30 julho, 2010

"come fanatics, come to the sabbath..."

Numa altura em que tudo se consome tão rápido e só se pensa no novo e no futuro, ficam aqui algumas fotos do Tiago Esteves para celebrar recordando o grande e raro concerto que os não menos grandes ELECTRIC WIZARD nos deram há uma semana atrás. Também haviam uns videos porreiros, não haviam?

O homem na natureza

[sobre os aborígenes australianos] «Terem escolhido reunir-se numa pequena porção de relva mesmo no meio da cidade, claramente visível para todos os que ali passam, mas serem normalmente ignorados, invisíveis, é portentoso, cheio de significado. (...) São um sinal em carne e osso, um «vão-se foder» em carne e osso para as torres de escritórios imponentes e os relvados bem tratados».
David Byrne

\uma semana/

29 julho, 2010

Destinos de férias

Agosto está aí a chegar, não há música ou cerveja que afaste o calor demasiado forte que nos põe a suar ao mínimo passo e que distribui cancros de pele aos mais descuidados, as ventoinhas são demasiado caras, o ar condicionado faz mal ao ambiente e a nossa cidade - por mais que gostemos dela - já parece demasiado igual.

Agora de repente, encontravam dez mil euros no chão. Para onde iam e porquê? Eu pegava em mim e punha-me na Islândia. Não faço ideia de onde vem o fascínio por um país gelado, falido e com taxas de suicídio que metem medo à morte. Mas ia para lá agora.

Gojira ao vivo

Navegava pelas internets quando encontrei um pro-shot de 72 minutos dos Gojira ao vivo. Transmitido pelo canal arte, em directo na net (seria o mesmo que a RTP2 passar um concerto dos Holocausto Canibal, vá), um concerto impecável, com revisão da carreira toda dos franceses mais fixes da década.

28 julho, 2010

O Tio Pires e o seu conjunto



Tenho algumas recordações do dia 28 de Janeiro de 1986, o dia em que o Space Shuttle Chalenger explodiu nos céus da Florida. Recordo-me perfeitamente do facto de ter ficado em casa a ver as imagens na televisão comentadas pelo Sr Eurico da Fonseca e de, à conta disso, ter chegado atrasado à ginástica respiratória. Creio que o Professor Mario Maria terá dito qualquer coisa sobre o facto do Homem se intrometer no trabalho de Deus e como desde que o homem foi à lua nada mais foi como antes.

Em concreto, não me lembro de mais nada desse dia. O único facto de que tenho praticamente a certeza é que devo ter ouvido o This Nation's Saving Grace dos Fall algures durante o dia. O album saiu em Setembro de 1985 e eu comprei-o nas férias de natal do mesmo ano, numa loja de discos do Centro Comercial Brasilia, com o dinheiro que um amigo meu me tinha dado para lhe comprar um qualquer disco do Jonathan Ritchman & The Modern Lovers (desculpa lá Zé... nunca te devolvi o dinheiro). E durante o mês seguinte creio que não devo ter ouvido mais nada.

Ouvi os Fall pela primeira vez numa cassete que me emprestaram pouco tempo antes. Num dos lados tinha o Hex Induction Hour e no outro o the Wonderfull and Frightning World of the Fall (aquela versão de cassete com uma quantidade de temas extra). Para um miudo de 14 anos que deveria andar a uma dieta de Cure ou qualquer outra coisa do género, temas como Hip Priest e C.R.E.E.P. pareciam vindos de outro planeta.

Já tinha ouvido alguns temas do This Nation's no Som da Frente, mas o conjunto de temas era incrivel. Mansion, Bombast, LA, Paintwork, I am Damo Suzuki.... Tornei-me um fã incondicional dos Fall e desde essa altura fui acompanhando a banda como podia. Comprava os discos que encontrava quando vinha ao Porto, copiava os outros. Achava piada às particularidades do Mark E Smith, ao facto daquilo ser a banda DELE, achava todos os temas perfeitos - O Curious Orange é realmente perfeito.

Mas há limites para tudo e com o tempo lá me fui convencendo que nem tudo eram rosas no mundo maravilhos e assustador dos Fall. Falha sempre qualquer coisa. Sempre achei que pareciam albuns feitos em cima dos joelhos. Mal produzidos. A estética do "Ai queres um album novo? Toma lá e não me chateies". Acompanhar o ritmo de produção dos Fall nos anos 80 era complicado e os vinis com aquele autocolante a dizer "Import" custavam tanto como um CD hoje em dia. Aguentei até ao album Extricate.

