2011
Castevet - Mounds of Ash
Como não ficou no meu top ten, mas deveria, deixo aqui a referência a este monstro do Black. Selo da Profound Lore.
Myspace
Truques… nas lojas de discos
Imaginem que estão numa de digging, já têm três ou quatro discos na mão que querem mesmo levar e no meio de mais uma prateleira surge mais um obrigatório. Esqueçam, não têm nem mais um euro e aquela empadinha da Ribeiro terá que ficar para outra vez. Que truques têm em mente para esconder o disco na loja para que ele ainda lá esteja no fim do mês? Reservar não vale, demasiado óbvio…
Revolução de Jasmim
Conheço a Tunísia de Norte a Sul. Das duas vezes que lá fui, estive em sítios que marcam qualquer viagem: a Medina e a confusão de Tunes, a histórica Cartago, a belíssima e ofegante Sidi Bou Said, a Grande Mesquita de Kairouan, o arrepiante Coliseu de El Jem, a cinemática e troglodita Matmata, as praias de Monastir e Hammamet, o deserto do Sahara, o também cinemático oásis Chebika, o enorme e mitológico lago salgado Chott El-Jerid… É um país fascinante e apesar de todas as dificuldades que poderão advir desta revolução, vejo-a como o início de algo. A sério, pensem comigo: o povo deitar abaixo uma ditadura… árabe? Haja esperança para que os vizinhos se inspirem.
Querem ver OM, ou não?
Como sabem, o concerto do Porto está esgotado e a lista de espera aumenta todos os dias. Dificilmente haverão desistências, toda a gente quer ver a banda de Al Cisneros por isso deixamo-vos um conselho: agrupem-se, metam-se num carro e não os percam na ZDB. Esperamos este tempo todo para os ter cá e tão cedo não haverá outra oportunidade. Ainda há bilhetes para o concerto de dia 30, aqui ficam os contactos para reservarem as vossas entradas:
reservas@zedosbois.org ou 21 353 02 05
Partilha
"Programar é um trabalho de transmissão e de partilha de um olhar sobre o mundo, e partilhar o prazer que a gente teve de ver e descobrir”
Anna Glogowski in Público
Quando a música não pára de nos surpreender
"The thing was: Arrington was in love with a woman who had been in Indonesia for several months. The rumours said that he had promised to seduce her upon her return, and had learnt Indonesian for the occasion. The intention was to sing her love songs in Indonesian, but Arrington’s musical baggage was much more complex, and he couldn’t help but build twisted rhythms, guttural voices, and scenic rituals, to bring forth a monster, a modern monster"
La Blogotheque
17 janeiro, 2011
L'ocelle Mare a 4 de Fevereiro
Se em relação à noite de 31 já vos tínhamos dito que Gustavo Costa partilhará o palco com os Om, acrescentamos agora que com os L'Enfance Rouge virá Thomas Bonvalet como L'ocelle Mare.
É uma espécie de namoro antigo, temos estado em contacto há cerca de três/ quatro anos. Vontades foram partilhadas, ideias trocadas e, quase inesperadamente, Thomas vem finalmente ao Porto apresentar os seus devaneios sonoros tão peculiares e imprevísiveis. Será o contraste perfeito para (mais) uma noite de aventuras musicais ecléticas e interessantes.
16 janeiro, 2011
Filmes-pipoca
Eu sei que somos muitos. Podemos abrir discussões sobre Lynch, Bergman, Antonioni, PP Pasolini. Sermos ainda bué do lado obscuro e citar cinema polaco do pós-guerra ou toda uma parafernália de filmes de países da ex-URSS que ninguém vê mas que pelos vistos são altamente. Mas no fundo, somos suckers por uma boa pipocada. E não me lixem. Acho que já estamos numa altura da evolução da sociedade cultural em que não fica mal a ninguém dizer que gostou do Transformers 2: retaliation ou do Iron Man. Sem merdas. Os filmes podem ser para interpretar, fazer pensar/reflectir ou até mesmo descobrir o sentido da vida, mas também podem ser puro entretenimento. E ser puro entretenimento não significa que tenham que ter uma soberba realização, fotografia, ou um argumento sem quebras na estrutura narrativa ou coisas dessas. Porra, não nos obriguem sempre a seguir toda e qualquer falha de um filme, àvidos de critica académica para nos distanciar desse rebanho comedor de pipocas que nos causa urticária. Como muita gente que por este blogue passa, eu cresci nos anos 80, quando o grande cinema blockbuster chegou a Portugal como uma praga bíblica. E digo-vos minha plebe, não tenho uma única má recordação. Nem mesmo as noites de pesadelo que tinha por causa do vilão no Howard, the duck, ou a fugir do Lobisomem que atormentou o Corey Haim n'O Segredo da bala de prata. E acho que a arte no final deveria ser igualmente isto: não só dar-nos que pensar e tentar ajudar-nos a ser pessoas melhores, mas rechear-nos de boas recordações.