A partir daí ainda ouvi com atenção o Light User Sindrome (creio que foi o primeiro sem o guitarrista Craig Scanlon e o ultimo com a Brix Smith). Adorei o Marshal Suite, o album pós incidente de Nova Yorque em que Mark E Smith se desentende com a banda em pleno palco, bate na namorada da altura (a teclista Julia Nagle), a banda regressa a Inglaterra e deixa o pobre Mark E Smith na cadeia em NY.

Este ano saiu um novo album dos Fall. Your Future our Clutter e é o melhor album deles nos ultimos anos. Pela primeira vez desde o This Nation's voltei a ficar entusiasmado com um novo album de Mark E Smith (ao contrário de muito boa gente não achei piada nenhuma à aventura extraconjugal com os Mouse on Mars).

Durante estes anos, nunca tive a oportunidade de ver os Fall ao vivo em nenhuma das suas vindas a Portugal. O mais próximo que tive de os ver foi no célebre concerto cancelado no teatro Sá da Bandeira em que, segundo reza a história, só tinham sido vendidos 12 bilhetes (2 eram meus).

O estado de ansiedade antes do concerto deste sábado era imenso. Os Fall ao vivo pela primeira vez e ainda por cima com um album tão bom para apresentar. Pelo caminho comentava com a minha cara metade que bom bom era ser um concerto de Fall "à séria" em que Mark E Smith se passasse e batesse num membro da banda ou se desentedesse com alguém do público.

Como um velho amigo, Mark superou as minhas expectativas. Quando entra em palco, pouco ou nada o distingue de um morador de Matosinhos a dirigir-se para as compras no supermercado a um sábado de manhã. O casaco igual a qualquer um que me poderia ter sido oferecido pela minha mãe no Natal. A postura "descontraída" em palco, a sua "sensibilidade" a mexer nos amplificadores do resto da banda, a "delicadeza" com que tratou todos os microfones, o "virtuosismo" a tocar teclados. O interesse demostrado num bocado de papel amarrotado, que tanto podia ser a set list como uma lista de compras e a sua irritação com o que parecia ser um velho walkman que teimava em não colaborar no espetáculo de Mark. Quando lhe apeteceu, Mark foi-se embora sem dizer adeus, tipo "olhem, acabem lá isso que eu vou beber um copo". Os Fall são Mark E Smith e uns convidados. Mark não desiludiu. Mark superou tudo o que eu estava à espera.

Há alturas, nestes dias quentes de verão, que quando chegamos a casa depois de um dia de trabalho sabe bem saber que temos uma cerveja fresca no frigorífico. Os Fall são a minha cerveja fresca.

Alguém me disse no final que o Mark lhe parecia o seu tio Pires. Todos nós temos um tio como o Mark. Aquele tio de que toda a gente gosta.

Obrigado tio Pires, volta sempre.

27 julho, 2010

Para contrariar o calor... Parte II


Ludicra - The Tenant

O som dos norte-americanos Ludicra está algures entre as harmonias/solos de Iron Maiden e a fúria e brutalidade do BM norueguês.Por mais estranho que isso pareça.
O último lançamento desde quinteto californiano, "The Tenant", consolida a banda como uma das mais originais do BM norte-americano e afasta a ideia de que é apenas um side project de membros de Agalloch e Hammers of Misfortune.

Penso que grande parte dos leitores do blogue devem conhecer a banda, mas para os que não conhecem...




Alguma explicação?

Alguma explicação para a folha que o Jus de Electric Wizard tinha aos seus pés?

Shooter Jennings

Quem é Shooter Jennings? Nem mais, nem menos que o filho de Waylon Jennings, nome histórico do country mais fora da lei que alguma vez foi composto. Shooter até começou por seguir as pisadas do pai, quer estética quer musicalmente. Mas eis que a nova década chegou e o rapaz achou por bem arriscar um pouco mais.

E em boa hora o fez. Convidou Stephen King (esse mesmo, o do "Shining") e fez dele personagem, ao invés de lhe pedir para criar. O escritor é Will O' The Whisp, um disco-jóquei de rádio à americana que narra as histórias de "Black Ribbons", o álbum conceptual que Jennings apresentou ao mundo em Março deste ano. Político, controverso, psicadélico e surreal; são palavras que têm sido escritas um pouco por todo o lado para descrever o álbum. Assim do nada, temos as atmosferas dos Pink Floyd, a garra de uns NIN e as jams deliciosas dos Allman Brothers. Tudo em pleno século XXI.

Claro que é um risco, claro que é pretensioso e claro que tem as suas falhas. Mas também consegue ser delicioso e ter momentos tão priceless como este.

Ou deliciosos como este:

Como precipitado que sou, é bem provável que este venha a entrar na minha listinha de 10 do ano.

26 julho, 2010

Rock-A-Rolla 27

Edição veraneia para eventual consumo numa esplanada. Já sabem como funciona por isso caso estejam interessados encomendem-na o quanto antes. Eis os destaques:

MELVINS: Everyone’s favourite band return with their umpteenth album The Bride Screamed Murder – and, according to Buzz, it’s one of their best to date. Melvins hit the cover for an in-depth discussion of their latest album, double-drum action and lame music critics.

THE HIGH CONFESSIONS: New supergroup alert! Chris Connelly (Ministry/Revolting Cocks), Steve Shelley (Sonic Youth), Sanford Parker (Minsk/Twilight) and Jeremy Lemos (White/Light) go head to head with a brand new band.

NEUROSIS: Steve Von Till discusses the making of Neurosis’ seminal album, Enemy Of The Sun, in our Classic Albums series.

YAKUZA: Chicago avant-metal crew talk latest album, Of Seismic Consequence.

HORSEBACK: Jenks Miller fills us in on his psych/post/kraut/black metal project.

TEMPORARY RESIDENCE LTD: In-depth look at the label that Explosions In The Sky, Mono, Fridge, Envy and Eluvium, amongst many others, call home.

PLUS: MONARCH, EDIBLE WOMAN, OMEGA MASSIF, STIAN WESTERHUS.. AARON TURNER talks life after Isis; Atsuo spills the beans on the Boris/Ian Astbury collab, BXI; Black Sun meet Eugene Robinson.

AO VIVO: SLAYER, GRAILS, NURSE WITH WOUND, RANGDA, CONVERGE; PLUS over 100 album reviews, and much more!

Encomendas:
5€ em mão, 6€ via CTT Azul
amplificasom@gmail.com

Inception & Carl Jung

"A minha vida é a história de um inconsciente que se realizou. Tudo o que nele repousa aspira a tornar-se acontecimento, e a personalidade, por seu lado, quer evoluir a partir de suas condições inconscientes e experimentar-se como totalidade. (…) Assim, pois, comecei agora, aos oitenta e três anos, a contar o mito da minha vida. No entanto, posso fazer apenas constatações imediatas, contar histórias. Mas o problema não é saber se são verdadeiras ou não. O problema é somente este: é a minha aventura a minha verdade?"
Carl Jung in Memórias, Sonhos e Reflexões

Ps: Ainda podemos acreditar em blockbusters, Inception é um dos filmes do ano.

Dedicatória ao BPN, BPP, Millennium, BES, CGD, Santander-Totta, Barclays, Banif, BBVA, Finibanco, Montepio, Popular, BPI…

"Não há nada de mais imoral do que roubar sem riscos. É o risco que nos diferencia dos banqueiros e dos seus émulos que praticam o roubo legalizado com a cobertura do governo."
Albert Cossery in As cores da infâmia

23 julho, 2010

Rock-a-Rolla 27: quem está na capa?

Compre um e leve um

Alguns já devem ter reparado que tenho tendência a separar canções de temas. Ou seja, para mim, os Joy Division compunham canções e os Neurosis escrevem temas. Já agora, um Dumitrescu peças.

Hoje, por aqui, ainda só rodou o cacofónico Flood dos Boris, álbum de 2000 que consiste em apenas um tema. Apesar de dividido em quatro partes, tanto este como muitos outros desde que os Sleep reinventaram o seu conceito, são para ser ouvidos e apreciados como um todo o que me leva a crer que neste caso a separação tenha tido origem comercial podendo afectar a opinião final.

De qualquer maneira, tirando o Dopesmoker e assim de repente o brilhante Thaumogenesis dos Nadja, relembrem-me outros (bons) exemplos de discos com um só tema.

22 julho, 2010

Vida de músico não é fácil


Depois deste vídeo pergunto-vos: qual a situação mais caricata que viram acontecer num concerto ou vocês próprios experienciaram em pleno palco?