E toda esta introdução para quê? Porque estou em pulgas para ir ver isto ao cinema:
14 janeiro, 2011
Os génios começam cedo
"I was a passionate listener of the Voice Of American Jazz Hour on AFN. I used to set an alarm clock for midnight and had to go to a secret room with my transistor radio because I was attending a boarding school in Bavaria at the time. I started listening when I was 12 and followed the same regime every night for years."
Alexander von Schlippenbach in Wire
13 janeiro, 2011
Amplificasom apresenta: L'ENFANCE ROUGE no Porto
Amplificasom + I Am Rock + Mercedes apresentam:L'ENFANCE ROUGE + L'OCELLE MARE
4 DE FEVEREIRO, SEXTA
O MEU MERCEDES
22H
7€
4 DE FEVEREIRO, SEXTA
O MEU MERCEDES
22H
7€
Em 2009 a Amplificasom colocou este trio franco-italiano em Braga numa produção da juB09 liderada então por Jaime Manso que agora é o responsável da bracarense I Am Rock (o cartaz em cima também é da sua autoria). Aquilo que todos assistimos, no dia 22 de Julho desse ano, em plena Avenida Central foi indescrítivel. Quem lá esteve e se agora se encontrar a ler estas linhas vai esboçar um sorriso na cara, foi um concertaço daqueles como já não víamos há imenso tempo. Prometemo-nos: da próxima vez voltamos a colaborar mas será no Porto. Ei-lo, vai finalmente acontecer numa colaboração que se extende também ao mítico O Meu Mercedes, sem dúvida o local perfeito para esta noite de avant-rock suado.
Mas, para quem não os conhece, aqui vai uma pequena apresentação: Os Rouge são uma autêntica instituição do avant-garde, art-rockers do mundo, anarquistas e anti-imperialistas com uma carreira impressionante sobretudo no que toca a concertos. Foram descritos por Thurston Moore (Sonic Youth) como a melhor banda europeia e este concerto que faz parte duma tour agenciada pela Amplificasom, tem como principal pretexto a promoção do novo e excelente disco Bar-Bari. O outro (pretexto) é deixar-vos de boca aberta.
Bar-Bari é um disco mais cru que o antecessor Tràpani - Halq Al Waady (o nome não engana, é uma colaboração entre eles e músicos tunisinos cuja formação passou pelo FMM em Sines no mesmo ano). É descrito como uma viagem entre dois pontos geográficos bem como uma declaração epidérmica da desumanidade contemporânea. É um disco menos paisagista que o anterior e mais eléctrico, directo e dinâmico. Avant-rock, assumem eles, são os L'Enfance Rouge no seu melhor.
Mas, para quem não os conhece, aqui vai uma pequena apresentação: Os Rouge são uma autêntica instituição do avant-garde, art-rockers do mundo, anarquistas e anti-imperialistas com uma carreira impressionante sobretudo no que toca a concertos. Foram descritos por Thurston Moore (Sonic Youth) como a melhor banda europeia e este concerto que faz parte duma tour agenciada pela Amplificasom, tem como principal pretexto a promoção do novo e excelente disco Bar-Bari. O outro (pretexto) é deixar-vos de boca aberta.
Bar-Bari é um disco mais cru que o antecessor Tràpani - Halq Al Waady (o nome não engana, é uma colaboração entre eles e músicos tunisinos cuja formação passou pelo FMM em Sines no mesmo ano). É descrito como uma viagem entre dois pontos geográficos bem como uma declaração epidérmica da desumanidade contemporânea. É um disco menos paisagista que o anterior e mais eléctrico, directo e dinâmico. Avant-rock, assumem eles, são os L'Enfance Rouge no seu melhor.
Para mais info (não procurem pelo myspace, eles não suportam o Murdoch) passo-vos este link onde encontrarão temas, videos, bio.. Espreitem: L'Enfance Rouge
No céu tudo é perfeito
Enquanto a eternamente prometida cinemateca não chega ao Porto, resta-nos, fora do atraente e monopolizado circuito Centro Comercial, iniciativas como esta da Medeia Filmes no Teatro Campo Alegre que consiste em projectar clássicos na tela a preços simpáticos. Depois de Hitchcock, Welles e outros mestres, o primeiro filme de sempre do único David Lynch: Eraserhead. Já o conhecia, é um dos meus realizadores preferidos, mas ver um filme na tela é ter o mp3 e querer o vinil.
As obras de arte são fáceis de ignorar à primeira vista. Algumas estão tão à frente do seu tempo que só a passagem do mesmo as ajuda a serem apreciadas. Por vezes são precisos anos e anos, alterações culturais e estéticas até que as pessoas, na sua generalidade, estejam prontas a recebê-las. Um filme como Eraserhead é uma dessas obras e só podia sair da sua cabeça. Descrito numa frase apenas diria que é uma neurose paranóica, abstracta e surrealista a preto e branco sem uma narrativa convencional e com uma banda-sonora industrial que não passa despercebida. No entanto, descrevê-lo é inútil.