Z´EV + Flower & Corsano duo

Tour nacional:
24-07 @ ZDB, Lisboa
25-07 @ Serralves, Porto
26-07 @ Teatro Miguel Franco, Leiria

Concertos imperdíveis e obrigatórios!!! Em Serralves, os concertos terão lugar no Ténis por volta das 18h30, o bilhete vale 5€ e a press-release reza assim:

"Para o próximo dia 25 de Julho (Domingo), a Fundação de Serralves prepara um fim de tarde musical no espaço do ténis, onde o público terá a oportunidade de poder assistir a dois grandes projectos no âmbito das vanguardas musicais, juntando-se à Galeria ZDB na estreia nacional ao vivo do duo de Chris Corsano e Mick Flower e do artista sonoro, músico, poeta e performer Z’EV.

Ao percussionista hiperactivo Chris Corsano conhecemos as fulgurantes actuações a solo, mas sobretudo as colaborações várias com músicos do free jazz e da improvisação como Paul Flaherty, Evan Parker, Joe McPhee, Jim O’Rourke ou Thurston Moore, mas também das margens mais experimentais do rock e da pop como Sunburned Hand of the Man, Six Organs of Admittance ou Bjork. Corsano tem vindo a tornar-se um dos mais requesitados percussionistas no meio da improvisação pela forma como se move facilmente entre as explosões intensas e a concentração microscópica no detalhe próximo do silêncio, sempre em diálogo dinâmico e extremamente atento com os seus colaboradores. Aqui junta-se a Mick Flower (no shahi baaja, descrito aproximadamente como um banjo indiano eléctrico), que para além de vários projectos a solo é fundador da Vibracathedral Orchestra, um dos mais influentes projectos britânicos recentes no âmbito da música livre, nomeadamente no trabalho com grandes massas sonoras.

No programa desta mesma tarde, Z’EV irá honrar-nos com a sua estreia nacional a solo. Este músico traz consigo quatro décadas de exploração sonora e, tratando-se de um dos primeiros artistas a trabalhar com percussão não tradicional nos anos 70, é também um dos progenitores do estilo de música conhecido como industrial e, já nos anos 90, esteve envolvido na génese de géneros de música electrónica como o techno hard core e gabber. É também um exímio manipulador de fitas magnéticas e poeta visual e sonoro. Ao longo da sua extensa carreira, entre os seus colaboradores encontramos nomes como Carl Stone, John Cage, Glenn Branca, John Zorn, Psychic TV, Chris Watson (dos Cabaret Voltaire), the Hafler Trio e mais recentemente KK Null, Stephen O’Malley (dos Sunn O)))) e Peter Rehberg (Pita).

Z’EV descreve os seus concertos como a orquestração de fenómenos sonoros altamente rítmicos. Os seus estudos sobre numerologia e música e sobre as mais diversas tradições, rituais e cerimoniais de percussão permitiram-lhe desenvolver um estilo de percussão que se baseia em padrões e parâmetros do som que todos apreciamos de forma inata, isto é, que produzem efeitos distintivos, sejam estes a capacidade de invocar estados mentais particulares, propriedades terapêuticas, etc. Z’EV constroi os seus próprios instrumentos com recurso a placas de diversos metais moldadas em diferentes formas e relevos. O resultado das suas performances, sempre surpreendentes, é um denso corpo de ritmos, harmónicos e texturas em mutação que dialogam com as propriedades do espaço e com o próprio público, convocado para um forma activa e imersiva de audição."

And now, for something completely different

Bom, que nos dias de hoje começa a significar um grande caldeirão de influências do passado. O que nem sempre é bom, mas por vezes soa a uma agradável surpresa.

Neste caso, imaginem o Tardy de Obituary a cantar (eu sou fã incondicional do Tardy) com o peso e psicadelismo de uns Electric Wizard. Soa bem? É mais ou menos por aí, com muito roque and róle à mistura.

Tá a ouvir!

A nova e a última

O TOTBL continua a ser para mim um disco intemporal, o único dos INTERPOL que merece esse adjectivo, e o novo tema – Lights – fez-me pegar exactamente nesse álbum. Não porque o imagine na mesma tracklist, mas porque sabe a lado b do dito cujo. Há um certo feeling a canção inacabada, insossa, embora ao mesmo tempo a sua atmosfera lenta e em crescendo me pareça uma boa abertura. Será?

The Pliable Foe deve ser o último tema original que alguma vez ouviremos dessa instituição chamada ISIS. Escrita nas sessões do WR, percebe-se porque não teve espaço no álbum. O contraste é notório, tem um certo “vibe” pop e psicadélico, adocicado até. Mas é um bom tema, é, e lá no fundo deixa-me triste. Podiam fazer um hiatus, compreendia, agora um adeus definitivo quando havia tanto potencial…

Nancy boy

Já os vi umas sete vezes. Do Sudoeste a Coura passando pelo Coliseu, os Placebo são uma daquelas bandas da adolescência que nunca me desliguei. Lá está, levaram com essa etiqueta a partir do momento em que eu parti para outros sons (algures depois do Black Market Music) embora continue a acompanhar a carreira deles. A espaços.

Na sexta-feira passada espreitei-os novamente ao vivo e foi como voltar a noventa e sete. Nancy Boy, Bionic, Teenage Angst, Every You Every Me e, imagine-se, uma cover da All Apologies dedicada a Kurt Cobain.
Devem estar para a minha geração como uns The Cure estão para a anterior, suponho, mas também foi engraçado dar de caras com uma nova a cantarolar apenas os temas mais recentes.

Quinze anos de carreira e centenas e centenas de concertos depois, os Placebo hoje em dia fazem canções em piloto automático, mas ao vivo continuam a ser banda de Brian Molko que ao chegar aos 40 anos continua o mesmo puto em palco.

foto: Blitz

Cascadian Black Metal

Que o black metal é cada vez menos sinónimo de Escandinávia, isso já é certo e sabido : os anos 90 já lá vão e a praga propagou-se um pouco por todo o lado.
Nos últimos tempos, a zona noroeste dos EUA/Canadá tem visto aparecer muitos projectos interessantes e o crescimento da chamada Cascadian Black Metal Scene.

Bandas como Skagos, Ash Borer, Addaura, Fell Voices e Sleepwalker são alguns dos representantes desta (ainda) pequena cena. Em comum,além de pertencerem à região da Cascadia, é a proximidade com a natureza e paganismo.

A nível sonoro,as influências de monstros como Wolves in the Throne Room e Drudkh são bem audíveis, misturadas com uma vertente folk/doom muito forte que separa esta cena do resto do black metal.



21 julho, 2010

Senhores da Rádio

Sempre tive o bichinho da rádio. Pessoas como o Nuno Markl, ainda em criança, fizeram-me ter vontade de sintonizar aquela frequência, àquela hora, todos os dias.

Depois, descobri a rádio como importante veículo de divulgação musical. Comecei com o António Freitas, já que o metal era - e é - o meu estilo de eleição. Com o tempo, fui ouvindo mais e mais programas, como o MQ13, o Indigente, a Hora do Coyote... Até descobrir o António Sérgio.

Já fui um pouco tarde, na altura ele estava relegado para um horário tardio na Comercial, a fazer a Hora do Lobo. Tantas horas que passei a ouvi-lo. E tantas vezes me lamentei de ser um gajo tão novo e ter perdido tanta coisa histórica do homem.

Infelizmente, os programas de autor são uma coisa do passado. Lamenta-se a perda de pessoas com o António, o Peel lá fora, o relegar de programas tão bons como o Bons Rapazes ou mesmo o Alta Tensão do Freitas. E rádios como a Radar são pequenas demais, ou até subaproveitadas. Vale-nos malta como o Ricardo Guimarães do IndieFrente, ou até da minha casa, a Rádio Zero.

Há algum programa de rádio que sigam atentamente e que vos faça pensar 'quero fazer rádio'?

Little boxes






David Lorente, Josep Ricart, Xavier Ros e Roger Tudo
Barcelona, Espanha
2006

19 julho, 2010

Músicas para a família róque


Um festanço de Milhões

Vem aí o fim-de-semana do Verão, um fim-de-semana que vale Milhões!! O festival do ano terá lugar em Barcelos e a primeira edição neste novo formato e local será histórica, uma espécie de Woodstock contemporâneo. Passem a palavra, este vai ser mesmo o festival mais fixe de sempre. Entretanto, no site – que ate nisso da uma lição aos grandes – já podemos confirmar o alinhamento dos três palcos, horários, etc etc. Espreitem aqui e digam-me qual o vosso top 5 dos concertos a não perder?