Imagino as críticas em ’77, imagino. Imagino a frustração geral, as pessoas precisam de explicações e significados e Lynch nunca deu respostas. Eu não vejo o cinema dessa maneira, não o vejo como algo que precisa de ser compreendido mas sim interpretado. É uma das razões por gostar tanto dos filmes dele: inspirado pela overdose de sinapses cria sempre o ambiente ideal, o resto é connosco.
Depois de ter ganho reconhecimento com os seus primeiros trabalhos e popularidade sobretudo com Twin Peaks (o próprio Kubrick inspirou-se em Eraserhead para Shining), Lynch manteve-se fiel à sua arte e recusou franchisings de grandes orçamentos. Na arte não há nada como ser-se verdadeiro e íntegro. O seu único defeito, tal como Jarmusch, é fazer-nos esperar demasiado pelos seus novos trabalhos. Ah, e a todos os pais aí desse lado: se não o virem nunca saberão responder aos vossos filhos quando vos perguntarem de onde e como são feitos os lápis.
12 janeiro, 2011
10 janeiro, 2011
Code 46
Das coisas que mais me dão prazer, e difícil conseguir nos dias que correm, é descobrir algo que nunca tinha ouvido falar e que me faça sentir arrebatado. Talvez seja incúria minha, mas a verdade é que nunca tinha ouvido falar deste filme e só depois descobri que o realizador é o mesmo do filme "9 songs".
Ora ontem, num zapping despreocupado, apanhei-o a começar num canal de cinema. Num cenário bastante aproximado daquilo que imagino ser o futuro (sim, é um filme sci-fi mas sem efeitos especiais de fantochada), onde o ser humano é "controlado" pelo código genético, Tim Robbins trabalha para uma agência que lida com fraudes, neste caso uma fraude relativa a vistos de viagem que toda a gente precisa para poder sair da sua zona. É nesta sua investigação que conhece Maria Gonzalez (fabulosa interpretação da actriz Samantha Morton), que trabalha como controladora de impressão e destruição dos vistos, e que vem a descobrir que é ela a responsável pela fraude. Só que acaba por se apaixonar pela sua personalidade singular.
Sim, é uma estória de amor. Mas todo o cenário é sobejamente elaborado, desde a mistura da língua inglesa com espanhola, francesa, italiana e outras que não consigo identificar, aos gadgets que tão facilmente podemos conceber num futuro não muito distante, a uma banda sonora totalmente adequada (tirando a música de Coldplay), onde até temos direito a sessão de karaoke com o Mick Jones dos Clash a cantar a Should I stay or should I go. Mas é uma estória também sobre aquilo que define o Homem, sobre a sua relação com o outro, sobre como há algo em nós que não se deixa agrilhoar por qualquer norma, lei ou tradição.
Como os trailers que vi do filme são simplesmente horríveis e em nada o dignificam, deixo-vos com um tema do soundtrack. Não esquecer que este filme é de 2003 :)
Imdb
Democracia autofagista
"As democracias são autofágicas. Elas transportam dentro de si os instrumentos da sua própria destruição."
Antonio Saraiva in Sol
Himalayha
O nosso amigo Hélder Costa, ainda-mas-não-por-muito-tempo mais conhecido pelo seu trabalho gráfico do que a sua música, foi convidado pelo Bodyspace a falar sobre o seu projecto que, em dias melancólicos como hoje, se revelam a melhor das companhias.
"Numa entrevista sumarenta, o mentor de Himalayha conta-nos os planos da subida à cadeia de montanhas mais alta da sua criatividade".
Welcome to the 11th dimension
Antes de falecer, Einstein andava a tentar encontrar uma teoria unificadora de tudo. Décadas depois, aparece a teoria das cordas, na qual a origem da matéria nosso universo está não em particulas mas sim em "cordas" vibrantes. Depois de muita discussão em torno do mistério da singularidade, ou o que causou o Big Bang, os físicos e cosmólogos viram-se para a teoria do Multiverso, universos paralelos que existem numa 11ª dimensão, e que quando chocam nessa dimensão dão origem a outros universos, provavelmente como o nosso até.
Estou a acabar de ler o livro "Mundos Paralelos" de Michio Haku. A ciência é algo de fascinante. A quantidade de questões filosóficas, metafísicas, religiosas and so on, que se continuam a levantar devido às descobertas científicas são enormes. E fazer parte desta coisa que é a vida é algo de ainda mais misterioso.
07 janeiro, 2011
05 janeiro, 2011
OM - preços e reservas
Caros hominídeos,
Bilhetes: 18€
Reservas: amplificasom@gmail.com
Locais de venda: Lost Underground (a partir de 08/01)
Abertura de portas: 21h30
Início do show: 22h00
Lembrem-se que é já dia 31 que Al Cisneros, Emil Amos e Rob Lichens Lowe elevarão aos píncaros a dose de decibéis e psicotrópicos jamais sentidos no Passos Manuel :)
Here's a small treat for yall bonglovers!