Quando eu crescer...

Um grande amigo da Amplificasom, para alguns de vocês uma cara familiar que anda desaparecida das noites do roque, casou-se no sábado passado e este seu novo estado civil exige uma compilação da nossa parte para rodar em plena lua de mel. Eu começo, não sem um abraço primeiro, por lhe dedicar o disco da imagem ao lado: When I Grow Up I Wanna Fuck Like a Girl dos All Leather. Mais?

16 julho, 2010

Prostituição nos discos

Todos sabemos que no meio musical há uma série de intermediários, uns úteis e outros de valor duvidoso, mas esta é nova para mim. Comprei um disco bem barato num site de leilões português e quando o recebo em casa reparo que vinham dois pacotes. E o que era o pacote interior? O disco num envelope lacrado com uma morada canadiana, ou seja, o vendedor comprou-o super barato, talvez aproveitando-se do câmbio favorável, para o colocar à venda logo de seguida sem sequer se averiguar do que tinha em mãos. Rendeu-lhe uns cêntimos, se tanto… O disco, esse está impecável e o que o vendedor não deve saber pois, lá está, nunca abriu o envelope, é que é a edição japonesa. Vale quatro vezes mais daquilo que gastei.

Harvey Pekar [1939-2010]

Morreu esta semana o Senhor que nos fez ver o quotidiano de forma diferente, que nos fez ver a BD com outros olhos. Acaba-se aqui a deliciosa American Splendor, os "quadradinhos" de culto que em 2003 chegam ao cinema com Paul Giamatti a representar esta personagem da vida real. Nós perdemos, mas foi melhor assim...
Descansa em paz.

Little Boxes by Zé Reis







Vila Hermína
Petr Hájek, Tomáš Hradečný and Jan Šépka
Černín, República Checa
2009

Little Boxes by Hélder Costa





Andreas Fuhrimann e Gabrielle Hächler
Scheidegg, Suiça
2004

15 julho, 2010

Angel Eyes - Midwestern


Enquanto não começa a aparecer para download nos blogues por essa Internet fora,"Midwestern", o novo LP dos norte-americanos Angel Eyes, está disponível para stream no site da Decibel . Para quem não conhece a banda, imagine que música fariam 5 gajos igualmente viciados em sludge,post-hardcore e na dupla Ennio Morricone / Sergio Leone. Pois...

Ainda é cedo para dizer se este "Midwestern" está ao nível do debut "Something to do With Death" ou do fabuloso "...and for a Roof A Sky Full of Stars" , isso só o tempo dirá -mas é certo que são mais 45 minutos de boa música distribuidos por 4 faixas.

Vigock

Vamos a Vigo no Sábado? A A28 ainda não se paga, temos o bom tempo, esplanadas espanholas, empanadillas e bocadillos, sorrisos "rojos", e o último concerto confirmado que teve mão da Amplificasom: PHILL NIBLOCK

PHILL NIBLOCK & KATHERINE LIBEROVSKAYA
JARDINS DO MUSEO QUIÑONES DE LEÓN, VIGO
21H (he)


Para quem não conhece, Phill Niblock (usa, 1933) é um compositor com obras de arte do tempo em que a maior parte de nós ainda nem era nascido. Nunca parou de crescer e evoluir como artista nem nunca se dedicou apenas à música, os seus documentários, por exemplo, também são únicos. Olhar para a sua carreira é olhar para um mestre com quase 77 anos e as palavras para o descrever não chegam, sobretudo pelos seus discos. Ouçam o que quiserem que seja parecido com o seu conceito exploratório, nada soará igual. Sábado apresentará uma mescla da sua obra musical e visual num espaço lindíssimo como os jardins do Museu Quiñones de León.

O cinema no Porto é um filme parte II

Quando me queixei da saída de 80% da Medeia apresentando (fracas) alternativas, não me referi - nem era objectivo - ao cinema mais irregular mas igualmente interessante. Desde os pequenos grandes festivais como o Curtas em Vila do Conde até às sugestões que seguem em baixo, o problema é, repito, a regularidade. Ou a falta dela.

Hoje, por exemplo, há o segundo filme do ciclo de Orson Welles na biblioteca do Palácio. A entrada é livre, o horário é que não é para todos. Mais info aqui. À noite, no Passos Manuel, há o documentário Via de Acesso. Info aqui. Já amanhã na Casa Viva há Cinema Mudo, trabalho de campo de João Cardoso junto de uma pequena comunidade africana existente no bairro muçulmano da Velha Jerusalém. O João vai estar presente e depois da projecção haverá debate. Info aqui.

Têm outras sugestões para dar? E o pessoal do sul tem ido ao cinema ver o quê?

14 julho, 2010

A burka francesa

O Parlamento francês aprovou ontem a proibição do uso da burka em locais públicos. Falta a aprovação do Senado, mas o diploma está definido: multas de 150 euros para as mulheres que a usem e 30 mil euros para os homens que as obriguem.

O que é a burka senão uma invenção ridícula e machista? Segundo o Corão, as mulheres devem-se vestir de forma a não atrair a atenção dos homens, são consideradas um mero objecto, obrigadas a casamentos forçados, um ser inferior ao homem poligâmico. Em muitos sítios continuam a serem vítimas do analfabetismo, serem proibidas de votar, de se manifestarem, apedrejadas até à morte caso tenham uma relação sexual mesmo sendo viúvas, presas por pedirem o divórcio ou acabam com os dedos decapitados por pintarem as unhas.

É, sem dúvida, um assunto delicado e que terá sempre posições repartidas, mas com esta atitude não estarão os franceses a defender os direitos da mulher? A Human Rights Watch afirma que “A liberdade de exprimir a religião e a liberdade de consciência são direitos fundamentais”. Mas que liberdade? Liberdade a serem oprimidas? Será que elas escolhem quando os seus genitais são mutilados? O homem e a mulher têm os mesmos direitos (!!!) e a mim parece-me que a burka é uma bandeira religiosa vísivel aos olhos de toda a gente que prova o contrário, que a mulher é um ser de segunda categoria.

Atitude repressora ou libertadora? Tema a acompanhar nos próximos tempos, até porque há quem diga que se tal for aprovado é provável que grande parte dos homens proibam (mais uma) as mulheres de sairem de casa do que vê-las na rua sem burka e aí surgirá mais um problema. Diz-se também que Espanha e Bélgica poderão seguir o mesmo caminho. Enfim, religiões…

13 julho, 2010

Videoclips

Há coisa de um mês, M.I.A. foi censurada um pouco por toda a parte - youtube incluído - porque fez um vídeo supostamente muito violento. Nele, pessoas ruivas (ginger, como são conhecidas nos países anglo-saxónicos e vítimas de quase xenofobia) eram violentadas de todas as formas, dando a entender que acabavam mortas. Ou pelo menos em muito mau estado.

Fazendo um contraponto com o novo vídeo dos Porcupine Tree (visível aqui: http://www.roadrunnerrecords.co.uk/porcupinetree/bonnie/), onde é que nós já vimos isto? Em todos os trabalhos do Adam Jones para os Tool, talvez?

Só quero chegar a um ponto com duas propostas tão distintas: será que ainda existem bons clipes? Ou será que o excesso imagético e de informação no nosso mundo está a levar a que apenas pontos extremos e chocantes sirvam para prender a atenção do espectador? Ou então, a reciclar obras e coisas que admiramos, em vez de tentar conceitos e abordagens diferentes para a coisa.

Os 15 minutos de fama que o Warhol previu há uns anos já se esgotaram. Todos nós podemos tê-los facilmente. Será que a imagem em movimento vai regredir até ao ponto de perder impacto e deixar de fazer sentido? Ou haverá uma forma de se mudar e restabelecer o poder de um bom video clip, de uma boa instalação, em que o choque ainda é choque e o belo é belo, sem ambos serem banais ou produtos reciclados?

PS - fritanço das cinco da tarde, depois de ver um vídeo da Katy Perry a anunciar que as pessoas podem fazer-lhe perguntas através do youtube. Lá se vai a ideia de que aqueles que admiramos são inatingíveis, intocáveis, o que seja. E eu gostava dessa ideia.

12 julho, 2010

O primeiro grunhido

O ano é 1960. Screaming Jay Hawkins aparecia na televisão e no palco com trajes inspirados no universo da magia negra africana - ele assim o afirmava.


Há quem defenda que o balbuciar primitivo dele (audível nos primeiros segundos do vídeo) foi o primeiro grunhido. Ou pelo menos o que inspirou gente como Tom G. Warrior ou Martin Van Drunen a fazê-lo 20 anos mais tarde. Hawkins viveu certamente à parte de toda esta teoria, mas devemos dar-lhe algum mérito de ter aberto novas portas e horizontes vocais. Pelo menos a acreditar nesta teoria.

Certo, certo é que os The Who também partilham algum crédito na técnica vocal que faz as delícias dos fãs de Pestilence, Opeth e Between The Buried and Me. Ouçam lá com atenção a partir dos 25 segundos de vídeo.

O Momento

Olhando para trás sou capaz de conseguir lembrar-me do exacto momento e de qual o disco que me fez entrar no tipo de sonoridades que oiço actualmente. Óbvio que alarguei muito os horizontes e nem oiço a banda em questão actualmente, mas lembro-me que foi o meu primo que um dia me emprestou uma cassete em que estava gravado o "Ceremony of the Opposites" dos Samael. O impacto foi tremendo, era completamente diferente de todo o que andava a ouvir, que sinceramente nem era grande coisa, porque a atenção à música nem era extrema.

Também conseguem lembrar-se do exacto momento e do álbum em que perceberam "é isto que quero ouvir e é isto que me vai formar musicalmente"?

Livros

Bastante distintos, os livros que me têm acompanhado as últimas duas semanas.


Já leram Camus? É o meu autor favorito. Ninguém me tira "O Estrangeiro" (nem aos Cure, pelos vistos). E agora já ninguém me tira "A Peste". Se há algo que vale a pena no Camus são as atmosferas tão intensas que ele cria. Se n' "O Estrangeiro" sentimos o calor que invade as páginas do livro, aqui sentimos o ambiente pestilento de uma cidade, bom, empestada. Porque é disso mesmo que fala: uma cidade que se vê a braços com a Peste. As personagens são únicas, atraentes, com um nível de densidade perfeito. Não enche chouriços. As descrições são assertivas e envolventes. E, mesmo que possa parecer contraditório, o livro é recheado de uma sensibilidade premente. Ver o mundo pestilento pelos olhos de Camus vale a pena.

Num extremo oposto estão "Os Diários da Bicicleta", do Byrne. Sem pretensões estilísticas, sem truques e meios travessos, o vocalista dos Talking Heads mostra-nos o mundo visto pelos seus olhos. Um mundo visto em duas rodas. Mas desenganem-se se pensam por isto que é um livro de viagens. David Byrne tece considerações sobre tudo: a paisagem, a música, a sociedade dos países que visita, a comida, as pessoas, as acessibilidade, a(s) América(s), a Europa... Agrada pelo facto de ser tão acessível e estar escrito em formato de quase crónica. E está adornado com fotografias do próprio Byrne, que ficamos a conhecer um pouco melhor. Eu por mim punha uma mochila às costas, montava uma bicicleta e pedalava por aí.

E vocês, que lêem por aí e recomendam ao mundo?

Um fraco por fotografias

Há dias fiz o download de um disco dos Tuk. Não fazia a mínima a que soava, ninguém me recomendou nem sequer li nada que me tivesse despertado a curiosidade. O click fez-se num blog de mp3 (o qual o tenho em boa conta) após ver a capa. Fiquei encantado. Mais tarde pensei para mim que as minhas capas preferidas de sempre são na maior parte fotografias. Tenho mesmo um fraco. Esta, por exemplo, é tão simples que podia ser ali ao lado de casa. Não há nada de extravagante, apenas uma humilde e bela paisagem...
Aceito recomendações do género.

O primeiro tema

Acredito que a maior parte do pessoal que vem aqui ao tasco é apaixonado por música. Acredito que tem gostos ecléticos e, independentemente de qualquer preferência ou tendência, sabe ouvi-la, sabe apreciá-la. É selectivo nas suas escolhas, mas não opina sem primeiro conhecer o disco e conhecer um disco é ouvi-lo várias vezes.

Nem sempre o conseguimos, nem sempre dispomos da mesma paciência ou timing e há álbuns que ficam injustamente para trás ou até esquecidos. Daí que o primeiro tema seja quase fundamental. É como um primeiro encontro, vamo-nos para sempre lembrar daquele momento e tirar do mesmo boas ou más sensações.

Quais são os vossos primeiros temas preferidos?

Para começar a semana

O habitual jogo que nunca foi baptizado. Uma imagem corresponde a uma banda/ músico/ projecto. A resposta certa vale 3, a errada mas criativa 1.

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